Volume 1

Capítulo 6: Quando o Céu Decide Chorar

Ajoelhado diante do corpo de Louis, Glenn deixou que a chuva terminasse o que as lágrimas não conseguiam mais fazer. As gotas caíam rápidas, lavando o sangue nas mãos dele, apagando as últimas chamas que ainda tentavam sobreviver nas ruínas da vila.

A respiração vinha pesada, como se o ar recusasse entrar. 

Com um gesto lento, quase reverente, Glenn estendeu a mão e fechou os olhos do primo. Um simples toque… mas que pesava como uma sentença. Louis devia dizer que estava com frio. Devia rir dele por estar sério demais. Deveria estar vivo.

A vontade de desabar veio como um nó sufocante na garganta. Glenn pressionou os dentes, engoliu o choro junto com o gosto amargo da própria impotência.

— LOUIS!! — o grito rompeu a cortina de chuva ao fundo, carregado de pânico.

— GLENN!! — a voz chamou novamente, quase se atropelando nas sílabas.

— ELLIE!! — um terceiro clamor, ácido de desespero.

As vozes ecoavam como fantasmas, que tentavam puxá-lo de volta para o mundo. Glenn olhou na direção do som, o coração dando um salto — alguém vivo. Alguém que ele conhecia.

Dois homens surgiram. Correram pela rua destruída, saltaram sobre pedaços de casas que já não existiam. Tio Reynolds ia à frente, o olhar em chamas apesar da chuva. Logo atrás, Edran — os olhos arregalados, em busca de Ellie com um terror que só um pai conhece.

Por um instante, Glenn quase sorriu. Quase.

Porque vê-los vivos era uma faísca de luz naquele inferno.

Mas o sorriso morreu antes de nascer.

Ele olhou para Louis.

E a dor voltou a gritar.

Bem alto.

Os passos apressados cortavam o som da chuva como facas no silêncio. Cada pisada era um aviso. 

Glenn continuava ajoelhado, curvado sobre Louis, o corpo travado como se qualquer movimento pudesse apagar o que restava dele. O cheiro de sangue misturado à terra molhada subia como um lamento. A chuva não lavava — ela espalhava.

Os passos diminuíram… depois cessaram atrás dele.

Eles viram.

Não havia mais escapatória. A verdade estava ali, nua, cruel, irreversível.

— N…não… — a voz de Reynolds saiu como um sopro quebrado, como se tivesse sido arrancada à força de dentro do peito. — Louis…

Glenn mordeu o lábio até sentir o gosto metálico. Mas ele não se virou. Não podia. Não queria ver o que aquela dor fazia com Reynolds.

Mas a voz… aquela voz que parecia ter envelhecido décadas em uma frase… obrigou Glenn a levantar o rosto.

Reynolds estava ali, parado a poucos passos. O corpo parecia prestes a desabar, sustentado apenas pela obrigação de continuar existindo. A chuva escorria pela camisa rasgada, pela tipoia encharcada, pelas cicatrizes que não tiveram tempo de fechar — mas nada doía mais do que aquilo que estava bem diante dele.

Os olhos estavam arregalados, mas não viam. Estavam presos num tempo onde Louis ainda sorria, ainda chamava “pai”, ainda fazia planos. Agora, tudo o que restava era um corpo sem calor. E um homem sem chão.

Glenn sentiu o peito apertar tanto que parecia que o coração ia se partir em pedaços. O ar não entrava. O mundo girava. Ele fechou os olhos com força, como se pudesse apagar tudo, como se o escuro fosse mais gentil que a realidade.

Queria sumir dali.

Queria desaparecer.

Queria trocar de lugar com Louis.

Mas o silêncio de Reynolds era pior que qualquer grito. Era o som de um homem sendo quebrado por dentro, lentamente, sem alarde.

O trovão riscou o céu como um corte de lâmina, e por um segundo, as ruínas à volta se acenderam — como um flash que expôs, cru, tudo que deveria permanecer na escuridão. Glenn piscou com atraso, o coração tropeçou na batida seguinte. Ele se ergueu, mas parecia que as pernas não lhe pertenciam.

— Merda… — Edran sussurrou, sem perceber que a palavra escapara.

Ele se aproximou cambaleante, encharcado, com os olhos que corriam frenéticos pela destruição.

— Glenn… onde está a Ellie? — perguntou, como se o mundo inteiro coubesse naquela pergunta.

Glenn virou o rosto só o suficiente para enxergá-lo. A garganta arranhava por dentro antes mesmo de formar qualquer resposta. Então ele estendeu o braço e apontou para a garota caída alguns metros atrás. Forçou o que talvez fosse um sorriso… mas que se desfez como uma mentira.

— Ela está só… dormindo. Agora.

Era uma sentença suave, mas o medo por trás dela fez Edran reagir antes que a esperança duvidasse.  

Ele correu.  

Escorregou.  

Quase caiu.  

Mas chegou até ela como um homem que reencontra o ar após se afogar.

Glenn voltou o olhar para Reynolds.

O tio estava imóvel. Ajoelhado. Com os olhos fixos no rosto de Louis… como se ainda esperasse um piscar de olhos que o salvasse desse pesadelo.

Ele levantou a mão, devagar, como se estivesse prestes a tocar um vaso feito de vidro fino demais para existir. Mas a mão parou no meio do caminho. O braço tremia. O peito também.

— Que tipo de pai… — ele murmurou, a voz arranhando a própria culpa — …não consegue proteger o próprio filho?

Glenn sentiu a alma se contorcer.

Reynolds tentou levantar o filho. Mas o braço ferido se recusou a obedecer. O corpo dele cedeu… e um riso curto saiu, torto, vindo de um lugar que já não sabia o que era tristeza ou desespero.

— Nem segurar meu menino eu consigo… — ele sussurrou, e as palavras caíram como cristais que se quebraram.

O mundo perdeu o som por um instante — como se a realidade tivesse parado para não assistir aquele homem desmoronar.

Glenn fechou os olhos. Queria que a escuridão durasse. Queria não estar ali para ver dois destinos tão diferentes sendo traçados ao mesmo tempo.

Porque do outro lado… Edran segurava Ellie com um zelo que só quem esteve a um fio de perdê-la poderia ter. Ele chorava — lágrimas que caíam em agradecimento, não em luto.

A contradição daquele momento perfurou Glenn mais fundo que qualquer lâmina.

— Tia Vivian… ela está bem? — Glenn perguntou baixo, sem coragem de encarar de verdade.

Reynolds assentiu… mas não levantou o rosto. Parecia que qualquer movimento poderia fazê-lo quebrar de vez.

Edran se aproximou novamente, Ellie protegida contra o peito dele como um tesouro recém-resgatado.

O trovão estourou perto, e um clarão branco refletiu no sangue espalhado. Reynolds se inclinou sobre o filho, o corpo inteiro trêmulo. O braço bom passou sob as costas de Louis; o outro, roxo e inchado, mal reagia. Ele puxou o ar entre os dentes e tentou erguer o menino. Um estalo surdo ecoou, e o gemido que escapou soou mais animal do que humano. Mesmo assim, tentou de novo.

— Deixe que eu o levo — disse Edran, com a voz baixa, como se o ar ao redor pudesse quebrar. — Por favor, Reynolds.

— Nã… não… — a resposta saiu primeiro como sopro, depois virou grito. — NÃO! Deixe… pelo menos… eu fazer isso… por ele!

O som reverberou entre as ruínas. Reynolds se curvou, o rosto colado ao peito do filho. O corpo tremia, mas o choro não vinha. O que escapava eram palavras cortadas, pequenas, como se o ar pesasse demais.

— Eu disse… que ia proteger vocês. — Cada sílaba parecia raspar o chão da garganta. — Eu prometi… que nada… ia acontecer enquanto eu… estivesse aqui. — Ele balançou a cabeça devagar, e um fio de riso curto escapou, rouco, gasto. — E olha pra mim agora. Nem te manter quente eu consigo. Nem isso.

A mão boa acariciou o rosto do filho num gesto lento, repetido, quase automático. O braço partido tentou ajudar, mas cedeu no meio do movimento. O corpo de Louis deslizou de volta para o chão. O impacto foi leve, mas o silêncio que se seguiu doeu como um soco.

Glenn deu um passo sem saber por quê e parou no mesmo instante. A chuva descia fria pela nuca, e tudo nele queria correr, ajudar, dizer qualquer coisa. Mas nada sairia certo.

Edran se aproximou com Ellie nos braços. Ela dormia, o peito subindo e descendo devagar. Ao chegar perto, ele olhou para Glenn e apenas assentiu. Passou a menina para o garoto com a delicadeza de quem entrega algo que pode se desfazer no ar.

Glenn a recebeu. O corpo dela estava morno. Vivo. O calor o atingiu como se queimasse.

Edran se abaixou ao lado de Reynolds e pousou a mão em seu ombro. O homem levantou o rosto. Os olhos vermelhos, abertos demais, procuravam alguma coisa que já não estava ali. Por um instante, pareceu que ia empurrá-lo, mas a força faltou. Edran o puxou para si.

O abraço foi seco, forte, pesado. A chuva batendo neles fazia barulho de aplauso triste.

Reynolds finalmente cedeu. As costas subiram, desceram. Um som curto escapou, meio soluço, meio gemido. Depois outro. E mais um.

Glenn ergueu o rosto. A chuva caía firme, fria, deslizando pela pele até a ponta do queixo. O céu não mostrava nada além de cinza — sem estrelas, sem direção.

Depois, ele olhou para Ellie. O rosto dela permanecia sereno, o peito subia e descia com leveza. Os cílios molhados, o jeito como ela franzia o nariz de leve ao dormir, o ar quente que escapava entre os lábios — havia algo naquele simples respirar que o fazia esquecer, por um instante, onde estava.

O caos, a lama, o cheiro de ferro. Tudo se calava ao redor dela.

Edran se aproximou do corpo de Louis. O casaco pesado escorregou de seus ombros e caiu sobre o garoto como um manto. Ele o ajeitou, prendeu o tecido com cuidado antes de erguer o corpo nos braços. Não disse nada. Nenhum som caberia ali.

Reynolds continuava ajoelhado, o olhar perdido no espaço que o filho havia ocupado. A chuva batia forte no chão, respingava lama sobre as botas, mas ele não se moveu até ouvir a voz de Edran, rouca, quase engasgada:

— Vamos voltar...

Reynolds demorou a responder. Quando o fez, a voz saiu curta, trêmula, como se cada palavra precisasse atravessar um peso que o peito não suportava.

— Eu... eu não sei... como encarar a Vivian...

A frase morreu entre eles, levada pela chuva.

Glenn o observou em silêncio por um momento. O som da água batendo nas folhas, o vento passando pelas ruínas, tudo parecia distante. Então ele se aproximou, com Ellie nos braços.

— A gente vai fazer isso junto, tio...

Reynolds virou o rosto devagar. O olhar cansado encontrou o de Glenn. Um sorriso pequeno se formou — mas não havia alegria nele, apenas cansaço e gratidão. Depois, ele olhou para Louis, coberto e imóvel nos braços de Edran.

— Vamos... — murmurou.

Levantou-se. O corpo parecia mais pesado do que antes, mas havia algo firme nos passos.

Edran seguiu à frente, Louis envolto no casaco. Reynolds foi logo atrás, as mãos cerradas, o olhar baixo. Glenn veio por último, Ellie encostada no peito, o calor dela se misturava ao frio do mundo.

A chuva os acompanhou enquanto deixavam as ruínas.

O som dos passos se perdia na lama.

Nenhum deles olhou para trás.

A chuva havia cessado, mas o som dela ainda vivia nos telhados, nas poças, nos galhos encharcados. O ar trazia um frio úmido, espesso, difícil de respirar — como se o mundo tivesse esquecido como ser leve.

A estrada de terra seguia limpa, intacta. Um pedaço de mundo que a guerra não havia tocado. Glenn olhou em volta. Por um instante, o peso pareceu aliviar. Nenhum inimigo. Nenhuma chama. Apenas o cheiro distante de fumaça e o som dos passos.

O sol começava a nascer, tímido, empurrava o nevoeiro que ainda cobria os campos. O horizonte tingia-se de um dourado pálido, quase indecente diante do que havia ficado para trás.

Moradores dos arredores surgiam ao longo da estrada. Homens e mulheres cobertos de fuligem, crianças choravam entre braços cansados, velhos sentavam no chão com o olhar perdido.

Um grupo improvisava curativos com panos rasgados e pedaços de roupa. O ar cheirava a sangue, a cinza — e a algo que não tinha nome.

Glenn desviou o olhar. Por mais que tentasse, não conseguia encarar por muito tempo. Reynolds caminhava ao lado, os olhos fixos no chão, o corpo vacilava a cada passo, como se cada movimento fosse uma traição à dor.

Entre os sobreviventes, uma mulher surgiu em corrida. Os pés descalços afundavam na lama, mas ela não parecia notar. O cabelo preso de qualquer jeito, o rosto coberto de poeira — e os olhos, acesos. Ela vasculhou o entorno com urgência, como quem busca algo precioso, como quem ainda acredita que há tempo.

Vivian.

— Glenn! — chamou, com a voz trêmula, mas viva. — Reynolds!

Ela acelerou o passo. O rosto se iluminou ao ver os rostos familiares. Um sorriso pequeno surgiu, hesitante, como se o corpo quisesse acreditar antes da mente. Os olhos vasculharam os rostos, os braços, os passos — como se buscassem algo que ainda pudesse estar ali.

— Cadê o Louis? — perguntou, ainda ofegante, ainda esperançosa.

Ninguém respondeu.

Vivian parou.

O sorriso se desfez aos poucos, como se o rosto não soubesse mais como sustentá-lo. Os olhos se arregalaram devagar, como se o mundo estivesse mudando de forma diante dela. Ela olhou para Reynolds, depois para Glenn, depois para Edran.

— Onde... onde ele tá? — a voz saiu mais baixa, quase infantil.

O vento soprou.

O tecido do casaco nos braços de Edran se levantou por um instante — e revelou um braço. Pequeno. Pálido. Sem vida.

Vivian viu.

Parou.

Ficou imóvel.

O brilho nos olhos apagou. As lágrimas vieram, mas ela não piscou. Um som curto escapou dos lábios — algo entre um soluço e um suspiro. Os dedos tremiam, mas não se moveram. Como se tocar fosse admitir.

O mundo se estreitou até restar só aquilo: ela, o vento, e o corpo envolto em silêncio.

Reynolds avançou sozinho. Os pés afundaram na lama ainda fresca, e o peso de cada passo ecoou como se o chão sentisse junto. Edran e Glenn ficaram para trás, imóveis, enquanto observavam a silhueta dele se afastar até se confundir com a névoa que ainda cobria a estrada. O vento soprou baixo, arrastando o cheiro de terra molhada e sangue seco.

Vivian o viu se aproximar. O corpo dela pareceu endurecer por um instante, como se o próprio ar tivesse se tornado pesado demais. Quando ele parou diante dela, o mundo ficou suspenso — apenas o som distante das poças sendo pisadas e o farfalhar das roupas molhadas quebrava o silêncio. Os olhos dela encontraram os dele, e ali, antes mesmo de qualquer palavra, tudo já estava dito. As lágrimas começaram a subir, primeiro lentas, depois desordenadas, enchendo os olhos até que ela precisou baixar o rosto.

— Não... — a voz saiu pequena, quase sem som. — Não pode ser...

Reynolds respirou fundo. O rosto endurecido, o queixo trêmulo, as mãos presas aos próprios braços, como se qualquer gesto pudesse quebrá-lo de vez.

— É o nosso... — ele disse, e a voz veio rouca, gasta, sem força.

Vivian balançou a cabeça. O movimento era curto, rápido, repetido. As lágrimas desciam agora misturadas à sujeira e à água da chuva que ainda escorria dos telhados.

— NÃO É ELE... — ela insistia, a respiração falhando. — Não é o meu menino...

Ela deu um passo à frente. Reynolds tentou segurá-la pelos ombros, mas ela o empurrou com força. A lama espirrou nos dois.

— ME SOLTA! — gritou, e a voz finalmente rompeu. — EU QUERO VER! EU PRECISO VER!

Ele tentou contê-la, as mãos tremiam, mas ela se debatia. Bateu no peito dele, empurrou, arranhou-lhe o rosto. O som dos gritos se misturou ao murmúrio distante dos sobreviventes, que começaram a se virar na direção deles.

— Vivian, por favor... — Reynolds sussurrou, mas ela não o ouvia.

— VOCÊ ME PROMETEU, REYNOLDS! — o grito estourou e ecoou pela estrada, um corte seco no ar. — VOCÊ DISSE QUE IA PROTEGER ELE!

Ela caiu de joelhos, o corpo cedeu sem aviso. Reynolds se abaixou junto, tentou segurá-la, mas ela se debatia. O rosto molhado, as mãos cobertas de lama. Ele a puxou contra o peito, e ela o empurrou de volta, as unhas marcaram o pescoço dele. O som dos soluços se misturou à respiração curta dos dois.

— Você me disse... — ela repetia, a voz quebrando em pedaços. — Você me disse que todos estariam bem...

Reynolds a abraçou com força. 

Nenhuma palavra saiu — só o som áspero da respiração, o ranger dos dentes, o peso de um corpo que tremia nos braços dele. Vivian tentou continuar falando, mas as palavras se afogaram no choro. Aos poucos, parou de resistir e deixou o corpo ceder contra o dele, como se tudo o que restasse fosse cair.

Ao redor, o murmúrio das pessoas se espalhou em silêncio contido. Alguns choraram, outros apenas olharam, imóveis, como se o mundo tivesse perdido o direito de seguir. 

Glenn desviou o olhar, o rosto parcialmente encoberto pelo cabelo molhado. Sentia o estômago se contrair, mas manteve Ellie firme nos braços — o calor dela era a única coisa que ainda fazia sentido. 

Edran continuava com Louis nos braços, o olhar perdido no horizonte, como se o peso do corpo aumentasse a cada segundo.

O sol atravessou as nuvens devagar, tingiu o campo com uma luz que não parecia pertencer àquele lugar. Tocou os rostos, a lama, o sangue — e nada se moveu.

Vivian permaneceu no chão, agarrada ao marido, os ombros sacudiam entre soluços que já não tinham som. Reynolds a manteve junto de si, o rosto colado ao dela, os olhos fixos em algum ponto que ninguém mais podia ver.

Então, o primeiro raio de luz atingiu a estrada. O vento soprou leve, espalhou as cinzas que ainda restavam. Nenhum deles se moveu. Nenhum deles respirou fundo.

O mundo apenas ficou ali — suspenso, quebrado, em silêncio.

Apoie a Novel Mania

Chega de anúncios irritantes, agora a Novel Mania será mantida exclusivamente pelos leitores, ou seja, sem anúncios ou assinaturas pagas. Para continuarmos online e sem interrupções, precisamos do seu apoio! Sua contribuição nos ajuda a manter a qualidade e incentivar a equipe a continuar trazendos mais conteúdos.

Novas traduções

Novels originais

Experiência sem anúncios

Doar agora