Volume 2
Interlúdio 2
"Certo. Acho que vou pausar o filme por um momento."
A imagem sumiu, e Siesta apareceu novamente.
"...Ah, esse realmente parecia que você estava tentando me embaraçar também."
Natsunagi, que estava ao meu lado, me lançou um olhar frio. Não olhe para mim; eu não sou responsável por nada disso, tá?
"Eles sempre foram assim, Senhora e Kimizuka," disse Charlie. "Não é irritante? Especialmente o Kimizuka."
"Certamente," concordou Natsunagi. "Acho que podemos atormentar um pouco ele. Afinal, é o Kimizuka."
"Por que vocês dois estão se unindo por isso? Não pensei que se dessem bem."
Se eu me lembrava direito, eles brigaram bastante naquele navio depois de se conhecerem pela primeira vez.
"Mm, sim, o que não mata, fortalece," Saikawa ofereceu sabiamente, embora eu não soubesse o que ela queria dizer.
Bem, se isso aproximou os dois, acho que vou ter que aceitar um pouco de culpa injusta... Será?
Agh. Enfim.
"...Hel, hein?"
Ela foi o maior inimigo que encontramos nessa jornada de três anos. No entanto, como o vídeo mostra, Hel havia invocado Chameleon e desaparecido na escuridão.
"Eu nunca imaginei que alguém tivesse se disfarçado de mim. Isso é nojento," Charlie resmungou.
"Sim, eu também quase caí no disfarce de Cerberus naquela época."
"Isso quer dizer que pode haver um lobo aqui, se fazendo passar por um de nós?" Saikawa perguntou.
Isso me assustou mais do que eu esperava. "Jogar Lobisomem com quatro pessoas seria bem difícil. Duvido que conseguiríamos realmente nos envolver na brincadeira."
Foi por isso que fiz uma piada para disfarçar.
"Se houver um lobo aqui... só consigo pensar em um," disse Natsunagi. Ela me olhava, desaprovando.
"Verdade," disse Charlie.
"Sim," disse Saikawa. "Você está certa."
"Não fiquem concordando com ela. E não tentem estragar minha reputação."
Mesmo enquanto brincávamos uns com os outros, havia algo naquele trecho anterior que eu não conseguia tirar da cabeça.
Era o que Hel tinha me dito quando me raptou.
"Por exemplo, daqui a um mês, você vai voltar àquela rotina normal que sempre desejou e viver como um estudante comum."
"Então, um ano depois, você será colocado em um papel mais próximo de 'detetive' do que de 'assistente', e vai resolver uma série de problemas."
"Memórias esquecidas de um coração, uma safira milagrosa com valor de mercado de três bilhões de ienes, e o legado deixado pelo grande detetive— Se você lembrar dessas palavras daqui a um ano, poderá verificar as respostas."
Há um ano, eu não tinha prestado atenção em nada disso. Um "livro sagrado" que dizia o futuro? Ninguém acreditaria nessa bobagem. Na verdade, até eu ver esse vídeo, eu tinha esquecido completamente sobre isso.
Mas agora que ouvi aquelas palavras novamente, elas descreviam minha situação recente perfeitamente. Isso quer dizer que esse futuro já havia sido previsto há um ano? Nesse caso, e a outra coisa que Hel havia dito? Aquela sobre como eu seria parceira dela algum dia... Isso também poderia se tornar verdade?
Não, claro que não. Afinal, embora isso ainda não tenha surgido no vídeo, no final, Hel...
"Agora, vamos passar para o próximo trecho?" Siesta interveio, e a imagem na tela mudou novamente.
Eu estava começando a descobrir uma garota dormindo em uma caixa de papelão em um dos becos de Londres.
"Não vou pausar o filme novamente. Agora, assistam por si mesmos. Vejam como eu—e aquelas garotas—encontramos nosso fim."