Sessão 4

Capítulo 91 — O Conselheiro Kondo de Joelhos

 

 

 Perspectiva do Pai Kondo 

“O que... você... está dizendo...?

Com a voz trêmula, essas palavras escaparam sem querer da minha boca.

“É inútil tentar esconder, Kondo-kun. Eu já soube de tudo por trás dos panos. Se queria se desculpar, o mínimo de educação seria contatá-los antes. Mas você aparece do nada, fala em dinheiro e ainda tenta forçar um acordo sem considerar os sentimentos da vítima. Como ser humano, isso foi a pior coisa que poderia ter feito.”

Ao ouvir essas palavras, meu sangue gelou.

“Desculpe… perdi a compostura e usei palavras fortes.”

Fiquei sem saber o que dizer.

“Entendo. Mas, Kondo-kun, eu sou colega do diretor da escola do seu filho. Agora que disse tudo isso, você entende o que quero dizer?”

Senti um fio de suor frio escorrer pelas costas. Lembrei-me do que havia dito ao diretor mais cedo.

“Isso foi...”

Será que o ex-prefeito soube de tudo?!

Quando percebi o significado disso, comecei a tremer sem parar.

“Enfim… Aono-san, ligue a TV. Está quase na hora. O grande momento do Eiji-kun vai começar. Gravei, mas quero ver ao vivo. Vamos deixar o palhaço de lado por um momento.”

“Ah, sim.”

Eles simplesmente me ignoraram e ligaram a TV do restaurante. Era o noticiário da noite.

Uma apresentadora lia a matéria:

[Estudantes do ensino médio recebem certificado de apreço. Eiji Aono, aluno do segundo ano, e Ai Ichijou, aluna do primeiro ano, ambos da cidade XX, receberam um certificado de agradecimento do corpo de bombeiros. No último sábado, eles socorreram um idoso que desmaiou de repente em frente à estação. O casal deixou o local discretamente após o idoso ser levado de ambulância, sem revelar seus nomes. Um vídeo que mostra os dois heróis prestando socorro viralizou nas redes sociais, e o corpo de bombeiros, junto com a polícia, iniciou uma busca para identificá-los. Eles foram reconhecidos por um professor da escola em que estudam…]

Após a voz da repórter, surgiram imagens de dois jovens sorridentes sendo entrevistados.

Quando ouvi o nome “Eiji Aono”, entendi na hora que era o filho dessa família. Mas não consegui compreender o valor dessa bela história.

“Kondo-kun? Sabe quem é o idoso que o Eiji-kun salvou?”

Quando o senhor Minami me perguntou isso, só consegui balançar a cabeça.

“Na verdade, é o senhor Yamada — o ex-presidente da Assembleia Provincial. Coincidências são coisas assustadoras, não são? Você o conhece, não conhece? Ele é uma figura importante do mesmo partido que o seu.”

Sim, conheço. Um nome de peso na Assembleia Provincial, alguém diante de quem até conselheiros como eu devem abaixar a cabeça. Está aposentado, mas o filho herdou o cargo — e também é um figurão...

O suor frio não parava de escorrer.

“Pois é. E há alguém que quero que conheça, Kondo-kun. Ei, Yamada-kun!!!”

Ouvi o som de passos se aproximando por trás.

“Eu queria muito assistir ao grande momento do meu benfeitor com calma. Que pena, não é, Kondo-san?”

O senhor Yamada, atual membro da Assembleia Provincial, havia acabado de chegar. Um jovem promissor, cotado para seguir carreira política em nível nacional.

“E-Eh? Por quê…?”

“Na verdade, acabei de me encontrar com o Eiji-kun na escola. Queria cumprimentar seus pais pessoalmente, então pedi ao senhor Minami que me acompanhasse até aqui. Por isso fiquei… desapontado ao ouvir tamanha tolice.”

Ele manuseou o celular e, então, o gravador de voz começou a tocar:

[Aono-san. Sou conselheiro e empreiteiro. Se possível, gostaria de resolver isso discretamente. A senhora é adulta o suficiente para entender o que quero dizer, não é?]

[Este restaurante é um estabelecimento importante que o seu falecido marido lhe deixou. Portanto, não deveria transformar isso num escândalo. Se eu fosse sério, poderia até fazer algo com um restaurante assim.]

“Consegue negar isso? Já sabe que outros conselheiros foram punidos por abuso de poder, certo? Se a imprensa descobrir, acabou. Deveria se envergonhar. Sua expulsão já está sendo discutida dentro do partido.”

O normalmente cortês Yamada-san avançou furioso em minha direção.

“Foi apenas uma forma de expressão! Por que o senhor Minami está aqui, afinal…?”

Yamada-san e Minami-san soltaram um suspiro pesado.

Então o aposentado falou friamente:

“O antigo dono deste restaurante era um bom amigo meu. Um homem entusiasmado com o voluntariado. Eu e toda a cidade fomos abençoados por sua força e gentileza. Pode-se dizer que o falecido Aono-san foi um herói que se sacrificou por esta cidade — e temos com ele uma dívida que jamais poderemos pagar. Como pode, sendo conselheiro, não saber disso? Está envergonhando, ferindo e ameaçando o legado de um homem que já deu tudo por este lugar. Espero que esteja preparado.”

Ouvi o som do meu próprio coração se partindo. Não… tudo o que construí está desmoronando.

“Eu… eu sinto muito, sinto muito mesmo…”

Apressei-me em pedir desculpas ao senhor Minami, mas uma voz irada ecoou pelo salão.

“Você está pedindo desculpas para a pessoa errada! Seu filho agrediu o Eiji-kun, um rapaz inocente, na frente de todos, espalhou mentiras para se proteger, o isolou e tentou destruí-lo socialmente! E, além disso, você ainda tentou chantagear a família dele para se salvar!”

Até informações que eu desconhecia vieram à tona. No fim, tudo havia sido exposto. Não havia mais saída.

Meu rosto empalideceu enquanto eu olhava para a mãe do Eiji Aono, a quem eu havia dirigido palavras duras minutos antes. As forças sumiram das pernas, e então o corpo cedeu à gravidade — caí de joelhos no chão. Ninguém me mandou; simplesmente me ajoelhei, buscando perdão. Pela primeira vez na vida, senti o peso de me curvar completamente diante de outro ser humano.

E, mais do que isso, o medo de perder tudo.

O medo superou qualquer outra coisa.

“Peço desculpas por ter sido tão rude com a senhora antes.”

Mesmo ajoelhado, meu pedido de desculpas foi praticamente ignorado no ar pesado do ambiente. Senti-me como um condenado à morte, encarando o inferno.

E o inferno ainda estava longe de acabar.

 

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