A Voz das Estrelas Brasileira

Autor(a): Altair Vesta


Volume 3 – Parte 3

Capítulo 74: Fim do Sonho

Conforme a escuridão coloria o ambiente vazio, a dor lhe afligia em níveis e locais diversos.

Deitado, em posição fetal, espremia as mãos contorcidas contra as têmporas. Os dentes rangiam estremecidos, as vistas apertadas em recusa de serem abertas.

Seu corpo, machucado, era martelado por ecos consecutivos — interna e externamente.

Podia ouvir os gritos da criança que salvou em alguma noite, o chamando de volta em tom de completo desespero.

Com o avanço do tempo, a agonia e as súplicas crescentes em intensidade, o rapaz arqueou ainda mais o torso.

“Por favor...”, a voz interior ecoou de sua cabeça para o espaço e do espaço de volta à sua cabeça.

Me deixem em paz...

Suportou a vontade de chorar, prestes a sucumbir ao absoluto exaspero. E assim permaneceu, repetindo incessantemente a mesma frase, no desejo de jamais regressar para a insana realidade que o destino dispôs a entregá-lo.

Já havia enfrentado incontáveis processos de traumas, físicos, emocionais e psicológicos.

Foi abalado demasiadas vezes e enfrentou todas as dificuldades possíveis, impossibilitado de seguir por outro caminho.

Perdeu pessoas queridas e causou, direta ou indiretamente, a morte de outras — muitas que possuíam ligação alguma com o conflito surreal.

Não suportava mais carregar o fardo de tantos sofrimentos, tantas tragédias e tanta desesperança.

Só tinha o desejo de ficar ali, na profunda escuridão do próprio ser quebradiço.

Queria se agarrar ao âmago do vazio, sem a necessidade de fazer qualquer coisa.

Queria dormir para sempre, esquecer tudo que passou e conviver com a paz indolor até o fim de sua vida.

A descoberta sobre os detalhes perdidos de sua Provação, encarregada de lhe arrancar a liberdade junto da vida dos entes queridos, misturou-se à amargura conduzida há tempo.

Embora pudesse evocar todos os acontecimentos da própria vida nos mínimos detalhes, o rosto daquela pessoa sempre aparecia borrada.

Quando pensava ouvi-la dizer algo, a voz era cortada, recheada de estática contra os ouvidos.

Não encontraria maneiras de identificar a silhueta que parecia acompanhá-lo na grande maioria das memórias fragmentadas.

Aquela que estendeu sua mão para livrá-lo da desconsolação, que o abraçou em momentos de dificuldades e depositou toda a confiança em sua pessoa.

Só restou um borrão indecifrável.

E, por alguma razão, o respectivo lhe trazia o tormento em dobro. Era como se o coração gritasse, arranhando o peito, prestes a explodir da boca para fora em mil pedaços.

Os joelhos dobrados se aproximaram do rosto encharcado de lágrimas ardentes. Foi quando um gélido sopro alcançou sua nuca, de maneira a lhe arrepiar a espinha como diversas vezes já sentira.

Os cachos do longo e bagunçado cabelo castanho dançaram com leveza.

Algo se aproximou e, então, um peteleco atingiu a sua orelha vulnerável. A ardência na região do lóbulo o fez abrir os olhos no susto, levantando o corpo na exata sequência.

Boquiaberto e de sobrancelhas erguidas ao limite, observou um cenário dissemelhante à conhecida escuridão.

Arfou um pouco até reconhecer a imagem do aposento pessoal. Diferente de milissegundos atrás, se deparou em sua cama, coberto até a altura da cintura por um lençol claro.

Virou o rosto até a janela aberta, por onde os raios solares invadiam juntos da brisa fresca, encarregada de fazer as cortinas transparentes ondularem no espaço.

Em seguida, levou o foco ao outro lado do cômodo, até enxergar-se no espelho encardido da escrivaninha encostada na parede.

Pôde perceber a face enrubescida, tomada pelo pranto silencioso que fazia os globos oculares brilharem.

O que você quer?

O murmúrio lhe redirecionou a atenção mais uma vez, agora até a beirada da cama.

Sentada ali, de costas, a menina de liso cabelo branco sustentou o silêncio em busca da resposta.

Ele pensou em chamá-la pelo nome, mas recuou ao iniciar o movimento labial e relaxou os braços sobre as pernas.

Abaixou a cabeça até encará-los, trêmulos do punho aos dedos contraídos contra a palma.

— Eu... não sei...

Durante a longínqua piscadela, o cenário voltou a mudar.

Sentado na carteira da antiga universidade, quase encostado na parede da maneira que sempre apreciou, encontrou a classe vazia.

Todas as janelas, a exemplo da porta, estavam abertas. Não havia ruído algum, inclusive no corredor, no pátio ou em outras salas adjacentes.

‘Tá doendo muito, né?

O questionamento veio do rapaz de cabelo arrepiado, que o encarou pela lateral da face com seu sorriso costumeiro.

Não teve coragem de fitá-lo de volta. Apenas apertou os lábios e conservou-se na quietude.

Não consegue dividir o fardo. Então põe a culpa em si mesmo.

O outro jovem mussitou, agora à sua frente, o que o fez abaixar ainda mais a cabeça a fim de escapar de qualquer contato visual.

Sem ter para onde correr, enquanto cercado pela dupla nostálgica, emitiu uma resposta afônica.

— O que mais eu poderia fazer?... — Estreitou as vistas avermelhadas, capaz de controlar o choro. — Me afastei da minha família que nem um idiota e perdi eles. Fiz pessoas sofrerem. Não consegui... ajudar ninguém.

Então, por isso, deseja ficar na escuridão para sempre?

De pé no meio da rua, subiu os globos oculares estremecidos para observar o terceiro garoto.

Não lembrava muito bem dele pelo pouco contato que tiveram, mas logo reconheceu o volumoso cabelo negro, com pontas a caírem até a altura dos ombros.

Mesmo que signifique causar mais dor aos outros?

Em seguida, da retaguarda, a voz feminina foi distinguida na hora. Corrupiou-se pela metade até encontrar a dona dela.

Usava óculos vermelhos e separava o volumoso cabelo em dois laços amarrados, escorrendo grandes mechas sobre os ombros.

Depois de ser questionado pelos gêmeos, encarou a palma dominante abaixo da linha de visão.

Ficou próximo de juntar os cílios, bastante pensativo antes de oferecer algum retorno.

Ainda buscava definir qual era o nível de realidade daquela experiência.

— Se eu não fizer mais nada, é melhor. Coisas ruins não vão mais acontecer. Elas podem viver suas vidas em paz...

Agora, o ambiente regressou à grande mansão, onde viveu uma de suas maiores batalhas.

Sentado na cadeira ornamentada no fundo do salão principal, o homem de tapa-olho o fitou com seu singular órgão acinzentado.

Você lamenta por ter sido “egoísta” com sua família e, agora, volta a usar deste artifício para encontrar uma falsa cura. — A voz retumbou pelo espaço, lhe atingindo o peito como se fosse uma flecha envenenada. — No fim, você só tem medo de se machucar de novo.

— Não é isso...! — Apertou o palmo fechado.

Admitir isso não é nenhum demérito, sabia!? — A jovem loira, sorridente, o abraçou no pescoço pelas costas. — O caminho para se libertar do sofrimento passa por perdão e pela aceitação...

Caso não consiga encontrar um equilíbrio..., viverá na dor eternamente.

Perante o rapaz de cabelo desgrenhado, com palavras abafadas pelo casaco que cobria sua boca, ele balançou a cabeça em negação diversas vezes.

O peso da jovem em suas costas quase o fez perder o equilíbrio das pernas bambas, a ponto de sucumbir ao solo relvado da zona florestal nas cercanias.

— Eu não posso enfrentar isso... não mais!

Todos nós podemos.

O novo timbre adulto lhe fez erguer a faceta melancólica; o homem dava as mãos à mulher na cadeira de rodas.

E ela prosseguiu, mediante um sorriso afável:

Para isso, devemos compartilhar nossas dificuldades com aqueles que nos são caros.

Tomado por uma onda de emoções dolorosas, o desesperado se livrou daquela em seu abraço no intuito de correr o mais rápido possível.

Correu, correu e correu até não aguentar mais o peso das pernas.

Tropeçou no vazio, até cair de cara na neve e capotar pela ribanceira abaixo. Sujou-se todo até chegar ao plano inferior.

Levantou-se debaixo do aglomerado congelante, deparando-se com um campo alabastrino coberto por auroras boreais que preenchiam do céu estrelado.

Todo avermelhado, numa mistura de calor interno e frio externo, recuperou o fôlego da breve maratona anterior.

Não precisa fugir. — A voz infantil lhe chamou até a esquerda da posição ajoelhada. As vistas esgazearam ante as duas crianças trajadas em hábitos religisos. — Você é uma pessoa muito boazinha.

Paralisado, o rapaz apertou as mãos sobre o tecido da calça de moletom.

Sempre se preocupa com os outros. — A nova entonação, um pouco mais madura embora ainda feminina, trouxe seu olhar de volta à linha frontal da paisagem. — Nunca deixou de pensar no bem das pessoas que são queridas. Apesar de ter cometido uns deslizes aqui e ali... ainda assim é, com certeza, uma pessoa de coração puro.

— Não... É mentira! — Voltou a apertar as mãos contra as têmporas. — Eu sou um egoísta! Sempre fui! Não quero mais... não quero mais machucar mais as pessoas que amo! Eu sempre perco tudo no final!! Se eu ‘tiver perto, elas vão escapar...!

Encarou as palmas manchadas de sangue, que não sabia se pertencia a si ou a outrem. Rangeu os dentes a ponto de quase rachá-los, tamanha a força depositada na mandíbula.

Se acha isso, então levante-se e lute por elas.

Reergueu o rosto, novamente encharcado de lágrimas a verterem como pequenas navalhas da borda dos olhos sombreados.

A exemplo das três crianças, a mulher de pele escura e sardas quase invisíveis o encarava do alto, através de uma feição delicada.

As mechas do cabelo encaracolado dançavam ao vento, acima das espáduas.

Sozinho, nunca poderá vencer. Nunca encontrará a verdadeira resposta. Por isso...

Estendeu a mão, vestida numa fina luva branca.

Ainda irresoluto quanto as próprias decisões, o garoto aceitou o convite — titubeante — e foi puxado com força pela grande freira, erguendo-se do solo nevado.

Ao encará-la frente a frente, pôde remeter aos poucos — porém, marcantes — momentos que passaram juntos.

De súbito, sentiu ser envolvido pela retaguarda novamente. Agora, os braços firmes entrelaçaram-se em volta de sua cintura, enquanto a testa quente descansou sobre o dorso.

Ao lentamente virar a faceta ruborizada, encontrou o sorriso da falecida mãe.

Na sequência, pai e irmão caçula surgiram ao redor; o primeiro repousou a palma tenaz em seu ombro, enquanto o menor agarrou-se no braço canhoto.

O cenário não possuía qualquer coisa além de um horizonte ciano, recheado de nuvens alvas a flutuarem na imensidão.

O piso tornou-se água, tão cristalina a ponto de refletir a abóbada inalcançável.

A corrente de ar fresca fez o coração acelerado se acalmar. O choro esvoaçou por todo o ambiente, imerso na mansidão.

Foi o único momento que o garoto se permitiu a fechar as vistas, com leveza, a fim de aproveitar a tão almejada harmonia.

Envolvido por seus parentes, por fim começou a compreender as mensagens passadas pelas figuras criadas dentro de seu âmago.

A saudade perduraria. Talvez a dor não pudesse ser combatida por um tempo.

No entanto, desde que tivesse alguém ao seu lado...

Pessoas precisam de pessoas... — As palavras de sua amiga, também salva por ele em um evento traumático, foram carregadas até seus ouvidos. — Só assim elas podem seguir em frente. Afinal, ser um indivíduo é o que faz a nossa própria ruína... é nossa maior falha.

Então, a solidão só irá nos levar a um desfecho infeliz. — A segunda pessoa surgiu; a criança do início daquela experiência. — Não vai salvar a si mesmo... Não vai salvar ninguém.

Clareado pelas dúvidas pungentes de sua cabeça, o jovem entrefechou as vistas e arriou as sobrancelhas.

Ciente sobre ter feito escolhas erradas, sobre os deslizes cometidos na vida recente e sobre a incapacidade de se livrar dos arrependimentos... ele enfim abriu os olhos.

No retorno ao espaço todo branco, sem céu, terra ou estrelas, encontrou o caminho de todas as respostas. De nada adiantaria assumir aquele estado de estagnação para sempre.

Havia pessoas o esperando do lado de fora. Caso recusasse o prosseguimento pessoal, elas também jamais avançariam.

No fim, o um fazia parte do todo. E vice-versa.

Antes de ter a possibilidade de renegar todas as trevas, encarregadas de mantê-lo preso por três longos anos... identificou um ruído choroso proliferar-se por todo o âmbito.

Rapidamente girou o corpo e encontrou a fonte dos ruídos consecutivos.

O borrão tampava o rosto da pessoa, somente.

Os fios brancos remexiam graças aos movimentos dos ombros durante os soluços. Seus pés arrastaram no solo, movendo-se em direção à figura misteriosa.

Recebeu a influência congelante, capaz de lhe arrepiar a espinha. Nesse momento, uma imagem poluída por diversos borrões semelhantes surgiu dentro dos pensamentos.

Aquilo o fez arregalar os olhos, como se apto a observar a cena específica logo adiante.

Nela, o cenário noturno oferecia máximo destaque à jovem de tênue sorriso, enquanto estendia a mão em sua direção.

A cada passada, fragmentos esquecidos começavam a regressar. O instante no qual a salvou da queda do prédio hospitalar, o encontro no aposento particular após o regresso à residência...

Todas as experiências apagadas por ela eram reconstituídas em seu âmago.

“Ah... então era isso...”, um pouco boquiaberto, o Marcado de Altair construiu a aproximação definitiva com a imagem da garota. “Era isso que eu precisava fazer...”

A placidez tomou conta do semblante, à medida que levantou o braço destro e esticou os dedos.

Para recomeçar, precisava alcançá-la.

Por fim, veio a memória do beijo sob a noite estrelada do inverno... aquele que precedeu o fim de tudo.

A revelação no espaço cósmico, sucedida da repetição do gesto afetuoso entre ambos, jamais deveria ser apagada.

— Era você... que eu procurei esse tempo todo — mussitou, um tanto entristecido, ao enxergá-la na posição atual.

Ainda que ela aparentasse não desejar o contato, o rapaz executou um célere avanço até a envolver em um forte abraço.

E assim eles permaneceram, durante um longo período, até que todas as lembranças trancafiadas pudessem ser libertas.

Todas as características remetentes àquela jovem readquiriram os espaços gravados em sua consciência.

Embora abraçasse a figura criada por sua mente, sabia que ela estava muito longe naquele momento.

O sentimento parecia ser recíproco, pensou.

Assim como foi salvo do “oceano da perdição”, deveria retribuir o favor.

— Eu vou te salvar.

Ao enunciar, remeteu à parcela definitiva das memórias bloqueadas.

A frase final oferecida pela garota, após recuar os lábios que tocaram os seus, através de um semblante carregado em melancolia.

Tornou-se a última imagem concebida dela, antes de ser empurrado e escutar as palavras que transcenderam tempo e espaço.

Foi aí que tudo se conectou.

Num extravagante estalo elétrico, todas as vivências viajaram por tempo e espaço.

Norman esboçou um fraco sorriso, por fim compreendendo a razão de ter recebido aquele sinal naquele dia específico.

No início e no fim de tudo, eles estavam juntos.

— Por favor... — Na sequência, a voz dela soou, rouca. — Não venha.

A luz dominou todo o ambiente, até engolir ambos.

A face de Norman apresentava-se cheia de hematomas e sangue que escorria da boca e do nariz.

Seus olhos estavam fechados, a cabeça pêndula conforme era segurado pelo colarinho do casaco.

Bianca soluçava com a face voltada ao solo, cansada de tanto gritar e chorar.

Helen situava-se em posição semelhante, sem sequer ter coragem a fim de entoar quaisquer palavras.

Lúcifer continuava paralisado, sob os efeitos do Áster gravitacional.

Alice Crowley arquejava com peso, a ponto de experimentar uma dor insólita lhe dominar o peito. O dorso da mão, recheada de líquido escarlate, a incomodava de tão doloridas.

Também sentiu uma pontada de tontura pela cabeça, graças à exacerbada utilização do Áster.

Deveria remediar o esforço logo, porém sabia que seria atacada pelo trio caso o fizesse sem as devidas precauções.

Entretanto, ao desviar o foco durante o singelo intervalo, um cintilar alvo subiu do chão em sua retaguarda.

Todos direcionaram o foco deturpado à manifestação luminosa, proveniente da testa do jovem derrubado.

O único a manter a postura de costas foi o homem soturno, que, pela primeira vez, projetou um sorriso de euforia no pálido semblante.

A idêntica faceta tomou conta da Marcada de Spica, a ponto de ficar boquiaberta e com as vistas esgazeadas.

— Enfim...! — grunhiu entre os dentes à mostra, desativando o poder místico sem perceber.

Em igual proporção, a Marcada de Deneb e a universitária reagiram desacreditadas perante a anômala reação que presenciavam.

Junto à luminescência, o corpo do Marcado de Altair se levantou do solo, flutuando como se controlado pela própria telecinesia.

 — Ma... ninho?

A voz da menina quase não escapou da boca estremecida.

O torso dele movimentou-se adiante, até adquirir a postura ereta, com o ponto de equilíbrio voltado à vertente retilínea da terra.

À medida que os cachos bagunçados do longo cabelo castanho-escuro meneavam com a energia a fluir do próprio interior, a natureza do símbolo na região esquerda da testa foi revelada.

A Constelação da Águia, casa da estrela de Altair, despertava de um longo sono.

Assim, os vívidos olhos de Norman Miller quebraram a barreira do entorpecimento...

Opa, tudo bem? Muito obrigado por ler mais um capítulo de A Voz das Estrelas, espero que ainda esteja curtindo a leitura e a história! 

★ Antes de mais nada, considere favoritar a novel, pois isso ajuda imensamente a angariar mais leitores a ela. Também entre no grupo do whatsapp para estar sempre por dentro das novidades.
★ Caso queira ajudar essa história a crescer ainda mais, considere também apoiar o autor pelo link ou pela chave PIX: a916a50e-e171-4112-96a6-c627703cb045

CatarseInstagramTwitterGrupo

Apoie a Novel Mania

Chega de anúncios irritantes, agora a Novel Mania será mantida exclusivamente pelos leitores, ou seja, sem anúncios ou assinaturas pagas. Para continuarmos online e sem interrupções, precisamos do seu apoio! Sua contribuição nos ajuda a manter a qualidade e incentivar a equipe a continuar trazendos mais conteúdos.

Novas traduções

Novels originais

Experiência sem anúncios

Doar agora