Volume 3 – Parte 3
Capítulo 72: Passado, Presente e Futuro

As cenas seguiam demoradas e, ao mesmo tempo, velozes. Bianca Doherty acompanhava a sequência que destacava os momentos do pequeno Norman com seus pais.
Em casa, no parque, indo ou voltando da escola... diversos cenários surgiam em profusão.
Era como um filme exclusivo para ela. Podia sentar-se no solo a qualquer instante, dobras as pernas e envolver os joelhos sob os braços.
Apesar da vontade, não seguiu esse caminho.
A aflição continuava a lhe causar palpitações poderosas, mas, de certa forma, conseguia experimentar um afago proveniente daquelas memórias.
Sentia o desejo de ter tido momentos como aquele, impossibilitados pela morte prematura de sua mãe, Elisa. Não se tratava de nenhuma emoção relacionada a inveja ou ganância.
Somente a felicidade por ele não ter passado por uma infância difícil como a sua.
Chegou ao ponto de esboçar um fraco sorriso, contente com relação aos ínfimos raios de esperança.
Não só de traumas e aflições sua mente era composta. Ainda havia coisas boas ali, que poderiam servir de gatilho máximo em prol de seu despertar.
“Preciso encontrar ele...”, pressionou os lábios trêmulos. “Preciso mostrar isso pra ele”, corrupiou-se a procurá-lo pelo restante do âmbito vazio.
Não encontrou qualquer detalhe diferenciado, até que uma segunda tela surgiu à sua esquerda.
Diferente da inicial, essa ativou rapidamente, transmitindo novas imagens aos olhos arregalados da menina.
Também, ao contrário da outra, mostrou um Norman bem mais velho, agora na presença de outro garotinho.
De cara cogitou ser o irmão caçula. Só não imaginava o que viria a seguir...
A derrocada teve início. Aquele que seria o futuro Marcado de Altair mudou por completo. Não mais sorria, brincava com os pais e sequer se divertia como nas memórias anteriores.
Sempre que era chamado pelo semelhante, o rejeitava para ficar em seu quarto... em seu próprio mundo.
Todo o resquício de felicidade foi varrido. A melancolia tornou-se absoluta. Uma estranha dificuldade de respirar a assolou, mas nada tão grave.
Resguardou-se a engolir em seco e controlar as estranhas emoções, incumbidas de lhe causar um intenso frio na barriga.
Pensou em deixar de assistir àquilo, pois queria manter as lembranças mais antigas destacadas para quando o encontrasse.
Girou sobre os tornozelos, a fim de retomar a concentração no dispositivo inicial. No entanto, esse tinha sido apagado mais uma vez.
Aquilo trouxe extrema dubiedade à Marcada de Deneb, que experimentou um formigamento repentino dominar seus braços e pernas.
As expectativas quanto ao que deveria surgir subiram ao rosto, o tornando bastante corado de inquietação.
Um fraco chiado originou-se primeiro. A garota virou apenas a face com certa lentidão, no intuito de aproximar um dos ouvidos à fonte do ruído.
Ele cresceu, de forma gradativa, até a tela ser preenchida por chuviscos acinzentados de estática.
Assustada perante a ocorrência bizarra — em concepção pessoal —, tentou manter-se ali ao invés de recuar alguns passos involuntários.
De punhos cerrados e cabeça erguida, enfrentou as marcas pulsantes acompanhadas de um chiado horripilante.
Segundos de agonia se passaram, até que a imagem retornasse, mais uma vez, dissemelhante em comparação às antecessoras.
O cenário revelado mostrou-se escurecido.
Estrelas brilhavam no céu noturno, sem destacar algo ou alguém. Assim permaneceu por mais algum tempo, até focos alaranjados surgirem e modificarem o panorama.
O incêndio de proporções elevadas dominava um automóvel, tombado no relvado rodeado de pequenas árvores, nas profundezas de uma ribanceira.
Os corpos no assento traseiro encontravam-se carbonizados, sem quaisquer chances de sobreviver.
Outro corpo havia atravessado a janela frontal e jazia na grama, com uma mancha enorme de sangue na altura do abdômen — da mesma forma, não apresentava mais algum sinal vital.
A única figura capaz de superar aquele cenário era o garoto de braço quebrado e pé deslocado.
Defronte o incêndio que já engolia diversos arvoredos nas adjacências, viu a pior cena que jamais poderia imaginar em vida.
Lágrimas únicas e incompreensíveis verteram por sua face suja de terra e sangue. Permaneceu inerte durante alguns segundos, ainda na iminência de assimilar todas as emoções pungentes a atravessarem seu corpo.
De repente um galho em chamas caiu na sua direção.
A pequena observadora reagiu assustada e, prestes a gritá-lo o nome, esticou a mão na direção da tela num ato de puro instinto.
Semelhante a ela, o rapaz ergueu o braço destro para se proteger. Foi quando a madeira queimada interrompeu sua queda, em pleno ar.
O brilho alvo iluminou a área, capaz de sobrepor a iluminação causada pelas poderosas labaredas.
Nesse momento, a Marcada de Deneb compreendeu a natureza da específica memória.
Perante a relembrança sobre a Provação de Norman, levou um susto ao escutar outra tela surgir à direita. Virou-se de forma inconsciente, até encontrar o dispositivo já ativo.
Ao contrário de todas as experiências até então, a cena transmitiu ecos de um choro agudo, proliferado pelo leito iluminado.
— Mamãe...! Mamãe!!
A voz embargada por soluços doloridos ecoou, despertando um soluço congelante em seu peito.
— O quê? — mussitou desacreditada, incapaz de desviar a atenção daquela memória.
Levou as mãos à cabeça, tomada por pontadas de dor indescritíveis.
Enxergar as próprias lembranças lhe trouxe doses intensas de ansiedade, a ponto de fazê-la perder o equilíbrio respiratório.
Voltou a apertar as mãos contra o peito, no intuito de suportar o terremoto emocional que lhe apossou o corpo.
A união dos subconscientes continuou em um frenesi, mostrando as duas telas em destaque.
Era como se comparativos de sofrimento fossem traçados, desde a perda de seus entes queridos até o início dos eventos experienciados durante a Seleção Estelar.
De um lado, o exasperado Marcado de Altair em suas fracassadas tentativas de superar o passado e seguir adiante.
Do outro, a própria Marcada de Deneb, trancafiada nas sombras da desesperança, conforme maltratada pelo filho adotivo de sua falecida mãe.
No fim, quis o destino que ambos se encontrassem naquele beco.
Dentro do abraço acalentador, cada um pôde achar seu próprio fio de esperança em meio ao caos. Afundar-se nos braços dele trouxe a ela o afeto que nunca pôde experimentar.
Tê-la em seus braços, trouxe a ele a sensação protetora que nunca pôde disseminar.
E assim os dois se uniram.
Outro ruído choroso atravessou o espaço. Dessa vez vinha de tão próximo que Bianca experienciou como se toda a carga melancólica a eletrizasse por dentro.
De vistas esgazeadas, corrupiou-se lentamente, amedrontada e ao mesmo tempo ansiosa.
As sobrancelhas levantaram-se ainda mais quando, naquele movimento, as vistas esverdeadas encontraram quem tanto procurava.
Norman Miller estava de pé, a alguns metros de distância dela e das telas de memórias.
Cabisbaixo, movia os ombros para cima e para baixo, à medida que o pranto escorria pela face escondida na franja do cabelo cacheado.
Antes de tomar qualquer atitude, a menina pressionou os lábios e respirou fundo, em busca de tomar coragem.
Devidamente comedida, arrastou os pés sobre o chão invisível. Em passadas curtas, construiu a aproximação cautelosa para com o rapaz.
Ao parar a poucos metros dele, pôde constatar a diferença de estaturas, jamais percebida durante a passagem dos últimos anos.
Bem maior em comparação aos eventos da seleção, a menina podia se ver na altura de seu pescoço.
Chegou a levar a mão aberta à testa, no intuito de confirmar o detalhe que mais a deixou impressionada ao vê-lo de pé após tanto tempo.
Uma calidez estranha subiu seu rosto, que ruborizou em questão de segundos. Empenhou-se a retrair a latente vontade de chorar.
Cerrou os pequenos punhos, manteve a expressão altiva e continuou a observá-lo, afogado no próprio choro.
Cresceu o desejo de afagá-lo em um forte abraço. Contudo, antes que pudesse fazer isso...
— Sinto falta... deles... — O murmúrio afônico do marcado de Altair alcançou seus ouvidos.
E ela tinha o mesmo sentimento, pensou. Abriu a boca no intuito de retribuir de alguma forma, mas logo recuou.
Sua mãe, Elisa, foi embora daquele mundo durante sua infância. Em seguida, a morte de Maria fez com que seu “primeiro irmão”, Levi, mudasse por completo.
Apesar de todo o infortúnio vivenciado junto a ele, enquanto marcados, sentia-se incapaz de odiá-lo.
Melhor do que qualquer um, podia entender todo o desespero responsável por levá-lo a fazer tudo que fez.
E era inegável que sentia saudade, não podia se livrar dessas correntes. Talvez, por isso, fosse capaz de interpretar ainda mais seu novo irmão.
Ele jamais havia deixado de sofrer pela perda de sua família no acidente incumbido de torná-lo um marcado.
Era como Lúcifer tinha dito; não só o grande trauma da batalha final contra outros marcados o prendia no estado de estagnação.
A chacina na universidade que vitimizou seus únicos amigos, o acidente que lhe arrancou pais e irmão, os erros cometidos no passado... tudo era misturado em um só gatilho, o agente encarregado de fazer sua alma adormecer.
Agora que as memórias estavam unidas, Bianca podia reconhecer todo o peso que ele carregara.
Isso conduziu seu corpo a diminuir o pedaço de distância restante, ao alcance para, enfim, abraçá-lo. Subiu na ponta dos pés, até envolver os braços no pescoço dele.
Em contrapartida, a cena do primeiro encontro deles, naquele beco escuro, tornou a surgir na grande tela.
Assim como foi afagada durante o desespero, retriburia o favor em definitivo — embora ainda não fosse como ela desejava, na realidade.
— Eu estou aqui, maninho — sibilou perto do ouvido dele. — Não vou te soltar. Vou sempre ficar com você. Porque você me salvou... me deu uma nova razão pra viver.
Conforme sentia o calor das lágrimas caindo sobre seu ombro delicado, abriu os olhos e enxergou outra silhueta distante.
Dominada por espanto, permaneceu inabalável em paralelo ao garoto. O borrão tinha forma humana.
A identificou rapidamente, em princípio graças ao cabelo branco de fios lisos, que caía até metade das costas e tinha mechas escorridas sobre os ombros.
A metade superior do rosto encontrava-se sobreposta por trevas. Os lábios rosados podiam ser vistos, encurvados para baixo, denotação ao extremo peso irradiado junto com a aura natural.
Suas sobrancelhas arriaram, a exemplo do semblante que se tornou melancólico. A figura não deixava de fitá-los detrás das sombras.
A boca recaída se moveu vagarosamente, entoando palavras inaudíveis. A Marcada de Deneb nada fez.
“Pobrezinha...”, só conseguiu pensar nisso, em vista do desconforto claramente expressado por sua postura.
Também sentia saudades dela, desde quando desapareceu no vale final.
— Eu e ele também... vamos te salvar — declarou em orientação a ela, que pareceu reagir boquiaberta perante seu sorriso.
Os rostos de protetora e protegido permaneceram adjacentes, até que o ambiente de memórias passou a ser tomado pela luz.
E desapareceu num piscar.

Ao abrir os olhos, Bianca encontrou uma parcela maior de escuridão graças a parca luminosidade do cemitério.
Levou poucos segundos para reconhecer a figura do Marcado de Altair, em prantos na cadeira de rodas.
A preocupação foi delegada a ele, mas os arquejos logo na retaguarda também chamaram a atenção.
Helen encontrava-se ajoelhada sobre a trilha de terra, recheada de pequenos buracos em sua extensão.
Mais à frente, Lúcifer observava o vazio, à medida que as bagunçadas mechas do cabelo azul-escuro meneavam com o vento.
Numa postura ereta, abria e fechava a mão dominante, atento a quaisquer anomalias possíveis nos arredores.
Dentro de um período extremamente silencioso, nada ocorreu. As vistas noturnas semicerraram, assim como toda a tensão corporal esvaneceu.
Virou o rosto por cima do ombro, de maneira a observar os dois marcados. A universitária acompanhou sua linha de visão, à procura de controlar a respiração pesada.
— Mais degenerados?... —
Bianca entendeu o contexto rapidamente, deixando a dupla adiante livre da necessidade de explicar.
— Ele... está chorando...
Helen se levantou, passou ao lado da menina através de passadas trôpegas e levou as mãos à face do garoto.
Experimentou as lágrimas calorosas umedecerem os dedos e as palmas, preocupada com o estado de sua mente, passada a divergência enfrentada pela garotinha.
Essa que, embora tivesse vivenciado tudo aquilo em seu subconsciente, também demonstrava um pingo de perplexidade ao contemplá-lo assim no mundo real.
— Então... — O homem aproximou-se do trio. — Quais foram as experiências desta vez?
Atenta, de soslaio, ao olhar fixo sobre o Marcado de Altair, Bianca exalou um fraco suspiro antes de responder:
— Ele ‘tá sofrendo... com saudades da família. — Depois de dizer, foi encarada com severidade pela universitária. Não obstante a isso, cerrou os pequenos punhos. — Pude ver um pouco do passado dele. E, também, do meu. Foi difícil, mas consegui abraçar ele quando ‘tava chorando... disse que ia ficar tudo bem. E a maninha apareceu, como a Helenzinha tinha dito.
— Você viu o acidente!? — A citada questionou.
— Não muito... — Desviou o olhar durante alguns segundos, levando uma das mãos a apertar-se contra o peito. — Só vi o carro pegando fogo, antes do maninho despertar seu poder.
— Sua Provação — murmurou Lúcifer. — Essa reação já prova que foram estímulos estritamente impactantes. Interligar a passagem da divergência anterior com este local foi a melhor sequência possível.
Pela primeira vez, o cenário começava a se tornar promissor em favor do trio.
A decisão de fazê-lo visitar e conversar — mediante as garotas — com os túmulos, onde amigos e familiares estavam enterrados, provou-se o melhor caminho.
A ponte construída entre os eventos da universidade e a visita ao cemitério foi perfeita.
Agora, só restava uma localidade a ser resgatada.
“Estamos quase lá...”, ponderou o enigmático, experimentando um estranho formigamento lhe percorrer a estatura inteira.
A cada avanço do tempo, menos estrelas restavam à vista do céu noturno.
A marcha da entropia já alcançava a fronteira necessária, em prol de iniciar a rota de colisão da Era Degenerada.
— Devemos aproveitar enquanto temos tempo. — Deu a volta e mirou a saída do recinto mórbido. — Vamos à próxima divergência.
— Espere um momento. — Helen o confrontou. — Eu escolhi a universidade e Bianca escolheu o cemitério. Você disse ter escolhido o terceiro local, mas não o revelou para nós até agora.
— Oh... a essa altura e ainda está desconfiada? — A encarou de canto, sem demonstrar consternação através das sobrancelhas arriadas. — Venham. Vocês entenderão assim que chegarmos.
Recomeçou a caminhada rumo aos portões do cemitério, sem dar direito de escolha cabível às garotas.
Depois de toda a vivência nos ataques dos degenerados, fora do conhecimento da Marcada de Deneb — pois encontrava-se imersa no consciente do garoto —, Helen voltou a ser tomada pela aflição.
No fim, o desejo de resgatar seu amigo falou mais alto e a fez decidir por seguir o enigmático.
Ainda um pouco desentendida com aquela abordagem da companheira, Bianca voltou a comandar a cadeira de rodas do Marcado de Altair.
“Falta pouco, maninho...”, usou parte do Áster, a fim de transmitir o recado mental ao jovem, que já tinha parado de chorar — voltando ao estado estático e opaco.
Deixaram o terreno e caminharam pela trilha desconhecida, guiadas pelo homem esguio de coque emaranhado.
A inquietação irradiada pela morena tomou conta da alva, que se preocupou com a resposta do jovem no assento móvel.
— Aconteceu alguma coisa, Helenzinha?... — Tentou sussurrar perto do ouvido dela, sem deixar o líder ouvir.
— Nada demais... talvez eu esteja ansiosa demais para o que deve acontecer depois das nossas experiências. — Desviou a atenção, a fim de esconder o semblante encabulado. — Na realidade, ainda não me acostumei muito com essas coisas.
— Hm...
A menina conseguia entender um pouco da mistura de sentimentos aflorada pela universitária.
Já tinha passado pelo mesmo quando se tornou uma marcada. Inclusive, sob os cuidados de Norman e Layla, levou bastante tempo para se habituar.
Não era fácil. Para qualquer um.
De repente, Lúcifer parou de caminhar antes de cruzar a rua pela faixa de pedestres.
Em resposta a isso, as garotas também cessaram o avanço e trocaram olhares recheados de dubiedade ao perceber que ele encarava algo, que não elas, sobre o ombro.
Após arrastados segundos de silêncio...
— Vamos por aqui.
Modificou o caminho planejado, sem oferecê-las novas justificativas, como de praxe.
Pegaram diversos becos em sequência, como se construíssem um labirinto que não parecia ter fim.
Cansadas de tanto rodarem sem um destino em específico, as garotas pensaram em protestar.
No entanto, antes que pudessem entoar qualquer palavra, o trajeto definitivo foi atravessado.
A iluminação dos postes fluorescentes regressou sobre suas cabeças, tão forte quanto em qualquer um dos locais de divergência visitados.
Grandes edifícios, destoantes daquela região de casas simples, surgiram na linha de visão.
Helen reconheceu o local. Bianca não.
Independente do conflito entre elas, Lúcifer explicou:
— Cá estamos. A última divergência.
À vista do trio, situava-se o hospital central da cidade.

Opa, tudo bem? Muito obrigado por ler mais um capítulo de A Voz das Estrelas, espero que ainda esteja curtindo a leitura e a história!
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