Dualidade Brasileira

Autor(a): Pedro Tibulo Carvalho


Volume 1 – Arco 4

Capítulo 51: Emboscada, parte 4: O diário mais agressivo

Quando dei por mim, todo o prédio caiu e mal conseguia respirar. Ao meu redor havia apenas destruição, corpos e o cheiro de fumaça. Senti irritação nos olhos e nariz e dor em todos os lugares. Sério… que merda.

Permiti que minha energia preenchesse o lugar inteiro, minha raiva e tristeza aumentaram quando senti o corpo de Zesh próximo. Minhas emoções comandaram a conexão, os arredores responderam.

Conforme meu poder crescia, os destroços se moviam. Senti meu sangue esquentar, a dor de cabeça atacou de novo, mas não me importei. Meus sentimentos desfocados apenas queriam ser libertos.

E assim o fiz.

Com um grito, todos os destroços que me afundavam saíram voando, permitindo-me levantar e ver o que acontecia do lado de fora. A figura derrotada de Edwars e o corpo detonado de Shiki estando na frente dele.

Lewnard? — Sua voz soava preocupada, assim como temerosa.

Peguei o corpo de Zesh e caminhei até a saída daquele lugar.

Olha só, quem finalmente decidiu aparecer. — A voz desagradável do Nor a minha frente causou calafrios na minha espinha. — Se não é o amante de paz número um. Bem, isso facilita as coisas. Vamos, vou te levar até a…

Cala boca. — Minha energia crescia, o próprio ar tremia com o meu poder. — Eu não me importo quem seja… se ficar na minha frente, vai morrer.

Sério? Que medo! — Riu, os Nors ao redor prontos para agir. Os dois híbrido atrás dele olhavam para tudo aquilo sem qualquer emoção. — Bem, acho que não se deve arruinar o dia de um pacifista. Contudo, essa sua ameaça tem o efeito oposto em mim e nos meus rapazes. Sabe, não somos como os Nors da rainha. Nós gostamos de lutar.

Assim que disse isso, vários Nors se transformaram ante o luar, correndo até mim. Desviei de vários golpes, bloqueando e aguentando. Não tinha espaço para contra-atacar, sempre que um deles batia, outro tomava o lugar…

Permiti que minha conexão se expandisse e relaxei meu corpo, liberando toda minha frustração numa explosão de poder bruto. Isso afastou eles por alguns segundos, permitindo que respirasse direito. A dor aumentou agora e eu tossi um pouco de sangue.

Minha conexão com o diário está causando isso? Não é tão grave quanto foi a última noite, mas ainda dói. Desviei de outro golpe e dei um Jab, mandando-o para longe. Olhando para trás, bloqueei um soco com ambas as mãos, a dor paralisou meu corpo. Voando para longe, senti vários ataques me acertando, sempre tendo a certeza de me manter longe do chão.

Lewnard! — Senti a energia de Shiki ser barrada por outra, impedindo-o de me ajudar.

Merda… ninguém vai me salvar dessa vez. Zozolum não sabe que estou aqui, Edwars está caído no chão e nenhum desses Nors parece disposto a me ouvir.

Ninguém vai me ajudar…

Pare de pensar nisso! Vai morrer se continuar distraído. — A voz do espectro soou ao meu lado, meu corpo caído de joelhos. Não conseguia ter força nem para me levantar… — Se for capturado, seus amigos vão morrer.

Eu sei disso. Eu sei disso melhor que ninguém…Com muito esforço, levantei-me, meu equilíbrio quase não existia.

Olha só… É mais durão do que parece. Gostei. — O líder dos Nors começou a caminhar na minha direção, um sorriso calmo no rosto. — Divirta-me!

Rápido! Desviei de um ataque que cortou minha camisa. Usando a capa telecinética, avancei contra ele, cada golpe defletido pelas lâminas nos braços. Em contrapartida, quanto mais atacava, mais ferimentos se espalhavam no meu corpo.

Estava cansado, meus ombros pesados e a perda de sangue começara a me afetar…

Ainda não!

Liberei a energia num raio telecinético que mandou-o voando uns três metros para trás. Corri para frente, dando um cruzado no estômago, seguido de um direto no rosto, assim como vários Jabs, todos defendidos.

O sangue pingava livremente das minhas mãos, a fraqueza começara a me afetar mais e mais. Coloquei mais energia cobrindo minhas mãos, desesperado por uma chance.

Nisso, assim que dei um direto com toda minha força, senti meu coração parar. Parecia que ia acertá-lo, estava tão perto… Mas, quando meu punho estava a milímetros de distância, o rosto sumiu e senti uma dor lacerante no peito.

Saí voando para trás, o sangue derramado livremente criou uma cortina rubra na minha frente. Isso é ruim, estou perdendo a consciência…

Sinto o impacto leve nas minhas costas enquanto vejo o céu nublado dessa bela noite. Há algum tempo que não vejo a névoa matutina de Juvicent… me pergunto se, no dia de amanhã, poderei vê-la…

E minha irmã? Será que ela também a verá?

Meus olhos nublados e desfocados ficam pesados, droga… Quero dormir, mas não consigo. Minha garganta está seca… respirar tá difícil.

Merda… não morra ainda, pivete!

Seria um problema se você morresse, portador — falou, diversos passos indo até mim. Eu não quero morrer… também não quero voltar para aquela cela… levanta. Levanta! — Olha só… ainda tem forças?

Mal consigo ficar de pé. Estou usando da capa telecinética para conseguir me mover… Não posso cair ainda, foco. Foco nessa luta.

Bem, como falei, não quero que morra ainda. Por isso, perdoe-me, mas vou ter de interromper nossa luta… Rapazes, imobilizem-no.

Os vários Nors correram na minha direção. Mova-se… não caia ainda…

Ei, pivete… — falou o espectro, aparecendo ao meu lado enquanto olhava direto para o líder dos Nors. — Me diz… ainda tem energia sobrando nesse teu corpo?

Sim

Peço então que não me odeie… isso vai doer muito amanhã… — Senti um formigamento nas mãos e, quando o primeiro dos Nors apareceu a minha frente, como se por instinto, desviei e toquei no abdômen dele.

Fiz esse processo com todos que tentavam me atacar e, quando enfim toquei no último, permiti que minha conexão com o diário fizesse o resto do trabalho.

Como se respondesse ao meu chamado, senti um enorme calor vindo dali e pude ver o olhar surpreso de todos enquanto ouvia o som de sangue espirrando no chão.

Há um motivo pelo qual Davi é considerado como um dos diários mais agressivos da história. — Ouvi enquanto virava para trás, arregalando os olhos. — O conceito “ferimento” não é aplicado apenas na cura, mas também pode ser criado na própria carne do adversário.

Atrás de mim, a carne dos Nors se despedaçou, vários buracos e cortes se espalhavam da região que toquei antes, o vermelho pintava o chão como uma bela obra de arte.

Agora, tente não morrer, pirralho… — Ouvi a voz dele ficar cada vez mais fraca enquanto desaparecia. Fechei o punho enquanto sentia o calor em minhas mãos. Eu posso lutar.

Consigo vencer.

Olhando para o Nor, senti o receio que tinha agora. Contudo, pude dizer que ainda lutaria. Havia uma forte devoção ali. Suspirei enquanto colocava mais energia nas minhas mãos. Foi bem rápido, ao ponto de poder dizer que o movimento foi instintivo, mas sei bem como o fiz.

Colocando um pouco de energia astral na carne, espero até ela perfurar um pouco as defesas dos oponentes e estouro-a, espalhando o conceito de ferimento ao redor do corpo deles.

Mas como o conceito de ferimento funciona? A cura que fiz até então sempre foi focada em retirar esse conceito do corpo da pessoa. Como consigo colocar?

Se eu puxo para fora, consigo empurrar para dentro? Forçar mais energia do que um corpo é capaz de suportar? Senti a presença do Nor atrás e desviei de vários cortes, tentando tocar no peito dele.

Contudo, antes que conseguisse, pulava sempre para trás. Ele está sendo cauteloso…

Bem, acho que vou testar essa hipótese. Apontei minha mão na direção, reunindo energia nela e sorrindo com o medo que senti. Assim que vi ele se preparar para pular para o lado, coloquei o máximo de energia que conseguia e, assim que fez seu movimento, corri na direção dele, meu punho brilhava em ametista.

O ataque acertou em cheio e eu empurrei o conceito de ferimento no corpo dele permitindo que a energia explodisse. Uma explosão de sangue sujou o ar e fui forçado a desviar de um corte, disparando uma Bala Astral carregada do conceito de ferimento.

A explosão de luz morreu após alguns segundos, permitindo-me ver o que estava acontecendo. Corri para frente, um soco pronto.

Antes que pudesse concluir, arregalei os olhos e pulei, temeroso. Ao aterrizar, vi a forma mudada do Nor e senti uma pitada de irritação. Um Skinwalker. Seu exoesqueleto era branco, com foices no lugar dos braços. Estas eram especialmente afiadas.

Grunhi ao sentir um corte nas coxas. Se eu não tivesse pulado, teria sido derrotado instantaneamente.

Bons reflexos… — disse, desaparecendo da minha frente. Expandindo meus sentidos, abaixei minha cabeça e girei o corpo, um soco pronto. Antes que eu conseguisse atacar, já tinha desaparecido.

Pulando para o lado, vi as foices cravarem num pedaço de asfalto e apontei a mão, fechando-a quando desapareceu. Nessa pequena janela, permiti que minha energia curasse meus ferimentos enquanto tentava bolar um plano.

Ele é rápido e não estou em condições de persegui-lo. Não tenho nenhum ataque que consiga afetar a área inteira, o que tira boa parte das minhas opções.

Droga, se eu ao menos conseguisse encostar nele, conseguiria usar o poder do diário…

Espera um pouco… o chão abaixo de mim tá todo desgastado, não é? As rachaduras não são tão diferentes de cortes…

Engoli em seco conforme pensava. Talvez isso ajude.

Suspirando, permiti que uma pequena quantidade de energia viajasse dos meus pés enquanto esperava o próximo movimento dele. Senti diversos cortes se formarem em minha carne.

Acha mesmo que esses arranhões vão ser o suficiente? — rugi, preparando-me mentalmente para o que viria a seguir. — Por acaso está tão desesperado assim? Venha e me enfrente, covarde de merda! — Senti um corte mais profundo e quase pude seguir seus movimentos.

Ele está ficando descuidado.

Sabe… tem algo me incomodando a um tempo. Você falou que é diferente dos Nors da rainha, não é? Isso significa que é de outra tribo? Seja lá quem for seu líder, deve estar muito desesperado. Quer dizer, esquecer o orgulho e tentar capturar um portador com vida? Patético.

Os movimentos dele estão ficando mais previsíveis. Sorri para tentar disfarçar meu nervosismo. A raiva dele chegou a um ponto absurdo e tenho certeza que, se isso não funcionar, vou morrer…

Não, vai funcionar! Tenho certeza disso.

Seu pirralho maldito!

Assim que apareceu na minha frente, permiti que a energia astral explodisse, estourando o chão abaixo de nós, um monte de destroços voaram para todos os lados, alguns atingindo-o. Isso permitiu que eu tocasse no peito dele, um sorriso triunfante no rosto enquanto colocava o máximo de energia naquele ataque.

Caia.


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