Projeto Corrompido Brasileira

Autor(a): IDK Lyly


Volume 1

Capítulo 4: Matsuda 4

Instalações de Estudo de Corrompidos Yama, VGM

26 de junho de 1052, 15hrs

Rebeca Matsuda

 

O Eloah ainda não voltou. Logo quando fomos liberados toda a instalação virou um furdúncio total. Todos estavam falando sobre aquele pequeno Corrompido que admitiu ter sabotado parte do lugar. Agora estávamos aqui nas nossas celas.

Há algumas horas que não recebemos nenhum aviso. Antes dois, agora há 5 guardas de prontidão para cada Corrompido.

Não pude nem conversar com as garotas direito. Tanto a Moni quanto a Rachel estavam confusas do motivo do Eloah ter feito aquilo e se entregar, mas antes mesmo de podermos formular alguma ideia já estávamos separadas. Esse lugar é uma confusão. E ainda era meu primeiro dia.

Quando olho para o lado de fora através da porta de vidro posso notar alguns presos aflitos dentro de suas celas. Uhm. Eu, por outro lado, havia me acalmado. Não havia muito o que eu pudesse fazer e apenas aceitava, deitando na minha cama dura e observando o teto. Mesmo que minha Auxiliar pudesse funcionar não tinha muito o que ser feito, já que todas as portas daquele lugar eram automáticas. Se ao menos eu pudesse ter um poder melhor.

 

Objeto Y61, se mantenha distante da porta – uma voz saiu do alto-falante do meu quarto.

 

O quê?

 

E a porta começou a abrir. Todos os cinco guardas designados para mim entraram e miraram suas armas. 

 

– Não precisam chamar ela de objeto – disse uma voz conhecida. – É apenas uma criança sem seus poderes, abaixem as armas – o cientista que me recebeu. 

 

Aquele velho mais uma vez surge na minha sala com sua prancheta em mãos. Seu sorriso coberto por seu enorme bigode era assustador.

Estava para me levantar da minha cama e o encarei como um inimigo. Ele respondeu o olhar.

 

– Você parece bem mais agressiva, senhorita Rebeca. Usou sua Auxiliar?

 

– O que você quer?

 

– Bom, senhorita Rebeca – se aproximou ficando frente a frente para mim. Os guardas atrás dele se moviam juntos continuando a mirar em cada ponto do meu corpo. – Você sabe que o Eloah criou todo um problema para nós na Instalação. Acontece que os grandes estão sempre em busca de resultados, mas o Eloah tinha acordos que impediam isso.

 

– Isso significa…?

 

– O Eloah quebrou um acordo, senhorita Rebeca. – Puxou sua prancheta e me mostrou uma lista com nomes numerados com datas e horários – Ele sofreria por vocês, mas se ele não pode cumprir suas próprias propostas…

 

– Que merda… – Lendo a prancheta notei meu nome. 16 horas da tarde, 26/06. Não entendi até lembrar do que Rachel havia me dito. – Não… Vocês não…

 

– Seus testes acabam às 20, então tente aguentar um pouco, por favor. Vou tratar de te visi… – Pulei contra ele para socá-lo. 

 

– Eu não vou de novo! – Mas antes mesmo de o acertar, levei uma coronhada na testa. 

 

Fui lançada para longo, mas não me parou. Voltei a correr contra ele.

 

– Você disse que me trataria como humana! 

 

– Atirar! – e em coral gritaram todos os guardas, mais uma vez me fuzilando com sedativos.

 

– Seu… merda… – fraquejei, tombando para o lado enquanto ia para ele. – Você me disse…

 

E fui ao chão. De novo não… 

Quando olhei para cima pude notar numa cela mais distante. Moni estava olhando para a minha cela. Então a cela dela está ali. Mas parecia que seu foco não era eu. Vi um pouco de ódio em seu rosto. Estava olhando para o cientista?

Mais uma vez dopada por sedativos eu caí. 

 

Quando finalmente acordei estava amarrada numa maca. Numa sala totalmente branca.

O silêncio era tanto que eu podia ouvir meu coração bater. Estou ficando nervosa, inquieta. Lembrei do meu primeiro teste e todos aqueles pensamentos terríveis voltaram. Se eu não sair daqui eu vou morrer.

 

Iniciando experimento com o Objeto Y61. – Mais uma voz no alto-falante – Primeiro teste para mental. Desligar a barreira de khaonita.

 

E com um piscar das luzes eu me senti mais leve, idêntico a antes quando vivia fora da instalação.

 

Reforçar energia – Nisso meu corpo travou como se eu fosse trancafiada.

 

– Isso… é… – Minha chave foi invocada sem eu me esforçar – Mas o que…

 

Mas assim como surgiu, ela sumiu. De novo surgiu, de novo sumiu. Repetiram isso três vezes.

 

– Parem com essa merda! – gritei.

 

O silêncio tomou conta por alguns segundos até eu ouvir um som de goteira. Era sem ritmo, as vezes demoravam mais de 10 segundos, às vezes eram gotas seguidas. Mas isso se repetiu por alguns minutos.

 

– Parem…! 

 

E a invocação da minha Auxiliar continuou. Fizeram novamente 8 vezes e a goteira voltou. 

Não podia ver, mas tenho certeza que veias saltavam da minha testa. Aquilo me deixou completamente irritada. Quase arranquei as amarras da maca, mas eram reforçadas, então fraquejei.

A Auxiliar foi invocada mais 10 vezes. Agora além da goteira havia o ranger de porta velha.

 

– Só parem logo com isso, seus filhos da puta! Eu vou matar todos vocês!

 

Durante minhas reclamações eles me viraram de cabeça para baixo. Me deixavam assim por 3 minutos e depois me deitavam. 

Isso se repetiu por pelo menos 3 horas. Chegou num ponto em que eu nem me importava mais. Estava tonta, fraca. Eles soltaram as amarras, mas eu não me levantei. Eu só queria morrer. Me deram alguns choques, mas só receberam um xingamento fraco.

Mas é claro que eles não me deixariam em paz.

 

Rebeca? – uma voz familiar.

 

Uhm…?

 

Ergui minha cabeça e pude ver naquela sala. Passando timidamente pela abertura no canto da sala estava ela: Naomi.

 

– Naomi…?

 

Rebeca, é você mesma? – ela parecia assustada, mas feliz. 

 

Lágrimas escorreram do meu rosto.

 

– Naomi…! – me joguei da maca, caindo no chão completamente mole e sem força. 

 

Naomi tentou se aproximar para me ajudar, mas quanto mais ela andava mais longe ela estava. Estou tonta. Minha visão estava horrível. Ainda podia ouvir passos, mas ela não me tocou. Eu olhei para ela e ela continuava a vir na minha direção.

 

Beca, eu te procurei por tanto tempo! Seus pais estão preocupados!

 

Por favor, me deixe tocar nela.

 

E por trás dela algo surgiu. Algo grande numa armadura preta. Aquilo… Não, por favor não.

 

E algo foi levantado contra a cabeça dela. 

 

– Por favor, não faz isso… – e minhas súplicas foram ignoradas.

 

Com uma forte batida na cabeça, Naomi foi ao chão. Mesmo ainda sem enxergar bem pude ver seu sorriso gentil. O sangue escorria pelo chão e chegou a mim. Ela continuou falando. E de novo recebeu um golpe na cabeça. Um golpe nas costas. 

 

– Para… – a voz não saia mais.

 

Eles me fizeram encarar aquilo centenas de centenas de vezes. 

E mais uma vez minha chave foi invocada. 

 

Eu tô no meu limite. Para…

 

Eu me perdi. 

 

Já são oito horas…?

 

Não acabava nunca.

 

Bam, um som ensurdecedor seguido de um tremor. Um terremoto? Quem se importa…

Eu já não me importava mais. Tudo aquilo era loucura. Minha Auxiliar já foi invocada várias e várias vezes. Eles estavam tentando ver até onde aguento? E se eu chegasse no meu limite eles me descartariam?

 

Rebeca…

 

Já não vale mais a pena. Eu perdi dias naquele lugar, com certeza. Não seria possível fazer o que fizeram comigo em apenas 4 horas.

 

Beca…

 

Eu queria descansar nos braços da Naomi pela última vez. A Naomi de verdade.

 

Rebeca…!

 

Eu só vou me entregar… A escuridão já tomou conta. Que frio.

 

– Rebeca, acorda, porra!

 

 

– Rachel…?

 

– Ela tá viva! – e Rachel entre gritos e lágrimas me abraçou.

 

Onde eu tô…?

 

Ao meu redor sangue e destroços. Eu ainda estava naquela sala, mas completamente diferente. 

Meu corpo está coberto de cortes e machucados de todo tipo. 

Eu estava no chão, algo me derrubou da maca.

Ao lado de Rachel estava Moni. Ambas também estavam bem feridas. Ela também vai chorar por mim? O que tá acontecendo?

Tentei me erguer e olhar ao redor, mas ainda tinha destruição e sangue.

 

– Rachel, o que tá acontecendo aqui…

 

– Você tem que sair daqui! Temos que achar um lugar seguro! – gritou pondo meu braço por cima do seu ombro. – Vamos logo!

 

– Não, temos que ajudar o Eloah! – gritou Moni. 

 

– Você tá louca?! A gente não pode fazer nada! Tá tudo um caco! Bora aproveitar e só sair daqui! – desesperadamente ela me carregou para fora da sala.

 

E mais destruição e cadáveres dominavam o lugar. Alguns corpos foram arrastados, o rastro de sangue até no teto entregava.

 

– Vamos ao menos pegar as seringas dele! Se isso continuar ele não vai conseguir voltar! – Moni chorou entre frases confusas.

 

– Gente, o que vocês…

 

Rachel travou no caminho, olhando ao redor.

 

– Você deve a ele também, Stone!

 

– Merda, porra! Tá bom, bora lá então! A gente pega a seringa e enfia no peito dele! – e virou para a esquerda aumentando a velocidade.

 

Moni sorriu e agradeceu verdadeiramente enquanto seguia na frente averiguando o caminho.

Haviam mais e mais corpos. O cheiro de ferro. Vomitei, mas as meninas não pararam, mesmo que Rachel quisesse.

Tivemos que correr, em um momento eu pude andar mais facilmente mesmo com ajuda.

Moni gritou quando chegamos no nosso endereço. O grito foi uma mistura de alívio com desespero. Não faz sentido.

Quando eu pude ver o que ela queria mostrar.

 

– Porra…

 

Um enorme buraco na parede. Algo foi lançado para fora do que estava atrás dela. Uma bomba passou por ali. 

Moni passou desastradamente. Rachel apenas me segurou fora enquanto gritava para que ela saísse logo. Quando olhei para dentro daquele lugar vi que era uma sala gigante com água. Era escuro, tinham vários cabos por dentro da água e uma cruz no centro. Moni bateu na cruz e, atrás dela, surgiu uma caixa. Dela a garota buscou diversas seringas pretas. Eram iguais às que foram usadas em mim, mas mais grossas. Ela voltou para nós com um sorriso louco no rosto.

 

– Vamos procurar ele agora! – Bam, mais um tremor. – Vamos logo!

 

Quando ela nos guiou mais uma vez, dei uma última olhada naquele buraco. O que fez aquilo? Eu descobriria logo.

 

Instalação de Estudo de Corrompidos de Yama, VGM

26 de junho de 1052, 15hrs

Eloah

 

Na enorme sala coberta de água estava o pequeno corpo de Eloah. Crucificado, amarrado com barras de aço. Seu corpo estava fraco, mole, com diversos machucados. Não parecia nem se importar, olhava destemidamente para a frente onde estava a porta que abria lentamente.

 

– Sabe, vocês já me machucaram bastante… Deem uma folga – disse com uma voz fraca.

 

E entrando na sala surgiu um homem alto de pele escura. 1,94 de altura, seus músculos se destacavam com toda certeza. Sua roupa estava rasgada e havia sangue em seu corpo, mas não era seu.

Eloah o encarou.

 

– Você não é um trabalhador…

 

– Meu nome é Atlas. – Sua voz era imponente, forte assim como a do General – Me mandaram aqui para te matar. Infelizmente alguns soldadinhos de papel tentaram algo.

 

E uma cabeça com capacete foi jogada na água.

O garoto crucificado não disse nada, apenas suspirou. Corrompido, ele disse.

E então facilmente quebrou as suas amarras, caindo de pé na água. Ainda haviam correntes em seus pulsos e tornozelos.

 

– Me sinto mais leve – disse dando saltos curtos. – Atlas, né? Ele me disse que você viria…

 

Uhm…? Ele quem?

 

E em um piscar de olhos Atlas viu Eloah na sua frente. 

Não estava tocando no chão. Com um único soco direto no estômago Atlas foi lançado contra a parede criando uma cratera enorme. Parou do outro lado do corredor sendo arrastado pelo caminho. Assim como na parede, sua barriga tinha um buraco. 

 

– Porra, Eloaaaah! – seus gritos eram como os de um animal.

 

Mas não gritou por muito tempo. Uma sequência de socos diretos no seu rosto foi desferida. Sua carne foi arrancada a cada soco e seus ossos quebraram. Mas, estranhamente, não morria

E de um momento para outro, como se quisesse acabar logo com aquilo, Eloah arrancou o coração de Atlas.

Eloah encarou o corpo do seu inimigo caindo lentamente, indo de encontro ao chão. E mesmo com esse encerramento brusco, Eloah avançou contra o cadáver de seu oponente, o atacando no pescoço e puxando sua cabeça, o decapitando. E uma chuva de golpes se iniciou contra o corpo morto. 

 

– Ele me disse que você não morre, mas parece que sou mais forte! – gritou Eloah.

 

Sua sessão de golpes foi interrompida pela mão de Atlas que o segurou. Mesmo depois de ser mutilado e completamente destruído, sua mão ainda estava ativa, e as partes destruídas do seu corpo começaram a regenerar. Tudo que podia ser feito no momento era continuar a atacar. 

 

– Qual é seu limite mesmo? – Os movimentos incessantes de Eloah tiveram fim quando Atlas chutou seu rosto, o lançando para longe. 

 

Seu corpo se tornou mais forte e sua regeneração ainda mais rápida. 

Eloah, por outro lado, estava preso no enorme buraco feito na parede que foi jogado. O golpe foi forte o bastante para deixá-lo impressionado, mas não era o suficiente. Saiu dali como se não fosse nada e andou lentamente em direção à Atlas.

 

– As ordens eram de que eu deveria ser golpeado algumas vezes pra deixar mais convincente, mas acho que esse chute valeu por alguns. – Uma aura prateada começou a tomar conta do corpo de Eloah, formando garras em suas mãos e um pequeno chifre quebrado ao lado de sua cabeça. – Além do mais, sou um pacifista, então vamos terminar logo com essa briga. – E um único soco foi o suficiente para lançar Atlas e tudo que estava pela frente. 

 

A pressão de seu golpe causou uma destruição indescritível, acabando com o piso, o teto e todas as paredes do corredor.

Um grupo de guardas equipados com armas que pareciam ter saído de um filme de ficção-científica surgiu, atirando contra Atlas e torrando os restos de seu corpo que havia sido destruído por Eloah, mas mais uma vez não foi o suficiente, pois logo aquela massa de carne voltou a se juntar e, com um corpo novo e livre de cicatrizes, ele matou todos os guardas ali.

 

– Que merda é você, seu anã… – E sua fala foi interrompida por um soco direto que atravessou seu rosto.

 

– Cala a boca. – E foi seguido de um chute direto em sua barriga, o partindo ao meio. – Mesmo que você fique mais forte a cada vez que revive, não consigo sentir nada além de tédio.

 

– Seu filho da puta – grunhiu Atlas ainda se regenerando, juntando seu corpo dividido.

 

Claro que Eloah não deixaria, e então segurou o tornozelo de seu adversário e o girou, o batendo contra o chão diversas vezes. E mesmo com a regeneração estando mais rápida a cada vez que revivesse, não conseguia revidar contra a ferocidade daquele que foi considerado uma garotinha indefesa.

 

– Quanto tempo já se passou? – disse Eloah, entrando em uma posição preparado para lançar Atlas contra a parede. – Espero que dê tudo certo. – E o atirou com força o fazendo destruir as paredes de diversas salas.

 

E dando passos lentos em meio aos corpos e escombros, Eloah veio de encontro ao nosso grupo.

 

– Eloah! – gritou Moni.

 

Instalações de Estudo de Corrompidos Yama, VGM

26 de junho de 1052, 14hrs

Rebeca Matsuda

 

– Eae, Gente! – E lá estava ele com seu sorriso gentil, embora banhado em sangue. – A Matsuda tá acordada? Tenho que matar esse cara na frente dela.

 

– Seu arrombadinho! Eu vou te matar! – Tomado pela raiva e completamente insano, Atlas, já recuperado, avançou contra Eloah, desferindo um soco em seu peito que o lançou para longe.

 

No caminho que foi lançado havia um rastro de sangue. Acho que até mesmo um elefante morreria se perdesse aquele tanto de sangue.

 

– E... loah...? – Ele não reagiu ao soco? Simplesmente se deixou ser atacado sem a mínima preocupação. 

 

Junto a mim as meninas estavam igualmente estáticas. Eu já estava de pé, mas ver aquela cena deixou minhas pernas trêmulas.

 

UOAAAAAAAAAAH! – Aquele ogro imortal comemorou sua vitória, gritando para toda instalação por ter derrotado Eloah; tão lamentável.

 

Por outro lado, Moni demonstrou uma expressão de ódio e tristeza e deixou transparecer toda sua aura. Que… tontura.

 

– Queime – dito isso, ela levantou suas mãos e ateou fogo em Atlas, o fazendo agonizar até virar pó, regenerar e ter o processo de cremação repetido diversas vezes. – Queime e morra, desgraçado!

 

Seu objeto havia sido materializado. Eram duas manoplas gigantes que chegavam até seu cotovelo. Canos se estendiam pela mesma. Em cada ponta de dedo havia um buraco por onde saíam as chamas. Chamas negras.

 

– Sua vadia! Eu vou te matar! – Quando tinha a chance de se aproximar de Moni, ele aproveitava, dando míseros passos e se arrastando para alcançá-la, mas sempre falhava.

 

– Pare de gritar, seu merda! – O calor das chamas da garota tomavam cada vez mais presença naquela enorme e destruída área que havia se tornado um campo de batalha. – Acho que vou vomitar se você continuar vivo!

 

Quando senti que iria cair por causa do calor, de repente me vi atrás de alguns escombros com Rachel.

 

– Eae, Matsuda! – disse Geki. – Vocês estavam moscando ali! Querem morrer?!

 

– Eu acho que é mais simples do que estar aqui – suspirei aliviada, mas ainda sentia o calor de Moni. – Ela é tão forte assim?

 

– Em momentos assim, sim! – respondeu Rachel. – Mas é melhor tomarmos cuidado para ela não sair machucada!

 

– Por quê?!

 

– O Eloah vai ficar puto!

 

E o barulho cessou, sem mais fogo ou reclamações vindas de Atlas. Apenas o silêncio absoluto, mas que logo foi tomado pelos gritos de dor de Moni.

 

– Mas que merda! Fudeu, galera! – gritou Geki, já puxando diversas armas dos guardas mortos e nos entregando.

 

– Vocês conseguem ir contra aquele cara?! – gritei.

 

– O perigo não é aquele cara! – E ele estava certo.

 

Logo nossos corpos travaram. 

Eu me sentia fria e cansada. Minha respiração se tornou pesada e minha cabeça doía. Senti sangue escorrer de meu nariz, mas não conseguia me mover para certificar. Minha visão estava tão turva quanto quando fui sedada. Que merda tá acontecendo? 

E o barulho de carne explodindo dominou o ambiente. Escutei também o estalar de brasas junto a um baixo lamento de dor.

 

– Am...am – Eloah?

 

Quando consegui tomar controle de meu corpo e me virar lentamente para trás, vi um ser roxo de aparência demoníaca segurando a cabeça destroçada do corpo decepado de Atlas.

 

– Porra... – Chifres enormes e uma aura semelhante a um incêndio dominavam o corpo daquela pequena criatura que chorava ao olhar para Moni caída no chão com seu ombro perfurado.

 

– La...ur... – O que ele tá falando?

 

Eu não sabia o que era aquilo, mas estava se aproximando cada vez mais de Moni, e aquilo me assustava. Temos que ajudar ela. E como se pudesse se teleportar, Geki surgiu atrás da criatura e enfiou a seringa em seu pescoço. Foi falho. A aura daquilo era como uma barreira que quebrou a água instantaneamente.

Seu rosto foi socado como se não fosse nada e foi lançado para longe.

 

– Renan! – Rachel, desesperadamente, pulou contra aquele ser com uma seringa na mão, mas foi agarrada pelo pescoço. 

 

Estava sendo enforcada. Não conseguiu perfurar o braço daquilo com a seringa, o resultado era o mesmo.

Ela gritou e grunhiu por ar, mas não havia resultado. Pude ver sua pele ficar roxa.

Ao meu lado, uma seringa. 

Então, acabei agindo por impulso.

 

– Me desculpa...

 

Uh...? – E aquilo olhou para mim com uma expressão confusa ao notar que eu havia acertado suas costas com uma das seringas. Na outra mão, perfurando sua carne também, eu segurava a minha Auxiliar.

 

E aquela aura assustadora começou a cair. E de lá surgiu um sorriso acolhedor de uma criança de pele negra.

 

– Obrigado... – E Eloah surgiu da escuridão.

 

– Eloah? O que tá acontecendo…? – perguntei trêmula me esforçando para manter de pé

 

– Vai ficar tudo bem... Confia. – ele desmaiou logo após falar aquilo.

 

Mas as coisas começaram a piorar a partir dali.

Droga.



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