Volume 4
Capítulo 185: Ataque às Torres - Parte 1
Viajar entre dois mundos era diferente de teletransportar. Até mesmo Victoria, que estava bastante acostumada a saltar pelo espaço com o seu poder, não conseguiu se manter de pé após chegar ao objetivo.
— Que merda! — André reclamou, de joelhos no chão, enquanto vomitava as frutas que tinha comido minutos antes — Essa é a pior sensação que tive desde que...
A frase foi interrompida por outra sessão de vômito.
Victoria olhou para os arredores para confirmar que estavam no lugar certo. Ao seu redor havia grama e algumas árvores, o que poderia indicar um bosque, mas o meio-fio de concreto, os carros passando metros mais à frente e os prédios gigantes a acinzentados não deixavam dúvidas.
— Uma praça? — André estava se recompondo — Eu esperava que você jogasse nós dois lá dentro.
Olhando para o prédio no qual André apontava, Victoria viu a sede da Aliança Internacional, culpados parciais pela merda toda, e totalmente culpados pela morte de Zita.
— Como sabe qual é o prédio? — Victoria questionou.
— Estudei o máximo sobre a AI, por isso sei várias coisas sobre eles. Sei todas as informações públicas e mais um bocado que deveriam ser confidenciais, mas o Felipe amava uma fofoca...— André deu de ombros — “Conheça seu inimigo”, era o que ele dizia, né?
Então o tempo que André passou no mundo original não foi apenas dormindo e arrumando problemas, isso surpreendeu Victoria. Ela estava surpresa em ver o quanto ele poderia ser cauteloso quando queria.
Se bem que naquele momento ele não parecia muito apto à cautela. Pelo menos não parecia, principalmente enquanto atravessava em meio ao trânsito, ignorando faixa de pedestres e o sinal verde para os carros.
— Fica aí e descansa! — André ordenou — Vamos precisar voltar bem rápido quando eu acabar aqui...
Conforme Victoria se sentou em um dos bancos da pracinha, viu André entrar no prédio à sua frente. A heroína se deitou, fechou os olhos e pôs o braço por cima da face, protegendo-se da luminosidade do ambiente que a fazia querer vomitar.
Tudo que ela precisava fazer era esperar que André completasse sua carnificina, para poderem voltar para casa. Se bem que o Outro Mundo não era bem uma casa, mas para alguém sem família biológica, voltar para o lado de Esmeralda era a parte mais reconfortante naquela merda toda.
— Ei! — Uma voz conhecida a chamou, e alguém tocou em seu ombro.
Quando Victoria abriu os olhos, a contragosto, viu uma mulher de cabelos pretos e túnica branca que cobria praticamente seu corpo inteiro. Ao lado da mulher estava um homem sem camisa, com as mãos na cintura, exibindo o seu peitoral peludo.
Victoria teve uma sensação de familiaridade com os dois, principalmente a mulher, mas não conseguia lembrar quem era. Só então ela percebeu que aquele tipo de vestimenta não deveria ser normal no mundo em que estava agora, exceto em eventos cosplay.
— Ai, merda... — Victoria arregalou os olhos — Como conseguiu me achar aqui?
...
Dentro do prédio, André andava como se fosse bem-vindo ali. E por mais que não fosse, a maioria das pessoas não fazia nada para impedir que ele adentrasse o que deveria ser uma das instalações de maior segurança daquele mundo.
Um segurança até tentou barrar a sua entrada, mas foi arremessado violentamente em uma parede, se transformando em uma pintura em carne, incrustada no concreto.
Outros até tentaram atirar, mas as balas ricocheteavam em algo de cor escura, que aparecia e desaparecia tão rápido que era impossível saber o que era exatamente. E como quase todos ali sabiam de quem era aquele rosto, junto ao fato de que até mesmo os heróis o temiam, ninguém ousou o impedir.
Eram muitas as lendas de como André, sozinho, havia eliminado um grupo de soldados armados, sem sequer usar os braços. É claro que muitos consideravam um exagero, mas o fato era que aqueles soldados haviam sido mortos por um homem apenas.
Ao chegar à porta do elevador, André juntou as duas mãos e as estalou, mostrando assim, que tinha recuperado totalmente seus braços. Não havia necessidade em fazer isso, mas ele queria amedrontar as pessoas ali e fazer com que os civis fugissem. Apesar de gostar de matar, ele preferia não tocar em inocentes.
Assim que o elevador chegou e a porta abriu, André olhou para trás e falou:
— Desculpem por deixar vocês sem emprego, mas têm pessoas morrendo em outro mundo por causa das pessoas que estão no comando disso aqui. — Ele entrou no elevador, e enquanto a porta fechava, completou — Eu meio que tenho o dever de matar pessoas que mexem com as minhas pessoas...
Isso foi o suficiente para o prédio sede da Aliança Internacional entrar em protocolo de evacuação. Sirenes começaram a tocar, luzes vermelhas piscavam por todo lado, autofalantes anunciavam a emergência de evacuação, e todos os elevadores foram desligados.
— Eles querem fazer isso da forma difícil... — André disse a si mesmo, enquanto usava seu poder para forçar o elevador a continuar subindo.
Ao chegar no último andar, forçou as portas do elevador com as mãos, enquanto era alvejado por algumas dezenas de soldados com armas pesadas. Nenhuma bala fez efeito em sua armadura de Rancor, uma velha estratégia de defesa que reduzia sua mobilidade.
André ficou apenas parado na porta do elevador, recebendo os tiros como se não fosse nada, até começar a ficar entediado. Erguendo a mão direita em direção aos soldados, ele criou uma espada longa.
Os soldados pararam de atirar no instante que viram a arma. Muitos não entendiam como alguém dito ser tão perigoso poderia criar uma espada longa para usar em um corredor estreito como aquele.
A armadura até fazia sentido, para se defender dos tiros, mas uma espada de quase dois metros? Deveria ser o erro de alguém que só estava acostumado a lutar em locais abertos.
Para suas infelicidades, André não era idiota a esse ponto, apenas conhecia seu poder ao ponto de saber que poderia cortar aquelas paredes e os soldados em um golpe só. E para a infelicidade dos soldados, quando André desfazia a armadura, poucos humanos eram capazes de ver seus movimentos.
Quando André abriu a porta na extremidade oposta do corredor, a maioria das cabeças daqueles soldados ainda não tinha caído no chão. E para o desespero dos homens de terno que se escondiam naquela sala, André sorria.
Não era um sorriso de felicidade ou satisfação, mas um sorriso maníaco, em um rosto pintado de sangue. Uma névoa escura parecia vazar de seu corpo, circundando-o, como se tentasse protegê-lo.
André caminhou lentamente pela sala, enquanto a névoa escura fechava a porta. Ao ficar no meio dos mais poderosos executivos daquele mundo, ele falou:
— Vocês sabem o que vim fazer, e também, sabem que nada vai conseguir me impedir, então vamos fazer isso de forma lenta para que a diversão não acabe rápido demais.
Um dos homens correu até a janela e se jogou.
— Um a menos. — disse André — Agora vou ter que aumentar o sofrimento dos demais, para compensar ele ter morrido tão rápido...
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