Volume Único

Capítulo 4: O Céu Além da Janela

Miyuki Ogawa é uma garota de escola secundária que vive em um bloco de apartamentos com seus dois pais. Em uma manhã de junho, Miyuki decide não ir para a escola por causa de um tufão. Seus pais logo deixaram o apartamento para trabalhar. Deixada sozinha na sala de estar, tudo ao redor de Miyuki de repente lembra a chuva pesada lá fora. Ela começou a imaginar como estava lá fora. O trem lotado que costumava levar para a escola na parte da manhã provavelmente estava cheio da mesma atmosfera chuvosa - o guarda-chuva molhado de alguém encharcando a saia e as pernas de alguém, os homens de negócios apertados junto com suas roupas cheirando a inseticida e o ar condicionado forte demais, as roupas úmidas parecem ainda mais frias...

Depois de tomar apenas um iogurte naquela manhã, Miyuki voltou para seu quarto para voltar a trabalhar. Ela estava escrevendo um romance que ninguém ainda conhecia. Não estava completo e mesmo que ela terminasse, Miyuki não sabia o que faaria depois. Miyuki se esticou um pouco e começou a fazer as unhas. “Provavelmente só quero deixar um legado neste mundo”.

Miyuki logo percebeu que o vento batia do lado de fora da janela enquanto uivava através das lacunas entre os edifícios. As sirenes podiam ser ouvidas. Pressionando sua orelha contra a janela, podia ouvir as árvores balançando violentamente ao vento, caminhões correndo através da água e um sinal sendo jogado violentamente no chão.

As cenas da chuva caindo violentamente lá fora passaram novamente na cabeça de Miyuki - os telhados expostos ao tufão rugiam, os teleféricos se enferrujando, os cruzamentos vazios, os edifícios desertos, as luzes balançando e seus colegas assistindo às aulas quietamente...

Olhando para o bloco de notas branco à sua frente, Miyuki pensou no possível futuro à sua frente. Ela faria seus exames finais em breve, vestindo um uniforme novo e se tudo corresse bem, frequentaria um colégio privado que só leva quarenta minutos para chegar de trem e provavelmente se juntaria ao clube de basquete novamente. Vai encontrar um emprego de meio período e talvez sair com alguns rapazes. “Depois de me formar no colégio, vou para a universidade”, pensou Miyuki.

“Hmmm, vida universitária... Depois disso teria uma carreira e um casamento, mas isso não é algo que possa realmente imaginar. Enfim, este romance que estou escrevendo agora não deve ter qualquer efeito sobre o meu futuro. Mas então para que estou escrevendo isso?”

“...Não, meu romance não tem nada a ver com isso”, pensou Miyuki. “Não há nada que eu queira ser agora. Ainda não fiz as coisas que quero fazer. Primeiro, vou escrever este romance porque quero saber mais sobre mim. Tenho certeza de que haverá um mundo totalmente novo que vou ser capaz de alcançar uma vez que tiver terminado”.

Miyuki percebeu que o vento tinha parado. O silêncio pendia pacificamente em seu quarto. Olhando para cima, pôde ver quão brilhante estava lá fora. Raios de luz solar passavam através das nuvens... O som das sandálias de Miyuki ecoavam quando abriu a janela e saiu para a varanda. Que mundo maravilhoso este que estava diante de seus olhos!

Poucos momentos atrás, a cidade estava encharcada de chuva, mas agora estava brilhando intensamente enquanto os raios solares brilhavam. As nuvens estavam se desfazendo e os traços do céu azul poderiam ser vistos. Pequenas nuvens negras eram levadas rapidamente pelos ventos fortes.

“Esta é a primeira vez que vejo algo assim. Sim, este deve ser o olho da tempestade...”

Olhando para o céu da varanda, Miyuki pensou que a cor azul era triste. Estava tão distante e tão alta. Mesmo sabendo que não conseguiria tocá-la, Miyuki estendeu as mãos. Ela não sabia por que, mas sob aquele poderoso momento, ela caiu em lágrimas.

Era uma manhã brilhante e ensolarada no dia seguinte. Miyuki estava andando por uma faixa lateral entre os edifícios enquanto seguia para a estação. Parando, ela se virou para olhar para a cidade escondida pelo céu azul. “Ninguém iria acreditar em mim se tentasse dizer a eles o que eu vi ontem”, pensou Miyuki. “Não sei por que, mas tem me incomodado... é impossível deixar vestígios da minha vida para trás neste grande mundo”.

“Então, por que continuo escrevendo minha história?” Miyuki olhou para o céu ao longe e continuou a andar.

Fim. 



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