Sessão 4

Capítulo 79 — Takayanagi e Amada

 

 

 Perspectiva de Takayanagi 

Como não havia aula no segundo período, fui até a enfermaria com Mitsui-sensei e esperei Amada acordar.

Amada estava incrivelmente pálida. Era evidente que ela não vinha se alimentando direito nem dormindo bem.

Isso só podia ser o peso da culpa.

Até o primeiro semestre, Amada e Aono eram muito próximos. Ver o relacionamento deles desmoronar assim era realmente doloroso, especialmente depois de acompanhar o quanto haviam crescido juntos.

“Ugh… onde…?”

Depois de uns dez minutos, Amada abriu os olhos.

Ela ainda parecia completamente fora de si.

“Esta é a enfermaria. Você desmaiou por causa de anemia durante a assembleia escolar. Está se sentindo bem agora? Como está?”

Ela parecia não registrar minhas palavras, ficando ainda mais pálida.

“Onde está o Eiji? Eu preciso parar o Eiji. Ele vai morrer. Por minha culpa!”

Com o olhar tomado pelo pânico, ela tentou se levantar da cama, mas o corpo estava fraco e instável. Rapidamente, Mitsui-sensei e eu a ajudamos a deitar novamente.

“Calma. Aono está com o diretor agora.”

Quando disse isso, a expressão dela desmoronou, e ela começou a chorar. Estava emocionalmente frágil demais para ser interrogada.

“Entendo. Um sonho, então?”

Ouvir ela falar com uma voz quebrada, como uma boneca danificada, partia o coração.

“Você está bem?”

“…Sim.”

Ela me olhou com uma expressão resignada, como se já tivesse tomado uma decisão.

“Amada, talvez esse não seja o melhor momento para perguntar, mas… não acha que está na hora de me contar a verdade?”

O ultimato que havíamos dado antes pairava no ar. O desmaio dela durante a assembleia não tinha sido coincidência.

“Sim, Sensei.”

A voz dela tremia, as palavras saíam partidas e frágeis.

“Eu tive um caso com o Kondo-senpai… Eiji. Quando o Eiji descobriu, fiquei com medo de perder tudo, então fiz o que o Senpai mandou. Eu ajudei… ajudei a criar a história de que o Eiji tinha me machucado. Mas ele só segurou o meu pulso. Foi só isso. Mesmo assim… nós o isolamos. O empurramos para o limite. A culpa é toda minha.”

A revelação me atingiu como um soco no estômago. Aono tentou tirar a própria vida por causa disso. O peso dessa verdade era sufocante.

Ao mesmo tempo, não consegui deixar de sentir decepção. Amada, uma aluna exemplar, escolheu a autopreservação em vez da verdade. Eu já suspeitava, mas ouvir a confissão dela de forma tão direta ainda me chocou.

“Entendo… então você mentiu para mim naquela época, não foi?”

“…Sim.”

Ela assentiu lentamente, com os ombros trêmulos.

“Amada, por que faria algo assim? Se Aono tivesse morrido, não haveria como reverter. Mesmo agora, não há como voltar atrás. Mesmo que confesse tudo e peça desculpas, ainda haverá pessoas que se recusarão a acreditar em você. A reputação manchada de Aono não será facilmente reparada. Talvez você não tenha percebido na hora, mas isso é uma das piores coisas que alguém pode fazer a outra pessoa.”

Não havia mais nada que pudesse ser defendido.

“Pesquisei bastante sobre casos como esse. Falsas acusações não são apenas moralmente erradas — são crime. Se a escola tivesse acreditado na sua história, Aono teria sido expulso. Você entende o peso do que fez?”

Não sou advogado, mas já vi casos o suficiente nas notícias. Pessoas foram presas por difamar outras com mentiras. Não seria surpreendente se Amada enfrentasse as mesmas consequências.

“Eu entendo.”

“Você percebe que poderia até ser presa por isso? Por que arriscaria todo o seu futuro por algo assim…?”

O arrependimento por não ter conseguido proteger meus alunos, a raiva por ter sido traído e a frustração com toda a situação transbordaram na minha voz. Tudo o que eu podia fazer agora era tentar evitar que Amada fosse levada pela polícia diante dos pais e colegas.

“O que vai acontecer comigo agora…?”

A voz dela era fraca, mal audível. A punição para uma aluna que cometesse um crime assim seria severa — suspensão ou até expulsão.

“Acho que a punição será bem severa.”

Foi tudo o que consegui dizer. Mesmo que ela continuasse na escola, os colegas a culpariam. Perguntariam por que mentiu, por que deixou as coisas chegarem a esse ponto. A escola estava preparando novas políticas para lidar com abusos verbais e bullying, com punições severas para quem alimentasse esse tipo de situação. Alunos que espalhassem boatos falsos ou machucassem ativamente Aono seriam expulsos.

E Aono — a maior vítima de tudo isso — ficou com uma cicatriz no coração que talvez nunca cicatrizasse completamente.

Não havia justificativa nem desculpa possível para o que aconteceu. Kondo e Amada distorceram tantas vidas.

“Ah, não! Nãããããão!”

Um grito de pura angústia preencheu a enfermaria.

Fiz um sinal para Mitsui-sensei assumir a partir dali.

Enquanto caminhava pelo corredor, ouvi a voz fraca dela atrás de mim:

“Se ela não tivesse me apresentado ao Senpai naquela época, nada disso teria acontecido.”

Ah… então era isso.

As palavras dela pairaram no ar como uma peça de quebra-cabeça se encaixando — uma pista crucial apontando para o verdadeiro mentor por trás de tudo.

 

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