Sessão 5

Capítulo 102 — A Frustração da Presidente

 

 Perspectiva da Presidente 

Não consegui dormir nada. Estou com medo demais de ver a reação ao meu romance.

Mas eu preciso ver.

Com as mãos trêmulas, pego o celular e abro minha página.

O romance do Eiji teve cinco dígitos de visualizações só hoje.

O meu…

Um dígito.

A avaliação é 0.

Há apenas um comentário.

[Estou gostando até agora…

Não esperava que a diferença fosse tão grande. É verdade que romances na web não são muito do meu gosto. Mas o mesmo vale para o Eiji-kun. O fato de a diferença entre nós ter ficado tão evidente significa que eu não tenho talento.

“Eu não quero admitir! Não tem como admitir!! É impossível a diferença entre eu e ele ser tão grande!!!”

… Foi interessante. Mas achei um pouco convencional. Parecia uma versão piorada do romance do Eiji, que está atualmente em alta no mesmo gênero.]

“Eiji Aono! Até onde esse cara tem que estar acima de mim?!”

Jogo o travesseiro no chão com toda a força.

Meu orgulho já foi completamente destruído. Rasguei o certificado do concurso de redação que venci no verão passado.

Por quê? Será que eu não tenho talento? Eu amo tanto escrever. Por que o Eiji-kun tem aquilo que eu mais quero?

Por quê!!!

Mesmo que eu quisesse destruí-lo, não posso.

Sentimentos realmente distorcidos. O ciúme que havia diminuído reacendeu dentro de mim.

No começo, ele era apenas um kouhai fofo. Enquanto lia o romance, comecei a gostar dele. Mas ele tinha namorada. E ainda possuía um talento literário que superava o meu. Meus sentimentos já estavam uma bagunça.

Olhei no espelho. Parecia um zumbi.

Tonta, vesti o uniforme escolar e saí. Não havia como tomar café da manhã. Mesmo que comesse, não sentiria gosto de nada.

Sem perceber, me aproximava da escola.

Quando estava prestes a virar a esquina, vi Eiji Aono caminhando com uma garota. Ichijou Ai. O boato era verdade.

Os dois pareciam não me notar.

Conversavam alegremente, em voz baixa.

“Já passou uma noite inteira, mas ainda não consigo acreditar.”

“Sim, eu também estou realmente surpreso.”

“Não dá pra acreditar que alguém de uma editora entrou em contato com você, Senpai.”

Editora?

Isso significa que…

Percebi a resposta imediatamente. Não, acho que apenas tentei não pensar nisso. Essa possibilidade estava no fundo da minha mente desde a noite passada. Mas, se fosse verdade, eu não conseguiria manter meu orgulho. Eu sabia disso, então empurrei o pensamento para o fundo da cabeça e tentei ignorá-lo.

Por que vocês me forçam a encarar essa realidade dolorosa?

Nããããão…!!!

Na minha mente, meu outro eu gritava como uma criança. Foi tudo o que consegui fazer para não desabar ali mesmo.

A editora notou o gênio chamado Eiji e o procurou. Se as coisas continuarem assim, ele logo fará sua estreia profissional. Tenho certeza disso, porque fui eu quem mais leu suas obras. Seu talento está longe de se esgotar.

Sinto como se estivesse assistindo a um foguete sendo lançado bem acima de mim. Como se eu fosse apenas uma espectadora. Quero ser uma personagem da história, mas a cruel realidade nem isso permite.

Está completamente fora do meu alcance.

É isso. Admito minha falta de talento. Até agora, eu zombava mentalmente da falta de talento dos outros e, no fim, fazia o mesmo comigo. Inconscientemente.

Fiquei horrorizada ao perceber isso.

Comecei a correr até a sala do Clube de Literatura. Tirei todos os meus manuscritos antigos da gaveta da mesa da presidente. Centenas de páginas do meu esforço. Rasguei tudo e joguei fora.

Os pedaços rasgados voaram pelo ar e se espalharam pelo chão. Tudo o que fiz até agora foi em vão. Não preciso mais dessas coisas inúteis. Comparado ao manuscrito de Eiji Aono, sinto vergonha e vontade de morrer. Não posso vencer. Não há como vencer.

Então saí correndo da sala, deixando tudo em desordem.

Não preciso mais ir às aulas. Vou pra casa e penso em maneiras de não aceitar essa realidade. Tudo bem. Sou boa em planejar esse tipo de coisa.

“Tenho que sair daqui. Se eu ficar… não serei mais eu mesma.”

Eu nunca vou perdoar Eiji Aono!! Nunca!!!

Deixei a escola.

Mal sabia eu que essa era a entrada para a escadaria do desespero. Incapaz de admitir que fui idiota o bastante para abrir a caixa de Pandora, simplesmente comecei a cair.

 

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