Volume 2

Capítulo 169: Convívio Amoroso; A Verdade Destrói

 

Seu corpo pesava, de um jeito que lhe trouxe memórias muito ruins do tempo que passou em cima daquela cama... só que um aroma suave de assado por um momento carregou um sorriso até seu rosto, antes dela abrir os olhos lembrando — como se cacos de vidro rasgassem sua pele — do ato abominável que acabou de fazer com sua filha!

"VOCÊ NÃO FOI PODEROSA O SUFICIENTE..."

Katarina abriu os olhos, já chorando e querendo levantar. 

Mas uma mão gentil — porém, forte e pesada — a empurrou para baixo, e a voz de sua filha rompeu o silêncio demoníaco que enchia seus ouvidos.

— Fique deitada, mãe. Você ainda não pode levantar...

Katarina mordeu os lábios, não reconhecendo o rosto infantil que estava por trás daquela camada de lágrimas.

...

Primeiro veio um sono pesado que lhe tirou a vida — vida essa que nos momentos finais, só a deixava olhar para a imagem desfocada, horrível de encarar, daquele aparelho que ela não conseguia pronunciar o nome nesse mundo...

Ao cair no sono, Katarina imaginou que nunca mais acordaria para ver seu filho, Elan... e assim foi. 

Ela morreu. 

Não houve uma dor súbita, uma revelação divina, muito menos uma compreensão do que toda sua vida significou. Pensou que em seus momentos finais haveria algo de extraordinário acontecendo. Só que não houve.

Sua vida acabou, e a morte lhe envolveu no nada. Não era um lugar escuro, não era sequer um lugar. 

Era a morte.

E então tudo ficou preto.

Só que após um momento de escuridão, surgiu uma luz resplandecente como a criação do universo multiplicada 100 trilhões de vezes. 

Diante de Katarina, um ser de luz se materializou, exalando nada mais que felicidade, ao gritar e lhe dar um abraço! — Yaaaaaa! Eu te achei! ***** eu finalmente te achei! 

Katarina não poderia estar mais atordoada com aquilo... e conforme os dias se passaram vivendo com aquela pessoa, para seu horror ela soube de tudo o que aconteceu na vida do seu filho, que diferente dela, viveu uma vida inteira num mundo desconhecido — e como uma mulher — e teve conquistas que era impossível imaginar a escala.

Só que a derrota que ela sofreu... Katarina quase morreu de novo ao descobrir as atrocidades pela qual seu amado filho passou.

Mas de alguma forma, aquela garota conseguiu criar uma técnica que permitia o encontro impossível das duas... e assim aconteceu.

Katarina surgiu num espaço repleto de sombras, e diante dela uma garota chorava em desespero. Era de partir o coração. 

Era seu filho. E não era ao mesmo tempo.

Mas era uma garota estranha. Não seu filho.

Ela sabia que a alma de seu filho habitava o corpo daquela garotinha... mas o peso de saber disso junto com a gravidade do conhecimento que acabou de receber... doía!

Kataria queria gritar e mandar aquela menina pequena e fraca fugir do futuro que lhe aguardava!

Queria ter o poder para tirá-la da estrada espinhosa e obscura que se estendia diante de seus pés! 

Mas ao seu lado, a mesma garota que lhe deu uma nova vida, falou as palavras que serviram como os grilhões de sua alma:

— ***** não fale nada sobre o futuro para ela. O futuro de Qin Xa já está decretado e essa é a única linha em que Qin Xa ainda pode ser chamada de sua filha... se você falar algo, ela irá desaparecer para sempre do mundo. Essa Qin Xa precisa acreditar que vocês estão separadas apenas pela distância...

Katarina se viu obrigada a engolir o nó que surgiu em sua garganta. Mas sua determinação quase ruiu completamente com a primeira palavra que saiu da boca da garota...

— Mãe!

Essa era uma piada criada por aquelas coisas abomináveis?

Era assim que resolveram castigá-la por trazer seu filho a essa vida?

Viver com a dor de entregá-la ao sofrimento inevitável, ou viver com a miséria de ser aquela que destruiu a última possibilidade de sua criança existir?

Ela, Katarina, realmente precisava escolher entre essas duas e únicas possibilidades!

Quando Qin Xa, pela primeira vez em sua segunda vida, envolveu os braços trêmulos e sem forças no calor de sua mãe — Katarina entendeu que esse era um encontro que não poderia ter acontecido. O adeus que ela não poderia pronunciar. E o maior segredo que deveria guardar de sua prole.

O futuro.

O futuro sombrio que ela teria que viver, para não cair na aniquilação completa. 

Se aquela criança estava de joelhos, chorando de incredulidade e alívio, Katarina sentiu que uma quantidade igual de dor, e ódio consumia sua alma ao ver isso... 

Mas nunca que ela teria coragem de expressar isso nesse momento. Não poderia. Não nesse mundo, nem nessa realidade, muito menos na frente do seu tesouro.

Então... ela engoliu o choro, e caminhou até tocar aquele rostinho desesperado para enchugar as lágrimas que não paravam de fluir.

— Como? Não tem como você ser real...!

Mas era real. Era tão real que ela desejou que não passasse de uma maldita ilusão!

— Vamos, pare de chorar. Por acaso algum bicho te mordeu? Desse jeito você vai me deixar triste também. Sabia que um rostinho tão lindo não deveria estar manchado de lágrimas?

"Sim, meu filho. Não chore por mim... não chore por essa velha que não vale nada. Você não tem que chorar, porquê chorar não vai salvar você... então não chore e não dê atenção a essa dor. Você só precisa de força. Seja forte...!!!"

*****

— Qin Xa... — Katarina segurou a mão cuidadosa de sua filha, que se moveu para secar suas lágrimas com um lenço. 

Qin Xa esboçou um sorriso cheio de dentes.

— Essa sou eu. Como foi seu cochilo? — estava sentada na beirada da cama fofa demais, tão fofa que as duas afundaram no colchão. 

— Eu... — procurou palavras para completar uma mera frase, mas ver aquele rosto sorrindo matou sua vontade de falar alguma coisa.

Ela ainda estava lá! Ainda sorria! Sua vida ainda estava protegida!

— Por que eu desmaiei? — desviou o olhar, levando as mãos aos olhos e esfregando a ponte nasal.

— Se chama desvio de Qi. — Qin Xa recolheu a mão, procurando bem as palavras que iria usar.

— Sabe quando você está andando e tropeça no próprio pé? Acontece a mesma coisa com o Qi dentro do seu corpo e ao invés dele cair, ele sai correndo pelo seu corpo inteiro como quem está fugindo do cemitério, depois de jogar uma pedra lá meia-noite. 

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