Volume 4

Capítulo 186: Ataque às Torres - Parte 2

Victoria encarava as duas pessoas à sua frente com certa estranheza. O que deveria estar fazendo naquele mundo? Ela tinha certeza de que a mulher de cabelos pretos era a deusa do espaço, apesar de não conseguir identificar o homem sem camisa.

— Preciso da sua ajuda! — disse a mulher.

— Ajuda? Eu precisei de muita ajuda, e você nunca me respondeu. — Victoria se levantou do banco.

A mulher fez menção de caminhar até Victoria, mas a heroína deu um passo para trás, mantendo a distância. Era complicado tentar fugir da deusa que tinha o mesmo poder que ela, principalmente se ela conseguisse rastrear Vic.

Claro que conseguiria.

Victoria havia conseguido rastrear André duas vezes, por ser capaz de sentir a falha no tecido do espaço, e como os poderes da deusa, da heroína e da chave estavam ligados, não havia para onde fugir.

Talvez houvesse uma opção, levar ela até André e deixar que ele resolvesse, o problema era cara grande e sem camisa. Ele não parecia muito preocupado com aquela situação toda.

— Você já deve estar por dentro da situação toda. — disse a deusa do espaço — Eu só quero fugir do Guardião do Mundo e viver minha vida em paz.

Victoria se sentia tentada a ajudar, mas não confiava na deusa. Viver uma vida em paz parecia ser uma das poucas coisas que elas tinham em comum, além do poder.

— Eu te escolhi porque você é como eu! — A deusa continuou falando — Assim como você, eu cresci sem família, mas nunca tive liberdade. E quando finalmente me tornei livre para ser o que eu quisesse, fui acorrentada a esse poder...

— E como eu posso te ajudar? — As palavras saíram da boca de Victoria sem que ela percebesse.

 

...

 

Móveis destroçados, corpos retorcidos, sangue espalhado do chão ao teto, cacos de vidro, névoa escura e um rapaz com um sorriso assustador. Essas foram as primeiras impressões que os três visitantes tiveram ao encontrar com André.

Talvez fosse por reflexo, mas ele atacou no mesmo instante que Victoria, e os deuses chegaram.

O homem sem camisa se pôs à frente e recebeu o ataque. A mão de André estava coberta por aquela coisa escura, formando garras afiadas, mas sequer arranhou a pele de homem, ou melhor, do deus.

— André, não! — Victoria interveio — Eles estão aqui porque precisam de ajuda...

— Ah, foi mal... — André ignorou totalmente as pessoas com Victoria e voltou até um último homem de terno, que ainda estava com vida.

Pisando na cabeça da sua última vítima, ele olhou para trás, encarando Victoria, e depois o homem sem camisa, que tinha aguentado um ataque que normalmente era o suficiente para partir fortes guerreiros ao meio.

— Ele é deus, não é? — André inclinou a cabeça — Aposto que é. Ninguém mais deveria ser capaz de sair ileso de um ataque meu...

— Eu sou. — O cara sem camisa disse — E sei que seu poder tem origem na existência, por isso foi capaz de me causar dano interno.

André arqueou uma sobrancelha;

— Deve ter sido horrível conviver tanto tempo com essa maldição.

— E foi. — André suspirou.

Victoria passou à frente dos dois deuses, mas evitando baixar a guarda.

— Se já acabou aqui, preciso da sua ajuda com outra coisa...

— Ainda não! — O rapaz respondeu com certo amargor em seu tom de voz — Chegamos tarde... perdemos tempo com meus problemas mentais e deixamos que eles tomassem a iniciativa...

— Mas você acabou de matar todos aqui! — Victoria olhou para a antiga sala de reuniões da Aliança Internacional, um lugar que ela já tinha vindo antes, agora estava totalmente irreconhecível.

André deixou seu corpo cair sentado no chão, então olhou de baixo para cima, procurando os olhos de Victoria.

— Eles conseguiram enviar tropas em massa. Milhares de soldados, tanques, mísseis, aviões... tudo isso está no Outro Mundo, eles contaram enquanto eu os torturava...

— Ai. — Victoria ficou pálida ao ouvir isso.

— Essa bagunça já está fora de controle, — disse André, — Cada vez que um deus morre, perdemos um dos heróis, e o Guardião do Mundo deseja a morte de todos os deuses. Logo, estaremos sem força de combate para enfrentar a Aliança Internacional.

— Ou seja, é questão de tempo até aquele mundo ruir. — Victoria engoliu em seco.

— E eles sabiam da morte de Zita. — André parecia ainda mais triste — Foram eles que ordenaram, na verdade. Tudo para nos desestabilizar.

— Ai merda... — Até a deusa do espaço parecia chocada.

— E tem algo muito pior, eles encontraram grande parte dos familiares dos heróis... e os... mataram...

André fez uma pausa, sua respiração estava muito pesada. Seu ódio fervia e transbordava do corpo na forma de névoa escura.

— Vocês podem me esperar lá fora...? — Ele pediu, entredentes.

O que veio a seguir foi pura destruição.

Explosões ocorreram por todo o prédio, gritos eram ouvidos para todos os lados, pedaços de concreto arremessados em várias direções, os poucos civis que ainda não tinham terminado de evacuar, corriam em desespero.

Victoria assistia tudo do lado de fora. Ela não sentia sequer vontade de ajudar a socorrer aquelas pessoas. Por mais que muitas não tivessem sequer conhecimento do que a organização fazia, a heroína não sentia empatia alguma pelas pessoas daquele mundo.

— Essa nunca foi minha casa. — Ela murmurou — Meu lar é o Reino de Cristal.

— Por que não fazemos uma troca? — A deus ao seu lado propôs — Nunca me senti à vontade naquele mundo, mas aqui posso começar tudo do zero.

Quando Victoria a encarou, a mulher estava com a mão estendida, na palma dela estava um objeto brilhante em formato poligonal de oito faces.

— Esse é o poder do espaço, com ele você se tornará uma deusa. — Ela propôs — Eu ficarei com o suficiente para apenas mais um salto, para poder fugir daqui.

Victoria olhou para o homem sem camisa.

— Eu só estava protegendo ela, ainda preciso voltar...

No mesmo instante, Victoria colocou a mão sobre a da deusa, absorvendo imediatamente o poder.

— É tão fácil assim? — Victoria perguntou.

— Obrigado. — disse a ex-deusa, imediatamente desaparecendo.

Victoria poderia ter rastreado a viagem dela, mas preferiu dar essa liberdade. Assim como aquela pessoa, Victoria sabia o que é desejar liberdade.

— Quanto a você, — Victoria virou-se para o homem sem camisa, — acho que tem alguém que gostaria muito de te conhecer.

No segundo seguinte, ela estalou os dedos, fazendo o deus invulnerável ser teleportado de volta para o Outro Mundo.

Foi coisa demais para poucos minutos.

Victoria, voltou para o banco da praça e se deitou, pondo o braço por cima do rosto. Ela precisaria de férias quando isso acabasse.

— Vamos para o próximo destino. — André a chamou — Ainda temos que destruir os portais.

Aparentemente, ele já tinha encerrado a sessão de destruição ali.

— Tá, a gente vai... Mas deixa eu cochilar um pouquinho... Eu sou uma deusa agora, mas ainda sinto sono.

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