A Voz das Estrelas Brasileira

Autor(a): Altair Vesta


Volume 3 – Parte 3

Capítulo 70: Salvação

— Chamo eles de degenerados — disse Lúcifer, ao compasso que avançava pelas ruas vazias da pequena cidade. — O poder que você recebeu está relacionado às próprias estrelas, sendo não apenas metaforicamente, como costumam falar. A morte delas envolve dois possíveis caminhos... um crescimento massivo que, em seguida, as transforma em anãs brancas, ou uma supernova. Quando a segunda opção tende a ocorrer, nascem o que conhecem como buracos negros.

— Então, esses degenerados seriam “buracos negros”, do nosso ponto de vista? — Helen indagou.

— Precisamente.

— Então pessoas estão se tornando isso? — A menina ao lado, um pouco perplexa, também se pronunciou.

— A maldição das estrelas não caiu somente sobre você e ele. Todos neste planeta eram postulantes a evoluírem para o próximo estágio, que seria o de despertarem esses poderes. E foi isso que aconteceu com vocês e todos aqueles que confrontaram há três anos. Em resumo, mesmo os que não foram escolhidos, receberam o infortúnio impregnado em si. Nesse caso, com o avanço da morte das estrelas, esses estão...

— Evoluindo a um estágio de degeneração — completou a universitária, olhando para o céu de poucos pontos brilhantes naquela noite. — Isso tudo é... inacreditável.

Era inacreditável, de fato. Porém aquilo não deixava de ser mais uma loucura, em comparação a tudo que já havia passado até então.

Um fraco suspiro foi o suficiente, em prol de consternar seu cansaço com aquela história que destroçava as leis da realidade.

Pensar que poderia se tornar um monstro, como o que os atacara mais cedo, lhe trazia intensos calafrios.

“Inclusive...”, apertou os lábios, os olhos arregalados. “Por que ele não disse isso antes!!?”

De fato, caso entregasse a informação de antemão, ela ou Bianca não teriam sequer optado em recusar.

Passado o rápido momento de descontrole, ela respirou fundo. Precisava manter o foco no que viria a seguir.

Do outro lado, Bianca ponderava sobre a nova dificuldade que deveriam enfrentar rumo aos objetivos.

Encarou de canto o Marcado de Altair, ainda acordado, apesar do frio daquela noite.

Por estar bem agasalhado, talvez não fosse resistir por tanto tempo. Ainda assim, os olhos opacos continuavam bem abertos.

— Dito isto, não há possibilidade de que os marcados remanescentes se tornem degenerados — prosseguiu o homem, sempre na liderança do trajeto. — Pelo menos, não do modo convencional.

— Como assim?

— É bem o que o cenário já revela. Somente degenerados já despertos podem transformar marcados. Por isso, eles sempre virão atrás destes dois... — Olhou sobre o ombro para os escolhidos em sua companhia. — Devemos tomar cuidado e nos apressar. Caso sejamos cercados por esses amaldiçoados irracionais, certamente não teremos chances...

 A Marcada de Deneb arriou as sobrancelhas.

“Eu vou proteger o maninho”, determinou na própria mente, no intuito de varrer qualquer resquício de medo.

Não perderia a grande oportunidade de retribuir por tudo que ele tinha feito a seu favor.

— Parece que chegamos...

Ao murmúrio do misterioso, as duas reagiram de diferentes formas; à medida que a marcada levantou os olhos, a amiga próxima do rapaz os abaixou.

À vista do quarteto, a universidade parecia pouco movimentada por conta da temporada de provas.

Como aluna antiga, Helen seria capaz de conceber a entrada do grupo que trazia consigo. Ao menos era seu pensamento em meio a um turbilhão de sensações desconfortáveis.

Próximos da entrada principal, reconstruída após a destruição causada pelos comandados do Marcado de Regulus, a jovem interrompeu o avanço.

Os olhares lhe perseguiram, recheados de dubiedade.

Ela estremecia da cabeça aos pés, desencorajada a prosseguir rumo ao cerne de todos os traumas pessoais.

Os batimentos cardíacos aceleraram, a respiração tornou-se ofegante.

“Se acalme... Se acalme...”, repetiu arrastadamente, à medida que o peito subia e descia com os arquejos. “Precisa ter calma... pelo Norman...”

Começou a suar frio, incapaz de suportar a intensa corrente de ansiedade que lhe dominou por dentro e por fora do corpo.

Sem que pudesse esperar, experimentou um foco de calor sobrepor o dorso de sua mão esquerda. Aquilo por si só foi o suficiente a fim de arrancá-la da paralisia mental.

Ao erguer de novo a faceta sofrível, encontrou a Marcada de Deneb, disposta de um tênue sorriso destacado pela luz do poste acima.

Palavras não se fizeram necessárias.

Helen guardou consigo o quanto achava aquela menina incrível. Somente a troca genuína de olhares lhe serviu para retomar o controle emocional.

“Eu consigo...”, engoliu o temor, em prol de avançar um novo e importante passo rumo ao destino abominado.

Não fazia ideia sobre o que aconteceria ao entrar no local. Por isso, apertou as barras traseiras da cadeira de rodas e depositou todo o nervosismo acumulado nelas.

Na companhia da Marcada de Deneb, voltou a se unir ao homem soturno.

Rapidamente ultrapassaram a passagem frontal, sem serem vistos por qualquer guarda ou aluno nas proximidades. Foi tão simples que, aliviada, a ex-aluna exalou um profundo suspiro.

— Aqui está bom — disse Lúcifer, no centro do grande pátio.

Havia, por parte das garotas, a preocupação que alguma alma perdida nos corredores pudesse vê-los. O homem não parecia carregar o mesmo sentimento.

Tanto que girou na velocidade do pensamento e aproximou-se do rapaz repousado e imóvel. Os olhos dele, desprovidos de algum pingo de luz, permaneciam abertos.

“Assim é melhor”, ponderou consigo, antes de levar os dedos da mão destra a tatearem sua testa.

— Não atrasemos isto. Primeiro, preciso estabelecer alguns detalhes. — Encarou as duas garotas, uma de cada vez. — Provavelmente, degenerados devem aparecer. Por isso devemos ser rápidos, mas cautelosos.

— E o que a gente faz se eles aparecerem? — Bianca se retraiu naquela postura.

— Lutaremos. Sei que vocês não possuem habilidades físicas, mas darei um jeito de proteger o ritual como puder.

— Ritual?... — Foi Helen quem murmurou, dessa vez.

— Este é o segundo detalhe. — Lúcifer estreitou as vistas noturnas. — Para o recuperarmos, a começar desta divergência, forçaremos os estímulos necessários à sua mente. Por isso, neste momento... eu precisarei de você, sua amiga e fonte de incitação principal ligada a este lugar.

Em um primeiro instante, a universitária engoliu em seco.

No entanto, cerrou os punhos em resposta, decidida a ir até onde fosse necessário a fim de resgatar a consciência do garoto.

— Está bem. O que eu preciso fazer?

Em vista à nova onda de coragem irradiada dela, o guia sentiu que as engrenagens enfim começariam a girar.

Recuou o braço estendido e deu dois passos para trás, abrindo espaço o suficiente entre ele e o Marcado de Altair.

— Toque na testa dele, da mesma forma que eu fiz. — Estreitou as vistas. — Quando eu der o sinal, feche os olhos e se concentre. O resto é por minha conta...

Helen ainda tinha diversas perguntas a fazer, mas, por ora, optou por somente seguir as recomendações.

Mediante um aceno positivo, relaxou os dedos contraídos contra as palmas e caminhou ao redor da cadeira.

Perante o jovem, realizou um capricho antes de iniciar os procedimentos definidos; levantou sua franja e lhe beijou a testa. Levou mais tempo que o habitual naquela posição.

A Marcada de Deneb a observou em silêncio, desviando levemente o olhar à esquerda.

Só então regressou a pôr os dedos indicador, médio e anelar da mão destra no local beijado. Conectou os cílios e buscou a absorção necessária.

Todos os preparativos foram concluídos, entregando o dever nas mãos do enigmático. Era hora de iniciar o primeiro ritual.

Cisne Branco... — Chamou os olhos verdes da marcada ao murmurar. — Conto com você.

— Sim.

Dito isso, Lúcifer tornou a estender o braço dominante, ficando entre Helen e Norman. Também fechou as vistas, concentrou-se ao máximo e, introspectivamente, contou de um a três.

Um círculo de luz quase invisível foi criado ao redor da dupla em contato.

Na mente da garota... tudo escureceu.

A escuridão foi dominada pela luz. Os olhos se abriram e logo reconheceram o espaço vazio, sem céu e nem terra — embora ainda estivesse de pé.

No mínimo, conseguia enxergar singelos raios atravessarem o topo, como se fossem estrelas cadentes.

— Onde estou?... — Encarou as próprias palmas, uma de cada vez, ainda sem compreender a sensação fria que a rodeava.

Ao estabelecer sua posição naquele mundo, girou em busca de qualquer figura tangível nas adjacências.

 Não demorou muito a encontrar... as sobrancelhas arregalaram diante das costas erguidas.

Engoliu em seco a vontade de gritar, mas não resistiu a avançar de maneira apressada na direção dos cachos castanho-escuros.

Quando percebeu, já tinha saltado com rapidez, no intuito de diminuir a distância o mais rápido possível.

“Norman... é o Norman!”, por quanto tempo corresse, não sentia cansaço em momento algum. Logo chegou até ele, levando uma das mãos a se apertarem contra o peito.

Nenhuma reação veio do rapaz, então optou por arriscar uma aproximação ainda mais contundente. Prestes a tocar seu ombro, o cenário mudou de forma drástica, a fazendo pegar o vazio.

No desespero, procurou nos arredores pelo amigo que desapareceu de súbito.

 Antes de conseguir entoar qualquer chamado, ecos lhe invadiram os ouvidos.

Vinham na velocidade de sussurros, que, por consequência, elevaram-se até tomar sua cabeça por inteiro.

Sem que pudesse sequer cogitar, um ruído de colisão arrepiou sua espinha e a fez corrupiar no susto.

Uma tela, recheada de correntes nos entornos, refletia sua face amedrontada. Incapaz de entender o significado daquela aparição desconexa, aproximou os dedos com cautela.

Na ponta deles, pôde sentir a fraca energia estática se proliferar ao restante do braço, arrepiando seus pelos.

Uma imagem surgiu na superfície, trazendo desconforto aos olhos durante breves segundos.

Depois de recuar três passos e recobrar o foco... tudo que mais tinha medo de enfrentar, surgiu.

Primeiro veio a cena de maior destaque nas “gravações mentais”; a morte de Willian Anderson, bem à frente de seus olhos, com um tiro de metralhadora à queima-roupa na têmpora.

O conteúdo estomacal logo atravessou a garganta e foi regurgitado no solo incolor.

O corpo inteiro passou a estremecer, um terremoto intenso que lhe destruía interna e externamente. Quase caiu de joelhos, mas cambaleou no singular esforço de manter a compostura.

Balançou a cabeça em negação e, angustiada, tentou correr na outra direção.

— Não... não... por favor!!... — gemeu com as mãos em frente à boca, despercebida quanto às lágrimas que já vertiam pelo rosto corado.

Surgiu a segunda tela, interrompendo sua escapatória. Como não podia ser diferente, a imagem da morte de Hudson Coleman foi revelada.

Protegida pelo próprio corpo do rapaz, a jovem permaneceu à beira do fim, repleta de desesperança em meio à fumaça acumulada no auditório.

Dessa vez, não aguentou o peso do próprio corpo e sucumbiu ao chão. Abraçou a si mesma, nas profundezas do desespero.

Fechou os olhos, pois não queria ver mais nada. Ela havia superado os traumas do passado, mas nenhum deles desapareceu.

Mantinham-se tão vivos quanto imaginava, a ponto de se tornarem reais mais uma vez para assombrá-la.

— Não... por favor... eu não aguento mais!!! — A voz quase não saiu, em oposição ao pranto efusivo. — Norman... me ajude... por favor!!

E assim permaneceu, por bastante tempo, até que o ambiente regressasse à configuração anterior.

Os chiados e ruídos provenientes das recordações forçadas desapareceram, trazendo de volta a harmonia incumbida de lhe devolver o equilíbrio.

À medida que passou a escutar somente as próprias lamúrias, redespertou no espaço esbranquiçado.

No fim, soluços mais fortes se sobressaíram, puxando sua atenção deturpada à posição posterior.

Lá estava o Marcado de Altair, mais uma vez, com a cabeça baixa de modo que a franja cobrisse metade dos olhos.

Helen se reergueu e, com enorme medo de repetir o processo anterior, aproximou-se a passos curtos.

— Norman... — mussitou, afônica, sucedida pelos espasmos involuntários. — Norman...!

Seus braços o envolveram, lentamente, num apertado abraço.

Pôde sentir todos os pormenores daquele instante; o calor que emanava do corpo, a respiração quente que arrepiava seu pescoço... e os fios de lágrimas a pingarem acima de seus ombros.

Ao perceber, afastou um pouco do rosto até encontrar a faceta imutável que despejava o pranto silencioso.

Ficou sem reação durante poucos segundos, o bastante para perceber a própria expressão boquiaberta.

Antes de dizer algo, secou o rosto úmido e, despreparada, acabou envolvida por outro abraço.

Os braços do rapaz lhe apertaram a cintura, ao que ele afundou o rosto em seu peito. Assim permaneceu, trazendo mais rubor às bochechas da jovem paralisada.

Deixou-se levar pelo momento e fez carinho nos emaranhados cacheados de sua nuca, os penteando com delicadeza entre os dedos

— Sinto tanto a sua falta... — murmurou ao pé do ouvido do garoto. — Por favor, Norman... se puder me escutar, eu te peço. Volte para nós. Volte... para mim...

As palavras, proferidas na maior afabilidade possível, não foram respondidas num primeiro instante. Ainda assim, a garota não deixou de alisar as mechas pendentes de seu cabelo.

A quietude perdurou de maneira que a permitiu reequilibrar a respiração. A tensão de segundos atrás foi lavada, graças a tão aguardada reunião com ele.

Deixou-o chorar o quanto desejava. Caso pudesse permanecer algum tempo extra naquele âmbito, o faria sem pestanejar.

No entanto...

— ...medo... — Da boca dele, surgiu a palavra, trêmula e abafada. — Eu ‘tô... com... medo...

Espantada ao escutá-lo após três longos anos de silêncio, Helen teve vontade de chorar de novo.

Segurou a calidez que subiu a face ruborizada, quase a ponto de morder os lábios vacilantes.

Compôs-se a esboçar um leve sorriso.

Já tinha mostrado diversas fraquezas a ele, por isso decidiu consigo mesma que era hora de mudar esse panorama.

Só dessa forma conseguiria salvá-lo.

— Eu sei que está. Por isso, irei protegê-lo... — Executou uma breve pausa, antes de respirar fundo e clamar: — Volte para nós, Norman. Estamos todos te esperando...

A exemplo de uma mãe, continuou a afagá-lo, até que todos os sentimentos ruins desaparecessem.

Mas ao contrário do que pretendia, escutou um gemido se intensificar ao lado de sua orelha.

O Marcado de Altair entoou um grito agonizante, ao passo que as cenas da tragédia na universidade retornaram a se proliferar nos arredores.

Ela também acompanhou o ressurgimento do trauma pessoal, mas a desgraça do companheiro não a permitiu se preocupar com as imagens.

Gritou por seu nome, conforme agachava os joelhos e o abraçava. Foi quando percebeu; não se tratava somente de um trauma seu.

O rosto dele se levantou, os olhos opacos esgazearam e a boca escancarada expulsou a voz rouca com mais intensidade. Não obstante, a universitária virou o rosto por cima do ombro.

Ao enxergar algo, seguiu o exemplo do exasperado ao erguer as sobrancelhas até o limite.

Outra pessoa, de pé, os observava. No entanto suas vistas estavam borradas, assim como mais da metade da face.

Além do vestido quase transparente, a cair até os joelhos, e os acessórios brilhantes nas orelhas, pescoço e dedos... só seu cabelo branco se apresentava reconhecível.

Antes que pudesse fazer qualquer coisa...

Tudo desapareceu, de novo.

Os olhos castanhos, recheados de lágrimas, se abriram com força no mundo real.

Ao reconhecer as luzes artificiais da universidade tomando conta da escuridão, Helen moveu o rosto avermelhado.

O braço continuava estendido, os dedos conectados na testa do garoto.

Foi então que encarou os mesmos fios úmidos escorrerem pelas bochechas dele.

Desejava abraçá-lo, a exemplo da experiência recente, mas foi agarrada pelo braço esquerdo e chacoalhada até regressar à realidade.

— Helenzinha!? O que aconteceu!? — Bianca quase gritou em seu ouvido, extremamente aflita.

Helen piscou algumas vezes e, após muita demora, recobrou todos os sentidos. Isso trouxe a ela uma insólita dor de cabeça, incumbida de lhe arrancar o equilíbrio.

Não fosse o auxílio da garota, de certo teria caído no chão. Ainda sofria a fim de assimilar os detalhes daquela vivência.

De todas as expectativas, jamais poderia ter imaginado alguma indução parecida.

— E então. — A voz masculina chamou sua atenção. Na mão esquerda de Lúcifer, uma esfera luminosa esvaneceu. — Como foi?

— Aconteceu... algo aqui?

Helen buscou indícios de qualquer anomalia pelo pátio, mas encontrou tudo como antes de ser induzida à experiência estranha.

— Alguns degenerados atacaram, como falei, mas não foi nada demais. Então, conseguiu encontrá-lo no subconsciente?

O simples termo utilizado pelo misterioso foi o bastante para que quase tudo fosse compreendido.

Uma singela viagem ao subconsciente congelado do rapaz, tão realista que ela sequer podia acreditar.

Ao remeter as interações conturbadas no mundo imaginário, sustentou um forte impulso de ir às lágrimas de novo.

Pelo contrário disso, esfregou as vistas e deu tapas nas bochechas, no intuito de recobrar a compostura.

Tal atitude espantou a Marcada de Deneb e segurou o foco de Lúcifer que, paciente, aguardou alguma resposta.

E ela veio na sequência:

— Sim, o encontrei. Depois de reviver aqueles momentos... — Cerrou os punhos, à procura de forças para prosseguir: — Quando... nossos amigos morreram. Ele estava lá... chorando... tão desesperado e amedrontado quanto eu.

— Entendo. Então ele está preso por sentir, também, diversas perdas recentes. — Levou a mão sob o queixo, pensativo. — Foi realmente um acerto seguirmos este caminho.

— E... não foi só isso. — Helen tornou a puxar as atenções alheias, dessa vez ainda mais circunspecta no semblante. — Também me encontrei com ela. Depois disso, eu despertei aqui.

— “Ela”? — Bianca inclinou o rosto. — Ela quem!?

— A atual Rainha...

— A maninha!? — Esgazeou as vistas diante a resposta fraca do homem.

“Então você continua a insistir”, ele encarou o céu de poucas estrelas, os cílios próximos de se tocarem.

Caso dependesse do dito fator, provavelmente a próxima experiência seria tão complexa quanto. De todo modo, não poderiam ter o luxo de descansarem àquela altura.

Tempo era precioso. O objetivo visava o fim das divergências até antes do amanhecer.

— Não fiquem tão espantadas. Ainda temos dois terços do caminho a serem percorridos. — Encarou-as por cima do ombro, sem desfazer a feição soturna. — Devemos prosseguir até a segunda localidade.

Sem dar direito de resposta às duas, voltou a caminhar na direção contrária do pátio, rumo à saída da universidade.

Antes de tomarem a decisão de acompanhá-lo, as protetoras do Marcado de Altair trocaram olhares demorados.

Dessa vez, Bianca tomou a dianteira, em prol de secar as lágrimas do garoto e murmurar ao pé de seu ouvido que tudo ficaria bem.

Na sequência, levou as mãos às barras traseiras da cadeira de rodas. Agora estava no controle do assento móvel, ao passo que a morena ficou para trás.

Isso pois prestava uma última olhadela no cenário adiante, onde viveu o maior dos pesadelos há três anos. Aceitou que jamais iria se esquecer.

Aquele era um fardo que deveria carregar pelo resto da vida, em memória de seus amigos e de todas as outras vítimas.

A partir de então, ao invés do desespero, daria o melhor para cultivar a esperança de dias melhores.

O pequeno ensinamento naquele curto período trouxe uma dose absurda de alívio no peito.

Era o que precisava, mais do que qualquer um. Uniu as mãos, fechou os olhos e executou uma rápida prece.

Depois disso, deu a volta e correu até a dupla adiantada, com destino ao próximo desafio na saga do despertar de Norman.

Opa, tudo bem? Muito obrigado por ler mais um capítulo de A Voz das Estrelas, espero que ainda esteja curtindo a leitura e a história! 

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