Dualidade Brasileira

Autor(a): Pedro Tibulo Carvalho


Volume 1 – Arco 4

Capítulo 52: Emboscada, parte 5: Chegada de um herói

O oponente caiu no chão com um grunhido, sinalizando a vitória de Lewnard. Senti um imenso alívio, vendo como meu irmãozinho estava vivo. Olhando para frente, vi a preocupação do homem lagarto, assim como as vinhas que prendiam Edwars.

Bem, acho que não posso ficar para trás… Direcionando uma última olhada para Lewnard, suspirei enquanto um calafrio percorreu meu corpo inteiro.

Uma conexão ridiculamente forte, junto do diário de Davi. Só isso já o tornava um oponente formidável, com o potencial de ser uma força absoluta na guerra… Quem dera fosse só isso.

Talvez a habilidade mais importante que Lewnard demonstrou até então seja a mais simples. A capacidade de manter-se calmo ante inimigos muito mais fortes e experientes que ele e entrar na mente deles, fazendo com que cometam os erros mais básicos…

Ainda bem que ele é meu aliado. Não sei se conseguiria o derrotar como estou agora. Não apenas minha vontade de vencer não se comparava com a dele, seu poder já me superou a muito tempo. Caso ele tivesse tempo para amadurecer e se torne um inimigo da humanidade…

Sacudi a cabeça, tentando me livrar desses pensamentos. Já houve casos de portadores que se viraram contra os humanos, seja se aliando aos quatro lordes cardeais, seja criando uma facção própria. Esses portadores eram chamados de Lordes Sombrios, com a mais recente sendo Lira Jugram, a portadora de Absalão.

A guerra do lago Enfari deixou marcas no mundo inteiro. Graças àquela mulher que estamos nessa guerra fria com Migrand, e, na minha opinião, é por conta dela que a humanidade ficou tão enfraquecida.

Naquela guerra, perdemos não apenas ela, como também Eobard Zenith, além de John Hollick ter sofrido ferimentos que travaram sua capacidade de luta. Além disso, a economia de vários países foi completamente destruída, permitindo que as políticas de Migrand e Anjus mudassem para colonizá-los.

Os Nors também foram afetados. Aquela mulher criou uma vasta gama de Nors modificados, usando a pesquisa de John Hollick para aumentar a força deles. Há até mesmo rumores que ela conseguiu criar um soro que colocava energia negativa em humanos.

Olhei para o estado de Lewnard enquanto lembrava das histórias que ouvi do pai dele. Mesmo amaldiçoado, ainda trouxe enormes contribuições para a medicina moderna.

Que coisa… O portador de Davi é bem mais forte do que nos fora dito. — A voz monótona de um dos híbridos soou. Ele era aquele que estava ao lado do cara das vinhas. Não sei qual o poder dele, mas sinto que tem a ver com a fumaça verde que começou a cobrir a área um pouco antes de Lewnard aparecer.

Agora que eu percebi, mas tudo está normal comigo. Meu controle não foi afetado e minha força continua a mesma, o que descarta a possibilidade de veneno.

O que ele está tentando fazer?

Merda… — O Nor tossiu, espirrando sangue no chão. A fumaça começara a se concentrar nele e nos corpos dos outros. — E pensar que eu seria derrotado por um novato sem qualquer experiência…

Não se desespere — falou o híbrido, caminhando na direção de Lewnard. Senti a tensão no ar, como se uma bomba estivesse prestes a explodir… O que vai fazer? — Diga-me… está disposto a morrer pelo seu mestre?

Antes que qualquer um de nós conseguisse se mover, a cortina verde tornou-se tão densa quanto uma cobra, engolindo os corpos do Skinwalker e dos outros Nors.

O que raios

Dói admitir isso, mas não sou nem metade do pesquisador que John Hollick era. Se fosse ele, não tenho dúvidas que poderia fazer isso sem precisar extrair uma alma. — Os gritos de dor do líder dos Nors preencheram a rua, e uma massa de carne começou a devorar todos os corpos ao redor. — É uma lei natural do mundo que tudo tem um custo… e, para criar uma vida, primeiro é necessária a destruição.

Merda! — Tentei avançar contra ele, usando minhas chamas para voar na direção dele, mas tive de bloquear um chute do homem lagarto. — Lewnard! Não fique aí parado!

Antes que qualquer um de nós pudesse compreender o que aconteceu, a massa de carne voltou para fora da cortina. Dali surgiu um homem, grande e musculoso. Pele vermelha e olhos completamente negros, assim como os fios do cabelo.

Tão rápido quanto surgiu, o olhar dele caiu sobre Lewnard e, numa velocidade insana, um corpo se chocou contra um dos prédios, quebrando a parede.

Não consegui ver nada… foi muito rápido. O que raios é isso.

Esse é o ápice da minha pesquisa. Ainda que não se equipare com os resultados que John conseguiu, acho que está perfeito… — disse, um sorriso orgulhoso no rosto. Seguido disso, olhou para mim. — Aprecie minha genialidade, Bruxo, pois eu consegui alcançar algo que nenhum de vocês jamais sonhariam. Algo que apenas um alquimista conseguiria… um Homúnculo.

Naquele momento, antes que pudesse compreender o que aconteceu, Lewnard correu contra a dupla, um soco pronto. Está tudo bem! Ele só precisa acertar um golpe e vai vencer. Sorri, já conseguia ver a vitória…

O Homunculo sorriu e se preparou para defender o ataque. Ele não vai nem colocar uma defesa?

Com um grito, meu irmãozinho enviou um direto carregado de energia. Contudo, antes que fizesse contato, toda a energia que o rodeava sumiu.

O que?

O som do punho sendo segurado e de um osso quebrado, junto de gritos de dor. Incrédulo, tentei compreender o que acabara de acontecer.

Um soco enviou Lewnard voando de volta contra a parede, o Homúnculo se aproximava a passos lentos.

Isso não faz sentido. Ele estava bem. Sua conexão parecia tão forte como sempre, então como ela desapareceu? Será que eles fizeram algo? Não… não é isso. Até então, subestimaram muito Lew. Até eu o fiz… Quer dizer, não esperava que ele tivesse uma habilidade como aquela…

Espera

Arregalei os olhos quando enfim entendi o motivo pelo qual meu irmãozinho não tinha mais sua conexão. Aquele idiota imprudente!

Ele não havia dominado a técnica de criar ferimentos. Invés disso, ele se forçou a aprender, ainda que não diretamente. Só havia uma explicação que ligava ambos eventos…

Um juramento.

Pelo custo de não usar sua conexão por algum tempo, ele ganhou a força necessária para vencer esse oponente. Claro, faz sentido! Ele estava todo detonado antes de ter aquele aumento de poder absurdo.

Uma jura autoimposta é um contrato que lhe permite puxar mais do que sua conexão consegue sem sofrer com o recuo. Também permite que obtenha poderes além dos que já tem, desde que haja uma base antes.

A jura que fez provavelmente era para recuperar sua força enquanto aprendia algo novo… Não durou muito. Não mais que um minuto! Além disso, seu controle é fraco demais para não ter de sacrificar algo muito grande. Então… se minhas estimativas estiverem corretas…

Lewnard não poderá usar sua conexão por um mês.

Tentei ajudá-lo, mas o desgraçado escamado não me dava uma janela sequer.

Se continuar nesse ritmo, vamos morrer

Ainda não… — A voz quebrada do portador soou nos meus ouvidos, seu corpo curvado caminhava para fora da cortina de fumaça. Estava coberto de sangue e nem conseguia mover seu braço esquerdo… — Eu ainda posso lutar!

Sério mesmo? Bem, não me responsabilizo se morrer — disse, a voz revelando um tom sádico enquanto ordenava que o Homúnculo atacasse.

Com um grito, ambos trocaram golpes. Os ataques de Lewnard não faziam efeito algum no monstro que enfrentava. Em contrapartida, cada soco, mesmo se pegasse de raspão, derramava mais sangue.

Meu filho… Acabe com isso de uma vez.

O ser parou de brincar e deu um forte chute, enviando-o para longe. Lewnard tentou se levantar, mas não tinha força alguma. Seu corpo havia chegado ao limite.

Os passos do Homúnculo começaram a se aproximar e eu tentei de toda maneira ajudá-lo, mas não consegui fazer nada.

Olhei para o anel enquanto trocava golpes com o homem lagarto. Talvez… talvez eu deva usar isso agora… Não. Não posso ainda.

Inari é uma deusa imprevisível. Se eu usar essa habilidade agora, sem ter conquistado seu respeito, posso acabar tornando as coisas piores.

Lew continuava respirando, algo que desagradou o oponente. Levantando o pé, estava pronto para esmagar o seu crânio…

Merda… merda!

Só pude ver lentamente enquanto o pé dele descia, um sentimento de terror tomando meu corpo. Uma nuvem de fumaça se formou do choque e eu fechei os olhos.

Não queria ver o que aconteceu.

Com licença, bruxo. Se importa de cuidar dele. — Uma voz estranha soou do meu lado e, abrindo os olhos, vi uma figura desconhecida carregando meu irmãozinho como se fosse um saco de batatas.

Tinha cabelo ruivo, com olhos verdes e trajava um quimono cinza com sandálias amarelas.

Quem

Peço que não levem minha vestimenta a mal. Eu estava em Kaira até pouco tempo atrás… — O corpo de Edwars reagiu. Virando o rosto brevemente, arregalou os olhos e um sorriso aliviado se formou no rosto dele. — Sei que cheguei em má hora, mas não posso permitir que matem-no. Ele é o filho do meu amigo e mentor.

Amigo e mentor? Do que ele está falando? Antes que pudesse questionar, eu vi o ruivo pegar algo de dentro do quimono. Dali, tirou um livro selado, muito parecido com o diário de Davi, porém com um desenho de asas dentro de uma auréola.

Acho que devo me apresentar. Meu nome é Euclidum Zenith, portador do diário de Gabriel.


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