Sessão 6
Capítulo 139 — Casal Feliz, mas Baka
A manhã chega como de costume. Para ser honesto, eu não dormi muito.
As palavras que disse para Ichijou-san na noite passada continuam ecoando na minha cabeça:
“Não há necessidade de pressa. Se estiver tudo bem para você... Eu sempre estarei ao seu lado, Ichijou-san. Não vou desaparecer, nunca.”
Quando lembro disso, minha mente fica em branco e eu solto um grito inaudível. Minhas palavras foram vergonhosamente pesadas. Quero dizer, foram realmente pesadas demais.
Pensando com calma, eu já fui além de uma confissão e disse algo... absurdo.
Não consigo deixar de me envergonhar.
Mas o que me chocou ainda mais foram as palavras dela, que vieram logo depois das minhas:
“Sim. Não me solte.”
O que isso significa? O que vai acontecer com o nosso relacionamento agora?
Será que isso quer dizer que ela aceitou minhas palavras, que foram mais pesadas que uma confissão?...
Cambaleando, terminei meu café da manhã e saí.
Lá estava Ichijou-san me esperando, sorrindo, como sempre.
“Ah, bom dia, Senpai!”
Depois de tudo o que aconteceu ontem à noite, ela ainda me sorriu naturalmente.
“Ah, bom dia.”
Respondi no meu tom habitual, tanto quanto possível. Ela sorriu um pouco, olhou para baixo e começou a andar.
Ela fala menos do que o normal. E dava para ver claramente que estava tentando evitar falar sobre ontem. Tentei acompanhar o ritmo dela o máximo que pude.
Mesmo com mais silêncio, me sinto mais feliz do que o normal. Esse relacionamento não dito cria momentos muito preciosos.
Estamos dando os mesmos passos em direção ao mesmo destino. Só isso nunca mudará.
— Perspectiva de Ai —
Como de costume, estou esperando por ele em frente ao Kitchen Aono.
O que devo fazer? Não consigo parar de sorrir. Obviamente, sou eu quem está flutuando por aí. Agora é certo que, pelo menos, Eiji-senpai se importa comigo.
Dá pra ver como esse simples fato, colocado em palavras, pode te deixar tão feliz.
“Eu o amo.”
Pensando na pessoa que amo, deixei essas palavras subirem ao céu. Lentamente, elas se desfazem e criam um sentimento persistente. Meu coração fica aquecido.
Logo ele sai de casa. Faço o máximo para cumprimentá-lo como sempre. Mas juro que não consigo olhar diretamente para o seu rosto. Se eu o fizesse, tenho certeza de que lembraria do que ele disse ontem.
Ele sabe exatamente o que eu desejava desde que minha mãe morreu. Acho que Aono Eiji, um futuro romancista, entendeu meu estado psicológico mais profundo. Ou melhor, entendeu mais do que eu mesma...
Eu queria uma família. Só queria ser realmente amada e amar alguém.
Não queria ser tratada como um troféu ou um acessório.
Os homens que me confessaram ou se aproximaram de mim, incluindo aquele macaco, Kondo, pareciam interessados apenas no meu rosto e no meu status. Para eles, eu era apenas uma decoração.
A humilhação e o desespero de ser tratada como uma “coisa” por alguém com quem eu nunca havia realmente conversado aprofundaram a solidão que eu sentia desde a perda da minha mãe e envenenaram meu coração.
Apenas ele foi diferente.
Ele me tratou como uma pessoa, não como uma coisa. Foi ele quem me salvou da solidão.
Enquanto ouvia suas palavras ontem, sua presença cresceu cada vez mais no meu coração.
Quanto mais sua presença crescia, mais as palavras que eu costumava dizer casualmente se tornavam indizíveis. Por isso, há mais silêncio do que o normal.
No entanto, eu não tinha pressa em dizer essas palavras. Na verdade, o silêncio era agradável.
Ele me disse que não havia necessidade de pressa. Eu vou, aos poucos, me tornar mais natural. Sinto que, junto com ele, posso superar meus laços familiares pesados, as memórias dolorosas do passado e a realidade da qual venho fugindo.
Ele tentou ajustar o passo dele ao meu. E o que ele busca é o mesmo que eu. Só esse tipo de gentileza... Não, vamos colocar isso em palavras.
“Senpai, obrigada por sempre acompanhar o meu ritmo de caminhada.”
Ele ri timidamente.
“Ah, fui descoberto.”
“Eu sabia, é claro. Estamos sempre juntos...”
“Entendo.”
“Eu amo esse seu jeito gentil e atencioso…”
Com um pouco de brincadeira e muita gratidão, continuamos no nosso próprio ritmo.
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