Sessão 4

Capítulo 76 — Assembleia Escolar Especial

 

 

 Perspectiva de Miyuki 

Eu tive um sonho.

No meu sonho, Eiji e eu estávamos no telhado da escola. Eu o chamava várias vezes, mas ele me ignorava, como se não pudesse me ver. Lentamente, ele se inclinou para a beira do telhado.

“Pare, Eiji. Me desculpe. Eu vou pedir perdão, então, por favor, não faça nada imprudente. Não é você quem deve morrer — sou eu. Não, não, eu não quero te perder. Por que você está se culpando, se a culpa é minha? Não me deixe sozinha, por favor. Se você for embora, eu vou ficar completamente sozinha.”

Meus gritos desesperados não o alcançaram.

Com o rosto pálido, ele me encarou por alguns segundos. E então, no momento seguinte, caiu no vazio. Sua expressão de angústia parecia dizer:

“Você é a razão pela qual eu tive que morrer.”

Houve um baque surdo. O chão ficou vermelho.

Senti algo dentro de mim se despedaçar.

“Isso é um sonho.”

Acordei suando frio. Meu corpo estava pesado enquanto caminhava para a escola. Não consegui comer nada.

Eiji poderia ter morrido. O peso dos meus pecados poderia tê-lo levado a esse ponto. O medo me consumia.

 

****

 

Quando cheguei à escola, não falei com ninguém. Sentei-me na carteira, olhando para o nada, esperando a primeira aula começar.

Como seria mais fácil se eu simplesmente desmaiasse de anemia. Eu queria desaparecer.

“Ouçam todos. Haverá uma assembleia escolar de emergência. Reúnam-se no ginásio.”

A voz do Takayanagi-sensei parecia distante. Caminhei até o ginásio como uma marionete sem vida. As pessoas ao redor murmuravam que eu não deveria me esforçar tanto. Eu não merecia a bondade delas. Queria que simplesmente me ignorassem.

Se Eiji tivesse gritado comigo, me insultado, ou até me batido, talvez fosse mais fácil suportar. Mas, em vez disso, ele disse: “O oposto do amor é a indiferença.” E me mostrou essa frieza por meio de suas ações.

Eu entendia por que tinha que ser assim, mas isso não diminuía a dor aguda no meu peito.

Durante a assembleia, lutei para não chorar várias vezes.

[Chamei todos vocês aqui hoje para discutir dois assuntos importantes.]

A expressão do diretor era severa, sua voz firme.

Normalmente, ele começaria com um discurso longo e tedioso, mas hoje foi direto.

[Há dois comunicados: um ruim e um bom. Vamos começar pela má notícia. A polícia nos informou que há uma forte possibilidade de que um de nossos alunos tenha se envolvido em uma agressão em uma cidade vizinha durante as férias de verão. A investigação ainda está em andamento e, embora a polícia não tenha confirmado se o suspeito é realmente da nossa escola, não podemos ignorar isso. Se alguém tiver qualquer informação, deve reportar ao professor responsável até o meio-dia. Não mintam. Descobriremos. Considerem isso um ultimato.]

Meu estômago se contraiu dolorosamente. Seria o Kondo-senpai? Ou o Eiji? Será que finalmente estavam descobrindo tudo? Meu pulso acelerou. O ar no ginásio parecia denso, sufocante.

“Ei, isso não é sobre o Aono Eiji? Aquele rumor nas redes sociais?”

“Você quer dizer aquele sobre ele ter sido violento com a Amada-san?”

“Parece que a polícia finalmente está intervindo.”

Não. Isso não é verdade. Não é culpa do Eiji — é minha.

A culpa me corroía, e justo quando achei que ia desabar, o tom do diretor mudou para algo mais leve.

[Agora, para a boa notícia. No sábado, há dois dias, Aono Eiji, do segundo ano, e Ichijou Ai, do primeiro ano, realizaram um ato heroico. Eles salvaram a vida de um idoso que havia desmaiado na rua. Graças à rapidez e coragem deles, o homem foi levado ao hospital e sobreviveu. O corpo de bombeiros irá entregar certificados de reconhecimento aos dois. Como diretor, estou imensamente orgulhoso da bravura deles. Espero que todos vocês sigam esse exemplo e cultivem o mesmo espírito de bondade. Agora, vamos dar uma grande salva de palmas para eles.]

“Espera, o Aono Eiji ajudou alguém? Mas e os rumores de violência?”

“Se esses rumores fossem verdadeiros, o corpo de bombeiros realmente daria um certificado pra ele?”

“Exatamente. Não tem como elogiarem ele se fosse culpado.”

“Então... alguém deve estar mentindo!”

Um medo gélido e cortante tomou conta de mim. Minha visão ficou turva pela exaustão e pela fome. O som dos aplausos se distanciou, e o teto do ginásio começou a girar acima de mim.

Então tudo ficou preto.

 

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