Classroom of The Elite Japonesa

Autor(a): Shougo Kinugasa


Volume 2

Capítulo 2: Um Exame Calmo

ERA UMA QUINTA-FEIRA, já passava da metade de maio. Entre os alunos do terceiro ano do ensino médio, alguns tinham começado a estudar num ritmo muito mais intenso do que no ano anterior. Shimazaki, com quem eu tinha ido à livraria no outro dia, era um deles.

Mas não foi nenhuma surpresa. Essa era a época em que os estudantes começavam a pensar seriamente em qual universidade queriam entrar e qual área pretendiam seguir. E os estudos eram só o começo. Também seria importante pedir panfletos das universidades e buscar informações sobre os open campuses. Normalmente, os alunos desta escola tinham poucas oportunidades de sair do campus, mas, durante as férias de verão, os do terceiro ano podiam participar de open campuses, desde que enviassem a solicitação apropriada.

Lá, podiam assistir a aulas simuladas, receber orientações sobre admissões, conversar individualmente com orientadores e participar de experiências práticas, como bootcamps. Sentir o ambiente do lugar e perceber se era uma boa escolha — coisas que nenhum folheto ou site poderia transmitir completamente — era parte essencial do processo.

E isso não se limitava apenas aos que pretendiam entrar na universidade. Os alunos que queriam ingressar no mercado de trabalho também tinham seus próprios preparativos: sessões de orientação em empresas, visitas a locais de trabalho, estágios e mais. Com a aproximação do verão, a pressão para se preparar para a vida após a formatura aumentava de todos os lados. A maioria dos estudantes tinha que decidir, nesse momento, entre seguir os estudos ou começar a trabalhar, embora sempre houvesse exceções.

Alguns já tinham o futuro decidido por outros motivos — como herdar o negócio da família — ou optavam por trabalhar meio período por escolha própria. Outros simplesmente não conseguiam decidir, deixando o futuro em aberto até o último momento.

Mas, independentemente do caminho, havia uma certeza: tudo estava muito mais corrido do que nos dois anos anteriores. Enquanto a aula seguia, ouvi uma voz suave atrás de mim.

— Já está se acostumando com a turma? — Perguntou Morishita, com um tom casual, mas curioso.

— Mais ou menos — respondi, sem me virar.

— Mais ou menos, é? Se estiver só bancando o durão, pode ser honesto, sabia?

— Não estou bancando o durão.

— Tem certeza? Talvez devesse me tratar como uma sacerdotisa e confessar o que pesa na sua alma.

Eu não estava fingindo nada, mas me perguntei por que ela parecia tão preocupada.

— Será que você... está preocupada comigo? — Perguntei, surpreso, virando um pouco para olhá-la. Talvez fosse só um jeito estranho dela demonstrar interesse.

— Exatamente — respondeu, com um sorriso de canto. — Eu ia rir escandalosamente se você dissesse que não se enturmou.

— Isso não é "exatamente" coisa nenhuma. Você não parece nem um pouco preocupada.

Aparentemente, ela só queria zombar de mim. Arrependi-me de ter me virado.

— Hein? Queria que eu me preocupasse com você? — provocou.

— Nem um pouco.

Eu disse com sinceridade, mas Morishita não acreditou. Pelo contrário, sua desconfiança aumentou.

— Ah, claro... sempre com essa cara de durão. É por isso que pessoas com nomes que começam com "A", terminam com "Ka" e têm exatamente 10 caracteres em hiragana são um caso perdido. A estatística não mente.

(N/SLAG: Esta é uma provocação bem específica ao Ayano. Seu nome completo em hiragana é あやのこうじきよたか e tem exatamente 10 caracteres.)

Isso é... uma amostra estatística de uma única pessoa. Que especificidade absurda. Como ainda estávamos na aula, provavelmente era melhor não continuar dando atenção a ela.

— Você acabou de pensar que é melhor não falar mais comigo agora? — ela perguntou.

— Não vou negar.

Decidi ignorar a estudante atrás de mim e voltei a encarar a frente da sala.

— A partir de amanhã, um novo exame terá início — anunciou o professor Mashima, justamente quando a aula estava para acabar.

Um leve murmúrio de confusão se espalhou pela sala. O fato de começar "a partir de amanhã" e o anúncio ter vindo a poucos minutos do final da aula criaram um clima estranho. Mesmo seguindo o procedimento usual da escola, havia algo diferente na forma como o anúncio foi feito hoje. Normalmente, exames especiais — que costumam exigir explicações longas — são apresentados com bastante antecedência.

Será que ele pretendia continuar falando mesmo depois do sinal do intervalo? Não... na verdade... teria sido coincidência a forma como o professor Mashima acabou de dizer aquilo? Enquanto uma frase específica ficava na minha cabeça, esperei ele continuar.

— As recompensas serão as seguintes — disse Mashima-sensei. — A turma que ficar em primeiro lugar receberá +50 pontos de classe; o segundo lugar receberá +20; o terceiro não terá mudanças; e a turma que ficar em quarto perderá 25 pontos. O anúncio dos detalhes, incluindo como as recompensas serão tratadas no improvável caso de empate, será feito daqui a uma semana. Até lá, esforcem-se para agir de forma condizente com um estudante. Além disso, desta vez não aceitaremos perguntas de forma alguma.

Sem mostrar qualquer regra ou recompensa no monitor, ele encerrou a explicação apenas com palavras. Com um breve — É só isso —, o sinal tocou.

E assim, sem oferecer mais esclarecimentos, Mashima-sensei saiu da sala. Apesar de breve, o anúncio deixou várias questões no ar. Frases que poderiam ter duplo sentido... aquela observação sobre "comportamento estudantil"... e então—

A sala ficou em silêncio por um instante, até que Hashimoto arrastou a cadeira e se levantou.

— Esta escola parece gostar de nos sobrecarregar com um problema atrás do outro. Então, qual é o plano, líder? Começamos a discussão agora? — disse Hashimoto, como se quisesse garantir que tudo fluísse bem, olhando para mim ao se virar.

— Se possível, eu gostaria de começar ouvindo a opinião de todos. Vou organizar as informações e compartilhar minha perspectiva depois.

Quando me dirigi à turma, Hashimoto deu uma risadinha.

— Ops, foi mal, não quis rir de jeito estranho. É que isso parece o completo oposto de quando Sakayanagi era nossa líder. Ela costumava tomar decisões sozinha, sem perguntar a ninguém, entende?

Sakayanagi preferia refletir sozinha sobre a essência de cada assunto. Suponho que, de certa forma, eu não seja diferente. Mas, no momento, estou no meio de coletar informações da turma. Quero observar que tipo de comentários os outros farão durante a discussão.

Por um instante, a sala ficou em silêncio, até que Sanada decidiu falar.

— É natural que o professor não tenha comentado o conteúdo do exame, mas desta vez foi diferente. As únicas coisas reveladas foram as recompensas e que começa daqui a uma semana… — Enquanto ponderávamos sobre as palavras enigmáticas do Mashima-sensei, Tamiya levantou a mão, como se fosse dar continuidade. Apenas cinco segundos de discussão já foram suficientes para colocar as ideias em movimento.

— Espere. Eu pensei que o período do exame seria na próxima semana — disse ela.

Apesar da informação limitada, logo ficou evidente que nossas interpretações já divergiam.

— Concordo com a Tamiya. Eu entendi que o exame começa amanhã, e os resultados serão anunciados uma semana depois — disse Shimizu, sem hesitar, juntando-se à discussão.

— Sério? O Mashima-sensei não disse que os detalhes seriam revelados em uma semana? Isso não significa que esta semana é o período de preparação? — rebateu Shimizu, oferecendo uma visão calma, mas contrastante.

Logo depois, Motodoi levantou a mão e contrapôs a razão de Shimizu com um ponto de vista mais reflexivo.

As duas frases das declarações do Mashima-sensei: "A partir de amanhã, um novo exame começará" e "O anúncio dos detalhes será em uma semana", pareciam relevantes para a linha do tempo, mas passavam impressões diferentes. Se você levar apenas a primeira ao pé da letra, o exame começa amanhã. Por outro lado, se considerar apenas a segunda, os detalhes serão dados em uma semana, e o exame ocorrerá depois disso. A forma como foi dito permitia que interpretações divergentes surgissem, dependendo de quem ouvia.

— Entendi, é verdade que as palavras do Mashima-sensei podem ser interpretadas de dois modos — disse Sanada, assumindo a condução da discussão. — Então, vamos fazer uma rápida enquete. Quem acha que a próxima semana é a fase de preparação, com o exame especial acontecendo depois de uma semana?

Dezenove mãos se levantaram, mais da metade da turma.

— E agora, quem acha que o exame começa amanhã, com o anúncio dos detalhes e resultados a seguir uma semana depois?

Apenas doze alunos levantaram a mão desta vez.

Quem não levantou para nenhuma opção provavelmente não conseguiu decidir ou simplesmente não quis se comprometer. Como isso não poderia ser resolvido por votação, Sanada não insistiu.

Shimazaki, então, levantou a mão casualmente. Ele estava entre os que acreditavam que a próxima semana serviria como tempo de preparação.

— O que parece claro agora — começou ele — é que as regras não serão excessivamente complexas. O fato de não terem se dado ao trabalho de explicar nada confirma isso. E as possíveis variações de recompensa também não parecem grandes. Como a escola vai supervisionar tudo, provavelmente vamos competir de maneira visível e direta, talvez até apenas com base nas notas. A menção a "comportamento estudantil" também me fez pensar que ele poderia estar se referindo ao estudo, que é a principal função de um estudante.

Era evidente que Shimazaki tinha prestado atenção ao Mashima-sensei. Ele havia percebido a frase "comportamento estudantil" e a fixado como ponto-chave.

— Outro teste? Logo depois do último? — resmungou Hashimoto, claramente cético. Ele ainda estava se recuperando do recente "A prova acadêmica integral: classe geral e minoria", um exame cheio de regras. A ideia de pular direto para outro teste escrito o deixou desconfiado.

Shimazaki, no entanto, não imaginava algum desafio elaborado, apenas um teste simples, baseado na média ou total de pontuações da classe. Ainda assim, a preocupação de Hashimoto era válida. Eles realmente dariam dois testes escritos consecutivos?

— Realmente parece estranho quando você pensa assim — admitiu Shimazaki —, mas por outro lado, parece totalmente plausível, não é? Se você interpretar que estudar não é algo que se faz porque mandam, mas algo que se faz direito sem que alguém precise mandar, então a falta de regras faz sentido. A possibilidade de competir com um "teste surpresa"… é, pode ser isso.

Tsukaji, uma aluna ao lado de Shimazaki, assentiu discretamente, parecendo concordar.

Se um teste fosse realizado repentinamente em uma semana, essa era, sem dúvida, uma forte possibilidade. No entanto, a expressão "teste surpresa" também contém uma contradição. Afinal, o ponto de um teste surpresa é que ele vem sem aviso. Se já foram avisados de que algum teste viria, o elemento surpresa, e portanto o sentido, se perde.

Mesmo assim, isso não significa que um teste escrito está fora de questão, e é isso que complica. Sem detalhes sobre a matéria ou dificuldade, os alunos precisam decidir: estudar de forma ampla ou focar em algo específico. Devem pesar as opções e priorizar matérias sozinhos. Nesse cenário, a habilidade acadêmica pura pode não ser o único fator determinante. Se alguém fizer a escolha certa, até uma classe como a Ryuen, geralmente considerada fraca academicamente, poderia ter chance de vencer por sorte e insight.

Embora as opiniões estivessem divididas, ninguém tentava impor seu ponto de vista. O que os unia era o simples desejo de vencer. Esse objetivo compartilhado os motivava a contribuir livremente e coletar informações para construir um caminho, para que ninguém se arrependesse.

Nesse ponto, era impossível determinar com certeza qual direção era correta, então a discussão continuou. Observá-los tentar decifrar o pouco que o Mashima-sensei havia dito, mantendo uma atitude positiva, era admirável.

Este exame sem regras, com toda sua ambiguidade, certamente tinha um propósito deliberado: testar por quanto tempo alguém consegue manter a tensão. As pessoas conseguem se preparar contra um perigo visível. Mas perseguir um objetivo vago, suspenso na incerteza, é outra história. Sustentar a tensão nesse nevoeiro por muito tempo não é tarefa fácil.

Além de não saber se o teste duraria uma semana ou ocorreria uma semana depois, seu conteúdo permanecia totalmente misterioso. Portanto, os alunos precisavam estabelecer metas "provisórias", temporárias, para continuar avançando. A própria discussão que estavam tendo era uma maneira de criar uma bússola nesse nevoeiro, um guia para progredir. Apenas participar da conversa já era uma valiosa oportunidade de crescimento.

— Entendi o ponto — disse Shimazaki, cortando a indecisão restante. — Mas se preparar para esta semana e se preparar para a próxima são estratégias completamente diferentes. Devemos tomar uma decisão firme e escolher um caminho.

Com o intervalo já pela metade, Shimazaki, sem querer que a discussão estagnasse, propôs decidirmos uma política clara.

— E você, Ayanokoji? Não é hora de nos dar sua resposta? — disse Shimazaki, não apenas pessoalmente, mas em nome da turma inteira.

— Minha opinião é basicamente a mesma que a levantada até agora. O fato de a escola não ter explicado as regras desta vez significa… deve ser algo que pode ser entendido e estabelecido sem explicação. Além disso, considerando o período relativamente curto de uma semana, exame escrito ou físico, a extensão de nossas atividades normais em aula são, claro, candidatos válidos — respondi, retomando o fluxo dos pensamentos de todos e incorporando meu próprio insight.

— Então você está dizendo que, como eu, vê o exame especial acontecendo daqui a uma semana? — Perguntou Shimazaki.

— Não, só não estou descartando nenhuma possibilidade. É totalmente concebível que o exame comece informalmente amanhã. Por exemplo, o teste pode ser apresentar a conclusão que tiramos através desta discussão e debate.

— Então, o que preparamos é o que a escola vai checar daqui a uma semana?

— Sim. Talvez uma classe tenha se focado nos estudos, esperando um teste escrito. Outra treinado fisicamente, esperando algo atlético. Algumas podem ter adotado uma abordagem equilibrada, combinando ambos. Qualquer uma dessas poderia se tornar base para avaliação.

— Entendi…?

Mesmo assim, é improvável que algum aluno estivesse confiante o suficiente para aprovar plenamente a ideia. O mais importante era expandir a visão e reconhecer que, embora limitadas, ainda existiam muitas possibilidades.

— Muitas ideias foram levantadas — continuei —, mas uma que considero altamente provável é que, a partir de amanhã, o que realmente será avaliado seja o comportamento no nosso dia a dia.

Na vida cotidiana, existem todo tipo de campanhas temáticas, como Semana Anti-Delinquência, Semana de Prevenção de Desastres, Semana da Leitura, Mês da Campanha de Cumprimentos, Mês da Segurança no Trânsito, Mês da Compaixão. Se você tentar, poderia listar muitas outras.

— Comportamento no dia a dia…? Isso eu não tinha pensado — murmurou Sanada, que havia permanecido em silêncio durante boa parte da discussão, apoiando o queixo na mão.

Ele parecia intrigado com a ideia de que isso poderia ser um resultado provável.

— Então você está dizendo que é algo semelhante ao que aconteceu no nosso primeiro ano?

— Exatamente. Naquela época, durou um mês, mas nem foi anunciado como um teste antes. Como resultado, a antiga Classe D, da qual eu fazia parte, sofreu uma grande derrota, perdendo todos os pontos da classe.

— Mas desta vez — continuei —, parece que a escola está assumindo que todas as quatro classes já perceberam a situação. E agora está testando se conseguimos levar uma vida escolar correta e exemplar com base nessa consciência. Mesmo que o "comportamento diário" não esteja diretamente relacionado a este exame, apenas manter isso em mente já tem grande importância.

— Entendi. "Comportamento diário" se refere às ações cotidianas que não estão vinculadas a regras específicas. É natural levarmos as aulas a sério, evitar atrasos ou faltas ao máximo e agir com prudência antes e depois da escola.

Como não exigia esforço extra ou tempo adicional, não havia problema em incluí-lo como estratégia candidata.

— Ainda assim, se todas as classes começarem a demonstrar comportamento cuidadoso, o padrão de avaliação ficará igualmente mais rigoroso. Seremos obrigados a exibir comportamento exemplar não apenas dentro da escola, mas também fora, até o Keyaki Mall e nos trajetos escolares.

A diferença entre vitória e derrota poderia se reduzir a uma margem mínima. Passar por um lixo sem recolhê-lo. Mesmo algo assim poderia levar à perda de um ponto e, consequentemente, à derrota.

— Eu até estava pensando que o teste poderia envolver nossas vidas pessoais também — disse Nishikawa, com a voz levemente contida. — Foi assim que interpretei as palavras do sensei sobre agir de maneira digna de um estudante.

Suas palavras pareciam refletir um sentimento compartilhado. Alguns alunos, que tinham ideias mas não as haviam expressado, assentiram em concordância. Ainda assim, isso por si só não era conclusivo. Havia muitas lacunas. Notavelmente, ninguém mencionou as palavras do Mashima-sensei. Ele nunca disse "Exame Especial", apenas "Exame". E não era a primeira vez.

Durante a observação do comportamento diário de um mês após a matrícula, eles também nunca chamaram oficialmente de exame especial. Chabashira-sensei também tinha histórico de omitir essa palavra em eventos passados, como o festival esportivo do primeiro ano.

No entanto, a possibilidade de ser apenas uma omissão de palavra não podia ser descartada. Por isso, achei que não faria mal reunir mais informações primeiro.

— Não há necessidade de termos certeza. A suposição de que algum tipo de teste pode ocorrer até o final desta semana ainda se mantém; gastar este tempo construindo sobre essa premissa também é algo a se considerar. Vamos apenas adicionar essa ideia aos nossos planos.

Shimazaki também aceitou a possibilidade de o comportamento diário fazer parte do exame sem negar.

— Se fosse algo que consumisse muito tempo, teríamos que priorizar, mas nossas vidas pessoais são inseparáveis de nós mesmos. Não exige um grande esforço único, posso apoiar isso.

A ideia não apresentava desvantagem real mesmo se as interpretações estivessem divididas em duas. E, como era algo em que todos poderiam se engajar em igualdade de condições, a sala naturalmente entrou em consenso silencioso, com cada um assentindo em concordância.

*

 

Era hora do almoço no dia em que o exame sem regras havia sido anunciado.

— Ayanokoji-kun. Pode me conceder um momento? — Assim que deslizei a cadeira para me levantar, Shiraishi, sentada ao meu lado, me chamou suavemente.

— Não vejo problema, o que foi?

— Se não se importar, quer almoçar comigo na cafeteria hoje?

Um convite inesperado da minha vizinha. Aparentemente, Yoshida, sentado um pouco mais longe, estava ouvindo. Ele girou rapidamente e se aproximou com uma corrida leve.

— Ei, Ayanokoji! Vamos almoçar juntos, sim?

Ele claramente fingia ser o convidador, uma mentira tão transparente que beirava o admirável. Ainda assim, pelo fogo nos olhos dele, pude perceber que ele estava se esforçando ao máximo, como um ator mirando o prêmio de Melhor Ator Coadjuvante. 

Shiraishi estreitou os olhos e olhou carinhosamente para o previsível Yoshida. Nessa situação, provavelmente só havia uma melhor maneira de agir.

— Que coincidência os convites se sobreporem assim. Você não se importa se o Yoshida se juntar a nós também, certo?

Se fosse algo mais sério, como uma consulta pessoal ou assunto relacionado ao exame, eu teria que afastar os outros. Então decidi confirmar, só por precaução.

— Claro, sem problema. Não ia trazer nada pesado à conversa. Na verdade, posso convidar a Nishikawa também? Achei que seria mais divertido com mais algumas pessoas.

Percebendo que era apenas um convite casual para o almoço, não havia motivo para recusar.

— Yoshida, tudo bem para você?

— O quê, a Shiraishi e os outros também vêm? Bem… acho que tudo bem.

Isso também era um ato completamente óbvio. Ele não conseguia esconder sua felicidade. Na verdade, estava tentando muito manter uma expressão séria, mas isso só deixava seu sorriso escapar ainda mais. Era dolorosamente evidente.

Um cara tão fácil de ler como Yoshida devia ser irresistivelmente divertido (ou talvez fofo?) para Shiraishi. Ela continuava olhando para ele com um sorriso gentil e caloroso.

— Morishita-san, você quer vir também? — Perguntou, sempre educada.

Quando Nishikawa também se aproximou, um pequeno círculo começou a se formar. Justamente então, Shiraishi voltou o olhar para trás de mim.

— Eu estou bem, estou… o-cluck-ay.

Morishita respondeu com um tom deliberadamente estranho e brincalhão, recusando a oferta de sua maneira excêntrica. Era logo após o anúncio do exame quando o convite para o almoço aconteceu. Hashimoto olhou para mim por um instante, mas ao saber que se tratava apenas de uma refeição normal, não teve intenção de se juntar ao grupo. Ficou sozinho e seguiu pelo corredor, provavelmente decidindo usar o tempo para reunir informações ou explorar por conta própria.

Logo depois, Morishita também saiu silenciosamente da sala.

— Parece que levei um fora — murmurou Shiraishi.

— Não se preocupe com a Morishita ou qualquer coisa. Vamos, vamos lá — disse Yoshida a Shiraishi, e voltou os olhos para a saída da sala.

— Espere. Tem mais alguém que quero convidar. Posso chamá-lo também?

— Mais alguém? Ah, Hashimoto?

— Não, ele já foi embora.

— Ah, é? Ele geralmente é quem fala com você, mas então quem é?

Virei meu olhar para o fundo de um determinado aluno ainda sentado em sua carteira. Os três seguiram meu olhar, entenderam a quem me referia e piscam surpresos.

— Você está falando sério?

— Sério mesmo — confirmei.

Depois de mostrar um semblante sério, Yoshida olhou para Shiraishi e os outros.

— Tudo bem pra você, Shiraishi? As coisas podem… complicar se incluirmos aquela pessoa — ele avisou baixinho.

Preocupado que o encontro pudesse não se transformar em uma refeição agradável, Yoshida hesitou e deixou a decisão para os demais.

— Hehe, não é interessante? Eu topo — disse Shiraishi com um sorriso alegre.

Yoshida secretamente esperava que ela rejeitasse a ideia, mas, em vez disso, Shiraishi a aceitou com sua permissão sorridente. Ele parecia um pouco desconcertado com o apoio inesperado dela, mas Nishikawa também entrou na conversa com grande entusiasmo, sem hesitar.

— Parece divertido. Eu também topo.

— Geez… as garotas realmente não têm medo de nada nessas coisas… — murmurou Yoshida, embora talvez o verdadeiro motivo da animação delas fosse a simples diversão de vê-lo se contorcer.

Ao observar os sorrisos divertidos de Shiraishi e Nishikawa, não pude deixar de concordar com essa impressão. Satisfeito com a aprovação delas, não ia deixar a chance escapar. Com um aceno de agradecimento, virei-me e comecei a caminhar em direção ao lugar da pessoa em questão — Kito.

*

 

Nós cinco seguimos para a cafeteria, cada um comprando um ticket nas máquinas e fazendo nossos pedidos. Com as bandejas nas mãos, encontramos um canto vazio no fundo e nos sentamos. À minha direita estava Yoshida e à minha esquerda, Kito. À minha frente, sentada, Shiraishi. E na frente de Yoshida, Nishikawa.

Na verdade, eu pretendia que Yoshida e Shiraishi se sentassem frente a frente. Por reserva ou timidez, ele evitou sutilmente esse arranjo. Provavelmente pensava que estava agindo naturalmente, mas Shiraishi e Nishikawa perceberam. Especialmente Nishikawa, que nem se esforçou para esconder o sorriso divertido.

— Ugh… É o Ayanokoji… — ouvi uma voz próxima. Ao me virar, vi Ike e Hondou, bandejas na mão, olhando em nossa direção. Devem ter planejado sentar por perto, mas ao me notar, desviaram abruptamente.

— Parece que você se tornou um alvo de antipatia, Ayanokoji-kun — comentou Nishikawa.

— Bem, isso não é surpreendente. Do ponto de vista deles, você é um traidor completo, afinal.

Exato. Se eu fosse quem os evitasse, seria absurdamente presunçoso. Mas eles me evitarem era uma reação normal. Agir amigável agora só levantaria suspeitas.

— O exame especial está chegando. Provavelmente não querem correr o risco de vazar nada — acrescentou Nishikawa.

— Provavelmente é isso mesmo.

Ao ouvir a conversa entre Nishikawa e Yoshida, pensei algo parecido. Honestamente, quero que eles tenham pelo menos esse grau de cautela; se eu fosse esperar mais, preferiria que fossem espertos o suficiente para se sentar perto dos inimigos apenas para colher informações.

Se Ike e os outros se sentassem por perto, nós cinco aqui não poderíamos fazer comentários descuidados, funcionando também como uma forma sutil de assédio contra mim. Mas de Ike e Hondo, não havia qualquer intenção disso; parecia que estavam por acaso perto de nós. Sem sequer se virar, os dois se acomodaram mais longe.

— Ah, certo, certo — disse Yoshida de repente, ansioso para mudar o clima. — Vocês viram o ranking OAA deste mês?

Passamos rapidamente por alguns de meus antigos colegas quando Yoshida, como se fosse ignorar o momento, desviou a conversa, dirigindo a pergunta a todos à mesa.

— Ainda não — respondeu Shiraishi. — Aconteceu algo incomum?

Nishikawa e eu balançamos a cabeça em sincronia. Kito sequer reagiu. Depois de olhar ao redor para se certificar de que ninguém estava observando, Yoshida sorriu maliciosamente e apontou o polegar para mim.

— Esse cara é… O OAA do Ayanokoji.

Ele então pegou o celular e mostrou a tela para Nishikawa e Shiraishi, antes de nos mostrar também:

Avaliação OAA

Ayanokoji Kiyotaka

Capacidade Acadêmica: A+ (96)

Capacidade Física: A- (81)

Adaptabilidade & Pensamento Crítico: B (66)

Contribuição Social: B+ (77)

Geral: B+ (80)

Era meu OAA, exibindo a avaliação mais recente da escola.

— Tem algo de especial nisso? — Perguntei.

— Não me pergunte "tem algo" — respondeu Yoshida. — Olhe para a nota geral, B+. Isso é de primeira categoria entre todos os terceiranistas. Mostra que tudo, desde a transferência de classe até o exame especial anterior, influenciou significativamente suas notas em capacidade acadêmica, pensamento crítico e contribuição social.

É verdade que não estava segurando meu potencial desde que me transferi para a Classe C. Não descuidei dos exames escritos e participei normalmente de Educação Física e outras tarefas atribuídas. Comparado ao primeiro e segundo anos, era inevitável que minhas notas melhorassem.

É claro que a mudança de classe poderia ter prejudicado minha nota de contribuição social, dependendo de como a escola a visse. Mas usei um processo legítimo, aprovado pela escola. Tudo dentro das regras. Provavelmente não afetou minha avaliação nem positivamente nem negativamente.

— E agora, mesmo que temporariamente, você é o líder da Classe C. Cara, você é sério… impressionante — disse Yoshida, com uma nota genuína de admiração na voz.

— Você parece animado demais, Yosshi. Ayanokoji-kun pode ser incrível, mas no fim, não são suas notas, certo? Ficar tão feliz por notas que não são suas… — Nishikawa comentou com um sorriso provocador.

Yoshida se empolgou, gesticulando ao falar.

— Claro que estou empolgado, ele agora é um de nós. Você torce por jogadores de baseball e futebol mesmo que não tenham nada a ver com você, certo? É a mesma sensação de camaradagem. Aquele home run outro dia, ou aquele gol épico? Me arrepiei. Todo o país estava comemorando!

Yoshida argumentava com paixão, mas seu entusiasmo não parecia atingir Nishikawa.

— Sério? Não entendo. Não gosto desses esportes suados e cheirosos — disse ela, dispensando sua empolgação sem hesitar. Yoshida fez uma careta e rapidamente se voltou para Shiraishi.

— S-Shiraishi? Você entende o que quero dizer, né?

— Claro — respondeu ela, sorrindo gentilmente. — Também torço pelo Ayanokoji-kun. Estou realmente feliz por termos recebido alguém tão excepcional em nossa classe.

— Certo!? Eu sabia que não era o único!

— Quero dizer, estou mais com inveja do que feliz — comentou Nishikawa, revirando os olhos. — Essas são notas que qualquer um invejaria.

— Você é apenas mente fechada, Nishikawa.

— Está dizendo que vê as coisas como realmente são? Além disso, fé cega me parece um pensamento perigoso. Aquela mentalidade de "seguir a maré" ou "um sinal vermelho não é assustador se todos atravessarem juntos" não me convence. Recuso-me a torcer incondicionalmente por esses supostos heróis. Sou do tipo que se cansa de uma cobertura midiática unilateral.

Enquanto o entusiasmo de Yoshida colidia com o ceticismo de Nishikawa, sua franqueza deixava claro seu posicionamento.

— Você realmente tem uma ótima personalidade — disse ele, com sarcasmo no ar.

— Obrigada.

Nishikawa estreitou os olhos e sorriu, indiferente ao sarcasmo de Yoshida.

— E você, Kito-kun? — Shiraishi se voltou para o garoto que os havia seguido silenciosamente até a cafeteria. — O que acha do OAA do Ayanokoji-kun?

Apesar de estar entre nós, Kito não havia pronunciado uma palavra. Seus olhos permaneciam fixos no arroz com curry, imóvel. Elogiaria como Yoshida e Shiraishi? Ou reagiria com o mesmo ceticismo de Nishikawa? Pelos padrões da escola, ainda é fácil para mim mirar mais alto, e é justamente por isso que quero entender em detalhes o efeito que minhas notas superficiais têm na dinâmica da classe.

Se muitos alunos como Nishikawa guardassem ressentimento, talvez eu precisasse reconsiderar minha abordagem.

— Inútil — Zombou Yoshida. — Não adianta perguntar. Ele vai dizer que não se interessa.

— Não me interesso pelas notas OAA dos outros — respondeu Kito calmamente, mas com uma convicção que não deixava dúvidas.

— Eu te disse — disse Yoshida, dando de ombros.

— Mas—

De repente, o olhar penetrante de Kito cortou a mesa, como se me perfurasse.

— O que me interessa é por que alguém com tanto talento o escondeu por dois anos. E, mais importante… por que decidiu revelá-lo agora.

O OAA foi implementado no início do nosso segundo ano, por volta da época em que Nagumo assumiu como presidente do conselho estudantil. Naquele tempo, minhas notas eram o mais mediano possível.

— Pensando bem, como era o OAA antigo do Ayanokoji? Sei que já olhei todos das classes, mas não lembro agora.

— Eu também não lembro~. Minha impressão do Ayanokoji-kun era bem fraca. E você, Asuka?

— Hmm… receio não me lembrar de nada também.

Aparentemente, nenhum dos três tinha lembrança de como meus dados OAA costumavam ser. Fiquei em silêncio e silenciosamente recuperei os números da memória.

Avaliação OAA

Ayanokoji Kiyotaka

Capacidade Acadêmica: C (51)

Capacidade Física: C+ (60)

Adaptabilidade e Pensamento Crítico: D+ (37)

Contribuição Social: C+ (60)

Geral: C (51)

Indiscutivelmente, aquilo era a própria definição de mediano: um conjunto de notas sem nada de notável, sem conquistas que chamassem atenção. Apenas mais um estudante comum perdido na multidão.

É exatamente por isso que, quando comparado a um ano atrás, meu crescimento está indiscutivelmente entre os melhores de toda a série. Não há outro motivo senão que eu estava deliberadamente me segurando; portanto, é natural que outros achem meu crescimento atual incomum. No entanto, certamente não é algo de que se possa se orgulhar.
Não vou entrar em detalhes aqui, pois envolve outra turma — uma da qual eu já fiz parte —, mas em termos de pura evolução, Sudou é quem possui um OAA digno de orgulho.

— Tenho certeza de que eram notas normais, mas é justamente por isso que acho seu OAA atual tão impressionante. Se você tivesse mostrado seu potencial desde o início, Ayanokoji-kun, tenho certeza de que a Turma A da Horikita teria conquistado muito mais pontos de classe e estaria em posição bem mais alta agora. Desculpe o desvio, mas… por que você começou a levar a sério de repente? — Perguntou Kito, passando a conversa para Shiraishi enquanto pegava uma grande colherada de curry com arroz.

— Não gosto de me destacar — respondi simplesmente. — Na época, não tinha interesse em me formar na Turma A, então nunca tive intenção de me envolver demais no sucesso ou fracasso da turma.

— Então o que mudou? Antes do terceiro ano? Ou depois? — Nishikawa inclinou a cabeça, com olhos afiados. — Se você está sendo sincero, isso é uma grande mudança. Digo, se você estiver sendo sincero.

Assim como fizera com Yoshida, ela recebeu minhas palavras com ceticismo visível.

— Estou ciente de que você pode não acreditar em mim, mas é a verdade.

Nishikawa se inclinou, mantendo o olhar desconfiado.

— Então me diga: o que fez alguém como você, que não gostava de se destacar e pouco se importava em levar as coisas a sério, decidir de repente se dedicar por completo?

— Acredito que já expliquei isso antes, então é meio tarde para retomar o assunto. Um fator importante foi Hashimoto me pedir ajuda, dizendo que não poderiam mais vencer agora que Sakayanagi se foi. Achei que, se pudesse usar minhas habilidades, então poderia assumir o papel de líder da turma.

Aqui, tomei um momento para reforçar que a transferência foi um mérito de Hashimoto. Afinal, Hashimoto ainda era visto com suspeita e em grande parte evitado pela turma.

— Hmm… Ainda não parece se encaixar totalmente, não acha, Asuka? — disse Nishikawa, franzindo a testa. Shiraishi fez uma pausa, pensou por um momento e assentiu lentamente.

— Mesmo que sua intenção fosse ajudar… duvido que isso, por si só, justificasse se transferir para uma turma inferior. Se tivesse ficado na Turma A, poderia ter liderado eles, e talvez as coisas tivessem corrido ainda melhor.

— Exatamente. Não havia real necessidade de se arriscar tanto e trair sua turma, certo? — acrescentou Nishikawa.

— Ei, calma, vai com calma — interveio Yoshida. — E se ele perder a motivação por causa disso?

— Se um pequeno empurrãozinho fosse suficiente para fazê-lo desistir, talvez ele nem estivesse tão sério assim desde o começo — disse Nishikawa, rindo, descartando casualmente a tentativa de Yoshida de me defender.

— Bem… mas ainda assim… — Yoshida parecia incerto, e eu interrompi.

— Não é tão simples. A Turma A já tinha estabelecido a Horikita como líder, e sua posição era sólida. Se eu tivesse me colocado de repente nessa situação, só teria criado caos. Além disso, se eu fosse levar a sério o papel de líder, não faria sentido a menos que eu fizesse algo como reconstruir uma turma a partir das posições mais baixas.

— Então você está dizendo que quer subir para a Turma A com suas próprias mãos, mesmo que seja difícil?

Quando assenti, Yoshida retribuiu o gesto, assentindo duas, talvez três vezes, como se estivesse genuinamente impressionado.

— Esse tipo de espírito… eu respeito.

— Ou talvez você seja apenas um grande masoquista — Nishikawa interveio, sorrindo. — Sério? De verdade mesmo?

Ainda rindo, Nishikawa continuou a expressar suas dúvidas persistentes. Era improvável que suas suspeitas fossem esclarecidas ali, mas provavelmente seria melhor continuar respondendo.

Antes que eu pudesse falar, a expressão de Yoshida se endureceu e ele falou.

— Talvez não seja tudo, mas acho que o que ele está dizendo é, até certo ponto, verdade.

— As palavras do seguidor de Ayanokoji-kun soam bem leves, não é?

— Quem você tá chamando de seguidor!?

— Então que tal Hashimoto-kun Número Dois?

— Pode parar. Qualquer coisa menos isso.

Uma pequena troca rápida de palavras aconteceu. Nishikawa girava os hashis nos dedos, claramente se divertindo com a discussão.

— Então por que você diria que é verdade? — Nishikawa perguntou, com firmeza.

Yoshida deu de ombros, mantendo a calma.

— Dá para perceber só de olhar. Quero dizer, ele é tão estranho quanto Morishita, sem ofensa.

Apreciei a defesa dele, mas ser colocado na mesma categoria que Morishita não foi nada agradável.

— Você conseguiu conquistar tanta confiança do Yosshi no curto período em que eu não estava olhando — disse Nishikawa, fingindo surpresa.

— Ah, Nishikawa-san. Eu também confio muito em Ayanokoji-kun, sabia? — Shiraishi interveio, exibindo um sorriso misterioso, igual ao que Yoshida mencionou.

— Por quê? Por que? Porque ele conseguiu resultados no exame especial? Ou… é preferência pessoal?

Nishikawa deu o que poderia ser chamado de seu maior sorriso sugestivo do dia enquanto se virava para Yoshida.

— P-Preferência pessoal… o que isso significa?

Yoshida, caindo na provocação, perguntou de volta.

— Você sabe o que eu quero dizer — Nishikawa provocou. — Você quer que Asuka olhe para você assim, não é, Yosshi?

— Bem… eu quero dizer… n-não é nada disso!

Lembrei da interação que tive com Shimazaki outro dia. Ele parecia acreditar que toda a história do "Matadora de cem" era apenas um boato. Mas, ainda assim, era apenas a opinião dele. De fato, depois ele avisou para não falar sobre sua negação com ninguém. E, fiel à sua natureza, Yoshida não insinuaria nada. Sequer fez menção, agindo como se o boato fosse verdade absoluta. Ou talvez, querendo negar, ainda não estivesse totalmente convencido pelas palavras de Shimazaki.

— Ainda estou mantendo a teoria de que ele é um espião enviado pela Horikita-san, sabia — Nishikawa provocou, com um sorriso se formando nos lábios.

Suas palavras, como de costume, não tinham nenhum freio. Percebi que a expressão de Yoshida se fechou novamente; claramente ele não estava gostando.

— Corta isso, Nishikawa — ele advertiu, firme.

— Por quê? — ela deu de ombros, fingindo inocência. — Quer que eu confie completamente nele como você, Yosshi? Não sou tão fácil de conquistar, sabe.

— Confiança completa? — Yoshida bufou. — Não deturpe minhas palavras. Não existe tal vínculo entre a Turma C e Ayanokoji ainda. No momento, ainda estamos sondando as intenções um do outro. Só isso.

— Hmm? E ainda assim, você não duvida mais da transferência do Ayanokoji-kun ou de suas contribuições futuras, não é?

— Não é isso — Yoshida respondeu. — Estou tentando começar depositando confiança nele. Ele ao menos conquistou isso com a forma como lidou com o primeiro exame especial. Ou você prefere continuar duvidando dele para sempre? Repetindo: "Será que ele é realmente um de nós?" várias vezes? Acha que isso ajuda?

Mesmo com Nishikawa rindo de forma provocativa, a irritação de Yoshida aumentou, e sua voz se elevou com convicção. Ele não se importou em esconder mais sua frustração.

— Para alguém como o Yosshi… isso foi incomumente legal…

Nishikawa manteve a cabeça virada para Yoshida, mas os olhos desviaram por um momento para Shiraishi.

— Sim… talvez você esteja certo — disse suavemente. — Não é algo que eu consiga fazer imediatamente, mas… acho que seria bom começar a confiar em você em breve, Ayanokoji-kun.

Isso foi uma mudança. Até então, ela lançava suspeitas sem qualquer contenção, mas naquele momento, parecia ter dado um pequeno passo atrás.

— Entendo muito bem os sentimentos de vocês duas. Então, que tal aproveitarmos esta oportunidade para nos aprofundarmos um pouco mais? Resultados visíveis, como os de um exame especial, são importantes, mas não podemos realmente conhecer alguém sem saber sobre sua vida privada — disse Shiraishi, entrelaçando as mãos, propondo.

— Pode ser uma boa ideia — Nishikawa assentiu. — Honestamente, ainda não sei realmente que tipo de pessoa é o Ayanokoji-kun.

Talvez fosse apenas por vir de Shiraishi, mas, pela primeira vez, Nishikawa concordou prontamente.

— Bem, já que estamos almoçando juntos — Shiraishi sorriu —, por que não nos reapresentamos corretamente?

Até o irritado Yoshida não teve escolha senão aceitar a proposta de Shiraishi… Não… sua expressão já estava suavizando, os cantos dos olhos já se curvando com alegria juvenil.

— Então eu começo. Durante a semana, se estou sozinha, normalmente volto direto para o dormitório. Se Nishikawa-san ou outras amigas me convidam, posso passar no Keyaki Mall, mas mesmo assim, só uma ou duas vezes por semana.

A maioria dos estudantes, a menos que esteja sem pontos, tende a fazer um desvio pelo Keyaki Mall no caminho de volta. É o único lugar no campus que realmente permite aproveitar todos os aspectos da vida diária, desde compras até desestressar.

— Asuka frequentemente me recusa, mesmo quando a convido — disse Nishikawa, com um leve tom de reclamação.

— Desculpe. Costumo preferir passar meu tempo sozinha. No entanto, justamente por isso, nos meus dias de folga, faço questão de sair e aumentar minhas oportunidades de interagir com as pessoas. Mesmo assim, geralmente levo a manhã com calma e só fico mais ativa à tarde. Costumo ir a cafés ou lojas de conveniência.

Shiraishi revelou mais do que eu esperava, oferecendo uma visão detalhada de sua rotina diária, claramente tentando reduzir a distância entre nós.

Nishikawa pegou o fio da conversa.

— Beleza, agora é a minha vez! Normalmente estou no Keyaki Mall. Às vezes sozinha, às vezes com amigas como Takanashi-san ou Tsukaji-san.

Ela começou a contar sua história alegremente, mencionando nomes, compartilhando conversas e relembrando passeios com detalhes tão vívidos que quase senti como se estivesse junto com ela.

— Tá bom, tá bom. Já entendemos, já entendemos, isso já é mais do que suficiente.

Yoshida, que tinha escutado quieto por um tempo, pareceu atingir seu limite quando a conversa se estendeu por vários minutos e interrompeu-a com firmeza.

Nishikawa ainda parecia ter mais coisas a dizer, mas acabou passando a vez para mim com relutância.

— Honestamente, não acho que seja tão diferente dos outros estudantes. Se tivesse que apontar uma diferença, seria que recentemente às vezes apareço na academia sempre que tenho algum tempo livre, independentemente de ser dia de semana ou folga.

Nishikawa olhou para mim como se tivesse acabado de descobrir uma nova espécie.

— A academia do segundo andar? Então existem estudantes que vão lá?

— Alguém da nossa classe vai lá?

— Hmm… provavelmente não — acrescentou Yoshida, coçando a cabeça.

Aparentemente, ninguém do nosso grupo conseguia lembrar de um colega que frequentasse. Eu mesmo não vou regularmente, mas também não me lembro de ter visto nenhum aluno da Classe C por lá.

— Talvez não seja muito popular, é verdade, mas deve ter cerca de 30 pessoas de toda a escola usando. E com a chegada dos calouros, alguns novos estudantes provavelmente vão se juntar agora — disse eu.

Além disso, funcionários da escola também podem usar a academia. Considerando os adultos, o número total de frequentadores deve ficar entre quarenta e cinquenta.

Pelas dimensões do espaço e pelo valor da mensalidade, se o aluguel for razoável, provavelmente funcionaria no prejuízo, mas deve conseguir se manter porque a escola fornece algum tipo de subsídio generoso.

— Alguém quer entrar na academia?

— Uou, você é péssimo nisso, Ayanokoji…

— Sério, chamar as pessoas do nada assim? Zero noção de timing! — Nishikawa comentou, sorrindo provocativamente.

Yoshida e Nishikawa me olharam, compartilhando impressões quase ao mesmo tempo. Nesse momento, Kito levantou-se abruptamente, arrastando a cadeira com força. Devia ter terminado seu curry, pois pegou a bandeja sem dizer uma palavra.

— Vou voltar para a sala — murmurou, saindo do grupo sem esperar resposta.

— No fim, ele mal participou da conversa… Ei, por que ele concordou em almoçar com a gente? — Perguntou Nishikawa.

— Vai saber — disse Nishikawa dando de ombros. — Kito-kun é sempre difícil de ler, e o rosto dele também assusta.

Não chegaria a culpar Nishikawa por ser direta, mas aquela última parte definitivamente não era necessária. De qualquer forma, reduzir a distância com Kito não vai ser fácil. Depois que ele saiu, continuei comendo em silêncio, pensando no que fazer depois da escola.

Estava pensando em passar na biblioteca em breve, mas, infelizmente, hoje foi o dia em que um exame foi anunciado. Ainda não há informações suficientes para definir todas as regras, então queria dedicar meu tempo depois da aula a isso.

Então, amanhã vou reservar um tempo para a biblioteca. Assim, terei mais tempo para acompanhar Hiyori direito.

 

 

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