Volume 2
Monólogo: Tsubasa Nanase




NO QUARTO DO hospital, enquanto ele permanecia inconsciente, murmurei em voz baixa:
— Como isso pôde acontecer…?
— Ele foi diagnosticado com um distúrbio prolongado de consciência, não foi? — A voz saiu sem emoção, declarando o fato com frieza clínica. Enquanto as palavras permaneciam no ar, o homem passou suavemente os dedos sobre a placa afixada na cama, onde estava escrito Matsuo Eiichiro.
Um distúrbio prolongado de consciência. Em termos simples, um estado vegetativo. Seus olhos podem se abrir. Ele pode respirar sozinho. Mas não há consciência, não há reconhecimento do mundo ao seu redor, não há reação. Os médicos disseram que era possível ele recobrar a consciência em algumas semanas ou meses, mas... mesmo assim, essa esperança era tênue.
— Ouvi dizer que o Matsuo-kun era um garoto muito bondoso.
— Sim… Se eu… se ao menos eu tivesse percebido que algo estava errado, nada disso teria acontecido com Eiichiro-kun. Não… eu nunca teria deixado isso acontecer…
Dominada pelo arrependimento e pela tristeza, as lágrimas continuavam a cair sem parar.
— A bondade, sozinha, não é suficiente para sobreviver neste mundo. Na verdade, ela faz de você presa dos mais cruéis e imperdoáveis demônios… — murmurou o homem, antes de se virar para mim com um leve sorriso. — Este mundo é construído na base do dar e receber. Você entende isso, não é?
— Sim, entendo. Sou grata por sua generosa proteção.
Depois de termos sido recusados por um hospital atrás do outro, foi esse homem quem finalmente encontrou um lugar onde ele pudesse receber tratamento. Se tivéssemos chegado trinta minutos mais tarde, a vida de Eiichiro-kun poderia ter se perdido.
— O que você quer de mim?
— Eu trouxe para você uma oportunidade de acertar suas contas.
— Uma oportunidade…?
— Vou lhe dizer como se aproximar da pessoa contra quem deseja se vingar.
Ao dizer isso, o homem colocou sobre a mesa um formulário de matrícula e uma fotografia.
— O que é…
— Entrar na Advanced Nurturing High School é a única maneira de chegar perto do seu alvo...
— Antes disso… acabei de perceber que nunca perguntei seu nome… Quem é você?
— Perdoe-me. Meu nome é Tsukishiro. Conheço você e Matsuo-kun desde que eram pequenos.
— Já vi muitos adultos fingirem que sabem tudo sobre nós, quando na verdade não sabem.
— A Shirogane-san está bem?
Apenas ouvir aquele nome fez meu corpo se contrair, apesar de eu tentar permanecer calma. Tentei manter a compostura, mas a reação foi instintiva.
Ele realmente nos conhecia. E naquele instante, percebi que ele não estava mentindo.
— Então o senhor é conhecido da Shirogane-sensei?
— Quando mais jovem, fiquei profundamente em dívida com Shirogane-san.
Ele parecia ter mais ou menos a mesma idade que Shirogane-sensei. Se esse era o caso, então aquela dívida devia significar algo muito diferente do que significaria para nós.
— Você não é má. Mas, no mundo em que vivo, para onde quer que eu olhe, não vejo nada além de maldade. Pessoas que praticam atos malignos sob o pretexto de justiça, ou que nem sequer fingem. Mas você, Nanase Tsubasa-san, é diferente. Comum, mas capaz. Comum, mas não lapidada. Comum, mas talentosa. Às vezes, isso é o que pode derrotar o mal. Essa é minha crença, nascida de viver neste mundo.
— Tsukishiro-san, certo? Esse garoto tem ligação com o mal de que o senhor falou?
Na foto diante de mim estava um garoto mais ou menos da minha idade.
— Ele é Ayanokoji Kiyotaka. Uma peça-chave para chegar à pessoa contra quem deseja se vingar. Atualmente, está matriculado na Advanced Nurturing High School, um ano à sua frente, vivendo entre os estudantes comuns.
— Então o senhor quer que eu me aproxime dele?
— Sim. Eu lhe darei instruções ao longo do caminho. Tudo será em prol de sua vingança. Vamos nos adaptar conforme a situação exigir, mas tenha cuidado. Esse garoto pode parecer sem emoções, mas é perspicaz, com instintos apurados. Se você se aproximar de forma descuidada, ele vai perceber suas intenções.
— Então, o que devo fazer?
— Você precisa tecer mentiras com a verdade. É um fato que você adora Matsuo Eiichiro-kun, e que seu desejo de vingança é genuíno. Use isso como base para criar uma nova identidade e aja de forma que ele não descubra suas verdadeiras intenções. Naturalmente, ele vai desconfiar de você, mas não vai se aprofundar. Vai descartá-la como insignificante.
— Deixe-me fazer mais uma pergunta. Por que eu?
— Porque você está na posição perfeita. Nem à esquerda, nem à direita — é incerto para que lado você vai pender. Por isso, julguei que você era a pessoa ideal para enviar.
— E… se eu ficar do lado de Ayanokoji?..
— Pensarei nisso quando chegar a hora. Você vai fazer isso, não vai? — sendo assim questionada, assenti sem hesitar.
Às vezes, ainda me lembro dessa conversa como se fosse apenas um sonho. Naquele momento, no hospital, minha mente estava tomada pela determinação de me vingar. Meu alvo era Ayanokoji Atsuomi, o homem que levou Eiichiro-kun a esse estado.
Mas agora, as coisas mudaram.
Eu quero ajudar Ayanokoji-senpai. Desejo isso de coração. Se ele se formar na Advanced Nurturing High School do jeito que está agora, seguirá um caminho de pura maldade. Mais vítimas, como Eiichiro-kun, poderão ser criadas. Eu não quero que isso aconteça. Eu, que conheço o perigo, tenho que ser a pessoa a impedir que isso aconteça. Por isso, ainda hoje, continuo a procurar aquela pequena chave, escondida no fundo da floresta.
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