Volume 2
Capítulo 167: Convívio Amoroso; Eu Sou Uma Mulher Com Tudo Que Tenho Direito!
Depois de finalmente conseguir ajustar seu estado mental, tomando banho, Qin Xa deixou aquele pequeno e aconchegante banheiro para trás e entrou diretamente na cozinha, onde sua mãe estava encarando o forno, cujo interior incandescente revelava uma forma com uma torta sendo cozida.
Qin Xa trotou até o fogão — sob o olhar inquisidor de Katarina — e ficou de cócoras lá, encarando as labaredas azuis esquentarem o alimento... mas havia algo de muito estranho nessa situação toda.
— Como que a mãe preparou uma torta em menos de 20 minutos?
O canto dos lábios de Katarina se contraiu e ela puxou uma mexa do cabelo sedoso de Qin Xa. — Você passou 50 minutos naquele banheiro, sua idiota! Qual é o seu problema com banhos normais?
— Que? Eu achei que tivesse sido só 20.
— Você achou errado... — a irritação da mulher se transformou em curiosidade quando seus 10 dedos mergulharam por entre os fios finos e lisos daquele cabelo verde. — o que é que você passa nesse cabelo para ele ser tão macio? E por que todo mundo desse mundo tem cabelo tingido? Eu não vi quase ninguém com cabelo preto ou castanho...
Qin Xa olhou para cima, ainda de cócoras, com uma expressão semelhante à de um gato que recebe carinho. — Eu não uso nada demais... A qualidade do cabelo depende da genética das pessoas desse mundo, e eu nasci muito abençoada com isso. Meu suor não tem nem gosto nem cheiro também. E a cor... eu não sei. Mas o Qi modifica os genes das pessoas, então não é estranho ver pessoas coloridas. A mãe viu as pessoas que são uma mistura de animais?
— Ah! — Katarina assentiu, parecendo se lembrar de alguém. — Vi! Eu quase achei que estava no céu quando aquela garota apareceu depois da minha morte com aquelas asas mais brancas que a luz. E depois que ela me trouxe para esse mundo nós aparecemos no meio de um oceano cheio de gigantes feios, com um monte tentáculos nojentos que queiriam nos atacar. Foi alí que eu percebi: Aqui definitivamente não é a Terra.
A expressão de Qin Xa mudou para preocupação num instante.
— A mãe não reencarnou como eu?
— Não... tinha essa opção? — Katarina ficou confusa. — Aquela garota disse que podia trazer minha alma diretamente para esse mundo... e quando a gente chegou aqui ela fez meu corpo a partir de uma gota de orvalho da folha de uma árvore muito grande. Tipo, era muito grande mesmo!
Qin Xa fez bico. — Uns 10 quilômetros?
— Isso é grande? — Katarina olhou para cima, como se quisesse comparar suas memórias do que eram 10 quilômetros reto com o tamanho da árvore, e seu nariz atingiu o ângulo de 90º graus.
— Ela tinha o tamanho da lua da terra!
— Que merda de árvore é essa?! — Qin Xa quase se engasgou com saliva tentando entender esse tamanho.
— Eu disse a mesma coisa quando vi aquilo. — os dedos da mulher não deixaram os cabelos da garota, porém. — Só uma folha dela já era maior que uma cidade. E aquela gota de orvalho era maior que uma barragem! Qual a razão para aquela árvore crescer tanto assim? Não existe gravidade nesse mundo?
— Não sei, a maior árvore que eu vi tinha 3 quilômetros de tamanho... — Qin Xa abaixou a cabeça, fazendo um cálculo e chegando a conclusão de que sua mãe ou estava exagerando, ou não tinha uma noção da verdadeira extensão daquela árvore.
1500 quilômetros cúbicos de água — supôs ser o tamanho de uma barragem — para formar o corpo dela, que tinha só 1,74 metro... o quão tirânico era o corpo dessa mulher agora? Com toda essa massa junta a força dela era bizarra, e parecia que ela nem tinha noção disso.
Talvez a forma milagrosa como seu corpo foi feito — que era difícil de acreditar — tivesse mudado as propriedades da matéria.
— Mesmo assim, 3 quilômetros ainda é muito. As coisas são muito grandes nesse mundo... — Katarina balançou a cabeça, olhando para baixo e encontrando o olhar de Qin Xa.
— Não é que eu esteja reclamando nem nada, mas vai ficar massageando meu cabelo até quando?
— ... chata. — a mulher afastou as mãos e falou com um tom melancólico. — Eu sempre quis uma filha-
— E agora você tem. — Qin Xa pulou. — Eu! A melhor filha que alguém poderia desejar!
— Você é macho, Elan! — Qin Xa olhou para seus peitos.
— Acho que não... — ela balançou a cabeça, e Katarina estava prestes a fazer tricô com as sobrancelhas.
— Eu não acredito que o filho homem que eu criei com tanto amor quer ser uma mulher.
— Que degradação é essa com as mulheres? Parece até que é errado ser mulher. — Qin Xa cruzou os braços.
— Não é errado ser mulher. Errado é um homem agir como se fosse mulher!
— Mas eu sou mulher... — Qin Xa já não sabia o que dizer para convencer sua mãe. Sério, uma hora de discussão sobre o assunto não parecia estar rendendo muito.
— Eu até tenho uma vagina. Quer ver?
— ... — Katarina a encarou nos olhos, definitivamente ainda sem acreditar nisso. — ... sim.
— Como assim "sim", Dona Katarina? Desde quando eu sou alguém de andar mentindo?
— Desde que tinha 5 anos. — essas palavras fizeram a garota ficar muda, e agora foi a vez da mãe cruzar os braços. — Me mostra.
— Você acredita mais em uma árvore do tamanho da lua, na reencarnação, numa pessoa que está do meu lado e eu não posso ver, mas não acredita que eu sou mulher?
— Essas coisas eu vi com meus próprios olhos.
— E por acaso eu sou invisível?
Se encarando, e sentindo o cheiro da torta começar a se espalhar pela cozinha, Qin Xa não hesitou em tirar as roupas.
3 minutos depois...
— Meu Deus... você... — Katarina parecia ter perdido alguma coisa. Como um objetivo de vida.
Qin Xa terminou de se vestir e viu a mulher sentar-se contra um banquinho rosa que estava perto do balcão.
— O meu filho realmente se transformou em uma mulher... uma mulher com tudo que uma mulher tem...
"Mãe, eu sinto que você é contra a existência de mulheres no mundo, falando desse jeito..."
— Achei que tivesse acreditado quando a gente estava tomando café...
— Eu tinha acreditado. — pôs a mão na testa, encarando "o filho" apenas com o olho esquerdo. — Mas quando você perguntou se eu queria ver eu fiquei sem acreditar de novo...
— Vamos pôr um fim nessa discussão. Agora eu sou uma mulher e isso não vai mudar. Chega de tentar me convencer de que eu deveria ser homem.
— Mas...
— Sem mas! — Qin Xa sentou-se, encarando o fogão.
— Esse é um mundo onde com apenas 12 anos eu fui expulsa de casa, sequestrada, jogada no meio de um monte de assassinos malucos para participar de um massacre, — estava fora do seu olhar, por isso não percebeu que enquanto falava o rosto de Katarina num instante ficou pálido. A mulher desviou o olhar, ouvindo o resto.
— ... depois fui jogada uma guerra, aí eu caí num buraco especial e fui parar em outro planeta e esses dias quase morri nas mãos de um camaleão. Se eu sou a reencarnação de um homem no corpo de uma mulher isso pouco importa. Eu sou o que sou e é isso!
Katarina ficou em silêncio, e Qin Xa não fez questão de falar mais nada. Sabia que não adiantava discutir um assunto tão sem sentido nesse mundo, mesmo que isso magoasse sua mãe.
Respirando fundo e refletindo por alguns minutos, Katarina abriu um pote com doces e começou a comê-los.
Falando com a boca cheia, seu tom foi propositadamente difícil de entender.
— Faz só alguns dias que eu cheguei nesse mundo... mas eu já vi umas 500 pessoas morrendo... — Qin Xa a encarou, não parecia surpresa com isso, mas sim um pouco triste. — Qin Xa... você também é um desses assassinos malucos? Você já matou pessoas também?
— Matar eu nunca matei... mas eu já deixei alguns a beira da morte, principalmente quem queria me matar. Se eles conseguiram sobreviver ou não, eu não sei. Eu quero acreditar que nunca matei ninguém, mas acho que isso é só hipocrisia minha também. Uma vez eu congelei o corpo de um homem, depois de ferir ele gravemente e deixei ele para que ele mesmo pudesse escapar...
Katarina viu o rosto da garota se encher de desagrado.
— Mas naquele lugar tinha uma grande quantidade de Energia Yin, que é uma energia que fortalece as mulheres e enfraquece os homens quando os corpos deles absorvem uma quantidade razoável, então é difícil dizer se ele morreu congelado sem conseguir sair daquele bloco de gelo, ou morreu congelado por minha causa… O único fato é, eu deixei ele numa situação em que a chance dele sobreviver era menor do que a de morrer. A pergunta certa não é "se" eu já matei... em algum momento pode ter acontecido. Eu só não sei quando foi.
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