Volume 1
Capítulo 5: Amigos
— KIKYOU-CHAN, quer passar num café no caminho de volta hoje?
— Claro, vamos! Ah, mas espera só um minutinho, tá? Quero convidar mais uma pessoa.
Kushida foi até Horikita, que estava guardando o livro didático na bolsa.
— Horikita-san, você gostaria de ir conosco ao café hoje? — perguntou.
— Não estou interessada.
Horikita devolveu o convite de Kushida na mesma hora, sem deixar espaço para mal-entendidos. Será que não dava para, pelo menos, mentir dizendo que tinha planos ou que ia encontrar uma amiga? Apesar da recusa fria, Kushida continuou sorrindo.
Não era uma cena particularmente incomum. Desde a cerimônia de entrada, Kushida tentava regularmente convidar Horikita para fazer algo divertido juntas. Eu achava que seria bom se Horikita aceitasse ao menos uma vez, mas talvez isso fosse apenas a interpretação egoísta de um observador. Ninguém jamais tinha recebido outra resposta além de uma rejeição quando tentava convidar Horikita.
— Entendo. Então, vou tentar te convidar de novo outra hora.
— Espere, Kushida-san.
Surpreendentemente, Horikita a chamou. Será que ela finalmente tinha cedido?
— Não me convide mais. É um incômodo — disse Horikita friamente. No entanto, Kushida não pareceu triste. Pelo contrário, sorriu ao responder:
— Vou te convidar de novo.
Kushida então correu de volta para junto das amigas, e elas saíram do corredor.
— Kikyou-chan, para de convidar a Horikita-san. Eu odeio ela… — Antes que a porta se fechasse, ouvi vagamente uma das outras garotas dizer isso. Horikita, que estava bem ao meu lado, provavelmente também ouviu, mas não demonstrou se importar.
— Você não vai tentar me convidar para sair, vai? — perguntou ela.
— Não. Eu já entendi bem a sua personalidade. Não adiantaria tentar.
— Fico aliviada em ouvir isso.
Depois de terminar de se arrumar, Horikita saiu da sala sozinha. Fiquei ali parado por um tempo, sem pensar em nada, mas logo me cansei e me levantei. Hora de ir pra casa, pensei.
— Ayanokoji-kun, tem um minutinho? — Hirata, que ainda estava por ali, me chamou quando passei. Sem me incomodar, respondi tranquilamente. Era raro Hirata dirigir a palavra a mim.
— É sobre a Horikita-san, na verdade. Eu estava me perguntando se havia algo errado. Algumas meninas estavam comentando sobre isso antes. A Horikita parece estar sempre sozinha.
Talvez não fosse algo específico com Kushida. Talvez Horikita fosse apenas o tipo de pessoa que detestava companhia.
— Será que você poderia dizer a ela para tentar se enturmar um pouco?
— Bem, isso depende de cada um, não é? Além disso, a Horikita não está atrapalhando ninguém — respondi.
— Tem razão, claro. Mas muitas pessoas têm expressado preocupação. Eu realmente não quero que haja nenhum tipo de bullying na nossa turma.
Bullying? Parecia um pouco precipitado falar nisso, mas talvez já houvesse sinais. Estaria ele tentando me alertar? Hirata me olhava com a mais pura das intenções.
— Bem, acho que seria melhor você falar diretamente com ela, Hirata — eu disse.
— Faz sentido. Desculpe por tocar no assunto.
Horikita estava sempre sozinha, dia após dia. Se isso continuasse, em um mês ela acabaria sendo como um tumor dentro da classe. Contudo, esse era um problema pessoal dela — algo com o qual eu provavelmente não deveria me envolver.
*
Depois de sair da aula, fui direto para o dormitório. Kushida, que deveria ter saído com uma amiga mais cedo, parecia estar esperando alguém, encostada na parede. Ao me notar, ela sorriu como sempre.
— Que bom! Eu estava te esperando, Ayanokoji-kun. Queria conversar com você sobre uma coisa. Tem um minutinho? — perguntou.
— Ah, claro...
Será que ela ia se declarar pra mim? Não, impossível. Tinha, no máximo, 1% de chance disso acontecer.
— Vou perguntar direto — disse ela. — Ayanokoji-kun, você já viu a Horikita-san sorrir alguma vez?
— Hã? Não... que eu me lembre, não.
Pelo visto, Kushida queria falar da Horikita de novo. Pensando bem, eu realmente nunca tinha visto a Horikita sorrir. Kushida então pegou minha mão, aproximando-se um pouco mais. Ela tinha cheiro de flores? Respirei fundo aquele aroma agradável.
— Sabe... eu... quero ser amiga da Horikita-san — disse ela.
— Acho que ela percebe as suas intenções. No começo, muita gente tentou se aproximar dela, mas agora só restou você.
— Você parece conhecer bem a Horikita-san, Ayanokoji-kun.
— Não é como se eu ficasse observando ela o tempo todo. É só que... quando alguém senta ao seu lado, você acaba aprendendo algumas coisas sobre essa pessoa.
As garotas, afinal, eram bem mais sociáveis. Desde o primeiro dia de aula, estavam ansiosas para formar grupos. Também se importavam mais com panelinhas e círculos sociais do que os garotos. Na nossa turma, que tinha cerca de vinte pessoas, quatro delas exerciam mais influência. Podiam até estar fingindo um pouco, sem mostrar quem realmente eram.
Mas Kushida era uma exceção. Ela tinha prestígio em todos os grupos — e mais do que isso, era incrivelmente popular com todos. Era sempre gentil e calorosa, até mesmo com a Horikita, insistindo em se tornar sua amiga. Aquilo não era algo que uma aluna comum conseguiria fazer. Provavelmente por isso todos a adoravam.
Além disso, ela era realmente fofa. E, convenhamos, fofura faz tudo parecer melhor.
— A Horikita já não te avisou para não tentar de novo? — falei. — Não sei o que você poderia dizer a ela da próxima vez.
Eu sabia que a Horikita não era do tipo que media as palavras. Se alguém a abordasse, ela provavelmente responderia de forma fria e direta. Para ser sincero, eu não queria ver a Kushida se machucar.
— Você... não quer me ajudar? — perguntou ela.
— Hã...
Não respondi de imediato. Normalmente, eu aceitaria qualquer pedido de uma garota tão bonita assim. Mas, como eu era do tipo que evita problemas, não consegui responder logo. Não queria ver a Horikita magoar a Kushida com algum comentário cruel. Achei melhor recusar, para evitar dores de cabeça depois.
— Eu entendo como você se sente, Kushida, mas...
— Então quer dizer que... você não vai me ajudar? — perguntou, com aquele olhar suplicante.
Fofo + olhar pidão + olhos brilhando para cima = letal.
— Tá bom, acho que não tenho escolha. Só desta vez, ok?
— Sério?! Ah, obrigada, Ayanokoji-kun! — exclamou ela, radiante.
Ela era mesmo muito fofa. Mesmo tendo aceitado ajudar, eu ainda era o tipo de pessoa que preferia ficar nos bastidores. Não devia fazer nada imprudente.
— Então... o que exatamente a gente vai fazer? Porque, mesmo que você queira ser amiga dela, não é tão simples assim.
Pessoalmente, eu não fazia ideia de como "fazer amigos".
— Você tem razão... Bem, primeiro, acho que deveríamos tentar fazer a Horikita-san sorrir — disse Kushida.
— Fazer ela sorrir, é?
Sorrir significava baixar a guarda diante de outra pessoa, nem que fosse um pouco. Uma relação assim podia ser chamada de amizade. Kushida parecia entender bem as pessoas — especialmente quando o assunto era fazê-las sorrir.
— E você tem alguma ideia de como fazer isso? — perguntei.
— Bem... pensei que a gente podia pensar juntos, Ayanokoji-kun — respondeu ela, rindo envergonhada e batendo de leve na própria cabeça. Se fosse uma garota feia, aquilo teria me deixado desconfortável, mas a Kushida conseguia fazer parecer encantador.
— Um sorriso, hein... — murmurei. Então, porque Kushida tinha pedido, eu ia ajudá-la a fazer Horikita sorrir. Mas... será que isso era mesmo possível? Duvidava muito.
— Enfim, depois da aula, vou tentar convidar a Horikita de novo. Mas se acabarmos voltando para o dormitório, não vou saber o que fazer. Tem algum lugar onde ela queira ir?
— Ah, então... que tal o Palate? Eu costumo ir bastante lá, e talvez a Horikita já tenha ouvido a gente comentando sobre isso.
O Palate era um dos cafés mais populares do campus. Já tinha ouvido falar que a Kushida e outras garotas iam lá com frequência depois da aula. E, se eu sabia disso, provavelmente a Horikita também sabia.
— E se vocês duas fossem ao Palate, pedissem algo, e eu "aparecesse" lá por acaso? Será que funcionaria?
— Acho que não... Isso seria esperar demais. E se as suas amigas ajudassem, Kushida?
No instante em que a Horikita notasse a presença da Kushida, provavelmente se levantaria e iria embora. Achei melhor criar uma situação em que ela não pudesse sair facilmente. Expliquei minha ideia para Kushida.
— Oooh! Isso com certeza vai dar certo! Você é tão esperto, Ayanokoji-kun! — disse ela, empolgada, os olhos brilhando enquanto me ouvia atentamente.
— Ah, não acho que tenha nada a ver com ser esperto. De qualquer forma, era mais ou menos essa a ideia.
— Entendi! Estou animada pra ver o resultado!
Não espere demais, pensei. Isso pode dar problema.
— Se você tentar convidá-la, Kushida, ela provavelmente vai te recusar na hora. Então, que tal se eu convidar a Horikita?
— Tudo bem. Acho que a Horikita-san confia em você, Ayanokoji-kun — respondeu ela.
— E por que acha isso? Tem alguma prova?
— Bem... é a impressão que tenho. Ela parece confiar mais em você do que em qualquer outra pessoa da classe.
Isso não queria dizer que eu fosse a melhor pessoa para essa tarefa, no entanto.
— Isso só aconteceu porque eu consegui conversar com ela uma vez. Mas foi por acaso.
Tínhamos nos sentado lado a lado no ônibus, e foi por isso que conversamos. Se não fosse por aquilo, provavelmente nunca teríamos falado um com o outro.
— Mas, sabe... a maioria das pessoas a gente conhece por acaso, né? E depois elas podem se tornar suas amigas... ou suas melhores amigas... ou até mesmo seu namorado, namorada... ou família.
— É verdade.
Acho que dava para ver por esse lado. Foi por coincidência que consegui conversar com a Kushida assim. Portanto, era possível que, um dia, Kushida e eu acabássemos nos tornando amantes.
*
As aulas haviam terminado. Os outros alunos foram para suas atividades extracurriculares, conversando entre si sobre para onde iriam. Enquanto isso, Kushida e eu trocamos olhares, sinalizando um ao outro que era hora de colocar o plano em ação.
— Ei, Horikita. Você tem um tempo livre depois da aula hoje? — perguntei.
— Não tenho tempo a perder. Preciso voltar ao dormitório e me preparar para o dia de amanhã.
Preparar-se para amanhã? Eu tinha quase certeza de que tudo o que ela fazia era estudar.
— Queria que você fosse comigo a um lugar, só por um tempinho.
— O que você está tramando?
— Você acha que só porque te convidei, estou atrás de alguma coisa?
— Bem, quando alguém me convida assim de repente, é natural que eu fique com dúvidas. No entanto, se houver algum assunto específico que queira discutir, não me importo em ouvir.
Eu, é claro, não tinha nada para conversar.
— Sabe aquele café no campus? Aquele cheio de garotas? Eu não tenho coragem de ir lá sozinho. Tenho a sensação de que é um lugar onde os garotos são meio que proibidos de entrar, sabe?
— Realmente, não posso negar que a maioria dos clientes parece ser mulher, mas homens também não podem frequentar o café?
— Podem, mas nenhum cara vai lá sozinho. Só se estiver com amigas ou com a namorada.
Horikita pareceu tentar se lembrar de como era o Palate, mergulhando em pensamentos por um instante.
— Talvez você tenha razão. É incomum ouvir de você uma opinião tão bem fundamentada, Ayanokoji-kun.
— Mas ainda assim eu tenho curiosidade. Então pensei em te convidar para ir comigo.
— Suponho que isso seja natural, já que você supostamente não tem... mais ninguém para convidar, certo? — perguntou.
— Isso faz parecer que estou te impondo algo, mas... é, basicamente.
— E se eu recusar?
— Aí seria isso. Eu não teria escolha a não ser aceitar. Afinal, não posso forçar você a abrir mão do seu tempo livre.
— Entendo. Sua observação sobre o café faz sentido. Mas não posso ficar lá muito tempo, está bem?
— Claro. Vai ser rápido.
Na minha cabeça, acrescentei silenciosamente um "provavelmente" a essa última frase. Se ela descobrisse que Kushida estava envolvida nisso, provavelmente teria algumas palavras duras para mim.
Comecei a pensar que, já que conseguia conversar com Kushida, talvez também pudesse fazer amizade com Horikita. Além disso, fosse para um café ou uma sala de aula, Horikita sempre acabava indo comigo — ainda que reclamando. Para alguém como eu, que tinha dificuldade em fazer amigos, isso já era quase um milagre.
Nós dois deixamos a sala e seguimos até o Palate, no primeiro andar. As garotas começaram a se reunir ali, uma após a outra, aproveitando o fim das aulas.
— Há tanta gente aqui — comentou Horikita.
— É a sua primeira vez fazendo algo social, Horikita? Ah, é verdade, deve ser. Você está sempre sozinha.
— Isso era pra ser uma piada sarcástica? Que infantil.
Eu só queria brincar um pouco, mas aparentemente isso era impossível com Horikita. Depois de fazermos o pedido, pegamos nossas bebidas. Pedi uma porção de panquecas individuais.
— Você gosta de doces? — perguntou.
— Só queria comer panquecas.
Eu não gostava nem desgostava particularmente de doces, mas precisava de uma desculpa plausível.
— Mas não há lugares vagos.
— Acho que vamos ter que esperar um pouco. Ah, esquece, abriram lugares ali.
Notei que duas garotas se levantaram rapidamente da mesa e fui apressado garantir o lugar. Horikita deu a volta e se sentou. Coloquei minha bolsa no chão, sentei-me e olhei ao redor casualmente.
— Ei, pensei em uma coisa. Se o pessoal aqui nos vir assim, provavelmente vai achar que somos um casal...
Horikita manteve a expressão neutra — ou melhor, fria. O ambiente cheio de gente me deixava nervoso. Só de pensar no que estava prestes a acontecer, meu estômago começou a doer.
Achei que ouvi as duas garotas ao lado dizerem "Vamos embora" antes de pegarem suas bebidas e saírem. Logo depois, outra pessoa se sentou. Era Kushida.
— Ah, Horikita-san! Que coincidência! E você também, Ayanokoji-kun! — disse ela.
— Oi.
Kushida cumprimentou-nos de forma simples, mantendo a encenação de que fora uma coincidência. Horikita estreitou os olhos para Kushida e, em seguida, olhou lentamente para mim. É claro que tudo isso havia sido planejado de antemão. As amigas de Kushida já tinham reservado quatro lugares para nós. Quando cheguei ao Palate, mandei um sinal para que liberassem dois assentos. Assim, depois que as garotas saíram, Kushida pôde vir se sentar. O resultado parecia uma coincidência natural.
— Vocês vieram juntos, Ayanokoji-kun? Horikita-san? — perguntou Kushida.
— É, meio que sim. E você, veio sozinha? — perguntei.
— Sim. Hoje eu—
— Estou indo embora — disse Horikita.
— E-Ei, mas acabamos de chegar.
— Você não precisa mais de mim agora que Kushida-san está aqui, certo?
— Espera, isso não é problema. A Kushida e eu somos só colegas de classe.
— Você e eu também somos apenas colegas. Além disso... — lançou-nos um olhar gélido — não gosto disso. O que vocês estão fazendo?
Ela já havia percebido o plano e tentava me fazer admitir.
— N-Não, foi só uma coincidência — disse Kushida.
Kushida não devia ter dito isso. Fingir surpresa e perguntar "O que quer dizer com isso?" teria sido uma resposta bem melhor.
— Quando nos sentamos mais cedo, percebi que as duas garotas aqui eram da Classe D. Assim como as que estavam sentadas ao lado. Isso também foi coincidência?
— Ah, sério? Uau, nem reparei — respondeu Kushida.
— Além disso, viemos direto para cá assim que a aula acabou. Por mais rápido que elas andassem, só poderiam estar aqui há um ou dois minutos no máximo. Foi cedo demais para se levantarem e irem embora. Estou errada?
Horikita era ainda mais incrivelmente observadora do que eu pensava. Não só lembrava o rosto das colegas, como também analisava a situação com precisão assustadora.
— Hm, bem... — Kushida, confusa, me lançou um olhar pedindo ajuda. Horikita percebeu. Qualquer tentativa de mentir só pioraria as coisas.
— Desculpe, Horikita. Foi tudo planejado.
— Já imaginava. Achei tudo meio suspeito desde o começo.
— Horikita-san, por favor, seja minha amiga! — Kushida pediu diretamente, sem mais tentar esconder nada.
— Já disse muitas vezes: quero que me deixem em paz. Não tenho intenção de fazer amizade com ninguém da turma. Você não consegue entender isso? — respondeu Horikita.
— Ficar sempre sozinha é uma forma muito triste de viver. Eu só quero me dar bem com todos da classe.
— Não nego o seu desejo, mas é errado tentar forçar as pessoas a algo contra a vontade delas. Estar sozinha não me deixa triste.
— M-Mas…
— Além disso, você realmente acha que eu ficaria feliz se fosse forçada a ser sua amiga? Acha que sentimentos de confiança surgiriam de algo assim?
Horikita não estava errada. Não era que ela não pudesse fazer amigos — ela simplesmente não via necessidade nisso. Kushida queria algo, mas Horikita não retribuiria.
— A culpa é minha por não ter sido clara o suficiente com você, então não vou te culpar desta vez. Mas, se tentar algo assim novamente, tenha em mente que eu não vou perdoar.
Dizendo isso, Horikita pegou seu latte intocado e se levantou.
— Horikita-san, não importa o que diga, eu realmente quero ser sua amiga. Quando te vi, senti como se não fosse a primeira vez que nos encontrávamos. Fiquei me perguntando se você sentiu o mesmo — murmurou Kushida.
— Isso é uma perda de tempo. Acho tudo o que você diz desagradável — respondeu Horikita, elevando a voz e cortando Kushida sem piedade.
Mesmo tendo prometido ajudar Kushida, eu não tinha nenhuma intenção de me intrometer. Mas…
— Eu meio que entendo o seu ponto de vista, Horikita. Na verdade, também já me perguntei se amigos são realmente necessários — disse eu.
— Você está dizendo isso? Você tem tentado fazer amigos desde o primeiro dia.
— Não nego. No entanto, você e eu somos parecidos. Eu não consegui fazer amigos até vir para esta escola. No fundamental, nunca tive o contato de ninguém, nem saí com alguém depois das aulas. Estava sempre sozinho.
Kushida pareceu surpresa ao me ouvir dizer aquilo, como se não conseguisse acreditar.
— Acho que é por isso que senti vontade de falar com você — continuei.
— É a primeira vez que ouço algo assim. Mas, mesmo que tenhamos certas coisas em comum, acho que trilhamos caminhos diferentes para chegar até aqui. Você queria amigos, mas não conseguiu tê-los. Eu considerei amigos desnecessários, então simplesmente não fiz nenhum. Dizer que somos parecidos seria incorreto. Estou errada?
— Não. Mas dizer à Kushida que ela é desagradável é ir longe demais. Tem certeza de que está bem com isso? Se decidir não se dar bem com ninguém, vai passar os próximos três anos sozinha. Isso soa bem doloroso.
— Vai ser o meu nono ano seguido sozinha, então ficarei bem. Ah, e se incluir o jardim de infância, seria um pouco mais — respondeu ela com naturalidade.
Ela acabara de soltar uma bomba assim, casualmente? Que sempre estivera sozinha desde que se lembrava?
— Posso ir agora? — perguntou Horikita.
Ela suspirou profundamente e olhou diretamente nos olhos de Kushida.
— Kushida-san, se você não tentar me forçar a nada, eu não serei rude. Prometo. Você não é burra, então entende o que estou dizendo, certo?
Com um simples — Pois bem —, Horikita se levantou e foi embora. Kushida e eu permanecemos no café barulhento.
— Bem, isso foi um fracasso. Tentei dar uma mãozinha, mas foi inútil. Acho que ela já está acostumada demais a ficar sozinha — comentei.
Kushida desabou na cadeira, sem dizer nada. Porém, logo se recompôs, e seu sorriso habitual voltou ao rosto.
— Está tudo bem. Obrigada, Ayanokoji-kun. É verdade que não consegui me tornar amiga dela, mas… consegui aprender algo importante. Isso já é o suficiente para mim. Mas, desculpe… acho que a Horikita-san pode ter passado a te odiar agora, por ter me ajudado.
— Não se preocupe com isso. Só queria que a Horikita considerasse os benefícios da amizade.
Achei que seria indelicado ocuparmos um espaço de quatro lugares, então me movi para sentar ao lado de Kushida.
— Mesmo assim, fiquei chocada quando você disse que não tinha amigos, Ayanokoji-kun. É verdade? Eu não imaginava isso de você. Por que você estava sempre sozinho?
— Hm? Ah, sim, é verdade. O Sudou e o Ike são os primeiros amigos que já fiz. Ainda não sei se isso foi culpa minha ou das circunstâncias.
— Mas quando você fez amigos, ficou feliz? É divertido? — perguntou Kushida.
— É. Às vezes é irritante, mas, de vez em quando, sinto que sou mais feliz do que antes.
Os olhos de Kushida brilharam enquanto ela sorria e balançava a cabeça em concordância.
— A Horikita tem o próprio modo de pensar. Provavelmente não há nada que possamos fazer a respeito.
— Você acha mesmo? Não é possível se tornar amiga dela? — insistiu.
— Por que você está tão desesperada para ser amiga dela? Kushida, você já tem mais amigos do que qualquer outra pessoa. Não há motivo para se fixar na Horikita.
Mesmo que não fosse amiga de todos da turma, ela não precisava se esforçar tanto assim.
— Eu quero ser amiga de todo mundo. Não só das pessoas da Classe D, mas também dos alunos das outras classes. Mas, se eu não conseguir fazer amizade com uma única garota da minha turma, isso significa que nunca vou alcançar meu objetivo…
— Pense na Horikita como um caso especial. Sua única opção é esperar que uma coincidência verdadeira aconteça.
Não algo forçado, mas um acontecimento natural que as conectasse. Quando esse momento chegasse, talvez, quem sabe, elas pudessem se tornar amigas.
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CAPÍTULO ATUALIZADO!
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