Sessão 4
Capítulo 77 — A Natureza do Canalha
— Perspectiva do Kondo —
Ahhh! Que saco. Uma assembleia de emergência de manhã?
O quê, algum problema?
Não acho, mas… será que descobriram sobre o incidente no hotel? Não, não pode ser. Meu pai disse que eles nunca descobririam.
Tá tudo bem. Só estou pensando demais.
Enquanto tentava me acalmar, o diretor começou a falar:
[Há dois comunicados: um ruim e um bom. Vamos começar pela má notícia. A polícia nos informou que há uma forte possibilidade de que um de nossos alunos tenha se envolvido em uma agressão em uma cidade vizinha durante as férias de verão. A investigação ainda está em andamento e, embora a polícia não tenha confirmado se o suspeito é realmente de nossa escola, não podemos ignorar isso. Se alguém tiver qualquer informação, deve reportar ao professor responsável até o meio-dia. Não mintam. Descobriremos. Considerem isso um ultimato.]
Do que ele está falando? Os olhos penetrantes do diretor pareciam pousar sobre mim, e meu estômago se contorceu de inquietação.
Não, não sou eu. Não é sobre mim.
Alguém sussurrou: “Não é sobre o Aono?” Sim, é isso. É sobre o Aono. Sempre sobre ele — porque ele machucou a Miyuki.
Recuso-me a acreditar em outra coisa. Eu sou o rei aqui. Posso fazer o que eu quiser.
Além disso, não havia câmeras de segurança lá. Nem polícia à vista. E quando alguém me chamou naquele dia, saí imediatamente — sem deixar rastros, sem evidências.
A voz do diretor continuou monótona.
[Aono Eiji e Ichijou Ai salvaram uma vida, e o corpo de bombeiros irá entregar certificados de reconhecimento...]
Foi quando percebi. Estou sendo armado.
A atitude preguiçosa do Takayanagi, aquelas interrogações aleatórias — tudo era um ato. Eles estavam me atraindo, mantendo-me relaxado até terem todas as provas alinhadas.
E então, no momento perfeito, me deram um ultimato. Sem tempo para fugir, sem tempo para apagar rastros.
Como resumir isso? Eles mataram dois coelhos com uma cajadada só. Primeiro, abordaram os rumores, deixando a má notícia pairando na mente de todos. Mas depois, imediatamente, mostraram o ato heroico do Aono, apagando efetivamente qualquer credibilidade dos rumores.
Todos neste ginásio — cada estudante — passaram de ver o Aono como violento para vê-lo como herói.
Isso foi uma armadilha, cuidadosamente e perfeitamente planejada, apenas para destruir os rumores que espalhei.
“Droga. Você só pode estar brincando comigo.”
Se chegou a esse ponto, vou ter que contatar meu pai. Ele pode pressionar a escola para recuar…
Mas então me lembrei.
Meu telefone — quebrado ontem. Não posso ligar…
“Merda!”
Praguejei baixinho, o suficiente para ninguém ouvir.
Um grito agudo cortou o ar. Os alunos começaram a murmurar, e ouvi alguém chamando um professor. Alguém desmaiou — provavelmente por anemia. O caos se espalhou rapidamente.
É a minha chance. Na confusão, saí da fila e corri para a saída do ginásio. Se eu conseguir sair daqui, posso encontrar um telefone, ligar para meu pai e consertar isso.
Se eu for preso, acabou. Meus sonhos no futebol, minhas namoradas, minha vida inteira — perdidos. E se isso acontecer, quem eu sou mais?
Vamos, vamos, vamos…
Corri para fora da escola.
— Perspectiva da Presidente —
Assistindo ao discurso do diretor e à fuga desesperada do Kondo-kun, não pude evitar rir. “Isso vai ser interessante.”
Ah, Kondo-kun… você realmente foi pego desta vez. Quase sinto pena de você.
Mas se eu intervir para ajudar, só vou me afundar junto.
“Acho que seu tempo acabou aqui. Adeus, Kondo-kun!”
Vou deletar as contas de SNS que usava para manter contato com ele. Cada mensagem, cada vestígio — sumindo. Nosso relacionamento termina aqui.
Claro, eu também espalhei aqueles rumores. Mas vou fazer de boba, fingir que fui enganada pelas mentiras como todos os outros. Vou me desculpar, fingir arrependimento. A escola não pune alguém que admite ter sido enganado. Afinal, há muitos outros que espalharam as mesmas mentiras. Não podem punir todos nós.
Talvez tenhamos ido longe demais mexendo com os pertences do Eiji-kun. Mas os membros do clube? Dirão que apenas falaram o que pensavam. Nenhum de nós enfrentará consequências.
Kondo-kun está acabado, um brinquedo quebrado jogado de lado. Mas… estou curiosa para ver como isso vai terminar.
Ele se comportava como vilão, se dizia psicopata — mas no final, era só um farsante.
“Vamos aproveitar a história que está por vir.”
— Perspectiva do Takayanagi —
Observei Kondo correr para fora do ginásio como um rato preso numa armadilha.
“Idiota. Fugir agora é praticamente uma confissão. Vão devorá-lo vivo. O fato de que o Aono não esteve envolvido na agressão ficará claro, e a repentina proximidade entre Kondo e a Amada parecerá suspeita. Além disso, a pequena corrida dele para a saída — não precisa de muito para espalhar rumores. Mas… você já sabe disso, não é, Kondo?”
Cansado de assistir à bagunça se desenrolar, me afastei e me apressei para ajudar Amada Miyuki, que havia desmaiado no caos.
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