Volume 1

Capítulo 26: Projeto Chaveiro

A noite de Natal havia sido um sucesso, além de André reencontrar todos os 32 heróis, nenhum deles tinha tentado mata-lo, Felipe conseguiu convencer alguns a conversarem com André. Logo após a meia noite a família de Zita teve que voltar para casa, então ela e André foram para o quarto dele curtir a juventude e os prazeres carnais.

Por mais que a noite e a madrugada tenham sido ótimas, o casal levantou cedo, estavam ansiosos para saberem os detalhes do que Felipe queria dizer quanto a voltar à rotina.

André terminou de se vestir e sentou na beira da cama, enquanto olhava a bela ruiva que vestia a calça, como seus cabelos estavam enrolados com uma toalha, ele podia ver claramente a tatuagem que ela tinha tomando toda a costa, era uma labareda, e dentro dela tinha uma montanha e um pássaro ambos em chamas, não era a primeira vez que André via, mas ele sempre achou legal.

— O que você acha de eu fazer uma tatuagem? — Perguntou ele inconscientemente.

— Acho legal… — Disse ela virando de frente enquanto terminava de vestir a regata preta — O que vai tatuar?

— Pensei em uma silhueta de caveira, com a montanha solitária, o trono de pedra e várias pessoas morrendo…

— Ai! Que horrível! — Reclamou Zita — Você tem mesmo um baita mal gosto.

André não respondeu, apenas sorriu, uma das lições que ele aprendeu com sua mãe adotiva era que nunca se devia discutir com uma mulher

Até quando você está certo, ainda está errado! — André lembrou das palavras de Miraa.

Alguém bateu na porta, após confirmar que Zita estava vestida, André abriu e viu Felipe com cara de quem não dormiu, Felipe como da outra vez não pediu licença, apenas entrou.

— É o seguinte, recebemos um pedido de socorro da Divisão de Pesquisa e Desenvolvimento, após retornar o contato ninguém de lá respondeu, tentei hackear as câmeras e o sistemas interno mas parece que foram desconectados, a única coisa que descobri foi que o portal da AI foi aberto. Além do mais, Jonas e Victoria desapareceram e acho que eles estão envolvidos, não era o plano, eles meteram os pés pelas mão e agora precisamos alterar o plano original destruir aquela merda!

— Qual era o plano mesmo? — Perguntou Zita.

Felipe não respondeu à pergunta da garota, apenas continuou:

— O plano era invadir a Divisão de Pesquisa e Desenvolvimento para roubar… digo, recuperar os itens que o André trouxe, e depois destruir o projeto chaveiro, que visava construir um portal a partir do que sobrou da sétima chave, mas ele foi ativado há 7 horas, conseguimos identificar o rastro de energia e é idêntico ao das chaves, além disso, não estamos conseguindo nos comunicar com o pessoal da pesquisa e desenvolvimento, ninguém sabe do paradeiro de Jonas e Victoria desaparecidos, apesar de alguns fatores estarem fora do lugar, eu tenho certeza de que começou…

André e Zita arregalaram os olhos como se adivinhassem as próximas palavras de Felipe.

— Jonas começar agir primeiro e por conta própria!

Os três saíram correndo do quarto, indo em direção ao andar superior do prédio, onde um helicóptero e outros heróis já aguardavam. Havia uma mesa com um café da manhã esperando, onde alguns já se serviam, seja lá o que iriam fazer, era melhor está de estômagos forrado, e Felipe sabia muito bem os efeitos de ir ao desconhecido sem ter comido nada.

Após um breve desjejum, eles foram embarcar na aeronave.

— O que o André está fazendo aqui? — Questionou Kawã — Ele não tem mais poderes.

— O senhor Valmir também não tem! — Retrucou André.

Valmir, que estava sentado ao fundo da aeronave, assentiu com a cabeça, concordando com André. Como ninguém mais tinha questionamentos, o helicóptero decolou.

Após um certo tempo de voo, eles finalmente chegaram na sede do setor de pesquisa e desenvolvimento, que ficava situado no meio de uma área de mata, o relevo complicado e a quantidade de rios que cercavam o lugar o tornavam de difícil acesso, apenas permitindo a chegada através de veículos aéreos.

André viu a estrutura do local, que diferente da sede da Divisão chefiada por Felipe, Ficava acima do solo, o prédio de poucos andares tinha muito espaço lateral, com paredes de vidro espelhado, ocupando uma área de pelo menos dez mil metros quadrados.

Antes que o helicóptero tocasse o solo, Valmir levantou-se da poltrona, apontando para a direção ao prédio.

— Tem mesmo algo errado! Não tem nenhum guarda! Eu vim aqui poucas vezes mas nunca vi esse lugar desprotegido.

Kawã abriu a porta e se lançou para fora, mesmo que a aeronave ainda estivesse a alguns metros do solo, ele usou as habilidades de felino para pousar corretamente, em seguida começou uma corrida veloz, era a habilidade de guepardo, ele podia ultrapassar um carro dessa forma. Mas alguém era mais rápido, Léo, usando a velocidade que o seu poder lhe concedia, ele rapidamente alcançou Kawã, eles estavam quase chegando na entrada quando viram uma figura humana parada em frente a porta, de costas.

Era Josiley, seu poder lhe concedia o dom de ser o mais veloz entre todos, ele apenas tinha vindo correndo desde o setor de inteligência e segurança, que ficava a 1.500 km. Cabelos espetados, óculos de piloto de avião da Primeira Guerra, roupa verde limão de malha colada no corpo, esse era o cara mais rápido em dois mundos.

— Esperem aqui! — Gritou Josiley — Eu vou avaliar a situação.

Assim que ele entrou no prédio, Zita, Lucas e Anne chegaram.

— Onde estão os outros? — Perguntou Léo.

— Deram a volta, foram para trás… — Explicou Anne — Vimos um indício de movimento, eles foram averiguar.

Léo assentiu, enquanto Kawã parecia farejar algo.

— Sangue! — Sussurrou Kawã — Sinto cheiro de sangue!

No mesmo instante Josiley retornou, o solado das suas botas estavam encharcados de sangue, ele começou a apontar para dentro, gritando:

— Tá cheio de gente morta! Estão todos mortos! Tudo retorcido ou explodido… e lá embaixo tem uma parada azul brilhando muito e fazendo barulho…

— Então foi mesmo Jonas! — Disse Felipe, se aproximando lentamente.

Os olhares se voltaram para Felipe, ele entrou calmamente fazendo um sinal para que o seguissem.

— Vamos todos! Precisamos destruir o “Chaveiro”, se não fizermos nada logo ele vai colapsar…

Todos entraram no prédio, André e Valmir, vinham caminhando lentamente, como se não estivessem preocupados, o chefe da segurança carregava uma arma pesada de cano longo, enquanto André, além de desarmado, não tinha poderes e seus braços estavam em recuperação. Os dois entraram no prédio e seguiram os rastros dos demais em direção ao andar inferior.

Ao chegarem ao subsolo, uma esfera caótica de 3 metros de diâmetro sugava tudo e emitia um brilho azul. Sob a esfera estavam quatro colunas metálicas, como se servissem para conter, e uma escada ia do chão ao centro da esfera.

— Como eu imaginei! — Exclamou Felipe abrindo os braços — Eles abriram o portal antes de encontrar uma forma de manter estabilizado.

— Precisamos fechar isso! — Disse Kawã.

— É só cortar a fonte de alimentação! — Sugeriu Josiley.

— NÃO! — Gritou Felipe para o cara veloz que tentava desconectar a fiação elétrica — Se você fizer isso nós morreremos! Esse portal se alimenta de energia, mas se cortarmos, ele começará sugar matéria para se manter.

André e Valmir, que chegaram por último, pararam próximo à porta, onde um cadáver usando jaleco estava jogado, enquanto os outros estavam entretidos com a esfera caótica flutuante, André reparou bem em como o pescoço do cientista havia sido cortado.

— Senhor Valmir — Disse André enquanto recuava — Eu sugiro que saiamos daqui o mais rápido, ou nós dois seremos os próximos a morrer.

— O Jonas está aqui? — Perguntou Valmir atônito.

— Não senhor! — Respondeu André assustado — É alguém pior!

No mesmo momento uma perna saiu do portal e pisou firmemente no último degrau da escada.



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