Dualidade Brasileira

Autor(a): Pedro Tibulo Carvalho


Volume 1 – Arco 4

Capítulo 53: Emboscada, parte 6: Vida longa ao rei

O Portador de Gabriel? O que está fazendo aqui? — Não pude deixar de questionar, ainda que sentisse um imenso alívio. Se ele estava aqui, do nosso lado, esse conflito estava ganho!

O homem apenas sorriu enquanto caminhava lentamente até o Homúnculo, que parecia estranhamente empolgado com a ideia da luta.

Não se preocupe com isso… — Olhou os corpos ao redor enquanto sua energia crescia. — Bem? Vai me deixar esperar até quando? Você tá aí, todo sorridente… Não quer resolver logo isso?

Achei que conseguiríamos evitar ele por um tempo… — falou o Alquimista, dando um passo para trás. O alívio que senti aumentou com isso. — Kaira fica do outro lado do mundo e, mesmo assim, chegou rápido demais.

Antes que Euclidum pudesse responder, o Homúnculo avançou. Seu soco foi forte o suficiente para gerar uma grande onda de choque e um pequeno tornado. Engoli em seco.

Ainda que o ataque fosse ridiculamente forte, o portador de Gabriel nem ao menos se moveu. Era quase como se o golpe tivesse parado antes de atingi-lo. Talvez seja telecinesia?

Mudando de postura, desviou de um chute com um salto e pôs os dois pés na cabeça daquela coisa. Engoli em seco com aquilo.

Um adversário que parecia tão poderoso assim…

Transformou a ponta dos braços em espadas e tentou cortá-lo, contudo era como se cada movimento que fizesse fosse lido. O ruivo aparecera atrás do monstro, pulando para longe, evitando os espinhos que cresceram da carne.

Que feroz — disse, mantendo o bom humor. — Nem parece um recém-nascido.

Senti a garganta se contrair conforme olhava aquilo. Só havia uma coisa que me vinha a mente enquanto observava a forma como o portador brincava.

Deus é injusto.

Novamente, tentou um soco, mas cada ataque parecia desacelerar, dando-o margem mais que o suficiente para desviar.

Ora, vamos! Eu só estou usando um truque que Gabriel tem… — A voz debochada soou e, num segundo, o som de um tapa foi ouvido.

Engoli em seco enquanto a pele do monstro ficava mais e mais vermelha. Ele realmente fez aquilo? Como alguém consegue ser tão confiante?

Seguido disso, para minha surpresa, o Homúnculo caiu no chão, uma expressão de dor e ódio.

O que é isso? Levante-se!

É inútil — retrucou, enquanto dava mais alguns tapinhas na cara dele. — Esse foi um ataque diretamente contra a alma. Alguém sem um espírito forte não conseguirá ficar de pé depois disso.

Num segundo, deu um golpe tão forte que separou a cabeça do Homúnculo do tronco, mandando-a pelos ares. O sangue se espalhou no ar e o corpo destruído começou a se desfazer.

Não… Minha criação… Como ousa?

Ainda tá aqui? — Nisso, o ar ficou mais pesado. Tanto que senti dificuldades em respirar. Tomando todo o tempo do mundo, Euclidum caminhou até as vinhas que prendiam Edwars e as cortou. Estava completamente entediado. — Deviam aproveitar que estou de bom humor e correr. Não me importo se estão do lado da lei ou não, se ficarem no meu caminho, é vala.

Os três híbridos relaxaram a postura e saíram dali enquanto o ruivo sorria. Convencido.

Bem, acho que é isso. — Olhou então para a forma inconsciente de Lewnard e começou a caminhar até ele. — Céus, a alma dele tá um caco. É difícil dizer se estou olhando para ele ou pro espírito guardião…

Colocou a mão no peito e permitiu que sua energia fluísse lentamente para fora do corpo e entrasse no alvo. Suspirei, observando aquele procedimento.

A energia astral dele era tão bela, de um azul tão puro… Junte isso a luz dourada que começara a cercá-lo e foi uma das poucas vezes que fiquei sem palavras.

O diário de Gabriel é conhecido como o Diário das almas e do pico. O conceito que manipula é apenas o espírito, mas, na minha não tão humilde opinião, eu acho que sei usar bem ele, não é?

Nisso, a luz diminuiu e o ruivo se levantou, olhando para o céu e esperando. Como se fosse magia, Lewnard tossiu seco e abriu os olhos, olhando para todos os lados e grunhindo de dor.

Manipular a alma é algo realmente incrível. Graças a essa capacidade, desde que o corpo não seja destruído, eu consigo impedir que as pessoas morram. Claro, é algo difícil e tem suas limitações, por isso, vê se arruma logo essa união aí, Lewnard.

Quem é você? — O rosto dele parecia confuso, como se tentasse lembrar de algo mas não conseguisse.

Não se lembra? Bem, acho que é justo. Ambos eramos bem diferentes quando nos encontramos. Você era tão pequenininho.

Engoli em seco, tentando entender de onde Lew conhecia o portador mais forte dos dias atuais quando lembrei de um rumor que ouvi, ainda quando criança.

John Hollick recrutou o herdeiro de Eobard, ainda na guerra do lago Enfari.

Claro! Os dois trabalharam juntos no meio da guerra. Talvez John tenha até mesmo agido como um mentor para Euclidum. Vendo o meu rosto, Lewnard tentou lembrar quando arregalou os olhos.

Você é aquele pré-adolescente rabugento! — disse, levantando com um salto e grunhindo de dor. Ajudei ele a se sentar enquanto suspirava e me desculpava com o outro.

Essa é uma forma de me definir naquela época, sim. — Nisso, levantou-se e olhou de novo para os corpos. — Estou surpreso com o quão longe você chegou em tão pouco tempo. Me diz, quando recuperar sua conexão, quer ir comigo para o leste? É bem forte, mas soube que tem alguns problemas no que tange ao controle. Posso te ajudar nisso.

Arregalou os olhos e, antes que pudesse recusar, segurei o ombro dele. — Pense bem no que está indo dizer, Lewnard. O portador mais forte da era moderna está te oferecendo a chance de ficar mais forte.

O meu irmãozinho ficou quieto por alguns minutos e suspirou enquanto olhava para as mãos.

Não sei o porquê da minha conexão ter desaparecido, mas, mesmo que eu tivesse ela aqui comigo, já tenho uma tarefa a cumprir que deve me manter ocupado por alguns meses… Tenho que matar o líder de uma rebelião em Ninlamak.

Ninlamak… Bem, eu acho que vai demorar pelo menos umas duas semanas para reganhar sua conexão. Além disso, a viagem daqui até Ninlamak… Vai ficar ocupado por uns quatro meses, pelo menos. É pouco. Resolva os assuntos que precisa e vá para Kaira. Estarei te esperando no templo de Tsukuyomi.

Virou-se e começou a caminhar para longe enquanto cantarolava uma canção. Dois passos depois, olhou de volta para nós e coçou a cabeça. — É mesmo… podem me apontar a direção do sul? Tenho uns assuntos a resolver e…

Antes que pudesse continuar, o guinchar da moto de Reide soou e, tão rápido quando veio, parou no meio da rua. A Visliana retirou o capacete e correu até onde estávamos.

Lewnard, Shiki! É horrível! — gritou, desesperada. Engoli em seco enquanto tentava entender o que a deixou tão nervosa. — A mansão real foi… — Antes que pudesse continuar, a sombra de um dirigível pairou sobre nossas cabeças.

Cidadãos de Juvicent! — A voz era metálica e artificial, uma que deu um susto em Lewnard. — Eu sou o Moedor e tenho um anúncio a fazer. Há anos que o povo está insatisfeito com a má gestão feita pelos nobres. Isso acaba hoje. Tenho certeza que souberam dos assassinatos que começaram um ano atrás.

Uma forte luz iluminou o céu, saindo da área da Mansão real e refletindo num enorme telão, abaixo do dirigível. Ali, apareceram diversas imagens. Cada uma era de um corpo que o Moedor deixou para trás…

Isso que estão vendo são os “cidadãos de bem” que governavam sua cidade. Ao menos, é o que eles querem que vocês pensem.

A tela escureceu e voltou a ser iluminada. Dessa vez, eram fotos dos mortos quando ainda estavam com vida, junto a diversas informações. Demorava em torno de 25 segundos para trocar de imagem, tempo o suficiente para que lêssemos os crimes que cometeram.

Coisas como desvio de dinheiro público, abuso de poder, tráfico humano e tantos outros podres. Seja lá quem for essa pessoa, estava cutucando um vespeiro bem grande…

Nenhum deles era inocente. Todos eram lixo e eu tenho as provas dessas acusações, porém devemos continuar o assunto, ao menos por enquanto. Este — falou, a imagem mudou para uma gravação de um jovem loiro, vestindo roupas militares e com uma carranca no rosto. — é Fredrich Artogrius Juvicent Desma, filho bastardo do rei de Juvicent, Vanitas Juvicent, e o herdeiro legítimo ao trono…

Arregalei os olhos, entendendo o motivo do rapaz ser tão familiar. Era a imagem e semelhança do pai.

O pai dele cometeu traição com sua esposa ainda quando eram noivos, deitando-se com uma prostituta e abandonando-a, soterrando qualquer indício da traição, mandando seus homens eliminarem qualquer um que soubesse disso. Por que isso importa? Porque ele usou dinheiro público para isso, enquanto condenava qualquer divórcio.

Isso é verdade. Lembro de ver várias leis serem colocadas em prática. Leis que permitiam a igreja total controle sobre o matrimônio dos outros, ao ponto de poderem condenar traições. Foi uma época bem controversa, mas todos perdoaram o rei, visto que ele tinha acabado de perder a esposa.

A guerra é financiada não apenas com o vosso dinheiro, mas com o sangue de nossos filhos. Vanitas é amado por ser um grande guerreiro, mas, hoje mesmo, ele foi derrotado pelo seu primogênito. — Um vídeo começou a tocar. Ele pegou o final da luta entre pai e filho, permitindo que todos vissem a imagem de Fredrich com um machado banhado no sangue do pai.

Acho que já é hora de um novo governo. Um que não se corromperá, que não pagará sangue com sangue. É hora de um novo rei. Vida longa a Fredrich Artogrius Juvicent Desma, rei de Juvicent!


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