Dualidade Brasileira

Autor(a): Pedro Tibulo Carvalho


Volume 1 – Arco 2

Capítulo 27: Onde eles habitam, parte 5

Caminhei entre os corpos dos monstros enquanto buscava a assinatura do meu Diário. Deixei os prisioneiros no local mais próximo da saída há algum tempo, agora era uma questão de voltar para os andares inferiores.

Olhei para o massacre que causei e senti um pouco de arrependimento. Ainda que sejam meus inimigos, será que não havia um ou outro com algo semelhante a humanidade que vi em Lumis?

Limpei minha mente antes que aquelas emoções tomassem conta. Que irritante… era tão fácil antes de eu simpatizar com esses monstros. Eram criaturas que vinham atrás de mim, e eu as matava.

Não devia ser difícil. Ao contrário, devia ser fácil… mas…

Desviei e soquei o estômago do adversário, atirando-o para longe.

— Você é mais resistente que os outros… — Com certa irritação, notei que o golpe deixou meu punho dormente.

— Vai descobrir bem rápido que eu sou mais forte do que os parasitas que se aproveitam da bondade da rainha… — Era um Carniceiro. Acho que, julgando a dureza do exoesqueleto, devia ter em torno de 100 a 120 anos. Ou seja, um oponente que não morreria tão fácil.

Corri na direção dele e revesti meu punho de Energia Astral. Com um forte Gancho, tentei acertar o estômago, mas, com facilidade, conseguiu agarrar meu punho.

Mesmo com aquela quantidade de poder, nem ao menos sentiu receio em pegar meu braço. Com facilidade, ele me tirou do chão e me atirou contra a parede.

Girei o meu corpo enquanto flexionava os pés. Com um pulo, tentei um Cruzado que não o alcançou. Invés disso, senti um forte impacto no rosto e meu corpo afundou no chão.

— Achei que era mais forte… Sério mesmo? O que a rainha vê num fraco como você?

Agarrou meu cabelo me levantou, virou-me e começou a dar vários socos no meu corpo surrado.

Aquilo doía. Queria gritar mas cada golpe me tirava o fôlego, minha visão ficou turva, mas não desisti. Como poderia? Tenho algo importante a fazer…

Com um grito, dei o Jab mais forte que consegui no peito dele. O ataque fez com que ele parasse e colocasse uma mão na parte quebrada. Usei dessa oportunidade para me afastar.

Quando estava a cinco pés do adversário, olhei para minha mão esquerda… Estava quebrada. Olhei para aquele a minha frente enquanto mordia o lábio. O último golpe criou uma oportunidade para vencer… só preciso usar isso.

Corri na direção dele, mirando no buraco da armadura. Contudo, antes que eu tivesse a chance de atacar, meu corpo inteiro foi revestido por uma luz verde.

— Ei… como ousa se intrometer na minha diversão, Kirsch. — A voz do Nor era dura, mostrando o quão descontente ele estava.

— Por favor… você ia morrer no próximo golpe. Agradeça, seu monstro de merda.

A telecinesia me forçou a olhar para… uma criança? Era um Visliano, com cabelo branco e olhos cheios de raiva. Não havia nenhum traço de Energia Negativa nela. Ao contrário, ela era totalmente humana…

— Bem, pouco importa. Vamos levar esse idiota de volta para a cela?

Atônito, tentei achar uma forma de escapar, qualquer coisa que pudesse me dar uma chance de sair, contudo, só conseguia pensar numa coisa.

— Por que está ajudando esses monstros?

Ela olhou para mim como alguém olharia um inseto e sorriu. Não havia felicidade, nem mesmo graça. Era um sorriso que um predador dá para um animal encurralado.

— Você é mesmo ignorante, além de idiota. Acha mesmo que vou te dizer?

Merda… Não posso ser capturado aqui…

— Bem, que seja. Vou ir atrás dos outros, acompanhe esse fraco de volta para a cela.

Fiquei sem palavras enquanto processava o que acabara de acontecer. Eu fracassei? É isso? Não… eu recuso esse futuro. Usando o máximo de força que podia apontei minha mão para o teto enquanto deixava a Energia dentro de mim circular livremente.

Diferente de antes, agora eu consegui puxar a quantidade certa. Tinha controle pleno do que aconteceria a seguir. Meus adversários viram aquilo e se assustaram.

— Canhão Astral! — Nisso, toda a área foi pintada com as chamas e clarões vindos direto do inferno. Os destroços caíram e eu me aproveitei da confusão para me soltar e fugir. Meus oponentes tiveram de se preocupar com os destroços e não me perseguiram.

Quando estava longe o suficiente, caí no chão, bufando de cansaço. Eu usei muita Energia mas valeu a pena. Agora é só uma questão de recuperar as forças e voltar à busca.

Fui num canto isolado e me escondi, aguardando a volta do meu poder. Quando a minha energia já havia voltado ao nível desejado, retomei a busca pelo diário.

Ele agora estava na minha área. Consegui sentir uma grande massa de Energia vindo com ele em minha direção e engoli em seco. Corri mais rápido enquanto suprimia o medo dentro de mim.

Bem, esse poder todo… eu já senti isso, ainda que meus sentidos estivessem um pouco sobrecarregados na hora. Eu sei de quem se trata. Merda… sabia que ele era forte, mas esse nível era ridículo.

Corri por um corredor estreito até chegar numa enorme sala. Quando estava próximo o suficiente, parei e o encarei. Ele estava de costas para mim, mas sem dúvidas já sabia que eu estava ali.

— Você causou uma enorme confusão, sabia?

— Fala como se eu me importasse — retruquei, levantando a mão para meu Diário. — Isso que está em sua mão é meu. Devolva!

Usei da minha conexão com o espectro para chamar o pequeno livro de volta para meu lado. O oponente não fez nenhum esforço para impedir a passagem, apenas se virou, deixando seu sorriso psicótico a mostra.

— Eu vou rasgar sua carne! Até que não haja nada sobrando! — Lumis, o Licantropo, uivou enquanto corria em minha direção.

Ótimo, eu queria isso. Queria uma revanche contra ele. Permiti que a Energia ao meu redor fluísse em meus punhos e corri. Ambos nos encontramos e começamos a tentar matar um ao outro.

Meus Jabs eram rápidos, mas ele não deixava que eu me aproximasse. Seu estilo de luta priorizava chutes e bloqueios, o que o permitia sempre me manter longe.

Sem conseguir o acertar, pulei para trás e olhei nos olhos do meu adversário. Bem, se é assim que quer brincar, não tem problema.

Com um salto, estava próximo dele e, quando vi a perna indo em minha direção, dei um Jab no ar. O chute impactou nas minhas costelas e me mandou voando, mas a Energia Astral que aquele golpe carregava acertou Lumis em cheio.

Ambos fomos mandados a três metros um do outro e nos levantamos.

Sorri quando vi que estava mais cauteloso.

Quando voltamos a lutar, mudou a tática. Sempre desaparecia depois de dar um chute, usando de sua velocidade para reaparecer ao meu lado e dar mais golpes.

Isso é mal… preciso pensar em algo.

Saí da área dele e olhei de relance para o Diário e me perguntei: O que você faria nessa situação?

Não tive resposta, claro, e, antes de eu sequer pensar, meu oponente apareceu em minha frente. Assustado, forcei um Cruzado, que acertou uma imagem residual.

Fui mandado para longe com um chute nas costas.

Merda… ele tá brincando comigo…

— É só isso? Achei que era mais forte. Bem, não importa. — A mão dele foi preenchida por uma luz azul, parecida com o luar. — Vai morrer de qualquer forma…

Com um balanço, três cortes azuis foram em minha direção mais rápido que eu eu conseguiria desviar.

Sangue jorrou do ferimento e senti o ar deixar meus pulmões. O que… o que foi isso?

Olhei para o vermelho no chão e então para Lumis, que preparou outro daquele ataque.

— Dessa vez será sua cabeça… — Ouvi ele dizer e tentei de todas as maneiras desviar do golpe que viria.

Mas sabia que era inútil… Mal tinha forças para isso e só pude observar enquanto a luz vinha em minha direção.

Merda… mexa-se! Mexa-se!

Quando o golpe estava próximo, senti uma energia se aproximando, e, então, um muro de gelo foi erguido entre eu e a lâmina.

Vi algumas rachaduras se formando na superfície, mas o ataque foi contido. Suspirei aliviado e caí, sem força nas pernas.

Aquela energia era familiar, muito parecida com a de Shiki, mas, de alguma forma, era quase o oposto dele.

Enquanto o meu amigo tinha algo semelhante a uma fogueira em meio a geada, aquele poder era quase como um daqueles Icebergs de que tanto ouvi falar.

Um enorme bloco de gelo.

— Sinto muito, mas não posso estar deixando isso continuar… Negócios de família.

Lumis não respondeu a provocação da estranha. Invés disso, ele atacou de novo com a lâmina azul, que destroçou a muralha.

Com o máximo de força que consegui juntar, desviei dos destroços como podia enquanto olhava para a minha salvadora.

O cabelo branco e olhos azuis mostravam de que família ela veio. Também vestia uma armadura que, apesar de um pouco danificada, ainda a protegia. Seu vestido, que deveria ser branco, tinha várias partes tingidas em vermelho.

Uma Weissbreak? Mas por quê?

Lumis rosnou e atirou mais duas lâminas, que foram detidas por outra muralha. Essa, no entanto, não segurou o ataque de uma das lâminas e quebrou.

A mulher redirecionou a restante para o chão, usando da manopla em sua mão para evitar ferimentos.

— Bem, estaremos começando esta festa agora?


Bem, estamos quase no final desse arco. Acho que, se fosse contar, seria 90%.

Se quiserem capítulos extras, peço que deem um dinheirinho para mim através do pix: 0850fa07-b951-4cd4-b816-8d3beb6ebf51

 

Além disso, entrem no meu server para que possamos expandir a comunidade: https://discord.gg/bXmjmXHK



Comentários