Volume 1 – Arco 2
Capítulo 141: Obedeça ou Morra
17:46.
Brilhos. Cores. Riqueza. Beleza. Joias. Ouro. Prata. Passeavam dentro de uma joalheria no shopping. Nina falou que lhe daria um item de presente daquela loja, e Nathaly olhava coisinha por coisinha nas prateleiras atrás do item perfeito. Indecisão. Sua riqueza — sem nem colocar a herança em jogo — era inimaginável, mas aquele presente era mais que apenas um item caro. Era muito mais valioso que isso.
Olhava joia por joia, com os olhos disputando brilho com as peças, mas foi então que Nina viu um colar, que era junto de outro. Os dois se encaixavam, com os pingentes formando um coração inteiro. Todo em prata brilhante, com diamantes pequenininhos cravejados nas metades do coração.
Nina achou o que iria dar de presente. Fazia mais de 30 minutos que estavam lá dentro com uma funcionária tentando convencer Nathaly a escolher algo, mas a jovem não conseguia escolher, embora pudesse comprar o shopping inteiro se quisesse, e se os empresários, donos do shopping, não quisessem... Alissa os faria aceitar.
Discretamente, Nina pagou pelos colares e os escondeu. Foi então que chamou Nathaly, e, quando a menina olhou, viu "Nino" do lado de fora da loja. Mãos nos bolsos, jogou o rosto chamando-a para lá fora.
Nathaly chegou.
— O que foi?
— Fecha os olhos — ordenou, e a jovem acatou, tentando segurar o sorriso.
Nina colocou o colar em si e depois nela, passando o cabelo por cima e jogando-o para trás. Ajeitou-o e segurou o queixo da jovem com a mão direita, erguendo o rosto que se abaixou, parecendo que tentava espionar o que era.
Soltou-o.
— Pode abrir.
Abriu.
Nina segurou os pingentes, Tk e os juntou. Rosto na direção. Os colares se esticando, conectando o coração fofo, brilhante e caro. Nathaly ergueu o rosto, os olhos brilhando e um sorriso tímido se iniciando.
— Afinal, isso é um pedido de namoro?
— Ainda não... Vou te pedir em um momento muito especial — respondeu, aproximando o rosto do dela. Nathaly permitiu, Mwaah! e trocaram um selinho lento, muito apaixonado.
Fazia horas desde o início do encontro, e já tinham comido bastante desde que chegaram. Nathaly levou-a para comer sushi. Gostou bastante e queria que "Nino" experimentasse. Mas dessa vez, nem tentou o caminho dos hashis. Foi direto no garfo. Era mais seguro. Não queria manchar outra blusa, mesmo que sua mãe não ligasse dela pedir ajuda com algo.
Nina usou-os...
Enquanto escolhia as peças recomendadas pela melhor amiga, viu um cartaz de uma japonesa segurando um sashimi com os hashis. Não precisou de mais do que essa imagem para conseguir copiar a forma de segurar. Comia tranquilamente, segurando com firmeza cada peça... o que fez Nathaly olhá-la desconfiada de que aquela não era de fato a primeira vez que "ele" comia aquilo.
Depois de receber o presente, Nathaly sentiu vontade de ir ao banheiro, e esse era o destino atual. Chegaram. Nina ia acompanhando a menina, até que Nathaly olhou-a meio sem entender, e Nina sacou que naquele momento ela era Nino, e não poderia entrar no banheiro feminino com sua amiga. Fingiu demência. Falou que tinha sede e foi na direção dos bebedouros no mesmo corredor. Nathaly então se separou e entrou no banheiro.
Nina saiu de lá. Não havia literalmente ninguém no corredor, somente um homem com duas crianças na entrada daquele lugar. Nina foi até lá. Virou a esquina e agora eram "dois" homens esperando "suas" mulheres saírem do banheiro.
Apoiou-se na parede. Mãos nos bolsos, olhar amplo... amplo demais.
Já fazia dois minutos e nada. No tempo que esperava, duas meninas — a que achou Nino bonito enquanto assistia à nomeação, e sua amiga que a incentivou a chegar nele — passeavam no andar em questão. Estavam matando tempo. Não haviam nem comprado as guloseimas que iriam levar para o cinema. Faltava uma hora para a sessão escolhida.
— Ei, olha o Nino ali, vai lá — cochichou, e quase que apontou na direção do Primordial.
— Incomodar ele no shopping? Pra quê? — tentou desconversar e sair da situação.
— Você disse que ia pedir o número dele e até hoje tá enrolando — insistiu.
— Mas...
— Se eu for com você, você pede?
— ...Ahf... Tá bom — desistiu.
Nina percebeu os olhares. Não olhou de volta, mas sabia que aquelas duas estavam vindo na sua direção. A menina sentia-se nervosa a cada passo quase que forçado. Tinha medo da rejeição e nem sabia como iria iniciar uma conversa do nada naquele lugar. Sua amiga basicamente a puxava. Braços entrelaçados, forçava-a a acompanhar os passos.
"Não, não, sai daqui. Some. Vaza."
Alguns metros antes das garotas chegarem... Nathaly apareceu olhando na esquina do corredor, depois de se assustar com o desaparecimento de "Nino", que viu anteriormente nos bebedouros.
— Vamos?
A garota interessada em Nino travou completamente. Ficou 2D, e sua amiga a segurou como uma placa de papelão. A virou e a levou embora com passos rapidinhos tentando, embora falhando, manter uma discrição... Mas a jovem, em choque, saiu do seu formato repentino e pousou em pé no chão, embora extremamente triste — pelo cenário que nem havia começado — e com as pernas moles, parecendo pano.
— Eu disse que ele tinha namorada — resmungou a menina, quase chorando.
— Está muito triste?
— Sim...
— Quer um sorvete?
— Quero... — respondeu, quase em lágrimas, voz dengosa.
— Bora lá embaixo, vou comprar um sorvete com muito chocolate para você! — afirmou, gesticulando com os braços levantados.
— Tá bom...
Mas não obteve a reação que imaginou conseguir.
— Não fica assim, ele nem era tudo isso — mentiu.
— Era sim... — começou a chorar.
— He he — forçou uma risada de olhos fechados, sem saber como reagir.
Nina, aliviada, e Nathaly... normal, começaram a andar para fora da área dos banheiros, quando:
Beeeeeeeeeeeep...!
Um alarme de incêndio começou a tocar na loja à frente. O corpo inteiro de Nina reagiu ao som; começou a tremer, seu sangue parecia querer sair do corpo e se desmanchar no chão. Oscilava como água em contato com o grave de uma música muito alta.
— Arrghh! — rugiu. As mãos nos ouvidos tentando fazer aquilo parar. Sentia raiva, ódio, vontade de matar que produzia tamanho barulho doloroso. Nathaly levou um susto, mas, ao ver "Nino" naquela situação, segurou-o e o levou o mais rápido que conseguiu até o banheiro feminino.
THAM!
As pessoas do corredor de fora do banheiro não viram as duas. Nathaly foi bem rápida, e o som do alarme que disparou por engano roubou toda a atenção. Não era incêndio ou ladrão. Só um alarme falso, bem doloroso.
Nathaly fechou a porta com grosseria. Se trancou com Nina lá dentro. Como estava lá instantes antes, sabia que não havia ninguém. Colocou Nina sentada em um sanitário de uma das cabines. O som diminuiu com o fechar da porta, assim como a dor, que foi aliviada.
Arfava, muito cansada... a regeneração foi debilitada. A dor havia passado, mas o cansaço... não. O sangue estava confuso. Não conseguia se comunicar direito para regenerá-la como já deveriam ter feito. Nina forçou muito para manter a aparência de Nino. Rosto suado. Rosto ao chão. Braços nos joelhos.
— Parou de sentir dor? — perguntou Nathaly, preocupada.
— Sim... — gemeu arfadamente. Fechou os olhos. Pingos de suor saindo do rosto e caindo diretamente no chão.
— Será que você tem sensibilidade a barulhos agudos por não ser humano?
Nina arregalou os olhos quase rasgando-os da face.
— Não sei... "Merda! Merda! MERDA!"
Nathaly olhou na direção da porta trancada. Não ouvia passos se aproximando. Voltou o rosto ao amado curvado ao cansaço.
— Não podemos ficar aqui. Está se sentindo melhor?
— ...Sim.
— Vou olhar lá fora pra ninguém ver um menino sair do banheiro feminino. Fecha a porta da cabine e só saia quando eu chamar, ok? — olhava-o preocupada, mas Nina não ergueu-se, só respondeu:
— Ok...
Nathaly destrancou a porta e saiu do banheiro... Nina ergueu-se do sanitário e ficou em pé de frente à porta fechada da cabine ao lado...
THAAM! Tuc!
Uma mulher se escondia lá. Ficou em silêncio desde que se assustou com o som de Nathaly batendo a porta antes de trancar. Não deu tempo nem de gritar. Assim que percebeu que sua porta foi arrombada, Nina já estava com a mão em sua boca, Trak! apertando tão forte que trincou os ossos da mandíbula, e a cabeça bateu contra a parede, não forte o suficiente para desmaiá-la, mas forte o bastante para fazê-la chorar de dor e medo.
— Hunmngh...
— Se você contar o que ouviu aqui para alguém, você morre — ameaçou. Nina olhava com um olhar aterrorizante. Os olhos da mulher exalavam terror, medo, dor; dor que foi ignorada pela adrenalina e, mesmo ferida, conseguiu implorar:
Depois da ameaça, Nina retirou a mão da boca da mulher com as calças abaixadas, usando o banheiro uma segunda vez. O medo era tamanho que acabou mijando; ao menos não foi nas calças.
— Po-po-por favor, moço, eu tenho filhos... — voz baixa, desesperada.
Nina não tinha muito tempo.
Agarrou novamente a boca da mulher, forçou-a brutalmente a abrir e, Glub!-Gulp! derramou sangue preto dentro... demonstrando, com riqueza em sensações, o sangue rasgando entre as veias e tomando o controle, com muita angústia e dor, o corpo inteiro.
Ficou paralisada.
O corpo rígido e a boca arreganhada como um jacaré. Ca-cf-coff! Tossia baixinho como se estivesse engasgada. Sua cabeça, com a boca aberta, parecia um sanitário com a tampa levantada. Só conseguia sentir dor, mais nada.
Nina fechou a boca daquela coisa que já não era mais tão humana. Forçou-a a olhar em seus olhos e ameaçou novamente, enquanto o sangue curava os tendões rompidos e ossos trincados:
— Você não consegue se mexer, eu controlo seu corpo e posso matar você a qualquer momento. Então, vou dizer uma última vez: não abra a porra da boca para ninguém. — Nina liberou o sistema nervoso da mulher, permitindo que ela se movesse.
Esta abaixou a cabeça, tremendo sem controle, e respondeu com dificuldade...
— S-s-sim, senhor! — ...enquanto chorava silenciosamente.
Nina manteve um olhar severo momentâneo na direção daquele olhar apavorado... e então sentiu o cheiro de Nathaly chegando. Fechou a porta da cabine da mulher e caminhou até a porta de saída... no exato momento, Nathaly entrou.
— Que barulho foi esse?
A mulher cobriu a boca, o pavor de fazer qualquer som e ser morta; seus olhos tremiam e sua respiração ficou ainda mais trêmula e acelerada... o som ambiente do shopping salvando sua vida.
— Fui levantar e tropecei, não foi nada demais — respondeu com tranquilidade.
— Vamos então, não tem ninguém na frente dos banheiros, só no corredor lá na frente.
Começaram a andar, e, assim que saíram do corredor dos banheiros, o homem com as duas crianças parou Nina.
— Você está bem, garoto? — Nas costas do homem, uma mochila escolar. Havia um bebê em seu colo e uma criança um pouco maior segurava sua mão "livre". — Vi vocês correndo para o banheiro, parecia que estava com dor.
— Ah... Estou bem, sou sensível a sons muito altos. Obrigado por perguntar — respondeu com um aceno de cabeça.
— Tranquilo, tenham uma boa tarde — respondeu, voltando o aceno.
— Obrigada.
— Valeu.
Continuaram a caminhar.
— Vamos embora, melhor você descansar um pouco — ponderou Nathaly, mas Nina estava com a atenção voltada para o homem.
— Papai, a mamãe tá demoraaando! — resmungou enquanto puxava o braço do pai.
— Já já ela volta, Matheus. Para de chatice.
— Que merda eu fiz... — Nina pensou alto sem querer.
— O que disse? — Nathaly não ouviu por conta do barulho do shopping.
— Bora passar na praça de alimentação antes. Vou comprar algo pra levar pra Nina comer, já que tô aqui. É o mínimo.
— ...Tá.
O lanche demorou um pouco para ser feito, mas, quando foi retirado do estabelecimento, as duas não perderam tempo e foram embora. De fato, Nina sentia o sangue presente no corpo da mulher e poderia matá-la a qualquer momento, mas não queria ficar escutando aquela humana tentando "ser normal" para não acabar morta.
Ordenou que o sangue agisse sozinho. Caso escutasse qualquer início de frase ou conversa que fosse confessar o que aconteceu... a humana iria fazer Kabum imediatamente.
Chegaram no Bloco Um. Entraram no prédio, e Nathaly não deixou Nina ir direto para o próprio apartamento. Obrigou-a a ir para o seu. Preocupação. Queria ter certeza de que "Nino" estava bem. Agarrou a mão do amado e o arrastou pelo corredor do terceiro andar.
Entraram...
— É idêntico ao meu — comentou Nina, atuando como se fosse a primeira vez que Nino entrava lá.
— Sim, imagino que todos os apartamentos do prédio sejam iguais.
Nina colocou o lanche do irmão sobre o balcão de Nathaly e se sentou no sofá, mas deixou-se levar. Ficou um pouco afastada da realidade, perdendo-se em pensamentos. Nathaly sentou-se ao seu lado e colocou a mão em sua testa.
"Eu deveria matar logo aquela mulher...? Ela tem família, eu deveria? Tem filhos... filhos... tem filhos... filhos... filhos..."
— Hm... Você não tá quente. Tá se sentindo melhor do que o melhor do shopping?
Nina continuava inerte, mas, quando o sangue conseguiu transmitir a mensagem com clareza, respondeu, entretanto, com um grande delay:
— Estou sim.
"Ele parece um pouco desanimado." — ...Tem algo que eu possa fazer para animar você? — Nathaly perguntou, mas percebeu que Nina não prestava atenção.
Decidiu apelar.
Ajoelhou-se no chão e prendeu seu cabelo para trás, na frente de Nina. No entanto, ao olhar para ela, notou que não houve reação nenhuma. Ficou mal. Chateada, se levantou e saiu, depois de ser negada pela primeira vez.
— Vou tomar um banho. Você parece não estar muito afim de fazer algo — murmurou friamente. A voz parecia que queria chorar, mas manteve-se firme e saiu com sua dignidade de não ficar se humilhando por atenção.
Virou-se e seguiu até o banheiro. Quando fechou a porta, Tlec! O leve estalo fez Nina despertar. A Primordial olhou na direção de Nathaly, mas Nathaly já havia sumido do sofá. Olhou para o corredor e viu a maçaneta da porta do banheiro fechada.
Se levantou ao ver que tinha feito merda e se dirigiu quase caindo no meio do caminho até o banheiro de Nathaly. Entrou, Pssshhh... e Nathaly, nua, esperava a água esquentar para entrar no box. Escutou a porta e virou seu rosto, mantendo-se parcialmente de costas.
— Que fo...
— Me desculpa. Fiquei pensando no barulho do shopping e acabei deixando você de lado sem perceber.
Nina retirou a blusa com uma puxada sensual para cima, usando somente a mão direita, Frush... e a jogou no chão, seguida pelo restante das peças de roupa de sangue. Se aproximou de Nathaly, olho no olho.
— Que tal um banho juntos? — propôs.
Nathaly ergueu mais o rosto e, com um sorriso suave, envolveu os braços ao redor do pescoço dela, sentindo o calor de seus corpos se encontrando e misturando-se com harmonia.
— Acho que é uma boa ideia — respondeu.
— ...Você me perdoa?
— Depende — respondeu baixinho.
— Depende do quê? — questionou com ansiedade.
Nathaly se ergueu nas pontas dos pés, aproximando seus lábios dos dela, os olhos encarando os lábios uma da outra com muita calma. Sorriu levadamente. O brilho dos lábios deixando escapar o sussurro malicioso:
— Depende do que vai acontecer nos próximos 30 minutos.
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