A Aurora Dourada Brasileira

Autor(a): W. Braga


Volume 1

Capitulo 9: AQUELE QUE PROTEGE

Enfim, o dia clareou e eles mal haviam descansados.

Era uma alvorada triste para a sacerdotisa, perdera os guardas reais que haviam restado.

O céu ainda continuava nublado: as nuvens estavam carregadas e dava para ouvir alguns trovões ressoando.

A sacerdotisa Niara e os quatro príncipes voltaram para dentro das ruínas do castelo para buscarem algumas de suas coisas.

Lá dentro, viram pedaços de membros dos homens da guarda de Nincira.

Observaram muito sangue espalhado por todos os lugares e, com a claridade que vinham das janelas e dos buracos das paredes.

Uma visão aterradora: vários ossos, crânios de humanos e de animais selvagens.

Agora eles sentiam o odor de carne e de sangue podre era intenso.

A princesa Niara usava uma das mãos para cobrir o nariz com a capa. Os quatro príncipes faziam o mesmo. Até para eles o cheiro era insuportável.

Não demoraram muito para partirem. Deixaram rapidamente aquele lugar que exalava morte.

A sacerdotisa carregava muita tristeza no coração e em seu olhar.

Os cinco, cansados, montaram em seus cavalos e começaram a se distanciar daquelas ruínas.

Já um pouco distantes. O príncipe Igor olhou para trás... em seus pensamentos, jurou que voltaria para matar as tais criaturas das sombras e destruiria aquelas ruínas.

Uma verdadeira armadilha para os viajantes desavisados bem nas terras do reino de seu pai. Como portador das estrelas místicas de Platinias, era seu dever acabar com aquele mal.

Continuaram a seguir lentamente e em silêncio profundo durante o restante do dia.

Mesmo com toda a atenção pelos príncipes, não perceberam a figura encapuzada que os seguia ocultamente.

Duas luas haviam se passado desde que partiram.

Sob o sol do meio-dia, com um clima ameno envolvendo-os, o grupo avançava pela cidade de Bardelner.

Havia sido nomeada em honra ao seu fundador e monarca. Localizada entre os reinos de Vanires e Andaras.

 Eles decidiram não fazer paradas, atendendo ao pedido da sacerdotisa.

Mais à frente estava Andaras, era a cidadela conhecida por ser portuária e ficava aproxima de uma grande floresta, muito densa e misteriosa, conhecida como Aplares.

O grupo buscava um lugar para descansar.

Com um pouco de informação dada pelos moradores da cidadela, encontraram uma linda, pequena e simples hospedaria. Onde ficava no centro da cidade, na qual sacerdotisa e os quatro príncipes pernoitaram.

Os príncipes estavam sempre revezando a guarda do lado de fora do quarto da sacerdotisa enquanto ela descansava.

Quando não era seu turno: Darion aproveitou para adquirir mais flechas e completar as suas três aljavas que quase esvaziaram durante a última luta. Sabia que muitas outras ainda viriam contra as forças sobrenaturais das trevas.

Walery, por sua vez, completou as provisões para poderem continuar a viagem. Comprou tudo em um pequeno mercado, pois haviam perdido muito nas ruínas e pelo caminho. Quando partissem dali, poderiam encontrar poucos lugares para se abastecerem.

Tarde da noite. No quarto, a sacerdotisa teve outro de seus sonhos proféticos. Mostrava uma antiga taberna ali em Aplares. Onde encontraria o misterioso portador de outro objeto místico.

Bem cedo, depois de se lavar e alimentar-se. Niara reuniu os quatro príncipes e contou sobre o sonho que havia tido na noite anterior. Rapidamente decidiram ir procurar o local.

Saíram com muita pressa da hospedaria, montaram em seus cavalos que estavam amarrados em frente à entrada e galoparam para o centro da cidade.

Guiados pela sacerdotisa, procuravam um determinado lugar ainda desconhecido.

Repentinamente, ela parou e os quatro ficaram observando-a.

À sua frente estava a taberna do sonho. Niara apontou para eles, confirmando que reconhecia o lugar.

Todos desceram dos cavalos e dirigiram-se para a entrada da taberna construída com pedras de vários tamanhos e grossas toras de madeira.

Subiram lentamente os poucos degraus feitos pedras compridas e retangulares de cor cinza. Embora fosse difícil reconhecer a cor, tamanha era a sujeira.

O grupo entrou cuidadosamente. Era um lugar sombrio com pouca claridade.

Em seu interior, havia homens e mulheres sem moral ou honra: bárbaros, mercenários, assassinos orientais, corsários de todo tipo de espécies. De todos os lugares e regiões de Téryna e de outras terras.

Todos ficaram surpresos ao ver o pequeno grupo de cavaleiros.

No mesmo instante, alguém encapuzado se aproximou sorrateiramente e com extrema rapidez da sacerdotisa e disse:

— Por que demorou tanto sacerdotisa do Templo das Três Luas? — disse o rapaz de beleza e estatura medianas. Usava uma capa escura cor-de-terra para esconder sua identidade.

Os quatro príncipes reagiram rapidamente, colocando as suas mãos em suas armas místicas, mas logo Niara interveio com um gesto para acalmá-los.

— Como sabe que sou sacerdotisa de um templo? — perguntou Niara surpresa com a abordagem daquele homem.

— Uma misteriosa anciã do vilarejo... de um reino muito distante daqui me revelou sobre você. Eu deveria encontrá-la aqui para ajudá-la contra uma terrível e poderosa criatura que destruiria toda Téryna. — contou ele.

— Como se chama? — perguntou a sacerdotisa, curiosa.

— Meu nome é Ferrety do reino de Andarás! — respondeu ele, com um sorriso singelo.

Niara sorrindo disse:

 — Andarás, a cidadela portuária, já ouvir falar dela! — ela continuou: — Está escrito nos pergaminhos em homenagem ao primeiro navegador que ancorou próxima as terras do reino?

— Sim sacerdotisa! — confirmou Ferrety.

O príncipe Walery se aproximou. Ficou do lado de Ferrety, os demais príncipes acompanharam seu movimento, de maneira a cercarem a sacerdotisa para protegê-la.

— Espere! Como poderemos saber se fala a verdade? — interveio o príncipe Walery, desconfiado.

Sem que nenhum deles percebesse, vários homens fortes em estaturas e bem armados os cercaram.

Estavam em um número superior: um total de doze homens.

Um deles falou:

— Passem tudo o que têm de valor, inclusive essa jovem para saciar nossos desejos carnais.

O herdeiro de Vanesia olhou firmemente para este homem e os demais.

Em tom de voz forte e firme, já preparado para lutar disse:

— Afastem-se ou terão briga e acabarão feridos!

Os outros príncipes estavam com as armas prontas.

Ferrety afastou-se um pouco para abrir espaço para lutar.

Esses homens sem honra riram e partiram para cima dos príncipes e da sacerdotisa Niara.

Zabuana, para protegê-la, colocou-a em um canto seguro e começou a lutar com seu báculo já transformado em lança curta de duas pontas.

Afastado da luta em umas mesas, em um canto pouco iluminado pelas tochas de fogo da taberna.

Um grupo de corsários: encapuzados com capas coloridas de algodão e couro de animais selvagens.

Homens e mulheres tatuados com estranhos símbolos pelo rosto.

Eles observavam tudo atentamente, sem se envolverem.

Um dos homens tinha o rosto à mostra, exibindo um cavanhaque castanho-claro que combinava com seus olhos. Brincos de diferentes estilos adornavam suas orelhas, enquanto um colar de ouro com um pingente de pedra preciosa amarela enfeitava seu pescoço. Seus dedos exibiam anéis com símbolos incomuns.

Segurava uma estranha e linda adaga de prata. Cravada em cima da mesa, pronto para arrancá-la e usá-la contra os jovens cavaleiros, mas foi impedido por essa que estava ao seu lado. Que pôs a mão coberta com uma luva vermelha cor de sangue em cima da dele e do cabo da adaga.

A luta seguiu extremante violenta: garrafas, copos, mesas, cadeiras e outros objetos mais foram quebrados.

Os corpos sem vida iam caindo ao chão, outros agonizavam de dor.

Espadas eram estilhaçadas e escudos partidos ao meio e o sangue que jorrava dos corpos dos assassinos banhava o chão de madeira da taberna.

Vendo tudo aquilo, atônita e assustada era Niara. Não sabia o que fazer nem para onde ir.

Os pobres homens tiveram pouquíssimas chances de vencer aquele embate.

Mesmo estando em maior número, não sobreviveram: os príncipes usaram as suas armas místicas e os venceram.

Com a luta quase no fim, sem que os quatro príncipes percebessem. Um grupo de seis mercenários assassinos disparou flechas de suas armas mortais: as Balestras.

Nesse instante, o desconhecido cavaleiro Ferrety se colocou à frente dos quatro.

Ergueu seu poderoso escudo místico que refletia um brilho azulado. Formou-se uma espécie de barreira feita de ondas sonoras místicas.

O som emitido era parecido como de correntes de metais sendo sacudidas e assim protegendo-os das fatais flechas. Na qual se estilhaçaram em vários pequenos pedaços.

Os assassinos, vendo tal coisa, saíram em fuga. Com medo de morrerem pelas mãos dos príncipes e suas armas místicas.

— Viram? Eu os salvei com o meu escudo místico, pois era para estarem mortos! Acreditam em mim agora? — perguntou, com muita coragem e determinação, o jovem cavaleiro Ferrety.

Os quatro olharam-se, mas ainda desacreditavam dele.

A sacerdotisa Niara, que estava logo atrás deles, passou à frente e disse-lhe:

— Eu acredito em você! Meus sonhos revelaram-me que um homem desconhecido, mas com grande honra e coragem... usando um escudo místico, salvar-nos-ia. Eu peço humildemente... venha conosco, por favor, pois precisaremos de você.

— Sim! Este é escudo místico de Sonias será sua proteção, com uma força impenetrável. Assim como seu único portador. Eu a servirei. Agradeço sacerdotisa, por sua confiança. Por isso, seguirei você para onde quer que vá. — disse o cavaleiro Ferrety, com um sorriso encantador nos lábios.

Mesmo Ferrety desconhecida origem do seu artefato místico. Sabia somente do nome e o local onde o artefato místico deveria ser encontrado.

Niara sorriu, mas os outros quatro príncipes ainda desconfiavam dele... principalmente Darion.

Então, atentamente olhando para todos os cantos, o príncipe Walery encarou os corsários sentados a poucas arcovas de distancia.

Olhou atentamente para aquele que escondia propositalmente o rosto por baixo do capuz, diferente dos demais. Que não se preocupavam em se esconder. Isso o deixou apreensivo e nervoso.

Foi quando o príncipe Igor chamou o portador da espada mística e todos juntos saíram da taberna rapidamente.

Voltaram aos seus cavalos com muita pressa, montaram e cavalgaram na direção da hospedaria.

Lá, alimentaram-se, organizaram os seus pertences e partiram a galope.

Tiveram que partir o mais rápido possível daquele lugar para evitarem chamar mais atenção. Momentos depois deixaram a cidade em rápida cavalgada.

Era o início da tarde quando passaram por cinco vilarejos.

Uma cavalgada veloz pela estrada que levava para interior floresta de Tapitas.

Outro território perigoso, por abrigar ladrões e assassinos...



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