Volume 2
Capítulo 5: Verdade e Mentira
O DIA EM QUE nosso destino seria decidido finalmente chegou. Antes de qualquer coisa, eu queria confirmar que Sakura viria à escola. Ao entrar na sala, vi a mesma cena de sempre. Sakura estava sentada sozinha, quieta, para não se envolver nas conversas dos outros alunos. Sua expressão parecia ainda mais sombria do que o habitual. Mas, de qualquer forma, ela havia vindo à escola.
— Você está bem? — perguntei.
— Ah, sim. Estou bem.
Me perguntei se ela estava nervosa. Parecia composta, embora não completamente calma.
— Pensei que seria complicado se eu faltasse hoje, então… — disse ela.
Ela entendia que toda a classe ficaria abalada se ela não viesse, então tomou a dolorosa decisão de comparecer. Imaginei que seria impossível dizer para ela não se preocupar com Sudou e os outros.
— Não se esqueça do que eu disse ontem. Testemunhe por você mesma, mais do que por qualquer outra pessoa.
— Sim. Vou ficar bem.
Ike e Yamauchi olharam para Sakura com grande curiosidade. Claro, isso era porque agora eles sabiam sobre sua identidade como idol. Sakura provavelmente era sensível o suficiente para perceber isso. Parecia que ela tinha adivinhado que Ike e Yamauchi haviam descoberto sua identidade.
Oh não… Mas Sakura apenas usou um sorriso discreto e murmurou silenciosamente.
— Tudo bem.
Ela sabia que sabíamos de sua vida dupla. Talvez trabalhar como idol a tivesse tornado sensível às mudanças sutis em uma sala.
*
Quando o sinal tocou para o fim da aula, Horikita e eu nos levantamos.
— Você está preparado para isso, Sudou-kun? — perguntou Horikita.
— Sim… Estou pronto. Nasci pronto.
Como se se preparasse mentalmente para o que estava por vir, Sudou fechou os olhos e cruzou os braços. Mas então os abriu lentamente novamente.
— Você pode me chamar de completo idiota e zombar de mim, mas eu sou quem sou. Se tiver algo a dizer, diga agora.
— Não faça nada egoísta. Ouvir com atenção agora seria a coisa mais sensata a fazer, não é?
— Ugh, você sempre age tão convencida, moça.
Quando você os via assim, parecia mesmo que brigavam como gatos e cães. Mas, ao menos, Sudou não odiava Horikita. Se odiasse, teria recusado totalmente sua ajuda, não importando o quão vantajosa fosse a oferta.
— Façam o melhor, Horikita-san. Sudou-kun.
Horikita não respondeu, mas Sudou bateu o punho no ar para demonstrar determinação. Virei-me para ver Sakura, que ainda estava sentada, o corpo rígido. Ela se levantou, os lábios tremendo levemente.
— Sim… Estou bem. Obrigada…
Sakura estava muito mais tensa do que eu esperava. Se ela estivesse nesse estado psicológico antes mesmo do início da reunião, talvez não conseguisse falar satisfatoriamente.
— Vamos. Vamos causar uma má impressão se nos atrasarmos.
A discussão estava marcada para começar às 16h. Já eram 15h50. Não podíamos nos dar ao luxo de ir devagar. Quando nós quatro chegamos à sala dos professores, uma professora acenou para que entrássemos.
— Yahoo! Olá, alunos da Classe D! — Hoshinomiya-sensei, a professora titular da Classe B, nos cumprimentou alegremente. — Parece que algo realmente incrível aconteceu, hmm?
Seus olhos brilhavam, como se ela gostasse de se meter na vida alheia. (Bem, de fato, gostava.)
— O que você está aprontando desta vez? — murmurou Chabashira-sensei.
— Oh, não… Já fui descoberta, né?
Chabashira-sensei lançou um olhar furioso para Hoshinomiya-sensei enquanto ela saía da sala dos professores.
— Sempre que você se esconde, começo a ficar desconfiada.
Hoshinomiya piscou de forma fofa, como se dissesse "Teehee, você me pegou!"
— Então acho que não posso participar, né?
— Claro que não. Você sabe que pessoas de fora não podem participar.
— Ah, que pena… Mas tudo bem. Acho que os resultados saem em até uma hora.
Chabashira-sensei empurrou Hoshinomiya-sensei de volta para a sala dos professores com firmeza.
— Então, vamos? — perguntou ela.
— Não vamos fazer isso na sala dos professores, certo?
— Claro que não. Esta escola tem regras complicadas, mas em casos como este, um acordo é feito entre o professor titular da classe em questão, as partes envolvidas e o conselho estudantil.
Horikita congelou no momento em que ouviu as palavras "conselho estudantil". Chabashira-sensei se virou e lançou um olhar afiado para o rosto de Horikita.
— Se quiser desistir, agora é a hora, Horikita.
Sudou, que não entendia por que Horikita reagiu assim, parecia confuso. Era quase como se uma enorme interrogação flutuasse acima de sua cabeça. Nossa professora, como sempre, revelara um detalhe importante no último instante.
— Eu vou. Estou bem.
Horikita rapidamente lançou um olhar para mim. Seu olhar provavelmente significava algo como "Não se preocupe por minha causa." Saímos da sala dos professores do primeiro andar e subimos três andares até o quarto. Uma placa que dizia "Sala do Conselho Estudantil" estava afixada na parede perto da porta. Chabashira-sensei bateu e entramos.
Mesmo que Horikita tenha feito uma careta, ela nos seguiu imediatamente. Lá dentro, mesas longas estavam dispostas em formação retangular. Os três alunos da Classe C já haviam chegado e estavam sentados. Ao lado deles, um professor de óculos, na casa dos 30 anos, aguardava.
— Desculpem o atraso — disse nossa professora.
— Está antes do horário marcado. Não há necessidade de pedir desculpas.
— Vocês já se conhecem?
Sudou, Horikita e eu não conhecíamos o professor.
— Este é Sakagami-sensei, o professor titular da Classe C. Então, vamos começar.
Um único estudante do sexo masculino sentado no fundo da sala chamou a atenção de todos.
— Este é o presidente do conselho estudantil.
O irmão mais velho de Horikita, sem sequer olhar para a irmã, examinava atentamente os documentos sobre sua mesa. Horikita dirigiu seu olhar para o irmão por um instante, mas ao perceber que não era o foco dele, abaixou os olhos e sentou-se em frente aos alunos da Classe C.
— Então, agora gostaria de discutir o incidente violento ocorrido na última terça-feira com os membros do conselho estudantil, as partes envolvidas e seus professores titulares. Podem iniciar os procedimentos, secretária do conselho estudantil, Tachibana.
A secretária Tachibana, uma mulher de cabelo curto, fez uma leve reverência.
— Claro, considerando a magnitude desta disputa, há momentos em que o presidente do conselho estudantil assumirá. Existem várias particularidades sobre este incidente. Fora isso, a maior parte dos procedimentos será conduzida exclusivamente por mim, como de costume.
— Como estou bastante ocupado, há certos tópicos da pauta sobre os quais deixarei que decidam. Mas, como regra geral, prefiro lidar com essas questões, já que fui confiado para liderar este conselho estudantil.
— Então, tudo isso é por acaso? — Chabashira-sensei sorriu ao dizer isso, mas o irmão mais velho de Horikita não vacilou nem por um instante. Por outro lado, Horikita — a irmã mais nova, quero dizer — não conseguiu esconder o tremor. Considerando que eram irmãos, as chances não estavam a nosso favor. Na verdade, não pude deixar de pensar que a situação era extremamente desfavorável, já que Horikita não poderia demonstrar sua habilidade habitual ali. Nossas expectativas haviam sido completamente frustradas.
Se o presidente do conselho estudantil agisse, não haveria nada que pudéssemos fazer, mesmo que não gostássemos disso. Ele se matriculou na Classe A e imediatamente assumiu o cargo de secretário do conselho estudantil. Em dezembro de seu primeiro ano, tornou-se presidente do conselho estudantil após receber um apoio esmagador na eleição. Embora alguns veteranos tenham naturalmente expressado descontentamento, nossa situação atual, sem esperanças, falava das incríveis habilidades dele.
A secretária Tachibana resumiu a situação de ambos os lados de maneira clara e compreensível. Não havia necessidade de mais explicações.
— Com base nos fatos mencionados, gostaríamos que identificassem qual versão dos eventos é verdadeira. — Após concluir sua explicação e a introdução aos procedimentos, a secretária Tachibana voltou o olhar para nós da Classe D. — Komiya-kun e outros dois membros do clube de basquete foram ao prédio especial depois que Sudou-kun os chamou. Lá, eles alegam ter sido agredidos em uma briga unilateral. Isso é verdade?
— O que esses caras disseram é mentira. Fui eu quem foi chamado para o prédio especial — disse Sudou. — Naquele dia, depois do treino, Komiya e Kondou me pediram para ir ao prédio especial. Honestamente, achei meio chato, mas também pensei que poderia ser porque eles sempre foram hostis comigo. Então, fui encontrá-los.
Sudou não tinha papas na língua. Normalmente, Horikita teria ficado enojada com seu jeito casual de falar, mas, pelo tremor dela, parecia que não o ouviu. Sakagami-sensei, professor titular da Classe C, observava surpreso, com os olhos arregalados.
— Isso é mentira. Sudou-kun nos chamou para o prédio especial.
— Não me enrola, Komiya! Foi você quem me chamou, seu idiota!
— Você parece não se lembrar da sua posição aqui.
Sudou, irritado, bateu impulsivamente na mesa. Seguiu-se um silêncio imediato.
— Por favor, acalme-se, Sudou-kun. Neste momento, estamos apenas ouvindo o que ambas as partes têm a dizer. Komiya-kun, pedimos que também mostre um pouco de controle e não interrompa.
— Puh, tudo bem…
— Ambas as partes insistem que foram chamadas pelo outro, então os relatos entram em conflito. No entanto, as histórias têm pontos em comum. Houve um desentendimento entre Sudou-kun, Komiya-kun e Kondou-kun, correto?
— Eu não chamaria de desentendimento. Sudou-kun está sempre provocando a gente.
— Provocando?
— Sudou é melhor no basquete do que nós, então ele está sempre se gabando. Nós treinamos com tudo o que temos, mas não é nada bom quando ele nos faz de bobos. Então, acabamos entrando em conflito.
Eu não conhecia muitos detalhes das atividades do clube de Sudou, mas, ao ver as veias estufadas na testa dele, ficou bastante óbvio que eles estavam mentindo. Em seguida, a secretária Tachibana falou com Sudou.
— Nada do que Komiya disse é verdade. Esses caras têm inveja do meu talento. Quando treino, eles estão sempre no meu caminho. Essa é a verdade.
Naturalmente, ambos os lados afirmavam que o outro era culpado.
— Ambos apresentaram suas queixas, mas agora precisamos chegar a um julgamento com base nas evidências coletadas.
— Sudou-kun nos bateu sem piedade. Foi uma luta unilateral.
A Classe C parecia focada em direcionar a discussão para suas lesões. Os três alunos realmente apresentavam hematomas visíveis. Isso era inegável.
— Isso é mentira. Eles atacaram primeiro. Foi legítima defesa.
— Ei, Horikita — sussurrei para Horikita, que permanecia muda e com a cabeça baixa. Claramente, a situação era muito ruim. Se quiséssemos impedir que Sudou se descontrolasse, precisaríamos agir mais cedo do que tarde. Contudo, ela não demonstrava reação alguma. Era como se sua mente tivesse desaparecido.
Será que a mera presença do irmão causava tanto efeito?
Lembrei-me da conversa deles atrás do dormitório. Eu não compreendia totalmente a situação, mas suspeitava que Horikita havia seguido seu irmão extremamente talentoso, matriculando-se na mesma escola para que ele reconhecesse suas habilidades. Mas, independentemente de suas esperanças e talentos, a irmã mais nova da Classe D ainda estava muito distante de seu irmão, o presidente do conselho estudantil da Classe A. Para se provar, ela teria que subir ao mesmo nível que ele.
— Se a Classe D não tiver mais provas a apresentar, podemos continuar os procedimentos?
Se o conselho estudantil e os professores continuassem em completo silêncio, o julgamento seria quase certamente implacável. Para evitar isso, precisávamos que Horikita se mexesse. Contudo, nossa integrante mais crucial encolhia-se diante do irmão mais velho.
— Parece que não há objeções, considerando os argumentos ouvidos até agora.
O presidente do conselho estudantil finalmente falou. O irmão Horikita parecia querer chegar a uma conclusão o quanto antes.
— Independentemente de qual das partes chamou a outra, o fato é que foi uma briga unilateral entre Sudou e os outros alunos. Podemos ver claramente isso pelos ferimentos que eles sofreram. Não temos escolha a não ser chegar a uma conclusão com base nisso.
— E-Ei! Não posso aceitar isso! É só porque aqueles caras são um bando de covardes! — No momento em que Sudou pronunciou essas palavras, vi Sakagami-sensei sorrir.
— Então, pode realmente ser considerado legítima defesa lutar contra adversários de força tão desigual?
— M-Mas, ei. Eu estava lutando contra três pessoas! Três pessoas!
— Mas apenas os alunos da Classe C se machucaram.
A situação estava piorando. Conformei-me com a ideia de que talvez fosse punido por isso mais tarde, mas levantei-me devagar da cadeira dobrável e fiquei atrás de Horikita. Estendi os braços e segurei suas laterais com toda a força que pude.
— Hyah?! — Horikita gritou com uma voz anormalmente feminina. Contudo, aquele não era o momento nem o lugar para me concentrar nisso. Como ela ainda não havia recuperado a sanidade, agarrei-a com mais força e comecei a fazê-la cócegas.
— E-Ei. P-Pare, pare!
Não importa quão irritada ou atordoada uma pessoa esteja, se você estimular o corpo o suficiente, ela volta a si. Mesmo que não goste. Os professores pareciam um pouco surpresos com minha ação, mas naquele momento eu não me importei. Quando achei que a havia despertado o suficiente, soltei-a. Horikita, parecendo prestes a chorar, me lançou um olhar intenso e furioso. Eu tivera que forçá-la, mas sabia que era essencial trazê-la de volta ao seu estado normal.
— Controle-se, Horikita. Se continuarmos assim, vamos perder. Você tem que lutar!
— Tch…
Horikita olhou para a Classe C, depois para a professora e, em seguida, para o irmão, como se finalmente tivesse entendido nossa situação. Parecia que ela percebia o quão desesperadora era a situação.
— Com licença. Posso fazer uma pergunta? — ela disse.
— Você se importa, presidente?
— Permito. Mas, por favor, responda mais rapidamente da próxima vez.
Horikita levantou-se devagar da cadeira.
— Mais cedo, você disse que Sudou-kun chamou vocês para o prédio especial. Mas quem exatamente ele chamou e por quê?
Komiya e os outros alunos da Classe C se entreolharam, como se dissessem: "Por que ela está fazendo essa pergunta agora?"
— Por favor, responda.
Horikita acrescentou essas últimas palavras para reforçar seu estilo agressivo de questionamento. A secretária Tachibana permitiu.
— Kondou e eu não sabemos por que ele nos chamou. Quando tínhamos acabado o dia e estávamos trocando de roupa, ele disse que queria falar conosco por um minuto. Não foi só porque ele não gostava de nós?
— Então, por que exatamente você estava no prédio especial, Ishizaki-kun? Você não faz parte do time de basquete, então sua presença nesse caso seria estranha.
— Isso… Vim por precaução. Havia rumores de que Sudou era violento. Ele também está em melhor forma física do que nós. Eu tinha que ir, não é?
— Ou seja, você achou que a situação poderia se tornar violenta?
— Sim.
Responderam em uníssono, quase como se já esperassem essas perguntas. Parecia que os alunos da Classe C haviam ensaiado cuidadosamente para esta conferência.
— Entendo. Então trouxeram Ishizaki-kun como guarda-costas, já que ele era considerado bom de briga. Apenas por precaução, caso houvesse emergência.
— Foi para nos proteger. Só isso. Além disso, não sabíamos que Ishizaki-kun era conhecido por lutar bem. Apenas o considerávamos um amigo confiável.
Horikita ouviu atentamente suas respostas, como se estivesse simulando várias possibilidades em sua mente. Então, imediatamente fez seu próximo movimento.
— Tenho algum conhecimento em artes marciais, ainda que limitado. Entendo que, ao lutar contra múltiplos adversários, a vitória se torna exponencialmente mais difícil. Então, não compreendo como foram derrotados tão facilmente, como a luta poderia ser tão unilateral, quando tinham um lutador habilidoso como Ishizaki-kun com vocês.
— Porque não tínhamos intenção de lutar.
— O principal fator que desencadeia uma luta é a colisão da "energia" entre os oponentes. Caso você não tenha intenção de lutar, ou seja pacífico, a probabilidade de se machucar deveria ser muito baixa. Especialmente quando são três.
A opinião de Horikita era objetiva, baseada em evidências, regras e lógica. Do outro lado, Komiya respondeu com sua própria arma: a prova concreta.
— Essa lógica não se aplica a Sudou-kun. Ele é excepcionalmente violento. Mesmo que fôssemos pacíficos, ele ainda seria impiedoso. Foi isso que aconteceu.
Ele puxou a gaze que cobria sua bochecha, mostrando os arranhões por baixo. Não importava quantos argumentos racionais Horikita apresentasse; sua lesão era uma evidência poderosa.
— Já terminaram com suas alegações, Classe D? — disse friamente o irmão de Horikita. Depois de permanecer em silêncio enquanto Horikita expunha seu argumento, suas palavras eram poucas e gélidas. Seu olhar parecia dizer que, se fosse tudo o que tínhamos a dizer, seria melhor não dizer nada.
— É verdade que Sudou-kun feriu os outros alunos. No entanto, a Classe C começou a briga. Há uma testemunha que viu todo o incidente e pode confirmar isso.
— Muito bem, então, Classe D — se a testemunha da Classe D puder, por favor, entrar.
Sakura, parecendo preocupada e inquieta, entrou na sala do conselho estudantil. Olhava para o chão, como se temesse algum perigo.
— 1-D, Sakura Airi-san.
— Achei que tinha ouvido falar de alguma testemunha, mas você é aluna da Classe D? — Sakagami, professor titular da Classe C, riu enquanto limpava os óculos.
— Há algum problema, Sakagami-sensei?
— Não, não, por favor. Pode prosseguir.
Sakagami-sensei e Chabashira-sensei trocaram olhares.
— Pode começar seu depoimento, se não se importar, Sakura-san.
— S-Sim, tudo bem… Bem… Eu…
Ela parou de falar. Seguiu-se um período de silêncio. Dez segundos. Vinte segundos. Sakura mantinha o olhar cada vez mais baixo, e seu rosto ficava progressivamente mais pálido.
— Sakura-san… — Horikita, incapaz de suportar mais, chamou-a. Diferente de antes, as palavras pareciam não alcançar a aluna.
— Aparentemente, ela não testemunhou nada. Insistir mais seria apenas uma perda de tempo — disse Sakagami-sensei.
— Por que tanta pressa, Sakagami-sensei? — perguntou Horikita.
— Quero acelerar isso. Se perdermos tempo, meus alunos sofrerão. Estes estudantes são o coração alegre da turma deles, então não tenho dúvidas de que seus muitos amigos estão preocupados. Além disso, eles estão se esforçando para melhorar suas habilidades no basquete, e estamos privando-os de um tempo valioso de treino. Como professor, não posso ignorar isso.
— Entendo. Provavelmente você está certo quanto a isso.
Você pensaria que Chabashira-sensei se aliaria à Classe D, mas não parecia ser o caso. Em vez disso, ela acenou em aparente concordância com Sakagami-sensei.
— Você certamente está certa de que isso é uma perda de tempo, então suponho que não temos escolha. Pode descer agora, Sakura.
Chabashira-sensei ordenou que Sakura saísse, quase como se tivesse perdido o interesse. Os membros do conselho estudantil não pediram nenhuma prorrogação ou qualquer coisa do tipo. Estava claro que o destino da Classe D estava selado na sala do conselho estudantil.
Sakura fechou os olhos com força, como se não pudesse mais suportar, como se lamentasse sua própria fraqueza. Até Sudou, Horikita e eu sentimos que aquilo parecia impossível para Sakura, e mentalmente ela parecia se resignar.
Então, aconteceu. Uma voz inesperada ecoou pela sala.
— Eu definitivamente vi o que aconteceu! — Era, sem dúvida, a voz de Sakura, embora eu tenha levado alguns segundos para reconhecê-la. O que mais me impressionou foi o volume da voz.

— Os alunos da Classe C deram o primeiro soco. Não há dúvida sobre isso!
As palavras de Sakura tinham uma força que contradizia a imagem que ela havia passado no início. Ela falava com tanta intensidade que você queria acreditar que estava dizendo a verdade. E, de fato, ela me fez acreditar. No entanto, como um feitiço mágico, o efeito durava apenas alguns minutos. Se a audiência permanecesse calma, não seria difícil perceber a verdade por trás das palavras.
— Com licença, posso dizer algo? — perguntou Sakagami-sensei, levantando a mão.
— Normalmente, pede-se que os professores falem o mínimo possível, mas esta situação é realmente lamentável. Presidente do conselho estudantil, você se importa?
— Eu permito.
— Em relação ao que você disse, Sakura-kun, não tenho motivos para duvidar de você. No entanto, tenho uma pergunta. Você se dispôs a testemunhar como testemunha, mas demorou bastante para fazê-lo. Posso perguntar por quê? Pensaria que, se você realmente tivesse visto algo, teria se apresentado muito antes.
Sakagami-sensei insistia no mesmo ponto que Chabashira-sensei havia levantado.
— Isso é… Bem, é que… eu não queria me envolver…
— Por que não queria se envolver?
—P orque eu não sou muito boa em falar com outras pessoas…
— Entendo. Compreendo isso. No entanto, gostaria de dizer mais uma coisa. Você não é boa em se comunicar, e ainda assim, quase no fim da semana, se apresentou como testemunha. Não lhe parece estranho? Na minha opinião, parece que a Classe D montou secretamente uma história e está fazendo você atuar como testemunha falsa para dar um depoimento enganoso.
Após conferirem entre si, os alunos da Classe C responderam que também achavam que era isso.
— Isso é… Eu… estou apenas… dizendo a verdade…
— Não importa quão ruins sejam suas habilidades de comunicação, posso ver que você não testemunhou com muita confiança. Isso é porque você se sente culpada, porque sabe que o que está dizendo é mentira?
— N-Não, não é isso…
— Não estou culpando você. Provavelmente foi obrigada a mentir pelo bem da sua classe, para proteger Sudou-kun. Não foi? Se você se apresentar e confessar honestamente para nós agora, não será punida.
Os ataques psicológicos implacáveis do professor continuavam incessantes. Claro, Horikita levantou a mão.
— Não é o caso. É verdade que Sakura-san não é boa em falar em público. No entanto, é precisamente porque ela testemunhou o incidente que está aqui hoje. Caso contrário, provavelmente não estaria, mesmo que tivéssemos pedido. Não acham que, se precisássemos de alguém capaz de falar com coragem, teríamos encontrado outra pessoa?
— Não creio. Há estudantes excelentes na Classe D, estudantes como você mesma, Horikita-san. Ao colocar uma pessoa como Sakura-san como testemunha, você estabeleceria um senso de realismo que você mesma não poderia criar.
Sakagami-sensei provavelmente nem acreditava de verdade nisso. No entanto, não importava qual resposta apresentássemos, eu tinha certeza de que ele faria de tudo para nos bloquear. Como eu havia percebido desde o início, uma testemunha da Classe D não carregava peso suficiente. Por mais que insistíssemos na verdade, diriam que estávamos mentindo. Se o depoimento viesse de alguém do nosso lado, não aceitariam.
Teríamos ficado sem opções? Sakagami-sensei deu um sorriso hostil enquanto começava a se sentar novamente.
— Se quiserem prova… eu darei!
Sakagami-sensei congelou ao ouvir as palavras de Sakura.
— Por favor, não prolonguemos esta situação. Se realmente houvesse evidências, você as teria apresentado antes — disse o professor.
Sakura bateu a mão na mesa com força e jogou no chão o que pareciam ser alguns pequenos pedaços de papel retangulares.
— O que é isso?
Por ter apresentado algo além de palavras, a expressão de Sakagami-sensei ficou tensa pela primeira vez.
— Isto é a prova de que eu estava no prédio especial naquele dia!
A secretária Tachibana aproximou-se de Sakura. Embora hesitasse no início, ela pegou o material. Na verdade, não eram pedaços de papel, como eu pensara. Eram fotografias.
— Presidente.
Depois de olhar as fotos, a secretária Tachibana entregou-as ao presidente do conselho estudantil. O irmão de Horikita, após examinar as fotos por algum tempo, as colocou sobre a mesa para que todos pudessem ver. Vimos Sakura nas fotos, mas essa Sakura tinha uma expressão encantadora que lembrava, e ao mesmo tempo diferia, da Sakura que estava conosco. Era a idol, Shizuku.
— Eu… estava procurando lugares onde ninguém estivesse para poder tirar fotos de mim mesma. As fotos também mostram a data e hora, o que prova que eu estava lá como disse.
A data nas fotos mostrava claramente que haviam sido tiradas à noite, uma semana atrás. Isso teria sido próximo ao horário em que Sudou e os outros terminaram as atividades do clube naquele dia. Horikita e eu soltamos um suspiro involuntário diante dessa nova evidência. Começamos a notar mudanças nos três alunos da Classe C, que até então desempenhavam o papel de vítimas. Eles tremiam visivelmente.
— Com o que você tirou essas fotos? — perguntou Sakagami-sensei.
— Com uma câmera… digital.
— É fácil alterar a data com uma câmera digital, no entanto. Se você manipulasse essas fotos no computador, poderia ajustar a data e hora do incidente. Essas evidências são insuficientes.
— Mas Sakagami-sensei, não acha que esta foto é diferente? — O irmão de Horikita deslizou uma das fotos que ainda não havíamos visto e entregou ao professor.
— I-Isso?!
A foto mostrava a luta em si; claramente não havia necessidade de questionar a hora. O sol poente iluminava o corredor com uma luz difusa. A foto parecia mostrar o que havia acontecido imediatamente após Sudou atingir Ishizaki.
— Acho que vocês acreditarão que eu estava lá depois de ver… isto.
— Obrigada, Sakura-san.
Essa foto tinha salvo a Horikita completamente também. Conseguir resgatar uma situação tão extremamente desfavorável…
— Entendo. Bem, vocês realmente parecem estar dizendo a verdade sobre terem testemunhado o incidente. Isso eu devo aceitar. No entanto, não posso determinar como a situação começou apenas com esta foto. Isso não prova que você viu todo o incidente.
— Parece que não há objeção, considerando os argumentos que ouvimos até agora — disse o presidente do conselho estudantil. O irmão Horikita parecia querer chegar a uma conclusão o quanto antes.
— Independentemente de qual lado chamou o outro, o fato é que foi uma luta unilateral entre Sudou e os outros alunos. Podemos ver claramente isso pelas lesões que sofreram. Não temos outra escolha senão chegar a uma conclusão com base nisso.
— E-Ei! Não aceito isso! É só porque aqueles caras são uns fracos! — Sudou levantou-se, pronto para sair voando da cadeira, mas finalmente segurou os próprios braços e se conteve.
— Não importa quanto tempo fiquemos discutindo, nunca chegaremos a um acordo. Não mudaremos nosso depoimento, e seu lado não vai ceder nem admitir que conspirou com a testemunha. Em outras palavras, vocês não vão parar. Será um ciclo interminável de acusações de mentira. Além disso, a foto é inconclusiva para ser considerada prova definitiva. Portanto, sugiro que façamos um compromisso. Acredito que os alunos da Classe C têm responsabilidade parcial aqui. Havia três estudantes contra Sudou, e um deles tem histórico de brigas, o que é problemático. Que tal duas semanas de suspensão para Sudou-kun e uma semana para meus alunos? O que acham disso? O peso da punição é diferente, claro, mas creio que isso reflita a diferença nas lesões sofridas.
O irmão Horikita permaneceu em silêncio, ouvindo Sakagami-sensei. Parecia que a Classe C estava disposta a comprometer-se apenas parcialmente. Se não tivéssemos a testemunha ou as provas de Sakura, Sudou-kun provavelmente teria sido suspenso por mais de um mês. Aceitar menos da metade disso já era uma concessão considerável.
— Não me provoque! Isso não é brincadeira! — Sudou explodiu.
— Chabashira-sensei, o que acha? — perguntou Sakagami-sensei, sem nem olhar para Sudou.
— Parece que já chegamos a uma conclusão lógica. Não há razão para recusar a proposta de Sakagami-sensei — respondeu Chabashira-sensei.
A proposta era, de fato, um compromisso razoável. Horikita ergueu os olhos para o teto, como se ponderasse silenciosamente tudo o que havia acontecido até aquele momento. Por mais que resistíssemos, Sudou não seria totalmente absolvido sem provas conclusivas. Horikita sabia disso desde o início.
Ela havia concluído que precisávamos aceitar o compromisso. Para uma aluna da Classe D, Horikita era bastante impressionante.
No entanto, se ela pretendia chegar à Classe A, não poderia desistir ali. Eu não pretendia falar até o final, mas decidi dar uma força, talvez em respeito à coragem que Sakura demonstrou antes.
— Horikita, realmente não temos mais opções? — perguntei.
…………
Horikita não respondeu. Bem, será que ainda tinha palavras para dizer?
— Não sou muito esperto, então não consigo propor uma solução. Contudo, acredito que provavelmente deveríamos aceitar o compromisso que você nos ofereceu, Sakagami-sensei — disse eu.
— Certo — respondeu Sakagami-sensei com um sorriso, empurrando os óculos de volta para o nariz.
— Não temos prova definitiva da inocência de Sudou. Suponho que devo dizer que tal evidência simplesmente não existe. Se este evento tivesse ocorrido em uma sala de aula ou na loja de conveniência, um número maior de alunos teria presenciado, e provavelmente haveria provas sonoras. Não há registro de ninguém observando a cena. Como aconteceu no prédio especial, onde não havia ninguém por perto, não há nada que possamos fazer.
Suspirei profundamente e balancei a cabeça. Olhei direto nos olhos de Horikita, e ela retribuiu o olhar. Falei como se estivéssemos aceitando a derrota.
— Entendo por que estamos discutindo isso. Por mais que tentemos convencer do contrário, a Classe C não admitirá que mentiu. Sudou também não admitirá que mentiu. Continuaríamos apenas indo e voltando. Honestamente, já estou no ponto em que teria sido mais feliz nunca ter discutido isso. Não concorda?
Horikita baixou os olhos. Perguntei-me o que ela estaria pensando. Se levasse minhas palavras apenas ao pé da letra, as coisas terminariam ali.
— Então é isso, certo? Bem, representante da Classe D, Horikita-san. Por favor, dê sua opinião sobre o assunto — Sakagami-sensei interpretou minhas palavras literalmente. Em outras palavras, como uma declaração de derrota. Para a Classe C, vencer significava não permitir que Sudou fosse absolvido. A expressão do professor indicava que ele considerava ter vencido essa disputa.
— Entendo… — respondeu Horikita, lentamente erguendo os olhos.
— Horikita! — gritou Sudou. Era o rugido de alguém que, mais do que ninguém, não queria admitir a derrota. Ele não podia. No entanto, Horikita não parou. Continuou com suas considerações finais.
— Acredito que Sudou, que causou o incidente, tem um problema. Ele nunca para para refletir sobre suas ações, o que prejudica todos ao redor. Ele tem histórico de brigas. É do tipo que levanta a voz e os punhos sempre que algo o desagrada. Em um tumulto como este, bem, deveria ser óbvio quem causou tudo.
— E-Ei!
— Você precisa entender, Sudou. Sua atitude causou tudo isso — Horikita lançou um olhar intenso para Sudou, quase para superar a própria ferocidade dele. — É por isso que eu não estava motivada a ajudá-lo no início. Eu sabia que, mesmo que me esforçasse para ajudá-lo, ele repetiria os mesmos erros, uma e outra vez.
— Uma resposta muito honesta. Parece que o assunto está resolvido agora, não acha?
— Muito obrigada. Por favor, volte ao seu lugar agora — disse a secretária Tachibana a Horikita.
Seguiu-se um período de silêncio. Depois, veio o grito claramente irritado de Sudou. E mesmo após cinco, depois dez segundos de espera, Horikita ainda não se sentara.
— Você vai se sentar agora? — perguntou a secretária Tachibana, como se suspeitasse que Horikita não pudesse ouvi-la. Ainda assim, ela permaneceu de pé, fixando os professores com o olhar.
— Ele deve refletir sobre suas ações. Mas não neste caso específico. Quando digo que ele deve refletir, quero dizer que deve rever suas ações passadas. Quanto a este incidente em particular, no entanto, não creio que Sudou-kun tenha feito nada de errado. Isso não foi um evento infeliz que ocorreu por acaso. Estou convencida de que foi uma ação deliberada da Classe C. Não tenho a menor intenção de aceitar a derrota pacificamente.
Horikita quebrou o longo silêncio com essas palavras altivas.
— Então… o que você quer dizer com isso? — O irmão Horikita olhou para a irmã pela primeira vez. Horikita não recuou diante do olhar dele. Ela provavelmente sentiu que não era hora de ter medo, que precisava ser corajosa diante de Sakura. Ou talvez ela visse o caminho para uma resolução final?
— Se você não entendeu, direi novamente. Afirmamos que Sudou-kun é completamente inocente. Portanto, não podemos aceitar sua suspensão escolar, nem que seja por um único dia.
— Haha… O que posso dizer? Fizemos isso intencionalmente? Que alegação bizarra. Aparentemente, a irmã do presidente do conselho estudantil não consegue evitar de falar besteira.
— Sudou-kun é a vítima, assim como a testemunha declarou. Por favor, não cometa erros em seu julgamento.
Os alunos da Classe C começaram a gritar insistentemente.
— Não me provoque! Eu sou a vítima aqui!
Sudou, compelido pelos gritos, levantou novamente a voz. As objeções surgiam rápidas e furiosas. Todos entendiam que dessa forma não chegaríamos a uma solução.
— Chega. Continuar essa discussão seria apenas uma perda de tempo — disse Horikita Manabu, olhando para nós como se estivéssemos apenas trocando mentiras em uma grande guerra de lama.
— O que aprendi hoje é que cada lado apresenta uma alegação oposta à outra. Nesse caso, um dos lados está propagando uma falsidade extremamente maliciosa.
D ou C? Qual classe estava mentindo para a escola? Se esse fato se tornasse conhecido, as consequências seriam maiores do que uma simples suspensão.
— Vou perguntar a vocês, Classe C. Vocês mentiram para nós hoje?
— D-Digo… claro que não!
— E vocês, Classe D?
— Não mentimos. Tudo o que dissemos é a verdade.
— Então, nos reuniremos novamente amanhã às 16h para um novo julgamento. Se até lá não ficar claramente estabelecido qual lado mentiu, ou caso ninguém admita que estava errado, julgaremos com base nas evidências coletadas até agora. É claro que, nesse caso, poderemos considerar a possibilidade de expulsão desta escola. Isso é tudo.
Após essa declaração, o irmão Horikita encerrou o procedimento. Se o julgamento fosse retomado amanhã às 16h, esse seria um período muito curto para descobrir novas evidências.
— Seria possível ter um pouco mais de tempo antes de nos reunirmos novamente? — perguntou Horikita, levantando a mão. Ela não protestou, mas fez uma proposta.
— Se este caso exigisse tempo extra antes do novo julgamento, o presidente do conselho estudantil teria oferecido um período de tolerância suficiente. Em outras palavras, o tempo concedido deve ser suficiente para este caso. Prorrogações só são oferecidas em circunstâncias especiais — respondeu Chabashira-sensei, cruzando os braços. Parecia que ela considerava as intenções do conselho estudantil.
Fomos instruídos a sair. Todos pareciam insatisfeitos ao deixarem o escritório do conselho estudantil. Sakagami-sensei aproximou-se de Sakura, que parecia à beira das lágrimas. Ele disse algo muito frio a ela.
— Quero que reflita sobre o fato de que muitos estudantes serão envolvidos por causa das suas mentiras. Além disso, se você pensa que vamos facilitar só porque começou a chorar, temo que está sendo ingênua. Você deveria se envergonhar.
Sakagami-sensei e seus alunos saíram, deixando aquelas palavras pairando no ar. Os alunos da Classe C continuaram reclamando que as mentiras da testemunha eram demais ao saírem, quase como se quisessem que Sakura as ouvisse. O silêncio tomou conta da sala do conselho imediatamente depois. Sakura, tentando reprimir sua voz ao máximo, começou a chorar.
— Eu tentei ao máximo falar durante a discussão, mas teremos alguma chance? Horikita? — perguntou ela, com lágrimas nos olhos.
— Não vou desistir. Continuarei lutando para apoiar seu testemunho até o fim — respondeu Horikita.
— Você entende que não resolveremos esse problema apenas sendo teimosos. Isso não acabaria machucando mais pessoas no processo?
— Não tenho intenção de perder. Então, devo me retirar.
Com isso, Horikita se virou e saiu. Sudou a seguiu. Eu saí da sala do conselho estudantil junto com Sakura.
— Desculpe, Ayanokoji-kun… Se eu tivesse me manifestado desde o início, tudo teria dado certo, mas… Tudo aconteceu assim porque eu não tive coragem — Sakura disse, com a voz trêmula.
— Teríamos acabado da mesma forma, mesmo que você tivesse falado no início. Eles teriam lutado para desacreditar seu testemunho simplesmente porque a testemunha era da Classe D. O resultado teria sido o mesmo.
— Mas!
Se suspeitassem que Sakura estava mentindo, ela provavelmente não conseguiria salvar Sudou sozinha. Tomada pela emoção, Sakura começou a chorar, grandes lágrimas escorrendo pelo rosto. Se Hirata estivesse ali, provavelmente lhe ofereceria um lenço gentilmente. Estranhamente, a cena parecia repetir o momento em que Horikita desabou brevemente ao se reunir com o irmão. Um instante de profundo déjà vu.
Por que este mundo estava dividido entre vencedores e perdedores? Eu já havia testemunhado muitas vitórias e derrotas e visto como alegria e tristeza pareciam tão intimamente ligadas a esses resultados. Não podia simplesmente abandonar Sakura, então decidi esperar até que ela pudesse se mover.
— Você ainda está aqui?
O irmão Horikita e a secretária Tachibana saíram da sala do conselho estudantil. Tachibana começou a trancar a porta com chave.
— O que vocês planejam fazer? — perguntou.
— Como assim?
— Pensei que quando você veio aqui com Suzune, revelaria algum tipo de plano mestre.
— Não sou exatamente Zhuge Liang ou Kuroda Kanbei. Não tenho planos.
— Então isso significa que, quando Suzune afirmou que Sudou era completamente inocente, ela estava apenas se deixando levar?
— Hipérbole, quer dizer? Não creio que seja isso.
— Entendo.
Curiosamente, embora minhas interações com o irmão Horikita até então tivessem sido breves, nossa conversa continuou. Apesar de ele ter me causado uma má impressão no nosso primeiro encontro, agora eu o achava fácil de conversar. Talvez isso fosse esperado de alguém que havia escalado posições até se tornar presidente do conselho estudantil. Ele tinha uma compreensão superior da natureza humana.
— Então há o que você disse, Sakura — o irmão Horikita se voltou para Sakura, que tentava conter o choro. — O testemunho ocular e as evidências fotográficas certamente têm peso durante a deliberação. No entanto, tenha em mente que o quanto valorizamos essas evidências depende de quanto confiamos em sua credibilidade. Não importa o que você faça, a legitimidade da prova é diminuída pelo fato de você ser uma estudante da Classe D. Por mais detalhado que seja o seu relato, não podemos aceitá-lo como cem por cento verdadeiro.
Basicamente, ele estava chamando Sakura de mentirosa.
— E-Eu… eu só… falei a verdade…
— Se você não consegue provar, então não passa de mentira.
Sakura abaixou a cabeça frustrada, chorando novamente.
— Eu acredito nela. Eu acredito no testemunho da Sakura — disse eu.
— Já que ela é uma estudante da Classe D, é natural que você queira acreditar nela.
— Eu não disse que quero acreditar nela. Eu disse que acredito nela. Isso são coisas diferentes.
— Então você pode provar? Pode provar que ela não está mentindo?
— Isso não depende de mim. Sua irmã vai provar. Se Sakura não estiver mentindo, ela encontrará uma forma de convencer todos.
O irmão Horikita riu baixinho, depois sorriu, como se sugerisse que tal coisa era impossível.
Depois que o irmão Horikita e Tachibana saíram, aproximei-me de Sakura, que ainda não conseguia se mover.
— Vamos, cabeça erguida, Sakura. Não adianta chorar para sempre.
— Mas… é tudo minha culpa… hic — ela soluçava.
— Você não fez nada de errado. Você só disse a verdade. Certo?
— Mas… eu…
— Vou dizer de novo. Você não fez nada de errado.
Agachei-me um pouco para poder olhar nos olhos de Sakura. Ela abaixou a cabeça mais uma vez, como se não quisesse que ninguém visse suas lágrimas.
— Eu acredito em você. Sou grato por você ter vindo aqui hoje. Graças a você, agora temos uma chance de salvar o Sudou e nossos colegas.
— Mas… eu… não fui completamente inútil?
Quão pouca confiança essa garota tinha em si mesma?
— Eu acredito em você porque você é minha amiga.
Coloquei a mão em seu ombro. Virando-a levemente, quase de forma forçada, tentei fazê-la me olhar nos olhos.
Repeti com convicção. Disse a ela:
— Faça isso por você mesma.
*
— Eu deixei você ver algo tão constrangedor…
Sakura, caminhando ao meu lado, havia parado de chorar. Agora usava um sorriso tímido.
— Faz tanto tempo que não choro na frente de alguém. Na verdade, me sinto um pouco aliviada.
— Fico feliz. Quando eu era criança, costumava chorar na frente das pessoas o tempo todo.
— Eu não fazia ideia de que você era assim, Ayanokoji-kun. Isso é completamente diferente da imagem que eu tenho de você.
— É… Eu chorava muito. Talvez umas dez ou vinte vezes na frente de outras pessoas.
Eu estava frustrado e envergonhado, mas não conseguia parar de chorar. No entanto, pessoas que choram podem se tornar mais fortes e seguir em frente. Sakura parecia ser do tipo que guardava seus sentimentos para si mesma. Esse incidente talvez tenha sido um passo importante para ela.
— Eu fiquei realmente feliz… quando você disse que acreditava em mim.
— Não fui só eu. Horikita, Kushida e Sudou também acreditam. Todos os nossos colegas acreditam em você.
— É… mas você veio e me disse diretamente, Ayanokoji-kun. Você falou.
Sakura enxugou os olhos mais uma vez, provavelmente porque as lágrimas turvavam sua visão.
— Você me deu coragem. Fiquei feliz — disse ela, com um pequeno sorriso.
Ao ouvir isso, senti um alívio. Mesmo que pudéssemos ter salvado Sudou apenas forçando Sakura a se apresentar e a encará-lo em uma situação desconfortável, isso não teria sido uma solução perfeita. Nós dois caímos em silêncio. Nenhum de nós era muito bom em conversar. No entanto, não parecia estranho ou desagradável.
— E-Eh… bom… acho que não deveria estar dizendo isso agora, mas…
Quando nos aproximávamos da entrada, Sakura abriu a boca.
— Na verdade… eu… agora…
— Yahoo! Vocês estão mesmo atrasados, hein?
Ichinose e Kanzaki nos esperavam na entrada. Devem ter estado apreensivos sobre o resultado do julgamento.
— Estavam esperando por nós? — perguntei.
— Estávamos curiosos para saber o que aconteceu.
Parei e me voltei para Sakura.
— Desculpe, Sakura. Podemos continuar isso depois?
Sakura abriu o armário de sapatos e olhou para dentro. Virou o rosto para mim.
— Ah, não, não é nada. Eu só… queria dizer que vou me esforçar. Serei corajosa.
Com essa resposta rápida, ela abaixou a cabeça e se foi.
— Sakura? — tentei pará-la, mas ela saiu apressada pela porta.
— Desculpe. Era um mau momento? — perguntou Ichinose.
— Não, tudo bem.
Descrevi os acontecimentos que haviam ocorrido na sala do conselho estudantil.
— Entendi. Então vocês rejeitaram o acordo, hein? A Classe D está insistindo na inocência do Sudou até o fim?
— Bem, se Sudou recebesse ao menos um dia de suspensão, a Classe C venceria.
Em outras palavras, o acordo era uma armadilha. Uma doce armadilha para nos conduzir à derrota. No entanto, os dois não pareciam convencidos. Kanzaki, em particular, insistia que havíamos tomado a decisão errada.
— O fato é que ele bateu nos outros estudantes. Seus oponentes fizeram uma concessão por causa da confirmação da testemunha e das evidências dela. Vocês deveriam ter aceitado o acordo.
— Mas, como Ayanokoji-kun disse, a suspensão do Sudou seria uma derrota para a Classe D. Se ele fosse suspenso por mau comportamento, suas chances de ser titular no time provavelmente desapareceriam. Ele voltaria à estaca zero.
— Pode ser que ele nem volte só à estaca zero. Pode ser pior, na verdade. Se a escola souber que ambos os lados compartilham a responsabilidade, levarão isso em consideração ao aplicar punições. No entanto, se a parcela de culpa de Sudou aumentar amanhã, será uma notícia ruim.
Nenhum deles estava errado. Ou apelávamos pela inocência dele ou aceitávamos o acordo. Uma dessas era a resposta correta.
— Entendo. Eu também penso assim.
— Se você pensa assim, não deveria ter impedido?
— Se vocês forem para um novo julgamento, inevitavelmente perderão. Como Kanzaki disse, obter um veredicto de não culpado é praticamente impossível.
Não importava nosso testemunho, não importava o quanto defendêssemos nosso ponto de vista, não poderíamos vencer nesse aspecto. Não se tratava mais apenas de ganhar ou perder. Havíamos chegado a um impasse no campo de batalha.
— Vocês ainda vão lutar? Mesmo sem novas evidências ou testemunhas?
— Nossa líder já tomou sua decisão. Lutaremos até o fim.
Horikita não era tola. Ela já sabia bem que essa prorrogação não era uma vitória. Mesmo assim, havia tomado a decisão de avançar, com a intenção de lutar. O fato de a Classe D estar preparada para enfrentar as dificuldades que viriam era prova de nossa prontidão.
— Hm. Bem, não acho que conseguiremos obter mais pistas, mas vou checar as informações que puder encontrar na internet.
Embora não fosse estranho se Ichinose tivesse desistido de nós nesse ponto, ela riu e ainda ofereceu sua cooperação.
— Farei o meu melhor para encontrar mais evidências ou outra testemunha.
Mesmo que Kanzaki tivesse optado pelo acordo, sua cooperação permaneceu firme.
— Vocês ainda querem nos ajudar? — perguntei.
— Estamos envolvidos demais agora. Além disso, como dissemos antes, não podemos perdoar mentirosos.
Kanzaki assentiu. Eram realmente pessoas confiáveis.
— Agradeço sinceramente a oferta, mas não é necessário.
Horikita, que eu pensava ter retornado aos dormitórios, apareceu repentinamente ao nosso lado. Ela estava nos esperando?
— Não é necessário? O que quer dizer, Horikita-san?
— Não podemos fazer Sudou ser absolvido. Mesmo que uma nova testemunha venha da Classe A ou B, seria impossível. No entanto… há algo que eu gostaria que vocês preparassem. É a única solução possível.
— Preparar algo?
— Isso é—
Horikita começou a nos explicar o que queria. A expressão da antes calma Ichinose agora se endureceu.
— Ah… isso vai ser um pedido realmente difícil.
Se Ichinose estava hesitante assim, talvez realmente fosse algo excessivo. Kanzaki permaneceu em silêncio, mergulhado em pensamentos.
— Entendo que não estou em posição de pedir isso — disse Horikita. — O fardo que eu estaria colocando sobre vocês é excepcionalmente grande. Mas—
— Ah, não. Bem, isso deve estar dentro do que podemos fazer, eu acho. Isso porque planejo descobrir o que está acontecendo com a Classe D. Tenho muitas, muitas coisas que quero saber, mas… bem, talvez seja melhor que vocês não nos digam o porquê?
— Você tem razão quanto a isso. Então, se eu conseguir convencê-los, vocês vão cooperar conosco?
Horikita continuou explicando os detalhes de sua solução para Ichinose, Kanzaki e para mim. Por que era necessário? Para que usaríamos? Qual era o objetivo? Depois que Horikita terminou, Kanzaki e Ichinose permaneceram pensativos, em silêncio.
— Vocês devem entender os riscos, assim como a utilidade dessa estratégia — disse Horikita.
— Quando você teve essa ideia? — perguntou Ichinose.
— Pouco antes do término da deliberação. Apenas por acaso, no entanto.
— Isso… é uma jogada incrível. Eu fui até o local do incidente e nem assim pensei nisso. Ou, devo dizer, estava completamente no escuro a respeito. Nem de longe era algo que eu poderia imaginar.
Ichinose parecia compreender o plano e seu efeito esperado. No entanto, sua expressão ainda estava distante, e ela ainda parecia pensativa.
— Uma ideia incomum. Provavelmente você também consegue antecipar os resultados. Mas será que algo assim é realmente possível? — perguntou ela a Kanzaki, que parecia um pouco surpreso.
— Pode ir contra sua ética e moral, Ichinose.
— Haha, sim. Você pode estar certo. É algo diferente para mim. Mas… certamente é uma forma de agir.
— É. Foi o que eu também pensei. É algo que nunca deveria ter sido feito.
Eles iriam nos dar uma mão? Havia mentiras embutidas nessa estratégia. Para alguém como Ichinose, que odiava mentir, era um pedido difícil.
— Bem, já que uma mentira começou toda essa confusão, talvez seja necessária outra mentira para fechar esse caso. É o que eu penso, de qualquer forma.
— Mmmhmm, entendi. Olho por olho, mentira por mentira, né? Mas será que isso é realmente possível? Não consigo imaginar que seria fácil de conseguir.
— Não se preocupe com essa parte. Eu já confirmei — disse Horikita.
Será que ela saiu da sala do conselho estudantil imediatamente para averiguar se era possível ou não reunir a prova de que precisava?
— Se você pedir ajuda ao Professor, deve ser bom. Eu vou falar com ele.
Horikita fez uma leve inclinação com a cabeça. Aparentemente, ela não tinha objeções.
— Ei, Kanzaki-kun. Você nos ajudou para que superássemos a Classe C?
— Sim. Isso mesmo.
— Mas eu estava pensando, talvez o que estamos fazendo agora acabe voltando para nos prejudicar mais tarde?
— Isso pode acontecer.
— Caramba. Eu totalmente não considerei o fato de que a Classe D tem uma garota como você.
Ichinose, depois de elogiar Horikita, tirou o celular com um olhar de leve espanto.
— Vou te emprestar isto. Por favor, devolva depois.
Com isso, ela confirmou sua disposição em ajudar.
— Claro. Prometo.
Horikita, agradecida pela ajuda, aceitou sem hesitação.
— Então, Ayanokoji-kun. Há algo em que eu gostaria que você me ajudasse.
— Se não for algo realmente incômodo, claro. Vou ajudar.
— Ajudar os outros é fundamentalmente incômodo e consome tempo.
Ou seja, eu precisava me preparar. Não via uma saída, então decidi, hesitante, ceder a Horikita.
— Ok, vamos…?!
Recebi um golpe chocante no lado do corpo. A dor foi súbita e intensa. Caí no canto como se tivesse sido empurrado por uma rajada de vento.
— Vou perdoar você por me tocar desta vez. Mas, da próxima, vou devolver em dobro.
— Q-Que— Ah, ah!
A dor roubou minha voz, como se não me fosse permitido contestar. Espera, quando ela disse que me devolveria "em dobro", significava que os golpes seriam duas vezes mais fortes que agora? Isso era inimaginável!
Atônita, Ichinose assistia a todo o espetáculo. Ela olhou para Horikita como se a garota fosse algo aterrorizante. Lembre-se bem disso, Ichinose. Horikita era uma mulher sem misericórdia… Engoli em seco.
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CAPÍTULO ATUALIZADO!
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