A Aurora Dourada Brasileira

Autor(a): W. Braga


Volume 1

Capitulo 18: MÍSTICO VS MÍSTICO

O primeiro a atacar foi Igor: montado em seu cavalo, com uma das suas estrelas prateadas de três pontas feriu um dos tentáculos do dragão, fazendo-o urrar de agonia e sangrar.

Seu sangue um líquido vermelho escuro e ardente como se fosse ácido.

Em seguida: foi a vez do príncipe Darion, com suas flechas de fogo místico. Atirou direto na lateral do corpo da criatura, próximo ao peito, mas suas flechas mal afetaram o monstro.

Devido à sua couraça poderosa e a um poder místico, as flechas eram inúteis.

Isso deixou Darion apreensivo: não sabia como ferir a criatura.

Uma das cabeças se voltou contra Os 7 e cuspiu uma bola de fogo ardente na direção de Darion e Igor.

Nesse exato momento foi impedida rapidamente pela ação de Ferrety, pois ele os protegeu com o escudo místico.

O som do impacto da bola de fogo com o escudo foi como de um trovão em dias de fortes tempestades.

Espalhou labaredas para todos os lados, mas sem chegar a feri-los.

Por trás da criatura: a jovem amazona Franchine que havia descido de sua montaria, tentava sorrateiramente subir no dragão. Mas foi atingida pela cauda da criatura por uma parte que, felizmente, não tinha espinhos.

Ainda assim, ela foi arremessada longe, atingiu uma carroça que estava por perto e ficou atordoada com o impacto.

Damário, por sua vez, ergueu uma grande pedra e arremessou-a contra uma das cabeças do dragão, deixando-o atordoado e fazendo-o rosnar de ira.

A criatura, então, atacou o príncipe do deserto cuspindo fogo, mas ele se protegeu atrás de uma parede de pedras, que quase derreteu com a intensidade do fogo.

Do outro lado, os príncipes Zabuana e Walery tentavam aproximar-se da criatura, mas acabaram sendo atacados pela terceira cabeça do dragão, que soltou uma longa cusparada de fogo.

Conseguiram desviar do ataque mortal, um rolando pelo chão e o outro protegendo-se atrás de largas colunas de pedras.

A batalha contra esse ser, que possuía uma força sobrenatural, era intensa.

Naquela altura, todos já haviam desmontado de seus cavalos.

Ferindo e sendo feridos, continuavam a lutar.

Além de lutar contra o grupo, a criatura continuava a avançar sobre a cidadela pelas largas ruas, destruindo tudo o que via pela frente.

Rugia e aterrorizava aqueles que ainda ali permaneciam.

O príncipe Walery gritou pedindo a Darion:

— TENTE ACERTAR OS OLHOS DO DRAGÃO!

O amigo aceitou a orientação e começou a mirar os olhos da criatura, porém um dos tentáculos enrolou-se nele e começou a apertá-lo para tentar matá-lo. Ele gritou de dor.

— IGOR! DEPRESSA!! — gritou Walery, alertando-o para ajudar Darion.

O mais novo deles percebeu e atacou. Arremessou uma de suas estrelas, cortando um pouco o tentáculo que prendia Darion, libertando-o da morte certa e, ainda, ferindo mais outro tentáculo.

Damário conseguiu passar pelos tentáculos e golpeou fortemente com as duas mãos juntas, a lateral da couraça do dragão. Onde rugiu de dor, mas um dos seus tentáculos conseguiu pegar o príncipe do deserto pela perna, jogando-o, violentamente, contra a muralha.

O cavaleiro caiu desacordado ao solo.

— Maldita criatura! Não estamos conseguindo nada com nossos ataques! — constatou Walery preocupado.

Ele correu para frente do dragão e ficou frente a frente com as três cabeças, que se voltaram em sua direção.

O príncipe e o monstro se encararam.

— Venha, tente me pegar! — disse Walery tentando distrair a criatura.

O dragão rugiu violentamente.

— Agora, Darion! Atinja dentro das bocas do dragão!

O príncipe arqueiro: armou o seu arco, puxou a corda o máximo que podia e disparou cinco flechas agrupadas, acertando dentro de uma das bocas.

O disparou foi tão forte misticamente transpassada pela união das flechas místicas.

Saindo do outro lado, pela nuca do dragão. Soltando um rugiu de dor e se contorceu em agonia, mas não cessava seus ataques.

No palácio real, enquanto a batalha continuava, mãe e filha se encontravam e abraçavam-se dentro da sala do trono.

— Minha filha! Graças às Três Luas, você está bem! — comentou a rainha, muito feliz em rever a amada filha.

— Sim, minha mãe, eu consegui! — disse Niara que também compartilhava da mesma alegria por ver a mãe. — Porém tenho de ajudar os portadores dos objetos místicos a concluir essa missão.

— Mas, minha filha! Agora só eles podem contra a criatura. Temos de sair da cidadela, pois é perigoso para nós permanecermos aqui!

— Perdoe-me, minha mãe! — contrapôs Niara, preocupada, demonstrando coragem. — Eu quero ficar e ajudá-los! Eles vão precisar de mim!

— Entenda minha filha! Você já fez o que pediam as suas revelações e os pergaminhos do Templo das Três Luas. Agora eles é que vão decidir o nosso destino e o deles.

— Perdoe-me, minha mãe! — repetiu Niara, discordando. — Existem mais coisas do que aquilo que pode ser visto em revelações ou escrituras. Existe esperança, coragem e amor em nossos corações e vi isso neles!

— Então... minha filha, siga o que seu coração manda. Vá. Ajude-os a vencer a criatura! — disse a rainha, dando força à sua filha.

Niara sorriu, sabendo o que estava fazendo.

— Comandante! Leve minha filha para onde estão Os 7! Deixe-a lá e volte para escoltar-me para fora da cidadela o quanto antes.

— Sim, minha senhora! Venha, princesa, eu a levarei até eles!

Elas se olharam novamente e abraçaram-se fortemente.

Afastaram-se com os olhos cheios de lágrimas de tanta emoção.

Assim, a sacerdotisa retirou-se junto ao comandante do exército.

Correram pelos corredores do palácio e, através das janelas pelas quais passava conforme caminhava, via a cidadela sendo consumida pelas chamas.

No ardor da batalha, Walery teve uma ideia para um ataque que pudesse surtir maior efeito contra a besta.

Conseguiu reunir-se rapidamente com Damário e Franchine e pediu que, na hora certa, fizessem exatamente o que ele sugeriu.

Ambos concordaram com o plano e separaram-se, colocando o primeiro passo da estratégia de Walery em prática.

Enquanto Igor tentava perfurar a couraça do dragão com as estrelas místicas, com pouco sucesso.

Zabuana havia transformado o seu báculo em um lança de duas pontas com lâminas cortantes e atacava os tentáculos, ao mesmo tempo em que se desviava dos ataques.

Walery correu mais uma vez, para distrair a poderosa criatura, posicionando-se em frente ao dragão.

Gritava para chamar sua atenção e impedir que avançasse ainda mais pelas ruas de Nincira.

Uma de suas cabeças virou-se e cuspiu uma rajada de fogo ardente.

O cavaleiro, com muita agilidade e reflexo, desviou-se do ataque e gritou para Damário e Franchine, que já aguardavam para pôr o plano em prática:

— AGORA!

Por trás do dragão, Damário e Franchine preparam-se: Ele pegou-a pela cintura e arremessou-a em direção à criatura.

Em pleno ar, a princesa amazona transformou seus tridentes em um só, fez uma acrobacia girando seu corpo e segurou fortemente sua arma.

Com a violência do choque, conseguiu perfurar a couraça do dragão, ferindo-o nas costas.

A criatura debateu-se usando de extrema violência, devido à dor e à agonia provocada pelo tridente da amazona, que a guerreira segurava firmemente para não cair.

— Zabuana, atinja com sua lança onde Igor tentou ferir o dragão! — pediu Walery.

O príncipe das Tribos do Oeste aproximou-se o máximo que podia e arremessou a lança com toda a sua força.

Ela atingiu no ferimento que a estrela prateada havia feito no dragão, fazendo-o debater-se com muita violência.

Acertando Damário com a cauda, jogou-o longe.

O movimento contínuo da criatura fez com que Franchine caísse de cima de seu dorso.

Sendo puxada rapidamente por Ferrety, que prontamente protegeu ambos com seu escudo místico.

Um dos tentáculos atingiu Zabuana, que foi fortemente arremessado contra a parede de uma casa e caiu quase desmaiado.

Outra cabeça atacou com uma bola de fogo o príncipe Walery, errando o alvo, explodiu ao contato com a terra. Fazendo com que a onda de choque jogasse para longe o herdeiro de Vanesia.

Nesse instante, trazida pelo general, surgiu a sacerdotisa.

Ele deixou-a e foi cumprir a outra de suas ordens.

Niara desceu de seu cavalo e foi socorrer o príncipe Walery.

— O que você faz aqui?! Tem que deixar a cidadela! — disse Walery meio atordoado.

— Vim para ficar com vocês! Eu confiei em todos vocês, que estiveram sempre comigo! Agora é a minha vez de socorrê-los! — respondeu ela, passando muita coragem e confiança.

— Então se proteja! — disse Walery sorrindo para ela.

Com gesto positivo de cabeça, Niara concordou: levantou-se junto com ele e saiu correndo para se abrigar, ainda olhando-o.

O príncipe de Vanesia viu um lindo sorriso em seu rosto.

Os olhos dela brilhavam, dando mais força para continuar.

Esquecendo-se da dor de seus ferimentos e do cansaço, ele ergueu sua espada e foi na direção do dragão.

Opôs-se ao dragão novamente. Ao seu lado estava Igor. Uma das cabeças preparou-se e, quando ia cuspir uma bola de fogo ardente, Walery gritou:

— ATAQUE AGORA, IGOR!

Ele juntou as suas duas estrelas, formando uma só e lançou-a com toda força.

A estrela dupla passou por dentro da bola de fogo, desfazendo-a por completo, e atingiu a boca do dragão, atravessou-a, assim como a união das flechas flamejantes havia feito em outra cabeça da criatura, fazendo-a rugir de extrema agonia.

O dragão acabou deixando exposto o seu peito.

Nesse instante, Walery correu e fincou sua espada no peito do dragão, mas mal houve tempo para aprofundar a lâmina mística, pois um dos seus tentáculos o atingiu, jogando-o longe, caiu ao solo quase desacordado.

Com alguns ferimentos profundos, o dragão começou a se preparar para alçar vôo com suas extensas asas.

No chão, caído e ferido, Walery disse:

— Igor e Darion, ataquem as asas! Rápido!

Darion atirou várias flechas ao mesmo tempo como se fossem uma lança de fogo místico e Igor atirou as estrelas em dupla. Mirando na parte mais fina de uma das asas do dragão.

Mesmo assim, era insuficiente para impedir a criatura de voar, tamanha era a força das asas.

Os ventos levantaram muita poeira, prejudicando parcialmente a visão de todos e atrapalhando o ataque dos dois príncipes.

O barulho provocado pelas asas do dragão era de mil grandes aves batendo as asas ao mesmo tempo.

Nesse mesmo momento, Walery fez um sinal com uma das mãos, chamando Damário e falou a ele:

— Quero que você me jogue contra o peito do dragão!

— Ficou louco? Você poderá morrer! — falou ele, temendo pela vida do príncipe de Vanesia e acreditando que havia poucas chances de sobreviver àquele ataque.

— Faça o que peço, por favor! — disse Walery, com muita coragem em seu rosto e em seu coração.

Damário vendo o ato de bravura concordou.

O dragão debatia-se por causa dos ataques de Igor e Darion.

Entretanto, uma das cabeças percebeu que à sua frente estavam os dois cavaleiros e preparou-se para atacar.

— Agora, Damário!

Ele arremessou o príncipe contra o peito da criatura que, dessa vez, com a força do arremesso somada ao impacto, a espada penetrou no peito do dragão.

Provocando um urrou tão fortemente a ponto de chegar aos ouvidos de todos que ainda se encontravam na cidadela e em volta dela.

Um dos tentáculos segurou e apertou Walery, que gritou de dor.

O dragão retirou-o de perto de seu peito e jogou o príncipe muito alto e longe, fazendo-o bater com imensa força em cima do telhado de uma casa ao redor, rolou pelas placas de barro e caiu violentamente no chão e sem consciência,.

— WALERY! — gritou, várias vezes, a sacerdotisa, que correu na direção em que ele havia caído, sem se importar com o perigo.

Ajoelhou-se ao chão, colocando a cabeça dele em seu colo, chorando.

Viu que estava ferido, sangrando e inconsciente.

— Vejam! — disse Ferrety, surpreso.

Com a espada enfiada no peito do dragão, o Olho de Cristal começou a brilhar intensamente, uma luz forte foi-se expandindo pelo corpo da criatura e saía por todos os ferimentos provocados.

O dragão debatia-se em agonia, agitando os tentáculos, destruindo com a cauda as casas, a muralha e tudo que havia ao seu redor.

Até que a luz consumiu o dragão por inteiro, emitindo um grande clarão que pôde ser visto para além dos muros da cidadela.

Foi diminuindo sua intensidade aos poucos.

Os jovens portadores dos objetos místicos começaram a retirar as mãos da frente dos olhos, pois tiveram de se proteger por causa da intensidade da luz.

Viram, no chão, a espada, a lança e o tridente que haviam sido cravados no corpo da criatura.

A paz desceu sobre a cidadela que estava cheia de danos e destroços por todos os lados.

Mas uma grande sombra atraiu os olhares para o céu e todos viram, voando alto, já distante, o dragão.

Ficaram todos surpresos, olharam um para o outro e pensavam: "A espada não havia destruído o dragão?". A dúvida pairou sobre seus pensamentos: então, o grupo voltou a sua atenção para o príncipe Walery.

Eles reuniram-se e foram para onde estava a sacerdotisa que chorava por ver o príncipe de Vanesia sem consciência. E ali ficaram em silêncio por um breve período.

A madrugada foi avançando: no quarto onde estava o príncipe Walery, ao seu lado sentado à beira da cama, estava a sacerdotisa Niara na qual orava silenciosamente.

Ao abrir os olhos lentamente, ele viu a linda jovem sorrindo para ele. Walery, com um suave sorriso fechou os olhos e voltou a descansar.

Naquele mesmo dia de manhã, na sala do trono, em uma das sacadas, a rainha Andinara observava a Aurora Dourada resplandecendo no horizonte.

Com ar de felicidade em ver que seu povo havia sido salvo, mesmo depois de tantas mortes e destruição pelo reino.

Seu coração agora estava sereno. A única coisa que ainda a preocupava era o estado do príncipe de Vanesia.

Quando teve seus pensamentos interrompidos por um dos seus generais que disse:

— Minha senhora! Perdoe-me a intromissão. Venho confirmar as suas ordens, elas estão sendo cumpridas.

— Muito bem! Quero que mantenha o meu exército perto da cidadela, caso a criatura possa voltar. Só por segurança! — respondeu ela.

— Que essa Aurora Dourada se faça presente em outras manhãs, que sejam lindas como essa e seja um anúncio de paz e harmonia para os nossos povos. — completou a rainha do reino de Tanys.

Com um sorriso, o general concordou. Em seguida, curvou-se e retirou-se da sacada deixando a sua rainha contemplando o amanhecer.

Na cidadela: reunidos em um lindo jardim, os outros, recuperados e descansados, sabiam da recuperação rápida de Walery.

O pensamento e a conversa eram sobre o misterioso fato ocorrido com a criatura.

Juntos, tentavam entender o que aconteceu, mas as respostas eram vazias e sem sentido.

Ali, ninguém poderia explicar, nem o príncipe de Vanesia, mesmo se tivesse visto o que havia acontecido.

Foi quando a sacerdotisa chegou aonde se encontravam todos.

— Você sabe nos responder, sacerdotisa, o que aconteceu ontem? Em suas revelações algo foi mostrado? — perguntou Damário, ainda surpreso pelo fato, assim como todos os outros.

— Infelizmente... ficaremos todos com essa dúvida. Em meus sonhos eu só vi a força das trevas destruindo meu reino e meu povo.

De onde vinha e para onde retornaria era só escuridão. Nem nos escritos dos pergaminhos do Templo das Três Luas eu encontrei algo que nos ajudasse a esclarecer a nossa dúvida. Perdoem-me! — falou sinceramente a sacerdotisa.

Todos ficaram em silêncio. Viram a sacerdotisa se retirar do jardim, deixando-os sozinhos.

No dia seguinte: bem cedo, no Templo das Três Luas, a sacerdotisa Niara estava só, curvada perante o altar cerimonial no salão principal.

Seu rosto demonstrava uma grande alegria misturada com o alívio de ter salvado o seu povo. De seus olhos escorriam lágrimas de gratidão a deusa das Três Luas.

— Oh! Senhora das Três Luas de tamanho poder, eu agradeço a força que me deram, por ouvir as minhas orações e as do meu povo. Pelos valentes e corajosos homens que colocou em meu caminho. Eu agradeço, oh! Senhora das Três Luas! Aqueles que perderam as suas vidas, que encontrem o caminho da luz para a vida eterna! — disse Niara, que chorava de muita alegria.

Em algum lugar do salão, onde havia pouca claridade, a estranha e misteriosa figura toda encapuzada observava a sacerdotisa em seus agradecimentos. E assim ficou até que a princesa saísse do salão.



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