Volume 1 – Arco 1
Capítulo 2: Nosso Paraíso
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6 de junho, 3222. Capital, Douceur Voile. 1098 anos após a morte de Claire Lemoine.
Nosso Paraíso.
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Arco 1 - Missão Fracassada
Mais de mil anos após a morte de Claire, o mundo havia mudado completamente. Novas nações foram aparecendo, a geografia do planeta foi mudando, tanto quanto novos biomas acabaram surgindo. Os humanos por sua parte cometeram uma grande falha, séculos atrás, um pouco depois dos eventos com Claire. Este erro dos humanos acabou sendo ocultado, e ninguém sabe de fato o que aconteceu, apenas a última civilização humana restante tem informações sobre o caso. Esta era conhecida como “Alexandria”.
O misterioso erro cometido pelos humanos acabou resultando nos desastres atuais. A raça humana foi quase completamente infectada por uma energia misteriosa, que surgiu deste erro no passado. Esta “energia” acabou afetando todo animal ou ser orgânico vivo no planeta por meio do oxigênio. Os únicos que não sofreram desta catástrofe foram os androides e as máquinas automatas.
Mas por algum motivo, a tal energia misteriosa deu uma certa autonomia às máquinas e aos androides… eles não parecem mais tão “automatas” quanto antes. É como se tivessem adquirido vida ou vontade própria.
Contudo, para escapar desta crise repugnante causada pelos humanos, os androides se dividiram em três grandes nações. Sendo estas; Douceur Voile e Fortis Pelagos. A terceira nação se exilou das outras duas, ocultando também o próprio nome. Então são chamados pelos estrangeiros como “povo das montanhas”. Apenas os que vivem nas montanhas têm conhecimento sobre a própria nação ou o nome dado a ela. Estas são as três grandes nações inteligentes.
Fortis Pelagos ficava embaixo do mar, uma nação subaquática. Lá eram produzidas 95% das máquinas utilizadas no dia a dia, uma grande indústria. A nação das montanhas ficava entre grandes penhascos de neve, ocultada pela neblina. E Douceur Voile pairava sobre o planeta. Eram inúmeras cidades flutuantes, interconectadas por pontes de energia. Vários propulsores sustentavam a nação no ar, enquanto quatro grandes torres nos polos davam energia para todas as cidades se sustentarem no ar ao mesmo tempo. Eles eram chamados como… “Os que vivem além das nuvens”. O verdadeiro paraíso para androides.
— O que você acha que tem nessas caixas? — questionou um androide que carregava uma grande caixa de metal pelas ruas da capital de Douceur Voile.
Um segundo androide estava o ajudando a carregar a caixa de metal do outro lado. Os dois tinham aparências bem humanas, com o único diferencial das linhas de energia passando pelo rosto, e as juntas expostas.
— Isso aqui é o material que vamos usar na construção daquela coisa ali — respondeu o outro, apontando a cabeça para uma grande construção em formato de globo próxima a torre central. Era semelhante a um planeta dourado, circulado por um grande anel. Parecia um local de eventos.
— E o que é aquilo ali? Não me diga que é mais uma daquelas gaiolas de pesca.
— Na verdade, é bem melhor que isso. Vai ser um novo local para os festivais do Loiren! — exclamou o segundo, bem empolgado com a ideia. — Você não se lembra? O herdeiro da torre completará dezoito anos daqui alguns dias. Então, Loiren está construindo aquele lugar para celebrarmos o aniversário do filho dele. Ele também nos disse que o lugar vai ser usado em grandes festivais no futuro.
A empolgação do segundo androide estava bem estampada, enquanto o primeiro que perguntou ficou meio incomodado com a resposta. Ele parecia não gostar muito daquele ambiente.
— Comemorar… pelas conquistas de governantes? — ele suspirou, como se tivesse relembrando alguma memória que estava tentando esquecer. — Acho que seria melhor se você tivesse falado que era só mais uma gaiola de pesca…
De repente, os dois pararam de andar com a caixa. O segundo androide a colocou no chão, e se aproximou do primeiro que havia ficado bem cabisbaixo. Apalpou as costas dele, tentando ser amigável.
— Vamos lá, Aether! Coloca um sorriso nesse rosto. Você não vai querer ser o único rabugento enquanto todos se divertem nas festas, né?
Todos os androides nascidos em Douceur Voile eram doces, otimistas e amigáveis. Aether não tinha nenhuma dessas características, ele era bem diferente.
— Contanto que eu não esteja lá no meio, não vai me incomodar. Inclusive… — Aether olhou para cima, na direção da torre central. Ele tinha cabelos castanhos bem claros, e belos olhos amarelos. Estava encarando aquela torre com um certo ódio no olhar. — Eu ainda nem consegui olhar a cara desse tal “Loiren” aí.
Aquela era a torre central, uma pequena torre bem no centro da capital de Douceur Voile. Era onde o governante da nação vivia, observando todos de cima. E agora não seria diferente; ele estava ali, parado diante de uma vidraça, observando a vista da nação enquanto escutava músicas por um toca discos de ouro.
Elandor Loiren tinha uma aparência bem jovem, por volta dos vinte anos. Seus cabelos eram completamente brancos, com olhos em um tom de vermelho mais escuro.
Ele desligou o toca discos e foi até o corredor para buscar alguma coisa, e acabou se deparando com sua androide assistente. Ela usava roupas azuis, e tinha um longo cabelo preto amarrado em um rabo de cavalo. As íris dos olhos dela eram brancas.
— Elandor, posso te ajudar em alguma coisa? — ela perguntou, meiga porém objetiva.
— Eu iria te procurar agora. Inclusive, quero que você venha comigo também.
— O-o quê?! Você precisa da minha ajuda mesmo?!
Era extremamente raro Elandor realmente precisar da assistência de sua androide. Ele normalmente fazia as tarefas sozinho, e a deixava livre para fazer o que quisesse pela torre. Ele também proibiu seu filho, o herdeiro, que desse ordens a ela.
— Não, não, Lyra! Não quero que se esforce. Só peço que me acompanhe… hoje, daremos um presente ao Adrien.
O filho de Elandor era Adrien Loiren, o herdeiro da torre.
— E o que você planejou para presenteá-lo? — perguntou ela, quando Elandor tirou um pequeno chip verde do bolso. Ela chegou bem perto para observar também. — Vai dar essa coisa a ele?
— Quase isso. Nós vamos criar uma nova androide, que vai ser assistente dele. Acho que já está na hora… E para isso, usaremos este pequeno chip. Nele estão gravadas as memórias de uma humana chamada Claire.
Lyra pareceu bem confusa quando Elandor mencionou que eram memórias de uma humana.
— Por que dar memórias humanas a ela? Nós não precisamos disso.
— Eu sei que não… — Elandor segurou o chip um pouco mais forte, como se tivesse medo de perdê-lo. De fato parecia ser algo especial para ele. — É um favor que farei… para minha antiga esposa. Inclusive, essa pequena Claire é uma pessoa muito especial, Lyra. Acho que podemos considerar que, quando ela nascer, ela será sua irmã.
— Irmã…?
Lyra ficou bastante pensativa sobre isso. Elandor não sabia dizer se ela estava contente ou nervosa com a notícia. Mas acreditava que independente da situação, sua androide favorita daria conta de passar por cima.
Então, a assistente os levou para onde o filho estava. Em um grande salão nos andares mais baixos da torre, recebendo aulas de violino com um professor androide. O herdeiro dos Loiren estava apenas copiando a maneira de tocar de seu professor, enquanto ele demonstrava a melodia.
Adrien tinha longos cabelos pretos, e olhos vermelhos, assim como os de seu pai. Os cabelos pretos provavelmente derivavam de sua mãe. Vestia um terno preto, perfeitamente ajustado nos comprimentos de seu peito. Os robôs eram certeiros na alfaiataria.
A sala era coberta por um tapete branco, com móveis dourados servindo apenas de decoração. A maioria das gavetas e talheres nas grandes mesas não poderia ser tocada. Diante de toda essa decoração falsa para o salão, havia instrumentos variados e elegantes sobre seus altares. Um pouco mais adiante, em um altar maior com dois degraus de altura, o professor fazia sua palestra musical.
Lyra e Elandor observavam sem interromper os dois. Lyra estava inexpressiva, porém, o silêncio de seu mestre ao assistir a deixava curiosa. Já Elandor, tinha um sorriso orgulhoso no rosto. Apesar de que, casualmente, sua expressão já portava um sorriso o tempo inteiro.
Adrien, concentrado em copiar os movimentos de seu professor, parecia sequer ouvir a melodia em que ele mesmo estava tocando. Sua expressão apática não demonstrava determinação para impressionar o pai ou concluir as aulas. Era como se estivesse fazendo-o para desafiar a si mesmo de forma egoísta.
No entanto, um som externo fez com que Adrien perdesse a concentração e errasse uma das notas. O professor interrompeu a execução e o observou, um olhar de decepção.
— Nada mal! — exclamou Elandor, assustando Adrien com sua chegada repentina. Sua reação contradizia a do professor. — Se continuar assim, um dia será tão habilidoso quanto a sua mãe.
Ele pôs as mãos nos ombros do filho, massageando-o para acalmá-lo. Ele parecia nervoso com o olhar julgativo de seu professor. Esta é a era dos androides, Elandor não tinha controle sobre suas emoções. Nunca poderá fazer nada sobre a arrogância daquele em questão.
— Por que você veio aqui? — A voz de Adrien carregava uma certa imponência.
— Nós vamos te pegar emprestado um pouquinho. Faremos uma surpresinha para você! Mas para isso, nós três iremos até a capital para…
— Não vou descer lá embaixo sem motivo, e eu não gosto desse seu joguinho de mistério. Não era você quem falava sobre a importância da elegância, pai? Então seja direto e não perca o meu tempo.
Elandor ficou sem resposta por um momento, mas logo se recompôs. Já estava acostumado com essas atitudes rebeldes do filho.
Ao fundo, Lyra não gostava nem um pouco de ver como Adrien tratava o seu mestre.
— Sim — ele pigarreou para limpar a garganta. — Perdoe a deselegância nas minhas palavras. Iremos à capital para programar uma assistente automata para você. Isso é pelo seu aniversário de dezoito anos, que vem se aproximando.
Adrien sorriu, uma expressão mais arrogante do que contente. Bruscamente se levantou do banco e colocou seu violino no lugar, acompanhando Elandor até a saída do salão.
— Obrigado pelo serviço de hoje, Ucho — disse Elandor, para o professor que esperava no altar. — Você pode descansar agora.
— Sem problemas… — Ele continuava espreitando Adrien, sem receio de demonstrar o quão insatisfeito ele estava.
Logo, Elandor, Adrien e Lyra chegaram à capital. Vários androides felizes, aparentemente sem nenhuma preocupação com problemas ou decepções, todos expressando felicidade e excitação por coisas simples. Eram todos inocentes demais. Por alguma razão, isso acabava incomodando Adrien.
O chão era completamente feito de ferro, coberto por uma carapaça de mármore. No centro, uma bela fonte que em vez de jorrar água, jorrava um líquido amarelo transparente e brilhante. Era o que chamavam de “energia líquida”.
— Olha só, parece que a nova moda agora é babar o nome daquele lacaio da Lemoine — caçoou Adrien, observando um grupo de androides com aparência jovem adorando cartazes nas paredes dos prédios, e os telões que exibiam o rosto de um humano, assim como os Loiren. Porém, ele tinha cabelos loiros e seu rosto estava coberto por uma máscara de pavão branca. Abaixo da imagem, estava o grande nome “Falkmar”.
— De fato, sua mãe tinha vários lacaios bem importantes. Eles merecem toda essa honra.
Elandor mantinha o mesmo sorriso sereno de sempre enquanto observava as imagens de Falkmar também, e o jeito que os moradores pareciam empolgados.
— Você também era lacaio dela, pai. E não consigo ver nada de importante em você.
Chegando na grande fábrica Natalité. Era um lugar onde as famílias podiam criar novos androides para continuar complementando a linhagem, pois máquinas não se reproduziam. Por isso, normalmente as “famílias” de androides eram compostas por poucos parentes, como dois irmãos que não tem mãe ou pai.
Esse tipo de fábrica não tinha atendente, assim como a maioria das lojas. Eles já nasciam com o conhecimento necessário sobre como todas as coisas funcionavam em Douceur Voile, e seguiam as regras corretamente.
Sendo assim, os três seguiram diretamente para a sessão de configuração e construção.
Quando Lyra apertou o botão, demorou um pouco para que as portas se abrissem, soltando uma fumaça. Era como um elevador que desceria para o interior. Havia um painel bem no centro do elevador, que exibia todo um gráfico de modelamento e personalização do modelo do robô.
Elandor permitiu que Adrien customizasse da forma que quisesse, com a única condição de que fosse uma fêmea. Pelo sorriso que o filho deu depois, aparentemente esse já era o objetivo dele. Selecionou o modelo humanoide e foi ajustando suas funções da forma que queria, etapa por etapa, e então começou a configurar a aparência dela; cabelos pretos, bem longos, um pouco alta, cores brancas, uma pequena saia cobrindo os quadris, e para finalizar um core (núcleo de energia) de ametista.
Enquanto ele decidia todas as informações, o elevador continuava descendo.
— Acho que terminei.
Na mesma hora que Adrien finalizou o pedido, o elevador parou bruscamente e a porta se abriu. O que tinha adiante era um corredor escuro, iluminado apenas pelas luzes das cápsulas de prevenção. Havia várias dessas grandes cápsulas enfileiradas, com corpos de androides dentro esperando para serem ativados.
Agora o painel de configuração apenas exibia a informação “B-16”. Era a numeração da cápsula em que o pedido estava armazenado.
— Vamos procurar o B-16, deve estar em uma dessas duas fileiras aqui do começo — disse Elandor, e os outros dois o acompanharam quietos.
Não demorou muito para que encontrassem a cápsula com essa numeração. Ela também era a única que estava opaca, sem visão para o que tinha do lado de dentro, como se tivesse uma neblina cobrindo o robô que aguardava no interior.
— Ela está aqui… a minha irmã… — murmurou Lyra, não conseguia tirar os olhos daquela coisa. Ela estava ansiosa.
— Espera… — Elandor foi o primeiro a notar uma energia estranha vindo de trás. Na outra fileira, atrás deles, havia uma cápsula congelada. — Este androide atrás de nós…!
— Não pode ser… — Pela primeira vez, Adrien demonstrou alguma expressão que não fosse arrogância. — Ele deveria ter sido queimado naquele vulcão! Por que está aqui?!
Dentro do tubo congelado, havia um androide de cabelos alaranjados, tórax preto e o resto do corpo branco. Ele estava totalmente congelado e preservado ali dentro, aparentemente por um longo tempo.
— Qual o problema? — questionou Lyra, confusa pela reação dos dois. — Quem é esse androide?
— Sim… não tenho dúvidas. Este é o Primeiro Atlas, um dos primeiros androides criados pela Lemoine. Ele se rebelou contra Alexandria alguns anos atrás, e quase extinguiu os últimos humanos lúcidos que vivem lá na superfície — explicou Elandor, aos poucos mantendo a calma novamente.
— Mas era pra ele estar morto! — enfureceu-se Adrien. — Ela deu sentença de morte a ele, era para o Falkmar tê-lo queimado nas chamas!
De repente, o gelo se estilhaçou em vários pequenos pedaços no chão. Lyra tinha dúvidas se aquilo era de fato gelo mesmo. Quando desapareceu, a cápsula de Atlas se abriu… O androide estava ativado, e seus primeiros passos para fora deixaram os Loiren aterrorizados.
Ele olhou fundo nos olhos de Adrien, que não teve outra reação a não ser tremer e encarar de volta. E então, seus olhos encararam os de Elandor, que estava paralizado.
Foram dez longos segundos de silêncio, até que…
— Bem-vindo ao primeiro observatório oficial de Kallista, a maior conquista da humanidade de Alexandria. Me chamo Primeiro Atlas, e estou ao seu dispor para reerguermos nossas forças contra os monstros da terra!
— Monstros da terra… está falando dos animais e pessoas que foram infectados pela energia branca? — perguntou Lyra, a única que estava tranquila entre os três.
— Com certeza! — respondeu Atlas, otimista.
Adrien e Elandor não entenderam nada de primeira, mas logo, Elandor entendeu.
— O que está acontecendo…? — questionou Adrien.
— Ele ficou todo esse tempo congelado… provavelmente teve seu sistema formatado. Ele perdeu as memórias e voltou ao Atlas original de fábrica… Provavelmente não se lembra de nós também.
— Podemos realmente confiar nisso? Ele tentou destruir Alexandria uma vez… nossas vidas teriam sido levadas na explosão.
— Quem está tentando destruir Alexandria?! — Atlas pareceu determinado de repente. — Precisamos proteger a nossa nação!
— Fique calmo… nós não estamos mais em Alexandria — disse Elandor, tentando manter um sorriso aconchegante.
— Não? Onde estamos então?
— Você está em Douceur Voile! — exclamou Lyra, sorridente. Ela pareceu ter gostado de Atlas, mesmo após os relatos dos outros dois. — Na capital!
— Douceur Voile… por que estamos na cidade das nuvens? Precisamos proteger Alexandria!
Elandor, com seu jeito gentil, acariciou os cabelos de Atlas como se fosse seu sobrinho.
— Acredite em mim, você não iria querer estar naquele lugar agora. Os humanos que restaram lá… não gostam muito de você.
Após uma breve explicação, Atlas entendeu que não era mais bem-vindo em sua cidade natal. Mas os Loiren não explicaram o real motivo disso ter acontecido. Com essa história mal contada, Atlas decidiu que…
— Os humanos devem ser ruins… eles me odeiam sem motivo nenhum. Eu queria protegê-los dos infectados…
— Na verdade, não é bem assim… — Elandor ia dizer alguma coisa, mas foi interrompido.
Adrien já estava perdendo tempo demais, então ignorou as historinhas de seu pai e foi direto ao ponto. Ele estava liberando a androide que projetou de dentro da cápsula antes. — Espera! Precisamos dar a ela as memórias de Claire primeiro!
Rapidamente, Elandor pegou seu chip e o inseriu na máquina a frente de Adrien. Ele foi escaneado, e as memórias armazenadas naquele chip foram passadas para a androide dentro da cápsula antes que ela saísse…
Quando ela saiu, Atlas se enfiou no meio de todo mundo para ver também. Ele era bem curioso. A criação de Adrien era exatamente como ele descreveu: cabelos pretos e longos, corpo branco, uma saia tampando os quadris. Os olhos dela eram rosas, com as linhas de energia do seu corpo sendo rosas também. Isso era devido ao seu core de ametista.
— Onde… — ela olhou para baixo, observando as próprias mãos. Ela tinha as memórias de Claire, e não estava reconhecendo o próprio corpo em que estava. — Qual é o meu nome?!
Ela iria perguntar “onde eu estou”, mas a sua própria programação acabou mudando a frase original.
— Seu nome será Segunda Aurora, assim como ela desejava que fosse… — respondeu Elandor.
— Não… meu nome não é esse. Eu… não me lembro qual é o meu nome…
— Assim como eu me chamo Atlas, você agora se chama Aurora! — Atlas entrou na frente de todos para falar com ela, tinha um sorrisão no rosto. — Bem fácil, né?
— Atlas…?
Elandor deu um passo à frente, exibindo Adrien para Aurora.
— Seu objetivo é ser assistente do meu filho, este é Adrien Loiren. Mas não se preocupe! Ele sempre será bem gentil com você, pois é um bom garoto. — Em seguida, Elandor arrastou Lyra um pouco para frente, exibindo-a também. — Esta é “607 - Yra”, minha assistente. A chamamos casualmente de Lyra. Pode considerá-la a sua irmã.
Por último, Elandor olhou para Atlas, que esperava ansioso pelo seu cargo. — E aquele ali… erm, bem…
— Posso ser assistente da Aurora? — ele perguntou, com um olhar fixo nela. Aurora acabou se sentindo desconfortável.
— O quê? Você quer ser assistente da minha assistente?
Adrien achou um tanto suspeito, enquanto Elandor riu da pergunta.
— É claro que pode. Não é só porque ela é uma assistente, que não precise de uma certa assistência também.
No fim, o que parecia era que Elandor estava com medo de Atlas.
— Não… — Aurora recusou-se mais uma vez. — Meu objetivo é…
De repente, palavras apareceram em suas memórias. Uma androide caída ao chão, segurando um coelhinho laranja nas mãos. Ela dizia…
“Volte para o seu pai, e não importa o que aconteça depois dali… encontre… o paraíso.”
Não muito tempo depois, todos fizeram a viagem de volta para a torre central. Agora, todos estavam bem no topo dela, enquanto Elandor observava toda a vista da cidade pela vidraça. Era de fato, uma bela vista.
— Espero que se sintam bem enquanto estiverem conosco, no nosso humilde lar. Aqui as máquinas vivem felizes, a vida que os humanos de Alexandria almejavam tanto… Douceur Voile, o lar ideal para os androides. — Ele se virou para olhar Aurora e Atlas, com um grande e acolhedor sorriso no rosto. — Por isso, tenho o prazer de receber vocês em nossa casa… nosso próprio paraíso.
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