Volume 2
Capítulo 44: Coração de leão
15 de Março de 4818 - Continente de Origoras, Cidade-Estado de Palas, Plaza Leste
Se arrependimento matasse, Keiko Shikiba estaria a 7 palmos debaixo da terra naquele mesmo instante.
Perguntava-se como foi colocada naquela situação, embora a resposta fosse óbvia e um tanto constrangedora. Pela sétima vez só nos últimos dez minutos, ajustou seu rabo de cavalo para ficar menos rebelde, na esperança de que aquilo diminuísse o batimento veloz de seu coração. Sua aura chamava a atenção das pessoas ao redor, que apontavam para ela com curiosidade e receio. “Não é um encontro. Aka só quer me mostrar um pouco da cidade! Não é um encontro!”, repetia fervorosamente, quase como um mantra de autocontrole.
Não estava de todo errada: o convite de seu colega de sala veio enquanto conversavam sobre as galerias artísticas do Plaza Leste, ponto turístico muito conhecido pelos moradores da cidade e nobres estrangeiros. Um passeio clichê, antiquado; o exato tipo de coisa que ela gostava.
Com sua criação reclusa, Keiko se viu encantada com a ideia de conhecer uma exposição de arte multicultural. E, claro, Akashi captou seu desejo, resultando em um “encontro” — ainda que não quisesse chamar assim por pura vergonha.
Ao encarar seu reflexo, lembrou-se de agradecer Haruhi depois, sem dúvidas. Ao saber do compromisso da garota leão, a loira montou uma força-tarefa com Ayame e Hanako para tornar Keiko, em suas palavras, na “mais gata das leoas”. O conjunto de saia verde-água, camisa branca e sandálias castanho-claras estava perfeito, assim como a maquiagem para destacar seus olhos prateados. Ela não teria capacidade para fazer tudo aquilo sozinha.
Estava incerta sobre a postura que deveria assumir diante dele. Deveria adotar trejeitos mais casuais ou demonstrar sua criação cheia de aulas de ética e elegância? Como Akashi reagiria a vê-la daquele jeito? Tudo lhe causava insegurança demais.
— Será que cheguei cedo demais? — suspirou, buscando o relógio da praça com os olhos. — Combinei com ele às dez e meia, mas aqui estou eu chegando mais ce…
— Oh, Kei!
A voz alegre quase a fez saltar de susto. Os passos rápidos de Akashi logo os aproximaram, até que pudesse admirar a aparência dele com mais detalhe.
Tão bem arrumado quanto ela, o estilo arrojado do menino estava estampado em suas vestimentas, com calça jeans e uma camiseta laranja por baixo de uma jaqueta de tecido leve preta. O cabelo, dividido nas duas usuais mechas sobre os ombros, estava mais brilhante daquela vez.
Quer dizer, pelo menos para ela, ele inteiro estava reluzente como uma lâmpada. Não tinha a menor ideia de onde ele havia aprendido a casar as peças daquela forma, mas tinha de admitir sua inveja. A face dela estava em chamas com o desejo de comentar aquilo.
— Ouras pra Kei!
— E-Eu! Me distrai de nervoso, desculpa! — Ela se curvou, deixando os fios loiros ocultarem seu rosto vermelho.
— Que nada, levanta essa cabeça! — pediu o garoto. — Te deixei muito tempo esperando?
— Não, cheguei há uns dez minutos, por aí…
— Deixei uma moça bonita dessas esperando por dez minutos? — brincou Akashi. — Vem, vamos aproveitar! Tenho muita coisa pra te mostrar e o dia é curto!
Casualmente, a mão direita da garota fora envolta pela dele, guiando-a por entre a multidão. Keiko cogitou verbalizar sua surpresa com o toque íntimo — ponderou por um segundo, em seguida decidindo retribuir o aperto leve da palma dele e sorrir em silêncio.
O garoto seguiu com a revisão da “rota de visitas” para o dia deles, divagando em voz alta sobre qual seria a comida que iria sugerir para ela. Por vezes, a conversa caía no colo dela, que se mostrava incapaz de responder com firmeza similar à dele. Nem um pingo de hesitação enquanto a guiava por entre a multidão.
— Ainda bem que ela não consegue ver seu rosto, ou ficaria preocupada. Está mesmo tudo certo?
— Cala a sua boca, Miguel!
— Claro! Que grosseria, Akashi, só estou fazendo meu papel de Bênção.
Pelo menos, é isso que ela era capaz de ver andando atrás dele. Mal sabia a leonina o quão intenso era o esforço feito pelo pobre rapaz para não deixar explícito os efeitos da paixonite crescente em seu peito. Se dependesse apenas dos verdadeiros sentimentos do jovem Kousho…
(quebra)
A caminhada foi curta até o setor principal de exposição, que estava menos lotado do que Akashi esperava. Pouco demorou para adentrarem de fato o evento, intitulado, segundo os pôsteres, “As Lendas de Fundação”.
Espalhados pelos amplos cômodos, coloridos de acordo com as bandeiras de cada reino, quadros e mais quadros representavam as histórias milenares do surgimento de cada um dos vinte e um reinos de Ouras. De peças exaltando a gloriosa conquista de territórios a lindas pinturas de guerra e liberdade, Keiko mostrava-se encantada com o enorme acervo cultural, para a alegria de seu acompanhante.
— Aka, Aka! — A loira o puxou para perto de um dos quadros do setor de Origoras. — Você é de Tellus, né? Que conto é esse?
— Hm… “A semente da liberdade” é o nome desse quadro? — questionou, recebendo um aceno positivo. — É sobre a história da família real. Quando Tellus declarou sua independência de Helias, a primeira rainha plantou uma semente no pomar do Palácio de Landalinis. A árvore está lá até hoje, junto de todas as outras que plantam sempre que um novo Guardião de Gaia é escolhido.
— Quando foi isso?
— Uns… ah, mil e quinhentos anos atrás?
A expressão de descrença de Keiko o fez cair na risada sem querer. ”Como eu queria minha câmera agora”, pensou, enquanto ela estava ocupada demais tentando deglutir a informação.
— C-Como uma árvore vive tanto tempo?
— Bem, são os poderes de Gaia… Ela quem também mantém quase todas as terras do país férteis — lembrou Kousho enquanto admirava os detalhes da arte. — Inclusive na fronteira com Harenaris. Minha família veio de lá algumas gerações atrás.
— Entendi…
A citação à família deixou a Guardiã de Shishi intrigada. Nunca perguntara do passado de nenhum de seus colegas — sabia por cima dos príncipes e princesas, mas não dos demais sem status social. “Será que é indelicado falar disso?”, ponderou, ao mesmo tempo que caminhava para a próxima parte da exposição.
Era a vez de Ignasia, seu continente natal. Por cortesia de seus pais e professores, se ofereceu para “dar uma aula de história ignasiana” para seu amigo. A construção da Torre dos Mil Lutos, a evolução pífia da civilização bellana, a origem da Lua Rosada de Eromi… Seu amor pelos contos narrados era tanto que poderia passar horas sem parar de falar, em uma demonstração de seu genuíno entusiasmo com o tema.
Seu corpo tremeu de empolgação quando chegaram a um salão pintado em dourado e prateado — finalmente, era hora de falar de seu país e da gloriosa lenda do Leão. Ao menos, era isso que sonhava, até ver a principal obra do setor pendurada diante deles.
— O-O quê…? — Sua voz saiu em um sussurro de choque. — Não, não pode ser.
A fábula contada na imensa tapeçaria era bem conhecida por Keiko. Logo ao fim da Guerra Divisora, os Guardiões do Lobo e do Leão eram louvados e poderosos em igual medida. Nenhum era capaz de subjugar o outro sobre seu controle, e governavam em conjunto as terras que viriam a ser Leoni.
O Leão valorizava a paz e a diplomacia; o Lobo, a violência e a conquista. Ainda assim, ao fim de cada dia, nenhum dos dois ousava deixar de dividir a mesma mesa de negociação, certos de que seriam capazes de convencer seu semelhante de seu ideal.
Porém, eles não eram os únicos responsáveis pelo futuro da nação. O povo, ainda ferido pelos horrores do conflito divino, escolheu o Leão como seu representante, acreditando que isso traria estabilidade ao novo reino e seus vizinhos. Foi assim que o Leão e sua filosofia pacifista comandaram o país por milênios.
Sem derramamento de sangue, sem tirania. Uma decisão quase democrática pela plebe que juraram proteger com suas próprias vidas.
Até a parte em que os Guardiões governavam juntos, a história seguiu seu curso natural. O que vinha a seguir, contudo, não poderia estar mais desconexo da verdade conhecida por Keiko. Teve que conter a enorme vontade de destruir aquela arte blasfêmica.
O Leão, aqui representado com a juba vermelha e pele negra, aparecia tal qual um tirano, colocando todos os dissidentes sob suas grandes patas. Eis que surgia, das preces do povo oprimido, o Lobo, que os libertava de seu cárcere e era coroado governante, com sua pelagem dourada e olhos prateados, acenando aos seus súditos com toda a graça.
Nada daquilo condizia com a história que lhe foi contada. Não, era muito além — não condizia com a realidade e o passado de sua família, renegada do direito ao trono que um dia ocupou. Trono este que fora usurpado pelo mesmo canalha que hoje espalhava aquela mentira para apagar, das páginas do tempo, os seus crimes.
O estômago de Keiko se revirou. As pessoas ao redor olhavam para aquela peça e nada viam de errado; mesmo Akashi, um ávido leitor e estudioso, não demonstrava qualquer desconforto diante da obra que encaravam. Em suas mentes e concepções, o Lobo nunca fora um inimigo, cuja pelagem negra e olhos vermelhos representavam um símbolo de mau agouro ao seguidores do Leão.
Com pernas bambas e uma respiração errática, o mundo tornou-se distante. O som, calor ou o aperto firme em seu peito: nenhum deles parecia alcançá-la de fato, como se fossem sensações irreais. Pela aura vazada sem razão, o telurino sabia que algo de muito errado ocorria com o âmago de sua amada.
— Kei? — A voz de Akashi soou baixa. O descontrole estava começando a chamar atenção. — Tá tudo bem? Você tá pálida, sua pressão caiu?
— E-E-Eu não s-sei — confessou, aos murmúrios. — Eu s-só… não me sinto bem. Podemos s-sair daqui?
Cavalheiro como sempre, concordou com ela em silêncio, ajudando-a a caminhar para dali partirem. Os braços enlaçados encurtaram a distância entre eles, que andavam lado a lado em total sincronia. Embora a tristeza ainda corroesse o coração ferido de Keiko, teve a certeza de que o calor de Akashi foi capaz de anuviar a dor em seu peito.
— Então é ela…
— Yato vai ficar feliz de termos informações dela.
— Sim. Oculte sua aura, o mínimo possível.

— Que gostoso!
— Ainda bem que acertei. Você gosta mesmo de maracujá, né?
— Óbvio! Ele me deixa tão tranquila…
— Depois de você ficar ruim daquele jeito… acho que só isso pra te fazer ficar calma.
— Deixa de ser um bocó, Akashi!
Após andarem tanto tempo, uma pausa para o almoço pareceu uma boa pedida ao jovem casal. Sob as orientações do garoto, Keiko foi apresentada a iguarias distintas ao seu paladar: entre os quibes harenarianos aos pretzels de Camelot, as barracas de comidas multiculturais embriagaram-na com a alegria de experimentar um mundo gastronômico inteiramente novo.
Seu acompanhante, contudo, esteve em silêncio a maior parte da refeição. As íris grafites enervavam-na, observando cada movimento seu com algum sentimento oculto por trás daquele olhar. Momento ou outro, soltava alguma curiosidade sobre a comida da vez e voltava para sua posição anterior, reflexivo e observador.
Não era desconfortável, mas…
— Quero você falando.
— Ah? — respondeu ele, saindo do transe. — Me explica melhor, não entendi.
— Você tá aí me olhando o almoço inteiro! Gosto de ouvir você falar…
Akashi sentiu seu rosto queimar. Pela reação claríssima dele, Keiko também se deu conta do que acabara de admitir e, sinceramente, não se arrependia. Antes de respondê-la, olhou ao redor mais uma vez e, enfim, fez contato visual com ela.
— N-Não estava olhando, pra c-começo de conversa! — Claro que estava, era impossível. — M-Mas não vejo p-problema em falar mais, se te agrada.
Ambos estavam muito desconcertados para dizer algo naquele instante. A loira sentia sua aura oscilar conforme sua pulsação — não podia acreditar que confessou gostar da voz dele de maneira objetiva, ponto para ela. Passaram mais alguns segundos hesitantes, buscando o que falar para amenizar a vergonha ao mesmo tempo que caminhavam pela alameda repleta de barracas de comida.
Quando a menina estava prestes a se pronunciar, foi repentinamente puxada para uma das ruas perpendiculares à principal. A mão de Akashi tapou sua boca para não gritar, ao mesmo tempo que utilizava o corpo maior do que o dela para ocultá-la de vista.
Mesmo com o corpo pressionado contra o dele, Keiko foi capaz de ver a aura amarronzada concentrar-se em seus olhos — alguma coisa colocou-o em alerta suficiente para ativar os poderes de Miguel. Pelo modo que encarava a rua principal, a ameaça parecia vinda dali.
— Quem são eles? — questionou o garoto, enquanto sua amiga o copiava e ativava seus poderes. — Já faz um tempo que estão nos seguindo. Um altão e um meio baixo fortinho.
Pelo canto de seu ângulo de visão, as pupilas finas de Keiko visualizaram a dupla mencionada por Akashi. Moviam-se discretamente pela multidão, ainda que com passos velozes, na direção do jovem casal. A quantidade de mana por eles apresentada era tão baixa que qualquer pessoa mais experiente teria a absoluta certeza de que estavam ocultando parte de seu poder.
Serem especialistas em camuflagem não foi o que assolou o coração da loira de medo. Assim como os dela em sua forma leonina, as pupilas finas de um felino a permitiram reconhecer de imediato as identidades deles. Não sabia como ou o porquê de estarem ali, mas tinha de agir. E rápido.
Seu punho apertou as roupas de Akashi. “Por que logo hoje?”, amaldiçoou, preenchida por ira e remorso. Envolver aquele garoto em seus problemas era a última coisa que queria.
— Me carrega. — A ordem da garota foi curta e grossa. — Voando. O mais longe possível.
Akashi pegou-a pela cintura e invocou suas asas brancas, alçando voo sem demora ao mesmo tempo que os homens entraram na ruela. Disparos de mana elemental concentrados forçaram o Guardião de Miguel a realizar repetidos desvios, até ter a chance de mirar seu contra-ataque com apenas uma das mãos.
— Flash!
Ao seu comando, sua mão esquerda reluziu ao disparar um feixe potente de energia contra os adversários. Inconsequentes, eles foram total e completamente atingidos pelo efeito cegante da técnica, dando a abertura necessária para acelerar em alta velocidade pelos céus de Palas.
Não os reconheceu; sua protegida, por outro lado, tremia em seus braços, quieta como nunca enquanto enlaçava-o com os braços. O que, em qualquer outro contexto, seria a situação romântica perfeita, ali gerava um sentimento de impotência aterrador em seu coração. Seu desejo de tirá-la daquele estado era muito mais do que mera paixão.
Minutos de fuga passaram-se até ela solicitar para pousarem nos arredores da Academia, onde Keiko saltou de seus braços e sentou-se em um banco próximo. Apática, ela apenas encarava o céu, sem nem mesmo dirigir o olhar ao responsável por salvar sua pele.
Um mar de questionamentos tomou a mente do pobre rapaz, que assumiu o lugar ao lado de sua colega de classe. Quem eram aquelas pessoas? O que faziam atrás de Keiko? A total falta de respostas objetivas por parte dela fazia seu coração encher-se de receio e desestabilizar seu raciocínio.
— Kei, o que fo…
— Desculpe te envolver nisso, Akashi — comunicou a jovem, curvando-se. — Não precisa ficar comigo mais.
— E-Espera, não é isso!
A mão dele tentou pegar a dela, apenas para ser retaliada com um movimento brusco. Sob o sol da tarde, notou partículas brilhantes logo abaixo dos olhos dela — nunca havia visto Keiko ficar nem sequer perto de chorar ou ter um tom tão gélido como aquele.
— Eu não quero te julgar, eu só…
— Não! — O grito desesperado espalhou as lágrimas pela lateral do rosto. — Eu não quero te contar, Akashi. Isso seria te envolver num problema que não é seu. Por favor, não força.
Shikiba deu as costas para ele e se levantou para seguir seu caminho sozinha. Sua cabeça estava uma bagunça, e não sabia nem por onde começar a arrumar. “É tudo culpa dele, nunca quis sair de casa e agora quer me prender junto dele”, foi o que pensou, tentando ignorar a mágoa de seu dia tão feliz ter se encerrado daquela maneira.
O choque de Akashi não demorou a passar, e sua expressão habitual cedeu espaço a uma seriedade que há muito não tinha. Se foi capaz de entender os sentimentos de Zuko, o mais complicado dos herdeiros, com certeza era capaz de fazer alguma coisa pela pessoa que amava. Tinha ao menos que tentar, ou teria desgosto de si mesmo para sempre.
— Kei! — chamou-a, já distante de si. Ela não se mostrou interessada. — Eu não sei o que aconteceu, muito menos no que você tá envolvida! Eu sei que não quer contar, eu sei que quer fugir, mas de uma coisa eu tenho certeza…
Contra todas as expectativas, ela cedeu e o encarou. Era a chance que ele precisava, sua única chance de capturar os olhos prateados dela ou perdê-la para algo do qual não tinha a mínima noção. Depositaria todas as suas esperanças e medos naquelas palavras.
— Nós vamos resolver juntos! É minhas segunda promessa pra você!
O choro intensificou-se na face da jovem. Entretanto, havia uma diferença sutil entre o de agora e o anterior, perceptível apenas pelo olhar observador de Akashi. Seus lábios formavam um sorriso fraco e a cabeça estava erguida para que este se mantivesse visível para o garoto.
Era a maneira da garota leão de dizer sua confiança. Um pacto de que, um dia, ela talvez fosse capaz de aceitar o apoio do telurino. Havia um oceano inteiro de distância a percorrer, mas ele nadaria mais de uma vez se fosse para dar certo.
Naquele dia em específico, Akashi teria de sair com mais perguntas que respostas. Sua amiga acenou para ele antes de partir rumo ao seu prédio, deixando-o só para descobrir por conta própria o rumo a seguir.
— Acho que só me resta pedir ajuda pro Ichi. — decidiu por fim. Apertou o punho com determinação. — Eu vou ligar os pontos, Kei. Eu só preciso de uma pista…
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