Volume 1
Capítulo 8: Inimigos e Aliados
A DERROTA DA classe A… de quem é a responsabilidade?
Isso era algo que se sabia desde o início. Enquanto tinha o dever de liderar a classe, deixei-me abalar pela transferência de Ayanokoji e fui incapaz de me recuperar até agora. Não consegui elaborar sequer uma estratégia.
Se ao menos tivesse criado uma ou duas estratégias eficazes, talvez tivéssemos tido uma chance de vencer… Ou será que estou apenas me apegando ao resultado, quando, na realidade, a derrota foi absoluta?
Após as aulas, na sala vazia da Classe A.
Sem encontrar uma resposta, permaneci ali, sozinha. Depois da derrota, ninguém me culpou abertamente. Pelo contrário, todos me consolavam, dizendo que haveria uma próxima oportunidade.
Mas, apesar das palavras gentis de Sudou e dos meus colegas de classe, a maioria delas nem sequer chegou aos meus ouvidos. Não me lembro exatamente do que disseram, não consigo evocar as palavras. E, quando me dei conta, já era a última pessoa na sala, sentada em minha cadeira, com a mente vazia.
Do salão tingido pela luz do entardecer, olhei distraída pela janela. Foi então que, pela primeira vez, notei que o sol estava prestes a se pôr.
— Preciso ir embora…
Levantei-me sem pensar e coloquei a mão na porta, mas então me lembrei de que havia esquecido meus sapatos e voltei para meu assento. Depois, caminhei pelo corredor vazio em direção à entrada principal.
O que estou fazendo aqui? O que estou buscando neste lugar? A solidão ficou ainda mais forte. Sinto-me irremediavelmente quebrada… Será que conseguirei me recuperar amanhã? Será que poderei caminhar de cabeça erguida depois de amanhã?
Não sei. Não sei de nada, é um ciclo sem fim.
Calcei os sapatos, saí para o lado de fora e comecei a caminhar.
— Vamos voltar.
Só quero retornar ao dormitório e me jogar na cama…
Meus pensamentos foram interrompidos, e minha visão subitamente vacilou.

Senti uma dor aguda nas costas e, sem aviso, fui lançada para frente.
Embora minhas mãos tenham reagido instintivamente, não consegui me posicionar direito para amortecer a queda e acabei deslizando pelo chão. Para piorar, a área onde aterrissei estava cheia de cascalho, nada suave.
Meus sapatos saíram rolando, levantando uma pequena nuvem de poeira.
Ugh...! Uma dor ainda mais intensa veio momentos depois, percorrendo minhas mãos e joelhos, que absorveram o impacto.
— O-O quê...? O que foi isso?
Demorei a perceber a absurda realidade: alguém tinha me chutado. Minha mente, ainda em choque, levou mais um instante para ordenar que eu descobrisse quem tinha feito isso.
— Nossa, que patética, Horikita. Nem sequer conseguiu desviar desse chute...
A voz não transmitia um pingo de arrependimento. Olhei para cima e vi Ibuki, de braços cruzados, com um sorriso zombeteiro no rosto.
— Mas que diabos deu em você!? Ficou louca!?
— Sua atitude patética me irrita. Só de olhar para você já fico com raiva.
— Se eu te incomodo tanto, simplesmente pare de olhar para mim...
Como se minha vida já não fosse difícil o suficiente, agora tinha que lidar com uma selvagem me agredindo sem motivo. Olhei para minhas mãos e notei um leve rastro de sangue. Suspirei.
— Viu? Aí está de novo essa sua atitude fraca e miserável. Você deveria me agradecer por ter te dado um bom chute para acordar.
— Não faço ideia do que você está falando.
Eu não tinha a menor intenção de continuar lidando com Ibuki naquele momento. Sacudi a poeira da roupa, peguei minha bolsa e me levantei. Felizmente, meus joelhos não estavam feridos.
— Nem vai revidar? Bom, mesmo que tentasse, eu te devolveria o golpe em dobro.
— Não pretendo fazer isso... além disso, eu não...
Mesmo agora, a imagem de Ayanokoji surgiu em minha mente.
— Ugh, acabou de pensar no Ayanokoji de novo, não foi?
— E se foi? Isso não é da sua conta.
— Vocês não param de falar dele. Não deveriam estar comemorando que aquele parasita finalmente saiu da turma?
— Eu já sabia que você não era muito esperta, mas isso só confirma que é uma completa idiota. Como eu poderia ficar feliz com a ausência dele?
— Se fosse eu, estaria pulando de alegria. Só de pensar nele, já me dá raiva... agh, droga! Só lembrar desse desgraçado já me deixa mal-humorada! — Ibuki chutou o chão, frustrada.
— Não entendo do que você está falando...
Enquanto murmurava isso, me lembrei dos resultados da prova de hoje. Ayanokoji havia derrotado a turma de Ryūen de forma esmagadora, deixando uma marca impossível de ignorar.
Mas, até poucos instantes, isso parecia um evento distante, completamente alheio a mim.
— Se vai continuar com essa atitude patética, é melhor nunca mais dirigir a palavra a mim. Aliás, nem ouse aparecer no meu campo de visão.
— Não lembro de ter te incomodado nem uma única vez, muito menos de ter tido algum tipo de relação com você para precisar cortá-la.
Na verdade, fui eu quem gastou tempo e dinheiro para ajudá-la quando ela estava com problemas. Se alguém devia algo a alguém, essa pessoa era Ibuki.
— Tanto faz. Até mais.
Satisfeita depois de ter me batido e descontado sua frustração, Ibuki se virou e foi embora.
Fiquei ali, encolhida no chão, fechando os olhos diante da dor que ainda percorria minhas costas.
— Por que essas coisas sempre acontecem comigo...?
Era demais. Meu terceiro ano mal havia começado. A única alegria que senti até agora foi ao ver a placa da Classe A.
Alguém...
Alguém, por favor, me ajude...
Ayanokoji-kun...
— Você está bem?
Alguém falou comigo enquanto eu ainda mantinha a cabeça baixa.
— Te chutaram com muita força. Você não está machucada? Quer que eu chame um professor?
Era Karuizawa. Ela ainda vestia o uniforme escolar, o que significava que também não havia ido para casa até aquele momento.
— Estou bem... a dor já está diminuindo. Aquela garota não tem um pingo de bom senso...
Ela estendeu a mão para mim. Estava prestes a aceitar o gesto, mas lembrei que minha palma estava suja de sangue e terra, então hesitei. No entanto, Karuizawa se adiantou, segurou meu pulso com suavidade e me ajudou a levantar.
Depois, ela usou seu lenço para tirar a terra do meu uniforme. Eu não tinha forças para recusar sua ajuda, então apenas observei enquanto ela agia com dedicação.
— Desculpe... Obrigada. Acabei te mostrando algo sem sentido… Você ouviu a nossa conversa?
— Não... — respondeu, balançando a cabeça. — Eu estava sentada no banco e vi como Horikita-san e Ibuki-san interagiam.
Ela apontou para um banco mais à frente, na direção para onde eu deveria voltar. Era um lugar onde eu deveria tê-la notado, mas meus olhos nunca a captaram. Se eu nem sequer percebi sua presença, é natural que também não tenha sentido a de Ibuki-san.
Karuizawa-san pegou meu sapato e, em seguida, me indicou para me sentar no banco. Apesar de tentar manter uma aparência forte, a dor ainda estava ali, então aceitei sua sugestão.
— Desculpe pelo lenço... Ele ficou sujo, não foi?
— Não importa. Para isso que os lenços servem, não é?
— Realmente... Agora mesmo estou um desastre... — Suspirei e fechei os olhos. Eu estava mostrando meu lado mais lamentável. — E sobre o exame de hoje… me desculpe. Por minha culpa, a turma não conseguiu vencer.
— Não acho que tenha sido sua culpa. Se tivéssemos conseguido mais pontos, poderíamos ter vencido na pontuação geral.
— Ainda assim, a responsabilidade é minha. Preciso ser mais cuidadosa no futuro.
— Você é mais frágil do que eu pensava... — murmurou Karuizawa-san. Eu a fiz se preocupar comigo sem nem perceber.
— Frágil...?
— Sempre achei que Horikita-san era alguém forte e inabalável.
— Isso não é verdade... Eu... — Tentei negar, mas não consegui continuar. Seria uma mentira. — Não, é diferente... Até agora, eu mesma acreditava ser forte. Mas eu estava errada... Não era eu quem era forte...
Cerrei os punhos sobre os joelhos. A dor dos meus ferimentos se intensificou.
— Eu só conseguia me manter firme porque Ayanokoji-kun estava na turma.
Ele me apoiava o tempo todo, mas eu confundi isso com minha própria força.
— Eu sou fraca. Pode rir de mim, se quiser.
Mais do que ser consolada, talvez o que eu precisasse fosse que alguém me colocasse no meu lugar.
— Não vou rir. Eu também sou fraca.
Mas Karuizawa-san não tentou me desprezar.
— Isso não é verdade. Desde o começo, você sempre teve um propósito forte. Talvez nem todos os seus métodos tenham sido os melhores, mas...
Desde o início, ela conseguiu se enturmar com as outras meninas e se cercar de amigos. Apesar dos rumores sobre ela, sempre esteve no centro do grupo. Isso era algo que eu jamais poderia imitar.
Me perguntei se, para Karuizawa-san, a saída de Ayanokoji-kun da turma tinha sido algo positivo. Talvez, como foi ela quem terminou o relacionamento, se sentiu aliviada por ele ter partido.
Mas, desde aquele dia, eu não a vi sorrir nem uma única vez. Seria apenas pela incerteza sobre o futuro da turma?
— Para você... que tipo de pessoa era Ayanokoji-kun...?
Mesmo sentindo que não deveria perguntar, as palavras escaparam da minha boca.
— Que tipo de pessoa...? Hmm... É difícil resumir em uma única frase, mas...
Ela olhou para o céu tingido de vermelho pelo pôr do sol, como se buscasse suas lembranças.
— Para mim, ele era alguém insubstituível. Uma pessoa importante... alguém que eu amo...
Sua expressão e suas palavras não pareciam as de alguém que terminou um relacionamento por vontade própria.
— Foi ele quem tomou a iniciativa? Talvez...?
— Não posso dizer. Não dizer... é o melhor para a minha própria existência.
— Você...
Que tola e ingênua eu fui. Meu sofrimento não se comparava ao de Karuizawa-san. Só agora eu entendia isso de verdade.
— Quando muitas coisas difíceis se acumulam, é fácil ficar presa nelas...
— Sim, realmente é...
O peso que pressionava meu peito foi se dissipando aos poucos diante dela. Minha visão, que estava turva, começava a se tornar mais clara.
— Sério... que problema com aquela garota. Foi pura violência.
Agora que eu estava mais calma, a dor na minha mão voltou.
— Talvez... Mas acho que, à sua maneira, Ibuki-san estava preocupada com você.
— Ela? Não diga bobagens.
— Estive sentada nesse banco o tempo todo. Ibuki-san ficou rondando por aqui sem intenção de ir embora. Parecia que estava esperando alguém.
— Com certeza, ela estava esperando outra pessoa.
Se até Ibuki-san estava preocupada comigo, então eu estava em um estado pior do que imaginava. Que vergonha. Independentemente das intenções de Ibuki-san, a verdade era que eu estava completamente derrotada.
— Ei, Horikita-san. Posso te fazer uma pergunta um pouco curiosa?
— Curiosa? Sobre o quê?
— Você também estava apaixonada por Ayanokoji-kun?
— Hã?
Karuizawa-san me encarou fixamente. Seus olhos refletiam uma seriedade absoluta.
— Q-Que tipo de besteira você está dizendo?
Que eu o amava...? Não podia ser... Mas, sem querer, as lembranças das férias de primavera inundaram minha mente. Aquele batimento acelerado no peito: uma sensação inexplicável, um sentimento que nunca havia experimentado antes.
— Não tem como... — As palavras mal saíam da minha boca. — Nunca senti amor por alguém fora da minha família...
— Mas o fato de você não ter conseguido responder de imediato já é a resposta, não acha? Se realmente não gostasse dele, teria negado na hora. Algo como: "Ele era apenas meu parceiro de negócios". Não é...? — Karuizawa-san não parecia zangada. Em vez disso, sorriu suavemente, apesar de que sua tristeza e dor deviam ser muito maiores que as minhas.
— Você é uma pessoa muito melhor do que eu pensava.
— Nossa, demorou pra perceber!
— Sim. Achei que você fosse mais desagradável.
— Que grossa~... Bom, eu entendo. — Karuizawa-san riu de si mesma e continuou: — A verdade é que eu realmente era uma pessoa desagradável. Arrogante, egoísta... Até aceitava dinheiro sem intenção de devolver. Pelo menos, quando entrei na escola, eu era assim. Queria fazer o que me desse vontade.
— Ah, me desculpe. Foi por causa da minha afirmação que acabamos nesse assunto...
— Não importa. É a verdade. E agora que mudei, posso falar sobre isso sem problemas.
— Por que você mudou?
— Porque Kiyotaka... Ah, digo, Ayanokoji-kun... Me resgatou da escuridão.
— Escuridão...?
Karuizawa-san me olhou com uma expressão melancólica.
— Ninguém mais sabe. Mas vou te contar meu segredo.
Ela segurou minha mão suavemente. Sua pele estava fria, mas seu toque me transmitiu uma estranha sensação de calma. Por um momento, até esqueci a dor da minha ferida.
E então, começou a me contar sobre sua vida. Uma história que eu jamais teria imaginado. O bullying que sofreu no ensino fundamental, como decidiu se tornar alguém forte ao entrar nesta escola, sem se importar em ser odiada.
Seu relacionamento falso com Hirata-kun...
E então... o surgimento de novas sementes de assédio por parte de alguns alunos que descobriram essa verdade, e a intervenção de Ayanokoji-kun para libertá-la. Embora também tenha sido algo que já estava planejado.
Um acontecimento do primeiro ano: a batalha no terraço contra Ryūen-kun. Já tinha ouvido falar disso no verão pela boca de Ibuki-san, mas sua memória não era exatamente confiável, e os detalhes exatos ainda eram um mistério, com muitas lacunas.
Sabia que Karuizawa-san havia sofrido um tratamento cruel por parte de Ryūen-kun, mas desconhecia o pano de fundo da situação. Ao comparar seu relato com minhas próprias lembranças, todas as peças começaram a se encaixar.
De repente, percebi uma lágrima escorrendo pela minha bochecha. Senti compaixão por seu passado tão doloroso. Interpretar uma pessoa desagradável para se tornar forte... o quão difícil e árduo devia ter sido esse caminho. Mas essa não era a razão pela qual eu chorava. Quando Ibuki-san me falou sobre isso, eu deveria ter compreendido com mais profundidade.
— Eu... Ele não me ensinou nada, não é...?
Sempre estive ao lado dele, mas não era a mesma coisa. Apenas achei que o conhecia. Talvez eu fosse a pessoa que menos sabia sobre ele. Sempre me mostrou as costas. Nunca se virou, nunca parou para me esperar.
— Que patético…
Sou patética. Eu, que nem estava na luta, fui a que mais se sentiu ferida, a que mais se afundou, a que se acreditou uma vítima.
— Sou uma pessoa lamentável...
— Eu também sou — Karuizawa-san disse isso com um sorriso. Ao ver seu sorriso tão natural, a tensão em meu rosto também se relaxou.
— Acho que fazia tempo que não sorria assim.
— Eu também.
Karuizawa-san e eu. Jamais imaginei que nos conectaríamos dessa maneira. Mas agora, sentia que estava mais unida a ela do que a qualquer outra pessoa na turma. Apertei sua mão. Talvez, ao fazer isso, Karuizawa-san também tenha sentido suas emoções reprimidas transbordarem. Algumas lágrimas brilharam em suas bochechas.
— Nos envolvemos com alguém realmente complicado, não?
— Sim… realmente complicado.
Provavelmente, o melhor seria não nos aproximarmos demais dele. Agora eu entendia isso claramente. Mas... Não podia simplesmente dar um passo para trás.
— Se chegamos até aqui, não temos outra escolha a não ser fazê-lo se voltar para nós por pura teimosia. E eu... definitivamente, me formarei na Classe A junto com todos. Eu prometo.
Não será fácil. Agora que o temos como inimigo, chegar à Classe A se tornou um caminho mais difícil do que nunca. Mas eu não vou mais parar.
— Você é forte, Horikita-san.
— Não sou. Sou uma pessoa fraca.
Mas agora percebi que não estou sozinha. Se temos colegas do nosso lado, então não é impossível.
— Bem… acho que também deveria começar a mudar meu jeito de pensar.
Secando as lágrimas, Karuizawa-san se esticou e se levantou do banco. Então, voltou a me olhar com um sorriso.
— Vamos fazer ele se arrepender de ter saído da nossa classe.
— Sim. Definitivamente, vamos fazê-lo se arrepender.
Finalmente, dei um passo à frente. Enfrentando a realidade. Seguindo meu coração.
*
O exame especial terminou com a vitória das Classes C e D. Depois disso, Shimazaki e os outros organizaram uma pequena celebração no Keyaki Mall para comemorar a vitória.
De volta para casa após a celebração, o sol já estava prestes a se pôr e a noite se aproximava. Deixei que meus colegas de classe se adiantassem e desviei do caminho de volta para a residência.
Olhei para o céu, pensando no que viria.
Certamente, passaria pelo menos algumas semanas até que a escola anunciasse o próximo exame especial. Normalmente, os estudantes usariam esse período para recarregar as energias e aproveitar a vida escolar. Mas cada dia continuava passando, e o tempo restante seguia diminuindo.
Para os do terceiro ano, a preocupação com o futuro acadêmico era constante. Não era simplesmente "ainda é abril", mas "já é abril". As turmas que estão atrasadas não têm tempo para descansar. Então, o melhor seria se preparar agora, antes que fosse tarde demais, considerar todas as possibilidades e garantir que estivesse pronta.
É como ter provisões de emergência para desastres. Se você não precisar usá-las, melhor.
Ao entardecer. Esperando no ponto de encontro, apoiada na grade, uma estudante da Classe A, Kushida, permanecia em silêncio.
— Por que escolheu este lugar para a reunião? — Me aproximei e perguntei.
— Quando entramos na escola, cometi o erro de deixar Ayanokoji-kun ver muitas coisas, não foi? — Sem se virar, Kushida evitou responder à pergunta. Mas não era algo que valesse a pena insistir.

— Sim… acho que aconteceu algo assim.
Quando Kushida se reencontrou com Horikita, que havia sido sua colega no ensino fundamental, a pressão emocional que ela sofreu foi imensa. Guardou todo esse estresse dentro de si. Os colegas de classe que pensavam que ela era uma pessoa de caráter amável ficaram profundamente surpresos ao descobrir sua verdadeira natureza.
Naquela época, Kushida demonstrou uma atitude disposta a usar seu próprio corpo sem hesitar para me silenciar. Pouco tempo se passou, mas parece estranho como isso parece ter ocorrido há muito tempo.
— Foi quase como um acidente, mas quando você me ameaçou, realmente fiquei preocupado sobre o que fazer.
— Quem sabe? Desde aquele momento, tenho certeza de que, no fundo da sua mente, você já estava planejando me derrubar, não?
— Não tinha a menor intenção de fazer isso. Sério.
Mesmo assim, ao responder dessa forma, Kushida, que me olhou por um instante, parecia não acreditar em mim de forma alguma. Naquela época, quando eu havia acabado de entrar, ainda havia muitas coisas que eu não sabia. As circunstâncias dos meus colegas de turma eram o melhor exemplo disso.
Na Sala Branca, os da minha idade foram caindo um a um até desaparecerem. Passei muito tempo em um ambiente onde estava completamente sozinho. Nunca tinha me aproximado de uma pessoa do sexo oposto da minha idade desde que saí da Sala Branca até o momento em que entrei na escola.
Não, espera...
Antes de entrar, houve uma única vez em que conheci uma menina que havia sido eliminada da Sala Branca. Talvez porque meu cérebro considerasse desnecessário, eu mal guardava lembranças dela. No entanto, por um instante, a imagem daquela menina na infância ressurgiu na minha mente.
Qual era o nome dela? Que tipo de conversa tivemos? Ou será que nem conversamos?
Não me lembrava 90% desses detalhes.
Talvez fosse um efeito colateral de ter dedicado todos os recursos da minha mente ao aprendizado. Se eu não tivesse saído da Sala Branca, nunca teria me interessado por isso. Mas, ao aprender sobre as relações humanas nesta escola, senti uma pequena curiosidade sobre o meu passado.
O que teria acontecido com aquela garota e os outros? É possível que alguns, como Yagami, tenham sido reeducados...
— E então? Para que me chamou?
Talvez porque eu tivesse ficado em silêncio lembrando do passado, Kushida me apressou.
— Eu estava me perguntando como está a turma. Fico um pouco preocupado.
— Sério? Se realmente se importasse, não teria trocado de turma.
— Isso é verdade.
— Então você tem outro propósito, não tem?
Depois de me colocar ao lado de Kushida, decidi abordar o tema principal, tendo em mente a sua perceptiva intuição.
— Para reduzir a diferença com a Classe A, ter um infiltrado nos facilitaria muito as coisas.
— Eh? Você está me pedindo para trair a minha turma?
— Exatamente. Se me der os resultados que espero, vou te pagar com Pontos Privados.
Ao confirmar isso, Kushida pareceu esboçar um leve sorriso.
— Sabe, foi justamente por causa dessas trocas de Pontos Privados que acabei me metendo em problemas. Você realmente acha que, depois de se tornar minha inimiga, vou te ajudar?
Sem me olhar em nenhum momento, Kushida expressou seu desinteresse.
— Claro, você é livre para recusar. Mas, nesse caso, não poderei garantir o segredo.
Já na Classe A, sua verdadeira natureza havia sido exposta. No entanto, nas outras turmas, isso ainda não havia sido completamente divulgado.
— Você realmente acha que isso vai funcionar como uma ameaça? Até o Ryūen já sabe disso.
— Mesmo que ele espalhasse rumores sobre a sua má reputação, eles não teriam credibilidade, justamente por ser o Ryūen.
Embora no futuro Ryūen tentasse espalhar a escuridão sobre Kushida, outros poderiam simplesmente desmenti-lo. Os alunos da Classe A não se importariam em ajudar.
— Então, o mesmo vale para você, não acha? Você trocou de turma por conta própria, então não há garantia de que as pessoas vão acreditar se você revelar algo.
— Vai depender de como eu fizer isso.
— Então você tem confiança nisso?
— Não nego.
Longe de se surpreender com a minha resposta, Kushida estreitou os olhos como se já tivesse previsto isso.
O que mais estaria refletido em seu olhar enquanto observava a paisagem?
— Embora você não conte com a minha ajuda, poderia acabar com a turma incompetente da Horikita sem problemas, não?
— Não é tão fácil. Horikita, sem dúvida, vai se recuperar em breve.
— Uau, você a valoriza mais do que eu pensava.
Talvez ela sozinha não tivesse a capacidade, mas com o apoio dos seus colegas, a situação mudaria. Mais cedo ou mais tarde, se tornariam um obstáculo para as Classes C e D.
— Além disso, se no futuro for necessário expulsar alguém à força, a situação mudará.
Ao ouvir isso, Kushida me olhou pela primeira vez, tentando confirmar a minha verdadeira intenção.
— Expulsar alguém...? Da nossa turma?
— Não me ocorre nenhuma razão para excluir alguém em particular.
Baseado nas informações de Kushida, a ideia era fazer com que alguém da Classe A fosse expulso. Se ela ouvisse isso, a conclusão seria óbvia.
— Isso implica um grande risco. Não faz sentido receber uma pequena quantidade de Pontos Privados se eu não puder me formar na Classe A. Se descobrissem que estou colaborando com você, perderia minha posição completamente.
— Então, só te resta economizar Pontos Privados suficientes no próximo ano para trocar de classe.
— Você está falando sério?
A dúvida dela era superficial. Não estava tentando descobrir se o que eu dizia era verdade. Desde o início, já considerava aquilo uma mentira ou que havia alguma outra razão por trás. Ela também parecia estar agindo para não deixar que eu lesse sua verdadeira intenção. Não queria que eu soubesse onde realmente estavam suas emoções.
— Não espero que responda agora. Você é livre para contar à Horikita ou a qualquer um que te convidei a trair a classe. Se gravou nossa conversa, também pode espalhá-la. Isso só ajudaria a fortalecer a unidade da Classe Horikita.
— O que é isso...? Então, o que você realmente quer? Não é afundar a Classe A?
— Infelizmente, não é a única coisa que quero fazer.
— Não entendo totalmente, mas parece que você está apenas impondo sua vontade. Na prova especial, você tirou uma pontuação perfeita sem disfarçar. Parece que você não tem mais nada a esconder.
Kushida não insistiu em saber mais detalhes.
— É isso.
Meu telefone vibrou e, ao tirá-lo, vi que era Hashimoto. Ele me convidava a continuar a celebração no dormitório.
— Depois da prova especial, você provou seu valor. Parece que a Classe C também te reconhece.
— Algo assim.
— Ei...
— O que foi?
Justo quando eu me virava para ir embora, Kushida falou novamente comigo.
— Você realmente vai me dar os Pontos Privados?
— Claro. Antes de você trair, vou te dizer o valor. Se não estiver satisfeita, pode recusar a qualquer momento. Mas não é algo que eu precise agora. Minha classe e eu estamos bem apertados financeiramente nesse momento.
Infelizmente, por enquanto, eu não conseguiria uma quantia que a satisfizesse.
— Deixe-me pensar um pouco.
— Claro. Não há prazo.
Quando comecei a me afastar, senti o olhar dela nas minhas costas e me virei. Kushida estava segurando a grade, me observando.
— Não gosto de admitir, mas... eu te valorizo mais do que pensava.
Antes que eu pudesse responder, ela desviou o olhar.
— Isso é tudo. Só queria que soubesse.
— Entendi. Até mais.
Suas palavras carregavam uma conotação ambígua, mas não havia necessidade de me preocupar com isso naquele momento. Agora, só restava ver se Kushida priorizaria sua conveniência pessoal ou sua classe.
Com essa nova opção sobre a mesa, também consegui algo mais para aproveitar no futuro.
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