Volume 2

Capítulo 21: Areia, Sangue e Segredos.

O deserto sem fim se estendia até onde os olhos podiam alcançar — um mar dourado sob o sol impiedoso.

Nada vivia ali. Nada deveria viver.

Do alto de um penhasco, duas figuras observavam o horizonte ondulante. Suas sombras se esticavam sobre a areia, longas e distorcidas demais para pertencerem a qualquer criatura humana.Um deles tinha o corpo coberto por escamas metálicas, os olhos brancos e vazios.

O outro, de aparência mais fluida, parecia pulsar — como se a própria carne tentasse se moldar a cada instante, buscando uma forma definitiva.

O silêncio só foi quebrado quando a areia ao longe começou a se mover — primeiro como um sussurro, depois como um terremoto.

Ondas se formaram, crescendo em altura, até que o chão explodiu em partículas douradas.

Do abismo que se abriu, emergiu um colosso de areia viva.

Um dragão de areia — ou algo que lembrava um — rugiu com uma voz que não soava como som, mas como pressão, como se o mundo inteiro tivesse engasgado por um instante.

A fera arqueou o corpo, lançando montanhas de areia a quilômetros de distância, e então mergulhou de volta ao deserto.

Seu rastro serpenteava até sumir no horizonte, deixando atrás apenas o eco abafado de um trovão subterrâneo.

A figura de olhos brancos falou primeiro:

— Um sucesso.

O outro inclinou a cabeça lentamente, as feições mudando em sutis espasmos.

— Aceitável, no máximo. Cento e oitenta tentativas… até atingirmos o resultado ideal.

O primeiro respondeu, sem desviar o olhar do horizonte:

— Não importa, Manthis. Nosso pequeno vai atingir as ruínas, e delas virá o caminho. A chave está próxima.

Silêncio.

O vento cortou entre eles, levantando poeira dourada, mas nenhum se moveu.

Apenas observaram o rastro do verme gigante desaparecer por completo sob o deserto.

— Veremos — murmurou o segundo, enquanto sueu corpo se fragmentava em pequenas partículas negras, dispersando-se ao vento. — Veremos se este mundo aguenta ser libertado.

E, como poeira ao sol, ambos desapareceram — deixando apenas o som distante do deserto respirando.

O rugido do verme gigante se dissipou pelas dunas… e, a quilômetros dali, os sinos da Catedral Lunar de Emvhar soavam pela capital do império, anunciando um novo dia.

 

Serafina estava se levantando da cama, seminua e meio coberta pelos lençóis. Seus cabelos antes batiam nos ombros, mas, desde que Harkin entrou em sua vida, ela os deixou crescer — e o vento que passava pelas janelas abertas, com a primeira luz da manhã, os balançou até o rosto do namorado.

— Como pode? — disse ele, admirando-a.

— Como pode o quê, menino?

— Como você consegue acordar já linda e gostosa desse jeito?

Um meio sorriso envergonhado surgiu em seu rosto. Ela se ergueu, tentando disfarçar que não gostou da brincadeira.

— Vamos nos arrumar logo. Eu tô com fome, e você tem compromisso antes do conselho começar.

— Um ao qual eu não tô nem um pouco afim de comparecer.

— Seu pai e sua mãe vão estar lá, e é assunto oficial, Harkin. Responsabilidade em primeiro lugar.

— Fuuuuu… — ele bufou. — Foi exatamente por isso que eu saí de Nerio. Eu não quero essa merda pra mim.

Sera o entendeu desde o princípio, quando ele contou que não queria herdar trono algum e que só desejava continuar estudando. Por isso, seu olhar foi o mais empático possível. Ele havia se levantado e estava de costas para ela. Aproximando-se por trás, ela o abraçou e beijou seu ombro. Com a voz mais doce e angelical que ele já ouvira, sussurrou em seu ouvido:

— Sei que você não quer isso pra sua vida… mas você tem escolha, amor? Tenho tanto desgosto por isso quanto você, mas fugir e fingir que não é um príncipe não vai tornar nada mais fácil — nem melhor.

— Eu sei! — A ênfase na voz beirou a discussão.

As orelhas dela se mexeram, levemente assustadas com o tom. Não foi um grito, mas forte o suficiente para alertá-la. Harkin, mesmo de costas, percebeu que passara do ponto.

— Desculpa. Não quis ser ignorante. — Se ele tivesse sangue correndo no braço direito, a mão estaria sangrando pelo aperto. — Eu odeio que minha mãe tente controlar tudo e, agora, tenho que lidar com o velho.

Um pouco de culpa pesou em Serafina. A essa altura, ela já havia percebido que os planos dele foram por água abaixo quando decidiu interferir na babaquice do Stein.

— Desculpa. Você só tá nessa por minha causa.

— Quê? O que você tem a ver com meus pais serem dois controladores obcecados por poder?

— Se você não tivesse me conhecido e se envolvido na briga com o Stein, não estaria preso no jogo de poder dos dois.

Harkin ouviu e, imediatamente, se virou para encará-la. O castanho vivo dos olhos dela o pegou desprevenido e o fez sorrir. Ele levantou a mão e deu um peteleco de leve na testa dela.

— Ai! — ela disse, esfregando a testa. — De graça? Pra quê você fez isso?

— Pra ver se você acorda. Isso não tem nada a ver com ter te conhecido. Nosso encontro, no máximo, acelerou as coisas. Mais cedo ou mais tarde, minha mãe tentaria me usar e meu pai ia tentar me arrastar pro lado dele.

Ele encostou a testa na dela, com uma calma antes inexistente na voz:

— Você foi a melhor coisa que me aconteceu em muito tempo, mulher. Não se sinta culpada por nada.

Ela respirou fundo; o coração pulou algumas batidas. Os olhos dele fizeram o mundo sumir. Por algum motivo, ela se lembrou das palavras do avô: “Os olhos nunca mentem…” — e algo dentro dela reafirmou: esse é o cara certo.

Ela não resistiu: puxou-o para um beijo e o arrastou de volta para a cama. Depois de algum tempo juntos, deitou a cabeça no peito dele e disse:

— Eu não posso resolver todos os seus problemas, mas tô aqui contigo.

— Obrigado — ele respondeu. — Isso já é muito mais do que eu poderia pedir. Você vai comigo?

Ela se levantou e começou a procurar roupas no closet.

— Eu adoraria, mas desde que um certo alguém entrou na minha vida eu mal tenho tempo pro restaurante… sem falar nessa casa enorme.

— Quem cuida da casa não são as empregadas?

— E quem você acha que gerencia elas?

— Não deveria ser o Sputnik?

— Hahaha! — ela riu, genuína. — Ai, querido, você não se preocupa com nada além das aulas, de me paquerar e de estudar seus brinquedos.

— Pô, qual foi?

— O Sputnik tá atolado com os acordos com o Solomon e gerenciando a empresa. Mal tem tempo pra ver as coisas aqui.

— Sério? Por que ele não me falou nada?

— Porque eu mandei. Fiquei com dó do coitado e disse que cuidaria da casa. De vez em quando ele aparece pra me perguntar alguma coisa dos acordos comerciais.

— Ué, mas e o Jeff?

— Meu Deus, amor! Ele tá atolado com o lado de Nerio e as fronteiras marítimas de Nierr’Dhalar. Você fazia o quê em Nerio?

— Ei, calma. Eu parei de administrar as coisas tem muito tempo — por isso vim pra cá praticamente sem dinheiro. Tudo que construí foi pra impedir que a Gabriela sofresse de novo. Você sabe que eu não dou a mínima pra essas merdas.

— Eu sei. Mas, agora, qual o motivo de construir tudo isso?

— Liberdade, você sabe. Mas quanto mais eu tento, mais parece que tô preso nessas porcarias aristocráticas.

— Talvez seja a hora de aceitar isso como parte de quem você é, amor. Não tô dizendo pra você fazer o que não quer — só tenta não sofrer com isso.

Ele suspirou — longo, cansado de pensar nesse assunto sem achar saída.

— É… acho que você tá certa.

— É claro que eu tô. Só tenta ver com outros olhos.

Ela saiu do closet radiante, com roupas que talvez não usasse antes, mas que, com a insistência de Okini e Gabriela ao longo dos meses, deixaram seu lado mais “madame” aflorar.

— E então, como estou?

Ela perguntou enquanto fazia poses com as vestes de alta classe. Os olhos dele brilharam e, por um instante, o mundo existiu só ali.

— Perfeita.

— Hihihi! — ela riu como uma criança, e apressou: — Vamos, se troca. Tô com fome e seus pais estão esperando.

Obediente, ele se arrumou como um raio, numa velocidade absurda, bagunçando o quarto.

— Usar seus poderes dentro de casa vai virar proibido.

— A casa não é minha?

— Você que cuida dela?

Silêncio.

— Foi o que pensei. Vou ver se arrumo alguém pra administrar a casa hoje.

— Vê se arruma alguém pro restaurante também.

— E eu vou pagar essas roupas como?

— O restaurante já dá lucro o suficiente pra você só supervisionar uma vez por semana. Não vem com essa. Eu não sou a Camila pra cair nesse papinho.

— Mesmo que eu faça isso… vou fazer o quê no tempo livre?

— Sei lá, ir atrás dos seus sonhos é um bom começo.

— É… pode ser. Mas, por enquanto, tô com fome! Vamo, vamo, vamo!

Seu lado mais infantil tomou conta, e, empurrando-o, os dois desceram rindo em direção à cozinha, prontos pra se alimentar. Serafina não sabia o que o dia traria — mas, por alguns minutos, ao lado dele, tudo parecia normal.

Depois de deixar Sera no trabalho, Harkin levantou voo e partiu para Eldravel na velocidade máxima.

“To com um mal pressentimento. O velho disse ontem que a gente ia conversar… mas o que pode ser mais importante do que emissários, acordos e toda essa porcaria diplomática?”

Durante o voo, tentava decifrar as armações do imperador.

“Pior: a bruxa velha concordando com isso? A merda já deve estar no ventilador.”

As preocupações se multiplicavam; quanto mais perguntas, menos respostas. Restava chegar logo e descobrir por si.

Os distritos da Acrópole eram lindos, não importava quantas vezes passasse por ali. Mesmo na sua velocidade, era impossível não apreciar os bosques e a simetria perfeita estabelecida por Eiden. Eldravel, o palácio, era uma obra de arte — tão grande que, mesmo do solo, via-se sua parte superior.

Ele se sentiu pequeno ao entrar ali novamente, mas seguiu rápido até a sala onde Eiden o aguardava: estranhamente menor por dentro do que parecia por fora, e mais escura do que esperava. Uma surpresa leve: Morgana e Kinan já estavam presentes.

Kinan o encarou com olhos verdes como jade. Um “jovem senhor” com marcas discretas do tempo, cabelo meio preto, meio grisalho em corte militar, barba na régua e uma armadura tática que lembrava o uniforme de um alto oficial.

— Jovem mestre, que bom vê-lo — disse.

Harkin ignorou completamente Jeanne, Kaius, Markus e Adrien, também na sala. Morgana esboçou abraçá-lo, mas recuou ao notar a empolgação dele com o Thaurion.

— KINAN! — Harkin correu como uma criança e o abraçou. — Que bom te ver. Eu senti saudades.

— Percebo pela força do abraço, jovem mestre — Kinan o afastou gentilmente, mãos nos ombros, sorrindo nos olhos. — Fico feliz de ver tamanha vitalidade. Diga: você dá tanto trabalho aqui quanto em Nerio?

O sarcasmo e a desconfiança habituais tinham sumido; Harkin parecia um filho reencontrando a família.

— Se ele deu trabalho? Mais do que minha filha em vinte anos — resmungou Markus.

— A culpa é sua, que não treinou ela direito — Harkin retrucou, automático.

— Bom saber que você se estabeleceu — disse Kinan, orgulhoso. — Meu coração se aquece ao ver seu sorriso de novo.

— Fico feliz com o reencontro — disse Morgana. — Mas temos assuntos oficiais a tratar, lembram?

— Tá com ciúme, Morg? — Eiden sorriu, sarcástico.

— Querido, se você estivesse no lugar dela, faria pior — atalhou Jeanne.

— Com certeza. O imperador é rancoroso, disso eu sei bem — Morgana riu, sem zombaria: apenas fato.

E era mesmo: Eiden podia ser infantil. Ficara meses sem falar com Markus porque ele deixara Okini passar três meses na casa dos Centuri, fugindo da rotina.

— Peço desculpas, vossas majestades — Kinan inclinou a cabeça. — Não vejo Harkin há mais de um ano. Quando ele saiu, eu estava em missão. — Lançou um olhar de pai orgulhoso. — Com todo respeito, o garoto é como um filho para mim.

— Entendemos, Kinan — disse Jeanne. — Não se preocupe. Meu marido e Morgana só estão aproveitando o raro intervalo em que podem ser infantis.

— Tsk — resmungaram Eiden e Morgana ao mesmo tempo.

— Sendo assim — concluiu Jeanne —, vamos ao ponto: tempo talvez nos falte.

Ao ouvir a madrasta, Harkin desviou o olhar para Adrien, atrás de Kinan, como bom sentinela. Perguntou com os olhos; Adrien negou com a cabeça.

“Ótimo. Sem nenhuma informação… Está ficando preocupante.”

— Bom — começou Eiden —, há alguns anos anomalias mágicas vêm ocorrendo ao redor do mundo.

Harkin endireitou a postura, trocando o tom leve por atenção total.

— Que tipo de anomalia?

Eiden ergueu um cristal de transmissão. Imagens do que foi discutido no Aru’zan se projetaram: florestas marcadas por algo colossal, uma ilha ao sudeste de Nierr’Dhalar com um pedaço “comido” por algo que não deixou rastro. O vulcão do império e a besta abatida por Erik: destruição por todos os lados, a região ao redor engolida por um mar de chamas.

Os olhos de Harkin se arregalaram ao identificar uma mina de Nerio: cadáveres por toda parte, nenhum vestígio do que ocorrera.

“Há um padrão: bestas descontroladas ou distorções que desencadeiam anomalias. Mas em Nerio só há corpos numa mina.”

— Dá pra ver o padrão: ou besta mágica mutada, ou consequência de distúrbio energético. Por que, em Nerio, só há corpos numa mina?

— Eu respondo — disse Kinan. — Fui um dos primeiros a chegar, após um pedido de socorro. Estava por perto. Esses foram os corpos que recuperamos. Não houve sobreviventes.

— E a causa?

— Outros mineradores. Quando cheguei, pareciam possuídos — olhares vazios, sem vida. Algo os controlava. Todos com nível de um sentinela.

“Droga. Vai dar dor de cabeça explicar, mas já tenho uma ideia do que houve.”

— Isso não deveria ser um problema pra você — disse Harkin, encarando Kinan.

— E não foi… mas foi difícil matar homens e mulheres que jurei proteger.

— Eles provavelmente já estavam mortos.

— O quê? Como você afirma isso sem ver a cena? — Morgana estreitou os olhos.

— Deixa eu adivinhar: os corpos se desintegraram após mortos?

Os olhos de Kinan arregalaram.

“Ele não faria… faria?”

Abortou o próprio pensamento antes que se tornasse uma dúvida perigosa.

— Quase, meu príncipe. Eles sumiram como se nunca tivessem existido.

— Uma variação, talvez — murmurou Harkin, mãos entrelaçadas sob o nariz.

— Desembucha o que você sabe, moleque — Eiden o puxou de volta.

— Não é “saber”; eu estudei Aetherium por anos. Descobri que exposição prolongada ao minério pode envenenar criaturas desconexas da mana.

— E mesmo assim você não impediu a mineração? — Jeanne franziu o cenho.

— Existem procedimentos de segurança — e equipamentos que desenvolvi — para evitar envenenamento e limitar a exposição.

— Verdade — confirmou Kinan. — Ele até pediu minha ajuda para testar alguns.

Harkin viu preocupação genuína no olhar de Jeanne e deixou a acusação de lado.

— Um dos efeitos — prosseguiu — é que, sob manipulação correta, dá pra criar uma espécie de doença mágica manipulatória. Pesquisando, cheguei a algo que se assemelha a um conhecimento antigo que vocês dois — apontou para Eiden e Morgana — erradicaram do resto mundo antes de suas ascenções.

— O quê? — ambos, em uníssono.

— Necromancia.

O semblante de Eiden e Morgana mudou.

— Você não deveria saber da existência dessa arte maldita — rosnou Eiden.

— Eu não te ensinei isso. Onde aprendeu? — Morgana apertou os lábios.

O clima pesou. Harkin assumiu outra postura — não a mais diplomática.

— Não importa onde. Importa que eu vou enterrar esse conhecimento comigo.

A resposta surpreendeu Markus e os demais — menos Adrien, imóvel, em guarda.

— Agora não é hora pros seus joguinhos, filho. É sério — Morgana afrontou.

Eiden perdeu parte da calma.

— Desembucha!

— Não. E não tô nem aí. Me matem, se quiserem; não vou falar.

As veias na testa de Eiden saltaram, mas nem ele nem Morgana insistiram. Ele não queria perder o controle; ela sabia que nada surtiria efeito.

— De qualquer forma — retomou Harkin —, o incidente foi, com certeza, artificial. Descobri também que a mana bruta do Aetherium tende a se igualar à assinatura de mana mais próxima. Por isso, quando atinge não-magos, devora o corpo de dentro pra fora, preservando-o vivo… com a mente morta.

— Como isso é possível? — perguntou Markus.

— Em resumo: a mana bruta mata o indivíduo e o resíduo mantém o corpo “vivo”. Não há consciência ali.

— Um receptáculo de mana pura — concluiu Kinan.

— Exato. E, por curiosidade, infundi minha própria mana em um dos corpos afetados. Lembrei da necromancia — o resultado foi praticamente o mesmo descrito nas fontes, ao perder a conexão, assim como os mortos vivos, os corpos em teste se desintegraram ou queimaram até virar pó.

— O que me faz crer que o incidente é uma variação das minhas conclusões em pesquisa, com as propriedades de mana do agente causador.

— Conseguiu deduzir só pela descrição de Kinan? — Jeanne, genuinamente curiosa.

— Sim. Têm explicação melhor? E vocês já sabiam que os incidentes eram não naturais, ou não teriam esse dossiê montado.

Silêncio.

— Aliás — continuou ele —, duvido que, pelos rastros, minha mãe não tenha suspeitado de necromancia. Aposto que foi ver a Lumineirie, ela fez o “catimbó” dela com o deus de vocês… e talvez esse seja um dos motivos de eu estar aqui — ainda que você esteja puta e rancorosa comigo mãe, uma recomendação dela faria relevar o seu orgulho.

De novo, silêncio. Surpresa geral — menos Morgana, que apenas fez cara feia e um “tsk”. Kaius, até então calado, caiu na gargalhada:

— HAHAHAHAHA! — sua voz grave ressoou. — Esse teu moleque é do caralho, Eiden! Leu vocês como um vidente!

Secou as lágrimas e, ao abrir os olhos, renovou a aura ameaçadora com seus olhos carmim sobre o jovem príncipe.

— Quase um ano aqui e você ainda não aprendeu a controlar a língua, garoto?

— Velho monstro — Harkin nem piscou. — Tô cagando pra teatrinho e falsa lealdade. Falem logo o que querem de mim.

Eiden ainda irritado, reconheceu que o conhecimento do filho o tornava qualificado para o próximo passo.

“Lumineirie previu isso? O que mais esse moleque sabe e esconde? Será por isso que opera sozinho?… Não importa agora. Precisamos dele.”

— Se não vão falar — cortou Harkin —, ao menos manda o Markus tirar a sombra dele. Essa ilusão está me irritando.

Eiden se surpreendeu com a percepção. Fez um gesto a Markus. A sala “expandiu”: a mesa se alongou e cresceu e, então, Harkin percebeu outras pessoas ali, eles foram aparecendonjunto com o resto da sala, sua mente parecia estar bêbada do pior dos licores.

Mais quatro generais do império, entre eles Blutfalken, o mesmo que o impediu de alejar Julian, e um rosto conhecido em Nerio que preferia não ver.

— Páris — disse, ao ver o jovem familiar. — Então foi por isso que trouxeram Kinan? Essa desculpa patética de senador veio junto?

Olhou para a mãe; raiva e desprezo ardiam nos olhos. Páris apenas balançou a cabeça, impecável:

— Não é um comportamento adequado, jovem mestre. Nossos assuntos devem ficar na fronteira de Nerio.

— Vai tomar no cu. Falem logo o que querem, ou eu vou embora. Foda-se.

O ímpeto dele confundiu parte dos “recém-chegados”.

— Qual é a história entre vocês? — perguntou Erik.

Harkin se calou. Páris, calmo, fixou algumas opiniões na mesa:

— O príncipe matou meu pai.

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