Volume 2
Capítulo 173: Convívio Amoroso; Segredo dos Nomes e (...)
— Agora eu entendo como que as pessoas são nomeadas e porque é desse jeito... mas eu não consigo entender como que esse Xa poderia servir para atacar quem fala seu nome, mesmo sem ser íntimo.
Qin Xa coçou a bochecha.
— Mesmo que eu diga que serve de defesa e ataque, eu mesmo nunca vi ninguém morrendo por falar um nome íntimo... E também nunca vi ninguém cheio de má sorte só porque não tem um nome. Eu nunca nem vi algo sem nome.
— E... — Katarina semicerrou os olhos.
— E o quê? — mais uma vez, Qin Xa deu de ombros. — Eu posso controlar o fogo e o vento, mas coisas como "carma" e "sorte" são coisas que eu não controlo. Dizem que falar o nome íntimo dos outros sem ser íntimo causa desgraça na sua vida... eu nunca vi o azar acontecendo, mas também nunca fui chamada de Xa.
Katarina estalou a língua.
— Você jogou minhas expectativas no lixo.
— Hehe, aprendi com a minha mãe. Por falar nisso, a mãe já escolheu qual vai ser o seu nome nesse mundo?
— Katarina Sa-
— Ei! — Qin Xa abriu os braços, num gesto de indignação. — Eu mudei de nome quando cheguei aqui! A mãe também tem que mudar! Além disso, você acha legal andar por aí com o nome com o qual você morreu? Sem contar que ser a única Katarina num mundo cheio de Song, Meng e Lin é estranho demais.
— Do que é que você está falando? No lugar que eu estou tem alguém chamado Kaiveldrenaxeuruz.
— Como é? — Qin Xa franziu as sobrancelhas, sem conseguir entender metade das palavras que Katarina falou.
— Kaiveldrenaxeuruz.
— Parece o nome de um feitiço antigo que vai invocar um demônio... — ela realmente não entendeu como que se pronunciava isso. Se é que havia uma pronúncia também.
Parecia que sua mãe estava falando em 10 idiomas diferentes ao mesmo tempo. Era bizarro de ouvir.
— Você sabe como que seu nome soa?
— Qin Xa?
— Não... é como se eu estivesse ouvindo um ruído embaixo d'água... eu consigo falar e ouvir... mas não consigo entender de jeito nenhum. É um tinido agudo e grave ao mesmo tempo.
As duas mulheres se encararam, e a mais nova assentiu.
— Esse nome soa do mesmo jeito para mim... só que eu invés de um barulho embaixo da água, é como se você falasse pela boca de 10 pessoas diferentes...
Katarina virou o rosto para a garota, que no canto da mesa olhava para o pergaminho com os conceitos do nome de Qin Xa escritos. Parecia perdida em pensamentos, mas deu uma respostas mesmo sem demonstrar estar ouvindo a conversa.
"Qin Xa tem razão. A língua da terra não tem vocabulário para compreender o jeito que falamos nesse universo, então é bom que ***** assuma um nome adequado a essa língua. Somente aprendendo até a língua a senhora poderá se cultivar como os outros..."
Virou seu rosto para a mulher, que estava sendo observada por Qin Xa, e completou:
"Isso também irá completar sua ressurreição verdadeira. Seu corpo e almas podem estar em sincronia..."
A expressão de Katarina ficou tensa ao ouvir o restante das palavras. Ela apertou o antebraço, perdida nas implicações do que acabou de ouvir...
— Ela concorda que eu preciso de um nome... — encarou a filha, cujos olhos grandes estavam refletindo sua expressão amarga.
— Mas é mais efetivo que eu seja nomeada por um parente meu... e que tenha uma relação de sangue comigo.
— Ou seja... é tudo bobagem. Um nome é só um nome.
— Sim, é uma bobagem. Que nome você acha que combina mais comigo?
"Ei! Esse assunto não é brincadeira! Nomes são importantes..."
— Mãe, não se preocupe! — Qin Xa estirou um dos braços e colocou a ponta dos dedos no peito, falando com alegria. E Katarina ignorou a garota, cuja expressão estava amarga. — Eu posso não ter muita coisa nesse mundo, mas eu ainda sou uma pessoa muito boa com nomes!
"Katarina, Qin Xa pode ser um gênio mais ela ainda é muito ignorante! Não haja como se as palavras dela fossem algum tipo de verdade que não pode ser desmentida. Nomes são importantes!"
A garota rugiu, fazendo com que todos os movimentos daquele mundo parassem completamente, congelados no tempo.
Katarina a encarou, enquanto Qin Xa travou numa expressão alegre.
"Um nome é uma coisa muito mais sagrada e importante do que o seu amor por ela! Não desperdice o poder do seu nome numa conversa que você pode nunca mais lembrar quando sair daqui!"
Katarina franziu os lábios.
— Você foi buscar minha alma para uma reencarnação, que eu não entendi o motivo até agora, sem explicar nada me deu essa coisa que está no meu corpo, e me pôs diante do meu filho, que de algum jeito se tornou mulher... Se ela não é a pessoa mais ligada a mim nesse mundo, quem que é?
A garota cerrou os punhos, estava em luta para falar algo e não tinha coragem para dizer. E Katarina completou:
— Diga, existe alguém nesse mundo que tenha algum laço de sangue comigo?
"Eu avisei... nomes são importantes. Se Qin Xa nomear você, você nunca poderá ter uma vida nesse mundo e viverá como um cadáver com alma. A destruição e o infortúnio irá ser seu manto ao anoitecer e a morte seguirá seus passos ao acordar. Mesmo que em sua vida passada tenha sido mãe Dela, você não tem nada que a proteja desse destino..."
Dito isto, a garota desapareceu daquele mundo e o tempo voltou a correr. Katarina abriu rapidamente um sorriso fraco para Qin Xa, sem dar a menor atenção ao aviso que recebeu.
— Eu duvido que você seja tão boa assim. Mas que escolha eu tenho? Vamos lá, que nomes você recomenda?
Qin Xa estalou os dedos. — Depende. Precisamos pensar primeiro num sobrenome. Quer o meu?
— Não. Eu já estou pensando no conceito do meu novo nome...
...
Katarina finalmente recebeu um nome que julgou digno de si — num evento que rendeu mais de 3 horas de debate, brigas e palavras carinhosas com o intuito de ofender. O que Liu Di Wo não demorou mais que segundos para fazer, as duas mulheres tiveram que revisitar décadas de seus passados, buscando algo importante para usar no nome.
— Nossa, minha mãe está bem arrogante para alguém que foi nomeada pela própria filha. — Qin Xa fez um movimento de abrir e fechar a mão ao lado do rosto, como se falasse através de um fantoche, vendo como sua mãe murmurava o próprio nome em transe.
"Pensando bem, quantas vezes no mundo houve uma filha que deu um nome a própria mãe e não o contrário? Acho que acabei de criar algo muito impressionante... tinha que ser eu para ser tão incrível! Uhull! Oh, minha personalidade voltou ao normal!"
Coçou o queixo — procurando uma barba que obviamente não tinha — como se fosse um velho sábio que contempla os mistérios do universo.
— Elan, só porque eu não sou mais a sua mãe de sangue, você acha que pode falar comigo como se eu fosse sua "pariceira"? — Katarina bateu de mão a vara que desde o dia anterior estava ao lado do pé de sua cadeira, e bufando, quase bateu na cabeça de Qin Xa, que se afastou e usou a cadeira como escudo!
— É Qin Xa! — disse, sorrindo com presunção. — E eu acho que minha mãe ficou mais violenta depois de chegar nesse mundo.
Katarina atacou por cima, num golpe descendente que Qin Xa desviou com facilidade, e viu com ainda mais facilidade a vara se demorar no ponto baixo e subir na transversal.
Ela se inclinou para trás, deixando o golpe passar no vacuo acima de sua barriga, e levantou rápido o suficiente para sair da trajetória da vara que desceu à centímetros das suas costas, enquanto dizia: — Ha ha ha ha ha! Não adianta me atacar, eu sou uma artista marci- Ai minha bunda!
Ela de repente pulou para longe de sua mãe, que bateu com a vara na mão, sorrindo. — Você é o quê? Eu só estou dando educação para meu filho imbecil que esqueceu que deve respeitar a própria mãe! Isso não é violência.
Qin Xa esfregou o local, sentindo mais humilhação do que dor. Na verdade ela poderia facilmente desviar disso, mas havia um propósito em deixar-se ser atingida... uma pena que sua bunda discordava tanto da consequência.
— Usar reforço de Qi não vale! Eu posso esquivar de qualquer ataque seu!
— Eu nem sei o que é isso. — disse, estalando a língua, mas havia um sádico sorriso em seu rosto. — E de que adianta você ser uma artista marcial, se você só é poderosa quando tem a força de 10 cavalos?
— Não pode ser... — esfregou a bunda. — Todo o meu duro e árduo treinamento de 1 semana não serviu de nada?
— E onde que isso é treinamento para alguma coisa, Elan?
— Dá para parar de me chamar de Elan? Eu sou Qin Xa!
— Eu sou sua mãe e chamo você do jeito que eu bem entender! — num gesto teatral, ergueu a vara e a baixou com força, fazendo Qin Xa desviar disso com facilidade.
Quando Katarina iria puxar a vara, ela viu as mãos de Qin Xa se tornarem um borrão indistinto e todos os seus dedos se abriram contra sua vontade, fazendo a vara sair de sua mão e em um instante estar sendo equilibrada no seu dedo mínimo de sua filha.
Não houve pressão forte ou pancada, a vara só saiu de sua mão.
— Ora, ora! — gargalhou. — Eu disse que sou uma artista marcial. Eu posso não ser a melhor sem meus poderes, mas eu ainda tenho um bocado de experiência com luta.
Katarina soltou um "Oh". — Faz de novo.
Qin Xa lhe entregou a vara e deixou-se ser atacada, dando uma segunda demonstração de sua técnica que desarmou Katarina em um instante.
— Nossa, isso parece mágica. É isso que o Qi faz?
— Não... — Qin Xa fez uma expressão estranha. — É a postura da mãe que é horrível. Tipo, eu treinei com espadas quando era criança, espera... eu treinei há uns anos, e a mãe tem a mesma postura que uma criança desse mundo. Uma criança com deficiência, já que a maioria das crianças já nascem com uma espécie de instinto para usar armas.
— É tão ruim assim?
— Horrível. — Qin Xa entregou a vara de volta. — Se a mãe lutasse contra uma criança de 5 anos em uma batalha de espadas, a técnica dela seria muito melhor.
Katarina sentou-se e pegou a xícara de café.
— Parece que eu vou ter que aprender a lutar então... quanto tempo você acha que vai levar para eu dominar a arte da espada?
Qin Xa contou nos dedos, — 100 séculos! — e mostrou só 3 deles.
— Seu rabo! — Katarina quase cuspiu o café, indignada. Que tipo de conta era essa?
— Eu não tenho rabo.
— Como é que eu vou demorar 10.000 anos para aprender a balançar uma espada? — tudo bem que agora elas estavam brincando, mas a pergunta que ela fez foi séria!
— Bem, você perguntou quanto tempo iria precisar para "dominar", não para "aprender".
— E tem diferença?
— Claro. Sabia que nesse mundo dá para lutar com uma espada usando apenas o movimento dos olhos? Isso é um dos domínios da espada. — Qin Xa sentou-se também, mas não bebeu do café.
Sinceramente, depois de 1 dia bebendo isso, já havia passado toda a nostalgia que ela sentia pelo gosto. Sem contar que nesse mundo até as frutinhas do mato eram mais gostosas e intensas que esse café.
Na sua boca ele parecia uma gota de água diluída em 1 litro de água.
— E onde que isso ainda é uma espada? Até onde eu sei, acho que isso aí é telecinese.
— Não... vamos lá! Eu vou mostrar para a mãe como o Qi, a Energia Mental e a Força da Alma deixou esse mundo todo torto. Fica em uma posição confortável e começa a falar as palavras que eu vou dizer. Isso ajuda a acalmar a mente e se concentrar no Qi... Isso se chama técnica de concentração. É quase como uma auto-hipnose que aprendizes usam.
Era hora de finalmente parar de brincar de casinha. Pensou, vendo sua mãe se ajeitar na cadeira, se preparando para receber seus ensinamentos.
Mesmo sorrindo, Qin Xa não poderia estar mais séria por dentro. Não era sua vontade, e muito menos era a sua intenção fazer sua mãe se transformar em uma das bilhões de mulheres que resolveram segurar uma espada...
Mas para protegê-la, Qin Xa preferia mil vezes que essa espada estivesse nas mãos de sua mãe do que em seu coração, só porquê ela foi fraca.
Seja no futuro, seja no passado — onde quer que sua mãe estivesse nesse momento, desde que fosse nesse mundo ela iria precisar de poder! Muito poder!
"Aleatório foi você vir aqui quando morreu. Você poderia estar no lugar errado e na hora errada… mas Lou Bin Luo estava no lugar certo e na hora certa. Ou é aleatório ela nascer em um mundo com baixo nível de poder e depois ir para um onde ela pode ficar infinitamente mais forte? É aleatório ela receber o poder de um dragão com milhões de anos e uma vingança pendente? Não me diga que você realmente acredita nisso…"
As palavras da mulher que estava naquele lugar estranho ecoaram pela sua mente como o bater do martelo de um ferreiro, que usava a força de seus braços para criar uma rede de aço, cuja função era cercar sua vida com uma coisa muito tosca, horrendamente esquecível e macabra como o olhar de um cego — o Destino.
Fosse Lou Bin Luo, fosse Ranyu Sheng, fosse o restante do mundo ou sua mãe... todos estavam nas mãos desse sujeito e Qin Xa não estava gostando nem um pouco disso.
...
Katarina fez como dito e procurou a posição mais confortável — sua curiosidade levando a melhor sobre sua mente. Pôs as mãos sobre as coxas, fechando os olhos e abaixando a cabeça.
Bem, assim era bastante confortável.
Para sinalizar que estava pronta, assentiu com leveza num movimento que a fez se assemelhar com uma boneca.
— Já que a mãe é uma iniciante, vamos começar com a técnica de concentração mais fraca que eu conheço... --- --- ------
Ao ouvir as palavras vindas da boca de sua filha, mesmo com os olhos fechados, Katarina viu o universo inteiro se deformar, derreter e se remodelar numa forma absolutamente irreconhecível.
Perdeu-se naquela macabra mistura de sons impossíveis de entender. Figuras incompreensíveis para seus olhos. Sensações intensas como cair na lava de um vulcão ou afundar num lago congelante...
Quis abrir os olhos. Não teve forças.
Quis gritar. Não tinha boca.
Quis compreender seu entorno. Sua mente apagou.
Quis tudo.
Não quis mais nada.
O que era querer?
O que era?
Quem ela era?
Ela?
..
Qin Xa vendo sua mãe perder a consciência, sorriu — como se entendesse algo, e falou: — Você acha que eu exagerei em dar minha técnica mais fraca, junto com a compreensão do maior gênio que já caminhou sobre a face desse mundo?
A luz brilhou ao seu redor.
"Haverá consequências. Para você e para ela."
— Se ela conseguir entender como sobreviver e começar a viver nesse mundo... eu posso suportar qualquer consequência.
Como ela pensou. Chegou a hora de parar de brincar de casinha.
Esse reencontro precisava acabar... mas, ela iria aproveitar sua mãe apenas mais um pouco. O suficiente para não permitir que ela se torne alguém comum.
Porque se havia algo que ela aprendeu nos quase 13 anos que passou nessa vida, foi que pessoas comuns são inimigas do mundo. Enquanto os extraordinários são os verdadeiros mestres.
Qin Xa riu...
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