Volume 1

Capítulo 25: Pedra Preciosa

O salão principal do castelo estava repleto de soldados usando armaduras de metal, todos voltados para a porta, atrás deles estava o trono prateado, onde o autointitulado “Rei do Oeste” permanecia sentado com um semblante de arrogante, sobre a sua cabeça repousava a coroa de prata, o símbolo do poder no Reino de Prata, e em uma almofada ao lado direito do trono estavam outras 3 coroas, uma de bronze, uma de ferro e uma de cristal.

Aquela era uma situação incomum, quem ousaria atacar o rei Flek? Mas a maior pergunta era: Como essas pessoas passaram pelas muralhas do castelo a ponto de estarem subindo as escadarias em direção à sala do trono?

Esses pensamentos permeavam a mente do rei e seus guardas, quando duas figuras lentamente foram se mostrando, seus corpos e rostos estavam sob a proteção de mantos escuros com capuzes, ao ver que eram apenas dois os invasores, a maioria dos soldados relaxou, em termos de quantidade, haviam mais de 30 soldados com boas habilidades de combate no salão.

A confiança dos soldados foi totalmente extinta no momento em que a figura mais alta retirou o capuz, alguns tremeram ao ponto das armaduras de metal fazerem barulho, outros soltaram suas espadas, mas os novatos não tinham ideia de quem estava ali em frente a eles, estes foram os únicos que permaneceram firmes.

— Jonas! — Gritou Flek — O que faz aqui? Não deveria estar no seu mundo?

— Vim ver como estão as coisas, para garantir que vossa majestade está mantendo o nosso acordo!

Os lábios do rei tremeram um pouco, ele sabia que não tinha saída, então mentir era a melhor solução por hora.

— Sim! Eu mantive minha palavra…

— Engraçado — Interrompeu Jonas — Quando eu passei pelo reino de cristal meia hora atrás, o que ouvi foi diferente! Então resolvi vir aqui em busca da minha pedra preciosa.

Flek começou a tremer e bufar, sabia que tinha dado um passo errado, mas não esperava que Jonas conseguisse voltar, principalmente em tão pouco tempo.

— Matem-no! — Gritou o rei — Ele não é o verdadeiro Jonas! Se fosse, ele jamais me atacaria.

As palavras do rei encheram os soldados de ânimo, estes sacaram suas espadas e se lançaram em direção a Jonas, mas antes que dessem três passos caíram no chão gritando de dor.

— Essa é a minha barreira da punição, quem ousa entrar sem minha autorização sofre uma dor excruciante. — Explicou Jonas.

Rei Flek, que se mantinha sentado no trono assistia a cena aterrorizado, não entendia como o seu herói mais fiel agora lhe atacava impiedosamente.

Jonas fez um movimento com a mão, como se jogasse algo, os soldados mais próximos foram arremessados para longe, abrindo caminho entre ele e o rei. Enquanto ele caminhava lentamente, seguido por outra figura mais baixa que permanecia de capuz, os soldados faziam as mais diversas orações para seus respectivos deuses.

— Ainda acha que eu sou falso? — Perguntou Jonas engrossando a voz — Vossa majestade, o único falso aqui é você! Eu fiz tudo que me foi ordenado, e mesmo assim o senhor ousou tocar na única pessoa quem lhe pedi para que não fizesse nada!

Aproveitando o momento de diálogo, um dos jovens soldados levantou-se e correu em direção à porta tentando fugir, a pessoa que acompanhava Jonas levantou a mão esquerda como se fosse estalar os dedos, mas Jonas a impediu.

— Deixe-o… É apenas um jovem com medo, nós não somos melhores do que ele…

Foi a vez de Flek aproveitar o momento, ele sacou uma espada longa em um compartimento lateral do trono, em um movimento veloz tentou decapitar Jonas, mas no último momento uma barreira apareceu entre os dois.

— Barreira de proteção… — Murmurou Flek.

— Não! — Corrigiu Jonas — Esta é uma barreira de contenção!

Só então que o rei se viu cercado por paredes translúcidas, formando um cubo perfeito.

— É uma barreira que aperfeiçoei recentemente, ainda não testei todo seu potencial…

Flek sabia que não adiantava golpear a barreira com uma espada, apenas alguns poucos dos heróis eram capazes de romper as barreiras de Jonas.

— Eu ordeno que me solte! — Esbravejou Flek.

— Não respondo mais às suas ordens. — Rebateu Jonas.

— Você não me mataria…

— Só se vossa majestade não me disser onde ela está.

Flek vacilou por um instante, não sabia se Jonas teria tanta coragem, mas não queria arriscar, de qualquer forma sua honra seria manchada.

— Deixe-me lhe agraciar com um segredo — Confidenciou Jonas — Essa barreira deixa a luz e o som passar, mas não o ar, em poucos minutos vossa majestade morrerá asfixiado, então apenas me diga o que fez com ela.

— Seu monstro! — Gritou Flek — Tudo pertence a mim agora!

— Canalha! — Jonas fechou a mão, a barreira reagiu encolhendo, fazendo o rei se ajoelhar.

— Me solte ou nunca mais a verá!

— Onde está a Esmeralda?

Os olhos de Jonas estavam cheios de ódio, por um segundo ele foi capaz de compreender André.

— A coisinha verde e brilhante agora é parte da minha coleção de joias! — Flek deu um sorriso diabólico.

Enquanto os dois conversavam, a pessoa que acompanhava Jonas pegou a almofada com as três coroas, e voltou a ficar ligeiramente atrás de Jonas.

— Devolva! — Gritou Flek — Elas são minhas, tudo me pertence!

Jonas virou de costas para Flek e disse à pessoa ao seu lado:

— Vamos esse cara é apenas um nada, ele já está morto e não sabe!

Flek retorceu-se com aquela afirmação, gritando:

— Eu sou o Rei! Você que não é nada! EU SOU UM REI!

Jonas apenas levantou a mão direita, e estalando os dedos disse:

— E eu sou um deus… Criatura ridícula!

No instante em que os dedos estalaram, a barreira que continha Flek expandiu rapidamente, gerando um vácuo intenso que explodiu o Rei do Oeste a nível celular, cobrindo o salão com milhões de gotículas vermelhas, e fragmentos de tecidos humanos.

Jonas apanhou a coroa de prata no chão e pôs sobre o assento do trono, o metal foi capaz de resistir ao vácuo sem nenhum dano, em seguida apontou dois dedos para o trono, criando uma sequência de onze barreiras sobrepostas, na última barreira apareceu o termo condicional para rompê-las:

SOMENTE AQUELE QUE FOR DIGNO DE SER REI.

Aquela era uma habilidade recente e poderosa controlada por Jonas, ele poderia criar uma barreira que só seria rompida sob uma força maior do que a dele ou sob as condições impostas. Em ao longo de 12 anos menos de 10 pessoas tinham sido capazes de quebrar uma de suas barreiras, e todos eram heróis. Assim, a única alternativa era que alguém digno de ser rei aparecesse, enquanto isso, não haveria rei sobre o Trono de Prata.

— Para onde vamos agora? — Disse a pessoa que acompanhava Jonas.

Ela retirou o capuz, revelando ser uma garota de cabelos cinzas com enormes cachos, ela tinha uma cicatriz no lado esquerdo da face, abaixo do olho passando pelos lábios e chegando ao queixo, era Victoria, a heroína com o poder de teletransporte. Ela havia usado o seu poder para pôr os dois em frente ao palácio, mas Jonas quis entrar andando para criar uma cena.

— Eu já sei onde está a nossa pedra preciosa… — Disse Jonas enquanto tocava o ombro de Victoria, meio segundo depois eles sumiram.

No mesmo instante Jonas e Victoria reapareceram em um corredor escuro, após andarem um pouco, pararam em frente a uma cela imunda da prisão do castelo, lá dentro havia uma pessoa acorrentada, suja e sem roupas, cabelos verdes, olhos com brilho verde, era como uma pedra preciosa viva.

Jonas esticou o braço e abriu a mão com força, ao mesmo tempo as portas de todas as celas se abriram, Victoria auxiliou a pessoa de cabelos verdes, soltando—a das correntes, e vestindo nela sua capa de capuz.

— Vocês vieram mesmo… — Uma voz doce e baixa saiu dos lábios sujos e ressecados daquela menina.

Os dois heróis se ajoelharam no chão imundo, dizendo em uníssono:

— Vossa Majestade Esmeralda, estamos aqui para resgatá-la!

Esmeralda assentiu com um sorriso e sem perder tempo os três juntaram as mãos e desapareceram.



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