Volume 1
Capítulo 4: Senhoras e Senhores, Obrigado por Esperar
— BOM DIA, Yamauchi!
— Bom dia, Ike!
Ao chegar na sala, Ike exibia um largo sorriso ao cumprimentar Yamauchi. Era meio incomum vê-los chegar tão cedo. Já fazia uma semana desde a cerimônia de entrada, e até então, Ike e Yamauchi sempre apareciam na classe poucos segundos antes do sinal tocar.
— Cara, eu tava tão animado pra hoje que mal consegui dormir ontem à noite!
— Hahaha! Essa escola é a melhor! Nem acredito que já tá quase na hora das aulas de natação! E quando eu digo natação… quero dizer meninas. E quando eu digo meninas… quero dizer meninas de biquíni!
Era verdade que as aulas de natação eram mistas. Em outras palavras, isso significava que Horikita, Kushida e todas as outras garotas estariam… mostrando bastante pele. As meninas, por sua vez, se afastaram do entusiasmo exagerado de Ike e Yamauchi.
Eu, por outro lado, estava sentado na minha cadeira, isolado e sozinho. Mas não podia continuar assim para sempre. Precisava, de alguma forma, me esforçar pra entrar em algum grupo de amigos.
Por sorte, a conversa deles tinha terminado, então me levantei.
Mas, nesse momento…
— Ei, Professor! Vem cá um segundo!
— Hã? Me chamou?
Um garoto gordinho, aparentemente apelidado de "Professor", aproximou-se lentamente. Se eu me lembrava bem, o nome dele era Sotomura, ou algo assim.
— Professor, grava as meninas de biquíni para gente, vai — pediu Ike.
— Deixa comigo. Vou fingir que tô doente pra faltar na aula e observar tudo.
— Gravar? O que vocês estão planejando?
— O Professor vai ranquear o tamanho dos peitos das garotas pra gente. Se der sorte, ainda tira umas fotos com o celular — respondeu Ike.
— Ei, ei… — Sudou recuou visivelmente diante do plano. Se as meninas descobrissem, as consequências seriam sérias.
Apesar do teor da conversa, eu invejava a facilidade com que eles brincavam entre si. Deve ser bom ter amigos. Eu também queria isso.
— Patético — disse uma voz familiar.
— Ah, você tá aqui também, né, Horikita?
— Acabei de chegar, enquanto você olhava para aqueles garotos ali. Nem percebeu. Se quer ser amigo deles, por que não tenta simplesmente falar com eles? — perguntou ela.
— Cala a boca e me deixa em paz. Se fosse tão fácil assim, eu não estaria sofrendo com isso.
— Pelo que vi até agora, você não parece ser antissocial nem ter dificuldade de comunicação.
— Há muitos motivos pelos quais eu não consigo. Até agora, você é a única pessoa com quem consegui conversar, Horikita.
Mesmo tendo trocado contatos com Ike e os outros, ainda não tinha conseguido manter uma conversa de verdade com eles.
— Espere um pouco. Eu já te avisei antes, mas… você não estaria achando que eu sou sua amiga, estaria? — disse Horikita, dando alguns passos para trás, como se estivesse enojada.
— Relaxa. Por mais baixo que eu chegue, nunca sonharia em ser seu amigo — respondi.
— Entendo. Fico um pouco aliviada.
Eu me perguntei o quanto ela devia odiar a ideia de ter amigos.
— Ei, Ayanokoji! — Ike chamou meu nome. Quando olhei pra ele, vi que estava sorrindo de orelha a orelha.
— Q-Que foi? — perguntei, levantando-me, meio gaguejando. Horikita já não mostrava mais nenhum interesse por mim. De repente, uma chance de entrar num grupo de amigos tinha caído no meu colo.
— Para falar a verdade, estamos apostando no tamanho dos peitos das meninas.
— Já até montamos umas probabilidades — completou Yamauchi.
O Professor tirou um tablet e abriu uma planilha. Os nomes de todas as garotas da nossa turma estavam ali, com números ao lado.
Eu, sinceramente, não tinha interesse nenhum em apostas, mas não podia desperdiçar aquela oportunidade de socializar.
— Hm… então, posso entrar também? — perguntei.
— Claro! Vai, entra! — respondeu Ike animado.
No momento, Hasebe era a favorita ao "título" de maior busto da turma, com chances de um para oito. Eu nem reconhecia a maioria dos nomes. Era vergonhoso perceber que eu não lembrava sequer dos nomes das minhas colegas.
— Isso tá bem mais elaborado do que eu esperava. Vocês não estão observando demais, não? — perguntei.
— Ah, qual é! Somos homens, não somos? Homens só têm duas coisas na cabeça: peitos e bundas! — respondeu Ike, rindo.
Mesmo que fosse verdade, ele realmente não tinha filtro nenhum. Aliás, Horikita estava em último lugar no ranking. Se alguém apostasse nela e ganhasse, receberia mais de trinta vezes o valor apostado. Bem, em termos de tamanho, era óbvio quem ganharia e quem perderia. Horikita não tinha a menor chance.
— Então, qual é a sua aposta? São mil pontos pra participar.
— Entendo… — Percebi que me faltavam informações. Ao analisar a lista, notei que não apenas eu desconhecia o tamanho dos seios de metade das pessoas ali, como também não sabia os nomes nem os rostos da maioria das garotas. Na verdade, além de Horikita e Kushida, não me lembrava de ter ouvido falar de mais ninguém. Kushida parecia ter seios consideravelmente grandes, mas não o bastante para ficar em primeiro lugar.
— Vamos lá, joga com a gente. Não tem graça se só alguns apostarem, sabe?
— Eu topo!
— Eu também, eu também!
— Tenho experiência em avaliar garotas e dar uma olhada nos peitos delas!
Enquanto eu considerava a oferta, os garotos começaram a surgir de todos os lados, claramente empolgados com o tamanho dos seios das colegas. As meninas da sala nos olhavam como se fôssemos lixo.
— Eu também vou participar. Ah, e aposto na Sakura — disse Yamauchi.
Sakura era uma garota meio sem graça, usava óculos, e como eu mal falava com alguém, sinceramente não sabia muito sobre ela. Parecendo refletir sobre algo, Yamauchi deu uns tapinhas nos ombros do Professor e do Ike e sussurrou:
— Tô contando isso só pra vocês, hein. A verdade é que eu me confessei pra Sakura.
— É o quê?! S-Sério?! — Ike ficou claramente surpreso e sem saber o que dizer. Será que o plano dele de ser o primeiro da classe a conseguir uma namorada tinha ido por água abaixo?
— Sério. Mas mantenham isso em segredo, beleza? É só entre nós. No começo, achei ela bem sem graça, mas aí vi ela com roupa casual. Cara, ela é enorme.
— Seu idiota. Se a garota não for bonita, não devia se confessar, mesmo que tenha peitões. Eu só namoraria alguém do nível da Kushida ou da Hasebe. Não tenho interesse em uma "sem sal" dessas.
Ele falava com grosseria, talvez por não haver mais ninguém por perto. Fiquei me perguntando o quanto acreditava na história de Yamauchi sobre ter se declarado para Sakura. Eu tinha minhas dúvidas. No fim, decidi apostar na garota com as maiores probabilidades.
*
— Muito bem! A piscina!
Depois do almoço, finalmente havia chegado a hora da aula de natação. Era o momento que Ike e os outros esperavam com tanta ansiedade. Sem nem tentar disfarçar sua empolgação, Ike deu um salto e seguiu com o grupo em direção à piscina coberta. Eu os acompanhei de forma que considerei discreta.
— Vamos lá, Ayanokoji, vem com a gente!
— Hã? A-Ah, tá bom.
Hesitei um pouco com o convite de Ike, mas acabei me apressando para ir junto e segui até o vestiário. Sudou tirou o uniforme sem demora e começou a se trocar, exibindo o físico. Ele havia moldado aquele corpo com anos de basquete — e, em comparação aos outros alunos, estava claramente em excelente forma. Enquanto os demais se enrolavam em toalhas, Sudou permanecia só de cueca, sem o menor constrangimento, tirando a roupa de banho da bolsa.
Não consegui evitar o comentário:
— Sudou, você é bem ousado. Não fica nervoso em se trocar na frente dos outros?
— No esporte, não dá pra ficar todo envergonhado cada vez que precisa trocar de roupa. Se agir com jeito suspeito, o efeito é o contrário: chama mais atenção.
Ele tinha razão. Em lugares assim, quem tentava ser furtivo acabava virando alvo de piada.
— Certo, vou indo na frente.
Um instante depois, Sudou saiu do vestiário. Eu terminei de me trocar rapidamente.
Ao ver a piscina de cinquenta metros, Ike exclamou:
— Uau, que escola incrível! É até melhor que a piscina municipal, não acha?
A água era cristalina e bonita, e por ser coberta, não havia preocupação com o tempo. Um ambiente perfeito.
— E as garotas? Ainda não chegaram? — Ike olhava ao redor, farejando o ar como um cão.
— Elas demoram mais pra se trocar, provavelmente ainda estão se arrumando — respondi.
— Ei, e se eu simplesmente invadisse o vestiário feminino de repente? — disse Ike.
— Provavelmente elas se juntariam pra te bater e depois te denunciariam.
— Não estraga minha diversão com uma resposta tão realista e sem emoção! — Ike começou a tremer só de imaginar a cena.
— Se as garotas perceberem você encarando enquanto estiverem de biquíni, vão te odiar.
— Ah, qual é, não existe cara que não olharia! Agh, e se eu… ficar excitado?
Se isso acontecesse, Ike provavelmente seria odiado até o dia da formatura. Espere um pouco… o que estava acontecendo? Eu estava conversando naturalmente com Ike e os outros? Até aquela manhã, eu nem conseguia me enturmar com eles, e agora parecia finalmente ter colocado o pé na porta. Talvez fosse o início de uma nova amizade.
— Uau! Que espaçosa! É muito maior que a piscina da minha antiga escola!
Poucos minutos depois de os garotos chegarem, uma voz feminina ecoou.
— E-Elas já estão aqui?!
Ike parecia prestes a entrar em modo de ataque. Se fosse tão óbvio assim, era certo que as meninas iam odiá-lo. Mesmo assim, eu também estava curioso — principalmente sobre Hasebe e Kushida… e, talvez, um pouco sobre Horikita. Eu estava particularmente interessado em Hasebe, a garota com fama de ter o maior busto da turma. Não parecia haver mal algum em dar uma olhadinha.
Mas todos os desejos dos garotos foram frustrados por um acontecimento inesperado.
— A Hasebe não tá aqui! O-O que tá acontecendo, Professor?! — gritou Ike.
O Professor, que supervisionava a turma, parecia em pânico. Do deque de observação do segundo andar, ele olhava em volta. Ike e os outros também procuravam. Daquela altura, os olhos miúdos por trás dos óculos do Professor deveriam avistar as garotas facilmente. No entanto...
Ele não as encontrava. Olhou para a direita, depois para a esquerda, incrédulo. Será que ainda estavam se trocando? Ou será que...
— P-Pelas costas, Professor!
— Quê?!
Ike apontou e gritou. A situação ficou clara. Hasebe estava atrás do Professor, lá no deque do segundo andar. Uma a uma, as outras garotas apareceram, até que todas estavam lá. Sakura estava entre elas.
— O-O que é isso? Como isso aconteceu?
Ike desabou no chão e enterrou o rosto nas mãos, abalado com o desfecho inacreditável. Hasebe parecia constrangida por ser considerada uma das mais atraentes e claramente não gostava de ser alvo dos olhares curiosos dos meninos. Não achou graça alguma na tentativa deles de espiar.
— Ah, não! Eu achei que ia ver uns peitões! Peitões! Essa era minha chance! — lamentava Ike, à beira da tragédia.
Suas lamentações chegaram até Hasebe.
— Que nojo… — murmuraram as garotas entre si.
Ike estava sendo tão óbvio que o desprezo delas era mais que esperado.
— Ike, não fica assim, cara! Ainda tem um monte de garotas por aí pra gente! — disse Yamauchi.
— S-Sim, é verdade. Você tem razão. Não posso desanimar agora! — respondeu Ike, levantando a cabeça.
— Irmão! — disseram os dois, apertando as mãos e reafirmando seu laço de amizade masculina.
— O que vocês dois estão fazendo? Parece divertido.
— K-K-Kushida-chan?!
Kushida apareceu entre os dois. Usava o maiô padrão da escola, que realçava perfeitamente suas curvas. Num instante, quase todos os olhos masculinos se voltaram para ela.
Ela devia ser, no mínimo, um D ou E. Não tinha certeza, mas estimei. Era bem mais volumosa do que eu imaginava. O quadril e as coxas também eram mais cheios, o que era… hipnotizante, de certa forma.
Mas logo todos nós desviamos o olhar.
Ah, que belo dia fazia… A paz mundial realmente era algo maravilhoso.
Quando a inevitável reação fisiológica veio, foi um choque e tanto.
— Por que essa expressão de sofrimento? — perguntou Horikita, me olhando com desconfiança.
— Estou travando uma batalha interna — respondi.
Horikita usava o maiô escolar. Como dizer? É… ela ficava ótima. Nada mal mesmo. Mas se eu encarasse, com certeza sairia coisa ruim daí. O melhor era suportar até me acalmar.

…………
Por algum motivo, Horikita estava me observando de cima a baixo.
— Ayanokoji-kun, você pratica exercícios? — perguntou ela.
— Hã? Não, na verdade não. Não me orgulho disso, mas, no ensino fundamental, eu era o tipo de aluno que nunca tinha planos depois das aulas.
— Hum… você diz isso, mas… julgando pelo desenvolvimento dos músculos do antebraço e das costas, parece estar acima da média.
— Acho que devo ter herdado bons genes dos meus pais?
— Não acho que seja só isso.
— Nossa, qual é o seu problema? Por acaso você tem fetiche por músculos ou algo assim? É isso?
— Suponho que, se você nega tanto, devo acreditar… — disse ela, um pouco insatisfeita.
Parecia que Horikita tinha um olhar bastante analítico — e gostava de usá-lo.
— Você nada bem, Horikita-san? — perguntou Kushida.
Horikita pareceu um pouco surpresa com a pergunta, mas respondeu calmamente:
— Não diria que sou particularmente boa ou ruim nisso.
— Eu era péssima em natação no ensino fundamental — disse Kushida, sorrindo. — Mas me esforcei muito e pratiquei bastante. Acho que melhorei bastante agora.
— Entendo — respondeu Horikita, de maneira desinteressada, dando um pequeno passo para trás, sinalizando claramente que não queria prolongar o assunto.
— Muito bem, turma, em fila! — Um homem de meia-idade, de aparência atlética — o tipo que vivia para o esporte — reuniu todos e iniciou a aula. Parecia um professor de educação física, mas tinha aquele tipo de presença carismática que atraía tanto homens quanto mulheres.
— Dezesseis alunos, hein? Achei que haveria mais, mas tudo bem.
Era óbvio que alguns haviam faltado, mas o professor não parecia se importar.
— Depois do aquecimento, quero ver o que vocês sabem fazer. Mostrem pra mim como nadam — disse ele.
— Com licença, professor… eu não sei nadar direito… — murmurou um garoto, levantando a mão timidamente.
— Já que eu sou o professor de vocês, até o verão vai estar nadando direitinho. Não se preocupe com nada.
— Bem, também não precisamos nos forçar a nadar, né? Não é como se a gente fosse pra praia ou algo assim… — comentou outro.
— De jeito nenhum. Não me importo se vocês forem ruins agora, mas vou garantir que, no fim, sejam todos vencedores. Além disso, saber nadar é algo que pode ser muito útil mais pra frente. Muito útil mesmo.
Saber nadar seria útil na vida? Talvez sim… mas ouvir um professor dizer isso me deixou um pouco desconfortável. Ainda assim, ele provavelmente só queria garantir que ninguém afundasse feito pedra.
Começamos o aquecimento. Ike não parava de espiar as garotas. O professor pediu para nadarmos cinquenta metros. Os alunos que não sabiam nadar podiam tocar o fundo da piscina com os pés. Eu não entrava numa piscina desde o verão passado. A água devia ser climatizada, porque não senti frio ao entrar e logo me acostumei. Dei algumas braçadas leves.
Depois dos cinquenta metros, fiquei esperando os outros terminarem.
— Hehe, essa foi mole pra mim! Viram minhas habilidades incríveis de natação? — se gabou Ike, saindo da água com um sorriso convencido.
Não, Ike. Sua performance não foi tão diferente da de ninguém.
— Bem, parece que a maioria de vocês sabe nadar — comentou o professor.
— Claro, professor! No fundamental me chamavam de "peixe voador"! — disse Ike, cheio de si.
— É mesmo? Nesse caso, vamos fazer uma competição. Dividiremos por gênero. Cinquenta metros, estilo livre.
— C-Competição?! Tá falando sério?! — gritou Ike.
— O vencedor em primeiro lugar vai receber um bônus especial de cinco mil pontos. Já o último colocado terá aulas de reforço. Preparem-se.
Os bons nadadores comemoraram; os menos confiantes, gemeram em desespero.
— Como não temos muitas meninas, vou dividir em dois grupos de cinco. A de melhor tempo geral vence. Quanto aos meninos, observarei os cinco melhores tempos e depois faremos uma final.
Eu nunca teria imaginado que a escola daria pontos como prêmio. Devia ser uma forma de motivar os alunos — bem pensado, na verdade.
Excluindo os observadores e o aluno que não sabia nadar, havia dezesseis meninos e dez meninas competindo. As garotas começaram primeiro, enquanto os garotos esperavam à beira da piscina — empolgados, ou melhor, avaliando cada uma delas.
— Kushida-chan, Kushida-chan, Kushida-chan, Kushida-chan, Kushida-chan… haaaaaa… — murmurava Ike, completamente hipnotizado.
— Tá assustando todo mundo, Ike. Se acalma — murmurei.
— M-Mas a Kushida-chan é tão linda! E os seios dela são bem grandes também! — disse ele, com brilho nos olhos.
Kushida monopolizava toda a atenção dos garotos. Será que alguma das outras conseguiria competir? Se fosse só pela beleza do rosto, Horikita certamente estaria entre as mais bonitas, mas seu jeito reservado fazia sua popularidade cair um pouco. Ainda assim, muitos rapazes acharam que ela estava incrível — o que lhe rendeu bastantes aplausos na largada.
— Galera, gravem bem essas imagens na cabeça! Usem como material de… inspiração depois! — gritou Ike.
— É! — responderam em coro.
De alguma forma, a natação havia fortalecido o laço masculino entre eles. A única exceção era Hirata, que parecia evitar olhar para as meninas.
O apito soou, e cinco garotas mergulharam na água. Horikita estava na segunda raia. Desde o início, tomou a dianteira e manteve a vantagem até o fim, cruzando os cinquenta metros com confiança e leveza.
— Uau! Mandou bem, Horikita! — gritaram.
Seu tempo foi de cerca de vinte e oito segundos. Bastante rápido. Horikita saiu da piscina devagar, sem demonstrar cansaço algum.
Para os garotos, o tempo pouco importava — os olhos estavam todos fixos nos quadris que balançavam ao sair da água. Eu também olhei para Horikita. Seria porque estávamos mais próximos ultimamente? Bem… ela era uma garota. Havia algo ali, pensei. É, com certeza havia.
Depois, veio a segunda bateria. Kushida, a mais popular, estava na quarta raia. Os meninos torciam animados, acenando e sorrindo.
— Uhuuu!
Uau, aqueles caras estavam realmente animados. Alguns até tentavam, disfarçadamente, cobrir a região da frente da roupa de banho.
Durante as apresentações no início do semestre, Kushida havia dito que queria ser amiga de todos da classe. Parecia que seu desejo já havia se realizado. E não eram só os garotos — as meninas também viviam ao redor dela, conversando e rindo o tempo todo. Kushida tinha uma aura natural que atraía as pessoas.
A segunda corrida começou. O resultado foi completamente desequilibrado: uma garota chamada Onodera, que já havia participado de equipes de natação, venceu com folga. Ela terminou com um tempo de cerca de vinte e seis segundos. Kushida fez em trinta e um — um bom tempo, mas suficiente apenas para o quarto lugar.
Aproximei-me da beira da piscina para falar com Horikita.
— Você quase conseguiu. Digo, o segundo lugar. Acho que aquelas meninas do time de natação são duras de vencer, né?
— Não me importo em ganhar ou perder. Chega de falar de mim. E você, está confiante? — perguntou ela.
— Ah, com certeza. Só não posso ficar em último.
— Isso não é exatamente motivo de orgulho. Achei que os garotos fossem obcecados por vencer e perder.
— Eu não gosto de competir com os outros. Só gosto de evitar problemas, afinal — respondi.
Desde o começo, eu já tinha desistido da ideia de ficar em primeiro lugar. Tudo o que queria era evitar as aulas de reforço.
Fui colocado na segunda raia, com Sudou ao meu lado, na primeira. Era impossível acompanhar o ritmo dele, então nem tentei. Meu objetivo era ficar no meio da classificação — apenas não em último.
Com esse pensamento, a corrida começou, e mergulhamos.
Sudou terminou os cinquenta metros com uma velocidade impressionante. Os garotos e garotas ao redor explodiram em aplausos.
— Uau, incrível, Sudou! Você terminou em vinte e cinco segundos! — gritaram.
Eu, por outro lado, terminei em trinta e seis segundos. Parecia ter ficado em décimo lugar. Tudo bem, sem aulas extras pra mim.
— Sudou, já pensou em entrar pro time de natação? Se treinasse, com certeza ganharia competições! — sugeriu alguém.
— Basquete é o meu único esporte. Natação é só por diversão — respondeu Sudou, saindo da piscina com calma, sem nem parecer cansado.
— Caramba, ele tem uma habilidade física absurda — disse Ike, com inveja, dando uma cotovelada em Sudou.
— Kya! — Um grito alegre ecoou quando Hirata assumiu a posição de partida. Enquanto o corpo de Sudou despertava admiração entre os garotos, o de Hirata fazia sucesso entre as garotas. Era magro, mas definido — um verdadeiro "galã atlético".
Ao ouvir os gritinhos encantados das meninas, Ike cuspiu de raiva. Sudou também não parecia nada satisfeito, lançando a Hirata um olhar feroz.
— Vou acabar com ele. Vou usar toda a minha força — rosnou Sudou.
Mas… ele não tinha acabado de dizer que nadava só por diversão?
Quando o apito soou, Hirata mergulhou com uma forma impecável. A cada braçada elegante, as meninas vibravam na beira da piscina. Seu estilo era naturalmente impressionante.
— Ele é surpreendentemente rápido — comentou Sudou.
E era verdade. Hirata nadava com velocidade e técnica, superando facilmente os quatro outros competidores. O resultado foi uma chuva de gritos histéricos. Ele terminou em primeiro lugar, com uma ovação ensurdecedora.
— Professor, qual foi o tempo dele? — perguntou Ike, impaciente.
— O tempo de Hirata foi… vinte e seis vírgula treze segundos — respondeu o professor.
— Beleza! Vai lá, Sudou! Você consegue vencê-lo! Mostra pra ele quem manda! — gritou Ike.
— Deixa comigo. Vou destruir ele… e a popularidade dele também… — respondeu Sudou, cerrando os punhos.
O incentivo de Ike fez o sangue de Sudou ferver, mas mesmo que Hirata perdesse, era difícil imaginar sua popularidade diminuindo.
— Hirata-kun, você foi incrível! Não é só bom no futebol, é ótimo na natação também! — gritou uma garota.
— É mesmo? Obrigado! — respondeu ele, sorrindo.
— Ei, por que você tá encarando o Hirata-kun desse jeito? — retrucou outra.
— Hã? "Encarando"? Eu?! — respondeu, ofendida.
Um coro de vozes femininas se levantou. A popularidade de Hirata era quase irritante de tão grande.
— Calma, meninas, não briguem por mim. Eu pertenço a todas. Quero ser amigo de todas vocês. Além disso, e se aparecer alguém que nade ainda melhor? — disse ele, rindo de leve.
Koenji, aparentemente achando que os gritos eram para ele, abriu um sorriso radiante e se posicionou na linha de partida.
— Ei… por que o Koenji tá usando uma sunga?
— Q-Quê?!
Apesar de a escola permitir aquele tipo de traje justo, Koenji era o único da turma a usar. O tecido destacava demais a frente, e as garotas desviaram o olhar, constrangidas.
Mesmo assim, quando a terceira bateria começou, todos os olhares estavam nele. A postura que assumiu na largada era digna de atleta profissional. E não era só a forma: seu físico parecia ainda mais definido que o de Sudou. Os garotos prenderam a respiração, atentos a cada movimento.
— Não me interesso muito por ganhar ou perder… mas eu não gosto de perder — murmurou Sudou, mais pra si mesmo do que pra alguém.
O apito soou, e Koenji mergulhou com uma forma perfeita de manual.
— Uou! Incrível! — exclamaram os garotos.
Sudou arregalou os olhos diante da velocidade inesperada de Koenji. Hirata também o observava, surpreso.
Apesar do respingar forte da água, Koenji mantinha uma velocidade absurda. Era, sem dúvida, mais rápido que Sudou. O professor, ao ver o cronômetro, chegou a olhar duas vezes para confirmar.
— Vinte e três vírgula vinte e dois segundos — anunciou.
— Meus músculos abdominais, dorsais e psoas maior parecem em ótima forma, como sempre. Nada mal — comentou Koenji.
Ao sair da piscina, passou a mão nos cabelos e deu um leve sorriso convencido. Não estava nem um pouco ofegante — como se nem tivesse nadado.
— Agora eu tô animado! — disse Sudou, cheio de energia. Sua determinação queimava. Para ser justo, ele era o único que realmente tinha chance de vencer Koenji.
A rodada final seria praticamente um duelo entre os dois.
— Estou super ansiosa pra ver isso. Tanto Koenji-kun quanto Sudou-kun são muito rápidos — disse Kushida, empolgada.
— A-Ah… é mesmo — respondi, tentando manter a calma.
Estar ao lado de uma garota de maiô, tão bonita quanto Kushida, me colocou em estado de alerta. Meu coração batia descompassado no peito.
— Hm? O que foi? Seu rosto está vermelho por algum motivo. Você não está se sentindo bem, por acaso? — perguntou ela.
— Ah, não, não, nada disso… — respondi rapidamente.
— Mesmo assim, parece que tem algo estranho. Por que será que temos aula de natação logo em abril, hein?
— Porque temos uma piscina coberta incrível, provavelmente. Ah, é mesmo… Você nadou muito bem, Kushida. Não dá pra acreditar que você era ruim em natação no fundamental.
— Você também foi bem mais rápido que a média, Ayanokoji-kun.
— Que nada, sou bem mediano. Nem gosto muito de me exercitar.
— É mesmo? Mas você parece bem másculo, Ayanokoji-kun. Mesmo sendo magro, eu diria que é até mais bem definido que o Sudou — e ele joga basquete!
Kushida analisava meu corpo com uma expressão de surpresa e curiosidade, como se pensasse: "Sério? Mesmo?" Fiquei umas dez vezes mais nervoso do que quando Horikita tinha me encarado.
— Eu só nasci com uma constituição naturalmente forte, nada demais. Pra falar a verdade, nem participo de nenhum clube.
A conversa girava em torno de saúde e exercícios. Eu estava um pouco nervoso, mas, de algum modo, também satisfeito. Continuamos conversando assim por um tempo — afinal, eu queria falar com Kushida a sós.
— Uau, o Koenji é incrível. Achei que o Sudou fosse vencer com folga… O que diabos está acontecendo, Ayanokoji? — perguntou Ike, se aproximando.
Parece que Koenji havia vencido Sudou com uma vantagem de uns cinco metros na rodada final. Depois de observar a disputa, Ike veio direto até mim, com uma expressão de puro ódio.
— Hã? Nada, eu não fiz nada — respondi, confuso.
— Não é disso que eu tô falando! — Ele passou o braço pelos meus ombros e sussurrou no meu ouvido:
— Tô de olho na Kushida-chan. Não atrapalha!
Eu nem tinha intenção de atrapalhar, mas o objetivo dele parecia um tanto… irrealista. Não me parecia que Kushida fosse o tipo de garota que se envolveria com alguém como Ike. Claro, também não achava que ela se envolveria comigo.
ENTRE NO DISCORD DA SCAN PARA FICAR POR DENTRO DOS PROXIMOS LANÇAMENTOS DE COTE!
CAPÍTULO ATUALIZADO!
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