Sessão 5
Capítulo 101 — Conselheiro Kondo e Manhã do Desespero
— Perspectiva do Conselheiro Kondo —
A manhã chegou. Não preguei os olhos e esperei o sol nascer. Não havia nada que eu pudesse fazer. Só esse desespero restava.
A mídia poderia aparecer pela manhã. Eu sabia que precisava sair daqui o quanto antes, mas estava tão sem esperanças que nem conseguia me mover.
Recebi uma mensagem de texto do meu advogado.
[Escute, Kondo-san. Por favor, não diga nada desnecessário. Mesmo que te perguntem algo, responda que não pode falar porque a investigação está em andamento.]
Quando vi aquela mensagem, o medo aumentou ainda mais. Percebi que me tornei inimigo do mundo. Eu odeio isso. Não tenho alternativa a não ser fugir daqui. Se eu cometer um erro, serei preso.
Perderei tudo. Minha fama, meu trabalho, meu dinheiro, minha família, tudo. …
Com meu medo máximo, consegui sair da cama. Eu sabia que precisava agir, então fui até a garagem abrir a porta. Primeiro eu tinha que correr para um hotel ou algo assim e me esconder nas nuvens.
Finalmente estava pronto. Com isso em mente, saí pela porta da frente e encontrei vários membros da imprensa já ali.
Senti meu sangue gelar.
“Conselheiro Kondo. Conte-nos sua versão. Esse áudio é seu?”
“O que o senhor sente sobre sua responsabilidade?”
“É verdade que seu filho está sob custódia da polícia?”
Tentei fugir, mas fui imediatamente cercado.
“Não fuja. O senhor é responsável perante seus eleitores!”
“Se fugir, significa que admite, certo?”
Estou tão assustado que as palavras não saem. Mas consegui roubar algumas.
“Estou atualmente sendo investigado pelo caso do meu filho e meu advogado pediu que eu não fale nada. Peço desculpas pelo transtorno que causei.”
Mas essas palavras não são suficientes para fazê-los me perdoar. A perseguição continua.
“O que o senhor sente sobre as supostas ameaças feitas pelo senhor?”
“É inimaginável que um membro do Conselho ameace um cidadão.”
Começo a entrar em pânico e, finalmente, saem de mim algumas palavras estranhas.
“Quanto a essa declaração, eu estava me expressando metaforicamente, e peço profundamente desculpas por ter levado a outra parte ao engano. Porém, tornei-me conselheiro com a confiança do povo. Quero honrar essa responsabilidade no meu cargo. …”
Acho que escorreguei quando disse isso. Soube na hora que estava jogando lenha na fogueira.
“Então o senhor nega?”
“Não é forçar demais chamar isso de metafórico?”
“O senhor realmente acha que isso vai convencer o público?”
Não há mais o que fazer. Vou fugir e deixar este lugar.
“Não fuja!”
A frustração explodiu e eu gritei involuntariamente.
“Calem a boca!!!”
As pessoas da mídia ficam paradas, talvez confusas com minhas palavras.
Puxo meu carro para fora da garagem e fujo do local sem pensar duas vezes.
O que vai acontecer comigo?
Meu telefone toca. É a filial do partido ao qual pertenço.
[Mostre seu rosto aqui imediatamente.]
A mensagem era educada, mas transmitia raiva.
Dirigi com medo de ser arruinado. Como posso encobrir isso? Há alguma maneira de evitar esse caminho de destruição? Senti pena de mim mesmo enquanto dirigia chorando.
****
“Ei, você conseguiu uma boa foto. Do jeito que ele está, parece um covarde e um palhaço mau.”
“Isso vai estar em todas as notícias da manhã.”
“Embora eu não tenha confirmação definitiva do áudio, consegui a reação que queria.”
“Certo, agora só precisamos dar repercussão e arrastálo para a coletiva de desculpas!”
Pela primeira vez em muito tempo, os envolvidos se uniram além dos interesses da emissora. Ninguém conseguiu conter o fogo.
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