Volume 1
Capítulo 7: A Derrota de Ayanokoji
DUAS SEMANAS passaram num piscar de olhos, e finalmente chegou O dia do primeiro exame especial do terceiro ano. Eram 7h40 da manhã. Na noite anterior, Karuizawa foi dormir sem se forçar a ficar acordada até tarde. Talvez por isso tenha acordado bem descansada e, após se preparar, saiu sozinha e em silêncio do dormitório.
Uma vida escolar que começou sozinha.
Uma vida escolar que continuou com duas pessoas.
E agora, uma vida escolar que voltou a ser solitária.
Desde a despedida com Ayanokoji até aquele dia, Karuizawa não conseguia sorrir nem uma única vez. Não havia o menor espaço em seu coração para isso. Suas amigas, como Satou, tentavam animá-la, fazê-la rir de qualquer jeito, mas isso só fazia seu peito apertar ainda mais. Dias em que seu coração não parava de gritar de dor. E, ainda assim, ela continuava indo para a escola apenas por orgulho.
No caminho para o colégio, Karuizawa parou inesperadamente. Ayanokoji estava sentado em um banco mais à frente, olhando para o celular. Já fazia semanas desde a separação. Mesmo tentando seguir os dias sem pensar em nada, Karuizawa ainda carregava sentimentos fortes por Ayanokoji.
Sempre que o via, sentia o peito apertar sem remédio. Seus olhos o seguiam naturalmente. E, sempre que seus olhares se cruzavam, ela sentia com clareza: Ayanokoji não guardava nenhum apego pelo relacionamento passado.
Isso a sufocava ainda mais. Mas ela precisava seguir em frente. O ideal seria conseguir cumprimentá-lo com um firme "bom dia" e passar direto. Se conseguisse agir como uma garota forte, não seria algo difícil. Repetiu isso para si mesma inúmeras vezes, decidida a dar o primeiro passo... mas...
— Bom dia, Karuizawa-san.
— Hã?!
Totalmente absorta observando Ayanokoji, Karuizawa não percebeu que alguém se aproximava por trás, e o cumprimento repentino, a tão curta distância, fez com que ela desse um pulo. Um par de olhos grandes e brilhantes surgiu à sua frente. Cabelos longos, lisos e sedosos, lábios macios e carnudos. Uma garota tão bonita que até outra do mesmo sexo ficaria encantada ao vê-la.
— I-Ichinose-san. Bo-bom dia...
— Hoje você saiu mais cedo do que o normal, não foi?
— Hã? Ah, sim... acho que sim...
Foi então que Karuizawa percebeu, pela primeira vez, que naquela manhã realmente tinha saído do dormitório mais cedo do que o habitual. Mas o que mais chamou sua atenção foi a forma como Ichinose falou, como se conhecesse sua rotina.
— Você sabe... a que horas eu costumo sair normalmente?
— Claro. Geralmente, é por volta das 7h50, não é?
— Ugh... pode ser...
Ichinose acertou sem hesitar, e isso fez um calafrio percorrer Karuizawa. Nem mesmo ela tinha certeza do horário em que costumava sair todos os dias.
— Ultimamente, há dias em que Ayanokoji-kun se senta nesse banco, como agora.
— Entendi... Vejo que você sabe bem disso.
— Mais ou menos. Eu costumo vir a essa hora, então o vejo com frequência. Só de mudar um pouco o horário em que você sai, o cenário já parece diferente, não é?
Enquanto conversavam, os alunos passavam lentamente ao lado delas a caminho da escola. Muitos cumprimentavam Ichinose, e ela respondia com um sorriso. A quantidade de amigos não é tudo na vida escolar. Karuizawa sabia disso e, ainda assim, o contraste entre suas trajetórias nesses dois anos era evidente. Para onde quer que olhasse — direita, esquerda, à frente ou atrás — todos pareciam ser amigos de Ichinose.
Mesmo dentro da Classe A, havia aqueles que provavelmente tinham mais afinidade com Ichinose do que com Karuizawa. Não apenas entre os alunos do segundo ano, mas Ichinose já havia começado a se relacionar também com os de primeiro ano.
— Ichinose-san continua incrivelmente popular, né?
— Popular? Eu só estou cumprimentando meus amigos. Assim como fiz quando te cumprimentei, Karuizawa-san.
Em outra pessoa, essa frase poderia soar forçada. Mas, quando Ichinose dizia, parecia natural. Ela havia construído uma base sólida através de suas ações.
— Ah, é verdade. Hoje é o exame especial, né?
— Sim, isso mesmo...
— Como foi o seu estudo?
— Não sei... fiz o que pude, dentro do possível. Você não tem com o que se preocupar, certo?
— Não é bem assim. O tempo todo eu sinto que a pressão está me esmagando, e só me esforço para continuar firme.
Isso foi o que Ichinose disse. Mas, aos olhos de Karuizawa, ela não parecia estar sofrendo nem um pouco. E justo quando a conversa começava a chegar ao fim, Ichinose começou a caminhar.
— Posso... te perguntar algo? — Seu cérebro dizia que o melhor era deixá-la ir. Mas, antes que percebesse, as palavras já tinham escapado.
— Hm? Pergunte o que quiser. Ah, mas se for sobre quem vai para o combate individual ou como as penalidades serão distribuídas... isso é segredo, viu?
— N-Não é isso...
— Então, com certeza, não há problema.
Com um sorriso, Ichinose esperou pacientemente pelas palavras de Karuizawa.
— Ichinose-san... você e Ayanokoji-kun... estão namorando? — Com a voz trêmula, Karuizawa finalmente fez a pergunta que vinha guardando há tempos. Mas, ao mesmo tempo, desviou o olhar, como se temesse a resposta. Uma possibilidade que não queria aceitar: que Ayanokoji a tivesse deixado para ficar com outra pessoa, com Ichinose.
Durante o terceiro ano, a proximidade entre os dois era evidente demais para ser ignorada. Não pareciam apenas amigos. E não era só Karuizawa que pensava assim; esse rumor já começava a circular discretamente entre os alunos.
— Eu? De jeito nenhum. Não há a menor chance de alguém como eu namorar Ayanokoji-kun.
Sua resposta foi uma negativa envolta em uma forma peculiar de se expressar. Ela mesma se diminuía enquanto elevava Ayanokoji. Mas, aos olhos de qualquer um, formavam um casal perfeito, digno de ser chamado de o melhor.
Ainda assim, Karuizawa não conseguia pensar com clareza. "Não estamos namorando" não era uma afirmação fácil de acreditar.
— Se você está escondendo porque não quer me machucar...
— De verdade, não há nada entre nós. Eu te asseguro.
— Mas...
Isso não podia ser verdade. Mesmo que não fossem oficialmente um casal, o relacionamento entre eles definitivamente havia mudado. E por isso, sabendo que poderia parecer insistente, Karuizawa não recuou. Porque essa era uma pergunta que ela não queria ter que fazer novamente.
Diante do olhar trêmulo de Karuizawa, Ichinose suspirou levemente.
— Embora... suponho que não seja uma relação normal, como você imagina.
— O quê...? Então é?
— Mas não é isso. Sério, não estamos namorando.
— Eu-eu... Entendi...
Ichinose, com sua gentileza inabalável, continuava negando. Isso não era uma mentira? Ou ela realmente estava dizendo a verdade? Talvez, se estivessem namorando, ela simplesmente admitisse.
Ainda assim, Karuizawa não conseguia se sentir feliz. Era um sentimento complexo. Hoje, eles não eram um casal. Mas amanhã poderiam ser. Na verdade, isso poderia acontecer a qualquer momento.
Para Karuizawa, ver Ayanokoji e Ichinose juntos seria um golpe devastador. E, no entanto... não pôde evitar sentir um leve alívio. Pelo menos por agora, ainda havia uma esperança.
Ela se obrigou a aceitar isso dentro de si.
Por sua vez, Ichinose percebeu essa leve mudança em Karuizawa. Entendeu que ela estava aliviada por eles não estarem juntos. E, ao mesmo tempo, foi consciente de um novo sentimento que nascia dentro de si.
Um sentimento pequeno, obscuro. No ano passado, quando compreendeu claramente seus sentimentos por Ayanokoji, ele já estava com Karuizawa. Pensar nisso a machucou mais de uma vez, a ponto de fazê-la chorar.
— Eu te entendo, Karuizawa-san. Ayanokoji-kun é uma pessoa incrível, não é?
…!
— Mas não entendo por que você decidiu deixá-lo.
Ichinose sabia que havia sido Ayanokoji quem terminara com ela, e, ainda assim, lançou essa pergunta.
— Isso é…
Ela não podia admitir que fora rejeitada. E, embora Karuizawa pensasse assim, também não queria dar esperanças a Ichinose.
— Ichinose-san… você sabe...? Que Ayanokoji-kun... ele...
Queria avisá-la: se se aproximar demais de Ayanokoji, acabará se machucando. Mas, enquanto hesitava em dizer isso, Ichinose tomou a palavra.
— Você quer dizer que ele não é uma pessoa comum...? Algo assim? — Ichinose antecipou o que Karuizawa ia dizer e respondeu antes que ela pudesse terminar.
— Sim… — ela assentiu, surpresa com a precisão. Sentia que Ichinose já sabia algo sobre o lado oculto de Ayanokoji. Tinha essa intuição.
— Obrigada pelo conselho… ou pelo aviso. Mas eu estou bem, de verdade.
— Por que você pode ter tanta certeza?
— Não sei muito bem... talvez nem eu mesma entenda. Você se arrepende de ter terminado com ele?
— N-Não é isso...
— Tem certeza? Não parece. Nunca pensou que, se as coisas tivessem sido diferentes, vocês ainda poderiam estar juntos?
No fim, independentemente de quem terminou com quem, se a relação chegou ao fim, é porque algo não deu certo. Talvez, se esse algo tivesse sido evitado, o futuro teria sido outro.
— Isso é só uma suposição minha, mas... não seria porque você esperava algo em troca?
Ao ouvir essas palavras, as emoções que ela vinha reprimindo começaram a ferver ligeiramente. Por que precisava ouvir Ichinose dizer o que quisesse, como se soubesse de tudo?
— Esperar algo em troca? Eu não…
— Querer ser amada só porque você ama. Esperar ser correspondida porque ofereceu seu amor. É um dar e receber. Se não recebe de volta, dói, entristece e machuca. Acho que isso não se aplica apenas ao amor, mas também à amizade e à família.
— O que você está dizendo...? Isso não é um sentimento completamente normal...?
— Para a maioria das pessoas, sim. Mas eu não vejo dessa forma.
— Isso é impossível. Mesmo você, Ichinose... quando começar a namorar alguém, vai querer ser amada, não é?
Dizer “eu te amo” e ouvir um “eu também” em resposta. Esse tipo de troca, que poderia parecer trivial, é o que torna o amor precioso.
— Alguém? Esse “alguém” seria Ayanokoji-kun?
— O quê…?!
— Karuizawa, você já sabe, não é? Que eu estou apaixonada pela Ayanokoji-kun.
Sem vergonha ou hesitação, Ichinose declarou abertamente seus sentimentos. E antes que Karuizawa pudesse reagir, ela continuou.
— Acho que, no meu caso, dar é algo mais natural do que esperar algo em troca. Gosto de ouvir os problemas dos meus colegas de classe, mas isso não significa que quero que me retribuam. Ayanokoji-kun pensa da mesma forma. Eu não preciso que ele me ame. Enquanto me permitirem amá-lo, isso já é suficiente para mim.
— Não tem como você suportar isso…
— Eu consigo. Já disse antes, isso não vale apenas para o amor. Quero ser útil para as pessoas ao meu redor. Se alguém estiver em apuros, quero ajudá-lo. Só isso.
Essas palavras eram, sem dúvida, os verdadeiros sentimentos de Ichinose. Um ato de altruísmo puro.
— Isso é…
Para Karuizawa, esse momento não passava de algo cruel e sufocante. Ainda assim, ao olhar nos olhos de Ichinose, compreendeu algo. Porque ambas haviam amado o mesmo garoto, ela entendia. Ela havia sido a primeira a estar ao lado dele. Por isso, não pôde evitar perguntar.
— Se…
— Hmm?
— Se eu… te pedisse ajuda, Ichinose… você me ajudaria?
Karuizawa também fazia parte desse "alguém". Ou pelo menos, era o que ela acreditava. Para Ichinose, que a via como uma rival no amor, nunca teria esperado ouvir essas palavras. Após um breve silêncio, Ichinose sorriu levemente.
— Sinto muito, retiro o que disse antes. Eu não te ajudaria.
Uma resposta diferente de sua forma habitual de agir.
— Eu não tenho o poder de ajudar todo mundo.
Às vezes, é preciso escolher. Até agora, Ichinose tentava salvar 100 de 100 pessoas. Mesmo quando só tinha capacidade de salvar 50, aspirava ir além do que podia alcançar. Mas, ao fazer isso, colocava em risco até mesmo esses 50. Por isso, em vez de mirar tão alto, decidiu dar tudo por aqueles 50. E, simplesmente, Kei Karuizawa não estava entre eles.
— Ah, a propósito. Eu não mencionei antes, mas… a razão pela qual Ayanokoji-kun está sentado naquele banco…
Ichinose olhou para Karuizawa, cujos olhos estavam baixos, e sorriu.
— É porque ele tinha um encontro comigo nesse horário.
Karuizawa, incapaz de responder a isso, apenas abaixou ainda mais o olhar.
— E tem mais uma coisa que quero deixar claro. Mesmo que entre Ayanokoji-kun e eu tivesse acontecido algo importante e profundo, algo que não pudéssemos contar a ninguém… já teria sido depois que você e ele terminaram.
Ichinose sorriu com naturalidade antes de continuar.
— Então, não há nada para discutirmos entre nós, certo? Não há razão para que não possamos continuar sendo amigas.

Depois de dizer tudo o que queria, Ichinose começou a caminhar e chamou por Ayanokoji. Ao ouvir sua voz, ele guardou o celular, levantou-se e seguiu ao lado dela.
Sem dúvida, ele percebeu Karuizawa, que permanecia parada atrás deles. Mas foi só isso. Nem sequer olhou para ela ou mudou sua expressão.
Ichinose, caminhando ao lado de Ayanokoji, exibia um rosto feliz. Karuizawa sentiu um aperto no peito e, sem conseguir suportar mais, saiu do caminho escolar e se escondeu entre os arbustos, onde ninguém poderia vê-la.
*
Pouco antes do início do exame especial, após o fim do intervalo para o almoço, uma atmosfera de extrema tensão envolvia a sala de aula da Classe B do terceiro ano, liderada por Ryūen.
A maioria dos alunos havia dedicado quase todo o tempo aos estudos nos dias anteriores ao exame, tanto por seu próprio bem quanto para evitar serem repreendidos por Ryūen.
Naturalmente, o objetivo era obter a maior quantidade de pontos possível. Ainda assim, todos compartilhavam um único desejo: não serem escolhidos entre os cinco participantes. Se fossem selecionados e perdessem, ninguém sabia que tipo de punição Ryūen poderia impor.
Geralmente, os participantes da competição individual de cinco pessoas deveriam ser informados com antecedência. No entanto, Ryūen manteve absoluto silêncio e não revelou a ninguém quem escolheria. Até o momento do exame, todos eram possíveis candidatos.
Sua abordagem implacável não deixava espaço para relaxamento.
Katsuragi, que tinha um bom conhecimento do nível acadêmico da classe, percebeu melhorias nas últimas duas semanas. Naturalmente, alunos como ele e Shiina não se preocupavam com a estratégia rígida de Ryūen; independentemente de participarem ou não da competição, seu único objetivo era obter a maior quantidade de pontos possível para a classe.
Ainda assim, suas expressões permaneciam sombrias, pois entendiam que o oponente, a Classe C, estava muito acima deles.
— Agora irei ler os nomes dos cinco alunos que participarão da competição individual — anunciou o professor Sakagami, o único que conhecia a seleção de Ryūen desde o dia anterior.
LISTA DE SELECIONADOS:
Daichi Ishizaki
Nanami Yabu
Mio Ibuki
Reo Kondo
Minori Kinoshita
Quando os nomes foram anunciados, os alunos se entreolharam, incrédulos, sem sequer tentarem esconder suas emoções. Por mais que ninguém soubesse quem seria escolhido, a combinação parecia absurda. Entre os selecionados, havia vários alunos com baixo desempenho acadêmico e pouca motivação.
Em especial, Ibuki, que no início do segundo ano ainda conseguia acompanhar as aulas, havia caído tanto que agora estava no mesmo nível que Ishizaki. Pior ainda, nenhum dos alunos com melhor desempenho estava na lista. Tokitō, ao ouvir a seleção, arrastou a cadeira com força e direcionou sua frustração a Ryūen, lembrando-se de todo o esforço que havia dedicado aos estudos nas últimas duas semanas.
— O que significa essa seleção ridícula, Ryūen? Por acaso decidiu desistir da competição individual?
A batalha geral já era uma causa perdida. Para ter alguma chance, a única opção era vencer pelo menos quatro das cinco rodadas individuais. Todos na classe ainda nutriam essa pequena esperança.
— Sim, eu desisti. Por mais que planejasse uma estratégia, era uma batalha impossível de vencer desde o começo. Tem alguma reclamação? — respondeu Ryūen, sem hesitar.
— Se eu tenho reclamações? Mas é claro que sim! Eu não esperava uma vitória fácil, mas também não era necessário desistir sem lutar. Para que diabos nós estivemos estudando até agora?
— Para quê? Para o próprio bem de vocês.
— Não diga besteiras!
O conflito entre Ryūen e Tokitō já não era novidade. Enquanto discutiam, Sakagami, o professor, simplesmente os ignorou e começou a limpar os óculos com calma.
— Deixe-me te perguntar algo — continuou Ryūen. — Você realmente acreditava que poderíamos ganhar?
— O que eu estou dizendo é que existia uma possibilidade. Nem todos na Classe C são brilhantes. É possível que tenham escalado alunos fracos por medo das penalidades. Se tivéssemos escolhido alguém como Kaneda ou Katsuragi, poderíamos ter tido uma chance…
— Essa é uma teoria infantil, completamente desconectada da realidade.
— Pode até ser… mas, ainda assim, não havia razão para desistir sem tentar.
— Que não fazia sentido? Claro que fazia. Sakagami, algum dos cinco que escolhi recebeu penalidade?
— Não… nenhum deles.
Ao ouvir a resposta, Ryūen sorriu com confiança, convencido de que sua estratégia estava correta.
— E o que tem isso? Ninguém se importava em penalizar Ishizaki e os outros.
— Não é tão simples. Ninguém do outro lado conseguiu prever quem eu escolheria. Em outras palavras, eles não conseguiram ler meus pensamentos.
No dia em que Ryūen se encontrou com Ayanokoji, ele chamou Katsuragi para discutir a estratégia e, naquele momento, decidiu descartar completamente seu plano anterior. No passado, sua abordagem sempre foi se lançar de cabeça na batalha para derrotar Ayanokoji, o que sempre terminava com ele caindo em uma armadilha.
Mas agora, ele havia aprendido a importância de parar e observar a situação com calma. O exame especial estava completamente contra ele, e não havia uma estratégia clara contra Ayanokoji. Se avançasse sem pensar, seria um desastre. Em vez disso, precisava frear e controlar a situação.
E isso era algo que Ayanokoji não havia previsto. Seu oponente esperava que Ryūen fizesse de tudo para vencer. Ayanokoji dedicou todos os seus esforços para encontrar uma maneira de derrotar Ryūen. Mas, depois de tanto analisar, tudo o que descobriu foi uma verdade que nunca havia antecipado: Ryūen simplesmente desistiu sem lutar.
Ele conseguiu o inesperado — confundir completamente seu oponente.
— Ryūen, parece que você conseguiu surpreendê-los. Eles devem estar desconcertados.
— Heh… no fim das contas, Ayanokoji não é tão perfeito quanto parece.
O tom despreocupado de Ryūen apenas irritou ainda mais Tokitō.
— Enganar o estrategista rival é uma coisa, mas no final, eles ainda têm a vantagem. Essa escalação ridícula que você fez só facilita a vitória deles.
— Exceto para Ayanokoji — respondeu Ryūen com um sorriso.
— Parece que essa jogada imprudente causou um rebuliço, mas e esse Ayanokoji? Ele acha que pode substituir Sakayanagi como líder?
Katsuragi complementou as palavras de Tokitō, que desconhecia os detalhes.
— Pelo menos, Ryūen vê dessa forma. Eu também sou um deles. No entanto, discutir isso aqui não vai nos levar a lugar nenhum, então vou omitir essa parte. Agora, Ayanokoji está sendo avaliado por suas qualidades e habilidades para se tornar um líder. Neste momento, a capacidade de Ayanokoji de prever os pensamentos de Ryūen é um fator-chave para o futuro.
— Então seu objetivo era fazer Ayanokoji falhar na análise?
— Exatamente.
— Mesmo que isso fosse eficaz a longo prazo, isso é demais. Se continuarmos assim, podemos perder sete vezes seguidas e ficar sem pontos de classe.
— Isso não vai acontecer.
Ryūen riu e negou a possibilidade, mas Tokitō, incapaz de entender, estalou a língua em frustração.
— A derrota na competição em grupo é quase certa. Os escolhidos para a competição individual são completamente inúteis. Não importa como você veja, vamos perder todas as rodadas…
— Ah, é? Pois eu já li os pensamentos de Ayanokoji. Se minha previsão estiver correta, aquele idiota vai participar da competição individual.
— Correto. Os cinco participantes do lado dele são: Kiyotaka Ayanokoji; Ikkei Shimazaki; Shinobu Fukuyama; Kōsei Sanada; Yasumi Sawada. Além disso, todas as penalizações que você escolheu foram aplicadas a Kiyotaka Ayanokoji, exatamente como planejado. Em outras palavras, não importa quantos pontos ele consiga, sua pontuação final será zero. A única maneira do oponente conseguir uma vitória perfeita é se Ishizaki também tirar zero pontos, o que já evitamos.
— O quê? Todas as 100 penalizações foram atribuídas a Ayanokoji?
— Eu te disse, eu li os pensamentos dele.
Mesmo alguém com habilidades acadêmicas baixas como Ishizaki não tiraria zero, a menos que entregasse a prova em branco. E, obviamente, Ishizaki nunca faria isso.
Em resumo, não importava quantas vezes perdessem, pelo menos uma vitória estava garantida.
— Então eu posso vencer Ayanokoji? Sério? Isso é incrível!
Embora a derrota geral parecesse inevitável com um resultado de 1 vitória e 6 derrotas, aquela única vitória era extremamente valiosa.
— No começo, duvidei quando me contaram, mas essa é a melhor opção para minimizar os riscos. Os rivais escolheram os alunos com as notas mais altas, sem grandes surpresas. Não sabemos exatamente para quem direcionaram as penalizações, mas o mais provável é que tenham mirado nos melhores. Sendo assim, essa batalha já estava perdida desde o início.
Se estudantes de níveis similares se enfrentassem, dependendo dos emparelhamentos e do desenrolar das rodadas, poderiam vencer uma ou duas vezes. Mas, considerando as duas derrotas na competição em grupo, a taxa de vitória ainda era baixa.
Tokitō, ao ver a formação do time adversário, só pôde se resignar.
— Que aproveitem a vitória enquanto podem. Mas a estratégia de Ayanokoji foi em vão. Conhecendo-o, não seria estranho se ele tivesse falado sobre seu plano antes do exame, até mesmo avisando com antecedência.
Para assumir a liderança da Classe C, era necessário agir com essa ousadia.
— Você conseguiu. Fez ele passar vergonha.
— Agora, os da Classe C também não poderão aceitá-lo facilmente como líder.
Mesmo que Ayanokoji eventualmente se tornasse líder, atrasar esse momento era fundamental. Para derrotá-lo no momento certo, Ryūen precisava primeiro demonstrar sua própria evolução e sua capacidade de lutar com flexibilidade. Tudo estava se desenrolando exatamente como ele havia planejado.
*
Enquanto isso, em outro lugar.
Na Classe A do terceiro ano, à qual Horikita pertencia, a situação se desenrolava de maneira semelhante.
O confronto era entre a Classe A e a Classe D do terceiro ano. De acordo com as apostas, a vantagem numérica da classe de Ichinose lhes dava uma leve superioridade. No entanto, ainda havia chances de vencer a competição em grupo, e o resultado dependia da escolha dos participantes na competição individual e das penalidades aplicadas.
Era esperado que fosse uma batalha muito acirrada. No entanto, a atmosfera tensa mudou drasticamente com as palavras seguintes de Chabashira.
— Sinto muito, mas... três dos cinco participantes escolhidos foram alvos de penalidades.
Segundo participante: Mei-Yu Wang (-25 pontos).
Terceiro participante: Teruhiko Yukimura (-25 pontos).
Quinto participante: Rokusuke Kōenji (-25 pontos).
— Por outro lado, em nosso time, apenas Ryuji Kanzaki e Hitomi Tsube receberam penalidades de 10 pontos cada.
— O quê!? Três pessoas com -25 pontos!? Sério!?
O desespero ficou evidente. Uma diferença de 25 pontos poderia igualar o desempenho de um aluno de nível A ao de um aluno de nível D.
— Então usaram uma grande quantidade de Pontos Privados para comprar penalidades?
— Não podemos saber quantos pontos extras investiram. A única certeza é que três dos nossos participantes foram penalizados.
Se tivessem aplicado a mesma penalidade a dez pessoas, teriam precisado de 250 penalidades no total. Subtraindo as 100 iniciais, precisariam de outras 150, o que equivaleria a 7,5 milhões de pontos.
Mesmo em uma estimativa baixa, era uma quantidade absurda de dinheiro.
— Ei, Hirata... Não quero pensar nisso, mas... não acha que nossa estratégia vazou? — Sudou expressou sua suspeita.
— Não posso negar... Mas só discutimos a seleção com um grupo pequeno de pessoas e os cinco participantes escolhidos. Além da Horikita.
Para tomar a melhor decisão, Horikita delegou a estratégia a Hirata. Ele, por sua vez, a discutiu com alguns colegas antes de decidir os cinco participantes.
— Esse grupo era o único que sabia... Então, um deles deve ter vazado a informação.
— Não pode ser...!
— Mas olha para quem eles penalizaram. Alguém escolheria o Kōenji? Todo mundo sabe que ele não leva nada a sério... — Sudou se interrompeu ao perceber algo.
— Não me diga que foi o Kōenji!?
No entanto, Hirata rapidamente negou.
— Não, eu não disse ao Kōenji que ele havia sido escolhido. Apenas mencionei que poderia ser uma possibilidade.
Eles decidiram incluí-lo justamente porque ninguém esperaria sua participação. Além disso, embora seja imprevisível, Kōenji sempre teve um desempenho decente em exames escritos.
— Então... como descobriram?
— Talvez a informação não tenha vazado... Se fosse o caso, teriam penalizado todos os nossos participantes, não apenas três.
— Então foi só um golpe de sorte!?
A precisão e a audácia de atribuir 25 penalidades...
— Eu não acho que foi sorte... — Karuizawa murmurou, como se falasse consigo mesma.
— O que quer dizer, Kei?
— Acho que não foi a Ichinose-san quem descobriu... — Após uma pausa, como se fosse difícil dizer, finalmente mencionou o nome. — Ayanokoji-kun, não acha?
Ouvir aquele nome irritou Ike.
— Por que Ayanokoji? Ele não tem mais nada a ver com a gente.
— Mas, da perspectiva da Classe C, nós também somos inimigos, certo? — Seu olhar sem emoção fez Ike engolir seco.
— Ele passou dois anos na nossa classe. Conhece nosso estado e pode prever melhor do que ninguém quem escolheríamos.
— Se isso for verdade, então Ayanokoji é um completo desgraçado.
— Mas não podemos afirmar nada. A informação pode ter vazado de outra forma. Tudo o que podemos fazer agora é lutar com o que temos.
Embora a situação fosse desanimadora desde o início, precisavam encontrar uma maneira de superar a adversidade.
— Sinto muito... Tudo isso é minha culpa... — lamentou Horikita, cheia de remorso.
— Mas ainda não perdemos. Mesmo que a situação seja difícil, se continuarmos lutando, ainda temos uma chance.
Hirata tentou acalmar a classe antes que o desânimo fizesse todos baixarem a guarda.
Finalmente, a prova especial da tarde começou, anunciada por Chabashira.
*
O primeiro exame especial da tarde chegou ao fim e, eventualmente, na classe 3-D, começou a hora de tutoria. Como estava estabelecido que os resultados seriam anunciados no mesmo dia, sem adiamento para o seguinte, muitos alunos da classe estavam inquietos e nervosos.
Ichinose percorreu lentamente a sala com o olhar, avaliando cuidadosamente as expressões de cada estudante e depositando sua esperança no resultado que estava por vir.
Ainda era incerto como a situação se desenvolveria, mas, na batalha de minorias, a aplicação de penalidades havia funcionado melhor do que o esperado. A taxa de vitória, que estava em torno de 50%, provavelmente havia subido para mais de 70%. Essa era a previsão.
Claro, ninguém poderia baixar a guarda até o momento final do anúncio dos resultados. A classe de Horikita ainda tinha a possibilidade de obter uma pontuação alta, apesar da penalização de 25 pontos, ou de apresentar um desempenho superior ao esperado na competição geral.
No entanto, no instante em que Hoshinomiya entrou na sala, qualquer incerteza desapareceu por completo. Sua expressão refletia tanto força quanto fraqueza. Antes mesmo de anunciar os resultados, seu rosto exibia um grande sorriso, tentando conter a emoção, deixando evidente para todos qual havia sido o desfecho.
— Obrigada por esperarem, pessoal! Os resultados do exame especial já foram compilados, então vou anunciá-los agora!
— Sim! Conseguimos! — Shibata ergueu os braços em um gesto de vitória antes mesmo do anúncio oficial.
— Ei, eu ainda nem disse nada~!
— Mas está na cara! Conseguimos, conseguimos! — Shibata apontou para a expressão de Hoshinomiya e começou a dar pequenos pulos de alegria. Ela, por sua vez, não conseguia esconder o sorriso.
— Ultimamente, o Shibata tem estado bem mais animado, não acha? Ou melhor, não está até animado demais? Mudou de personalidade? — Kobashi cochichou para Iizuka, que estava sentada à sua frente.
— Bom, ele passou por aquela decepção amorosa... Não acho que esteja se autodestruindo, mas talvez precise parecer alegre para superar isso.
— Ah... E não foi só ele, né? Bom, compreensível.
— A confissão pública da Honami também foi uma grande mudança... Ei, por falar nisso, será que ela e Ayanokoji já estão namorando?
— Não sei, mas ultimamente eles têm ido juntos para a escola com frequência, então provavelmente sim.
— Hmmm... Bem, Ayanokoji é bonito, mas, ainda assim, não esperava que a Honami se apaixonasse por ele... Me pergunto como eles acabaram se aproximando — Iizuka olhou para Ichinose com admiração e assentiu.
— Shhh, se você ficar encarando tanto, ela vai perceber. Os meninos estão bem tensos com esse assunto agora. Melhor deixar isso quieto.
— Mas, mas, eu estou curiosa! E quanto à Karuizawa...? Será que podemos perguntar?
— Não, não. Melhor deixar isso pra lá.
— Ok, ok, pessoal, vamos focar nos resultados! — Hoshinomiya interrompeu a conversa com um pigarro, chamando a atenção dos estudantes, que estavam começando a se agitar. Ela então mexeu em seu tablet e projetou os resultados na tela.
CLASSE A VS. CLASSE D – COMPETIÇÃO GERAL:
Classe A – 2633 pontos
Classe D – 2712 pontos
COMPETIÇÃO DE MINORIAS:
Sudou Ken (66 pontos) vs. Himeno Yuki (69 pontos)
Wang Mei-Yu (82 pontos) (penalização -25) vs. Kanzaki Ryuji (75 pontos) (penalização -10)
Yukimura Teruhiko (84 pontos) (penalização -25) vs. Tsube Hitomi (77 pontos) (penalização -10)
Mori Nene (69 pontos) vs. Kobashi Yume (68 pontos)
Kōenji Rokusuke (72 pontos) (penalização -25) vs. Beppu Ryouta (71 pontos)
CLASSE B VS. CLASSE C – COMPETIÇÃO GERAL:
Classe B – 2327 pontos
Classe C – 2880 pontos
COMPETIÇÃO DE MINORIAS:
Ishizaki Daichi (40 pontos) vs. Kiyotaka Ayanokoji (100 pontos) (penalização -100)
Yabu Nanami (47 pontos) vs. Shimazaki Ikkei (81 pontos)
Ibuki Mio (43 pontos) vs. Fukuyama Shinobu (79 pontos)
Kondou Reo (47 pontos) vs. Sanada Kōsei (83 pontos)
Kinoshita Minori (50 pontos) vs. Sawada Yasumi (80 pontos)
Tanto Horikita quanto Ichinose, líderes de suas respectivas classes, optaram por não participar da competição para evitar penalizações. A Classe A misturou seus melhores alunos com integrantes de nível médio, incluindo surpresas como Sudou e Kōenji.
A Classe D, por outro lado, escolheu principalmente estudantes de nível médio-alto. Embora o resultado final tenha mostrado a derrota das duas classes superiores, a vitória da Classe D não foi um triunfo absoluto. Poucos a veriam dessa forma.
Ichinose assentiu para as palavras de Amikura, que expressou alívio por ter comprado penalizações. Além dos três acertos chave na prova das minorias, Hirata Yousuke e Kushida Kikyou também receberam 25 penalizações.
Foi investido um total de 1,25 milhão de pontos privados, distribuídos entre quatro pessoas, o que significou 31.250 pontos por pessoa. Graças à vitória, os rendimentos mensais aumentaram em 10.000 pontos privados, recuperando o investimento em quatro meses.
— Parabéns a todos! Vencemos a Classe A, o maior obstáculo em nosso caminho!
Embora a vitória já fosse previsível, quando foi oficialmente confirmada, a classe explodiu em júbilo.
— Conseguimos, Honami-chan! Vencemos! — gritaram as meninas.
Ichinose, aliviada, comemorou com Shiranami, batendo as mãos com alegria. Sua professora, Hoshinomiya, sorria satisfeita.
— Estou muito contente com o resultado! Mas lembrem-se, ainda temos uma grande lacuna para preencher.
Então, um murmúrio percorreu a sala.
— Ei, eu pensei que Ayanokoji tivesse perdido… mas ele tirou uma pontuação perfeita!
— Havia perguntas que eu nem mesmo entendia… — Kobashi e Iizuka trocaram olhares, percebendo algo.
— Um garoto bonito e incrível que esteve escondendo suas habilidades até agora... Ah, então é isso, Kobashi-san...
— Sim, Iizuka-san... Honami-chan sabia disso o tempo todo!
Sem saber da conversa ao seu redor, Ichinose pegou seu celular e enviou uma mensagem para Ayanokoji.
TIRAR UMA PONTUAÇÃO PERFEITA É IMPRESSIONANTE. EMBORA A PENALIZAÇÃO TENHA SIDO INFELIZ, FICO FELIZ QUE A CLASSE C TENHA GANHADO. GRAÇAS A VOCÊ, NOSSA CLASSE TAMBÉM CONSEGUIU. COMO ESPERADO, Kōenji PARTICIPOU, ENQUANTO HORIKITA NÃO. MUITO OBRIGADA!
Ayanokoji respondeu quase de imediato;
A VITÓRIA SE DEVE À CORAGEM DE ICHINOSE POR CONFIAR NOS MEUS CONSELHOS.
Lendo sua mensagem, Ichinose não pôde deixar de sorrir. No entanto, como ainda estavam na sala de aula, ela apagou a tela do celular.
*
Quando Mashima-sensei terminou de entregar os resultados dos exames especiais e saiu da sala de aula. Normalmente, as pessoas já estariam guardando suas coisas e saindo, mas hoje ninguém se mexeu.
O primeiro a se mover foi Shimazaki. No entanto, mais do que espontâneo, parecia que todos esperavam sua reação. Sem dizer uma palavra, ele se aproximou diretamente de Ayanokoji, com uma expressão tensa.
— Ayanokoji, sabe o que quero dizer, não é? — Apontou para a tela, onde ainda estavam sendo exibidos os resultados.
— Você não escolheu nenhum dos alunos penalizados. Que maneira de estrear.
Tentando acalmar a situação, Hashimoto interveio.
— Relaxa, Shimazaki. Vencemos a prova, no final das contas, é o mesmo.
Mas Shimazaki o afastou com força.
— Antes do exame, disse que não me importava com a vitória da classe. O importante era a precisão ao atribuir penalizações.
— Eu esperava que você acertasse pelo menos duas, talvez até três.
Ayanokoji manteve a calma.
— Olha, já foi feito. Vencemos, então vamos deixar isso para lá, certo? — Hashimoto, preocupado, tentou mediar.
— Não. Vou deixar isso bem claro agora.
— Então, ao menos, vamos discutir isso em particular. Não há necessidade de fazer isso em público.
Nesse instante, a porta da sala se abriu de repente.
— Desculpem pela interrupção.
Entraram Ryūen, Ishizaki, Ibuki e Albert, uma presença intimidadora.
— Ei, o que significa isso…?
Uma estudante, Shimizu, se assustou com a entrada repentina. Quando tentou reagir, Albert se colocou à sua frente com seu físico imponente. Compreendendo a ameaça, Shimizu se sentou imediatamente.
Enquanto isso, Sawada, que estava perto da conversa entre Ayanokoji e Shimazaki, sem querer bloqueou o caminho de Ryūen. Ryūen agarrou seu ombro e a afastou bruscamente, fazendo-a quase cair sobre uma mesa.
Toda a Classe C ficou em silêncio. O clima estava tenso, como se estivessem à beira de uma briga real.
— Droga... Por que tem tão pouca gente do nosso lado? — murmurou Hashimoto, pedindo ajuda com o olhar a Kitō, que, no entanto, permaneceu imóvel. Ryūen avançou diretamente em direção a Ayanokoji, sem dar atenção a Hashimoto.
— Então, já está decidido? Você será quem vai liderar a Classe C, Ayanokoji?
Ayanokoji, sem se alterar, respondeu.
— Pelo que vejo, Shimazaki decidiu que a vitória não é suficiente. O importante era a precisão ao escolher os penalizados. E, de acordo com a tela, eu falhei em todos.
— Que saco. Não é à toa que o clima está tão pesado. Mas... não me diga que você vai inventar alguma desculpa, dizendo que não esperava que eu escolhesse um bando de idiotas.
Ibuki, irritada, gritou imediatamente.
— Quem você está chamando de idiota?!
Ishizaki, surpreso, apontou para si mesmo e para Ibuki.
— Está se referindo a nós, né?
— Claro que sei! Mas não fala tão alto, idiota!
Ibuki deu uma chuta em Ishizaki. Sem prestar atenção na confusão, Ryūen continuou se aproximando de Ayanokoji.
— Então, me diga... o que você vai fazer agora?
Ayanokoji olhou-o fixamente. O conflito na Classe C mal estava começando.
— Então, isso significa que desta vez você não foi reconhecido como líder? Que pena.
Hashimoto, empurrado para o lado por Ryūen, que falava de forma direta, se interpôs novamente.
— Não tire conclusões tão rápido. Independentemente do processo, ganhamos o exame especial. Por isso, estávamos no meio de uma discussão com Shimazaki e os outros para decidir nossa estratégia futura, certo?
Hashimoto lança um olhar suplicante, como se pedisse que ao menos nesse momento ele o apoiasse. No entanto... Shimazaki não assentiu.
— Já disse, esse exame especial era uma prova que nossa classe deveria ganhar. As provas escritas são uma área em que nossa classe se destaca. Ganhar ou perder não é o fator para reconhecer Ayanokoji. O que importa é se você consegue prever a quem eles vão escolher ou se pode evitar ser descoberto. E, nesse sentido, o resultado foi tão desastroso que não há desculpas, não é?
— Mas, Shimazaki, isso é...
Mesmo com a desvantagem, a pontuação total da batalha em equipe colocou a classe dele à frente das outras quatro. Hashimoto tenta interromper Shimazaki para resolver a situação, mas Ryūen o impede.
— Kukuku. Já entendi, parece que estão ocupados com seus próprios assuntos. Parece que a celebração pelo nascimento de Ayanokoji como líder vai ter que esperar um bom tempo.
Ryūen, após compreender bem a situação, sorri satisfeito e se vira. Hashimoto estala a língua baixinho, mas certamente deseja que esses visitantes problemáticos saiam o quanto antes.
Normalmente, ninguém tentaria impedir Ryūen quando ele decidiu ir embora depois de verificar a situação. Exceto uma pessoa.
Eu.
— Hum? Você não acha que sua percepção está... um pouco entorpecida? — Ryūen para, mas sem entender o significado das minhas palavras, apenas vira a cabeça para me olhar. — Se não entender, deveria perguntar ao Shimazaki sobre o que virá a seguir nessa conversa.
Ryūen para de rir por um momento e lança um olhar afiado para Shimazaki, que estava perto.
— Ei, Ayanokoji. Isso poderia esperar até que o Ryūen fosse embora, não? — Hashimoto, que não acredita que isso terminará bem, sugere isso em voz baixa, mas eu o ignoro.
Por um instante, Shimazaki parece hesitar, como se uma serpente o estivesse encarando fixamente, mas então solta um suspiro profundo e ergue a cabeça.
— Então, vou ser direto, Ayanokoji. Não vim aqui para reclamar. Honestamente, tem muitas coisas que não gosto em você... mas, mesmo assim, vim te dizer que, por enquanto, te reconheço como alguém que vai liderar essa classe.
As palavras de Shimazaki não são uma rejeição, mas sim uma aceitação. Naturalmente, tanto Ryūen quanto Hashimoto não conseguem entender por que ele disse isso.
— Hah? Isso não faz sentido. Ninguém conseguiu descobrir a quem eu designei. Não era isso que mais te importava? Além disso, Ayanokoji participou sem pensar na batalha individual e recebeu uma penalização minha. Como resultado, ele obteve zero pontos. Por causa disso, perderam a oportunidade de alcançar uma vitória perfeita.
No solo ninguém pôde descobri-lo, mas, no pior dos casos, foram eles quem foram completamente descobertos. Por isso, Hashimoto, que estava ao seu lado, queria de alguma forma acalmar Shimazaki.
— É verdade que, se Ayanokoji não tivesse participado da batalha individual, nossa vitória completa era quase garantida. Mas... depois de ver esse resultado... — Shimazaki sorri com ironia enquanto observa a tela do monitor que continua mostrando os resultados.
Ryūen também revisa os resultados, mas não sente nenhum desconforto. Seis vitórias e uma derrota para a Classe C. Aquela vitória perdida foi um sacrifício deliberado de Ryūen.
Ninguém descobriu os participantes da batalha individual, e Ryūen até previu que eu participaria, atribuindo-me todas as penalizações. Com isso, evitou a vitória absoluta. Como planejou e previu.
No entanto, a verdadeira essência da situação é completamente diferente.
— Não entendo — Enquanto Ryūen busca uma resposta, eu começo a explicá-la no lugar de Shimazaki.
— A batalha individual era a chave para a vitória ou derrota. Sem dúvida, descobrir quem a outra classe escolheria era importante. É completamente lógico que Shimazaki e os outros considerassem isso um critério de avaliação. Mas, se o oponente não leva o exame a sério, então não importa se você o descobre ou não. Na verdade, mesmo que você previsse que sairiam estudantes como Ibuki e Ishizaki, não valia a pena atribuir penalizações.
— Hah? Bem, normalmente seria assim. Mas o ponto dessa prova era justamente isso, não? Só fazia sentido se conseguissem descobrir quem eu designaria. Como a vitória já estava garantida, mesmo sem descobri-lo, se isso fosse o suficiente, não haveria necessidade de você se tornar o líder.
— O que realmente deveria ser previsto não era essa absurda renúncia ao raciocínio, mas a verdadeira essência do oponente, ou seja, sua intenção. O importante não é só se o inimigo lutará de frente, mas como ele fará isso e como devemos responder.
Ryūen não deixaria passar uma oportunidade de lutar contra mim. No entanto, uma batalha de conhecimentos dava-lhe poucas esperanças de vitória. Então, a questão era se ele investiria dinheiro para garantir a vitória ou simplesmente se renderia.
Isso era o crucial.
E eu sabia que Ryūen optaria por se retirar da contenda enquanto procurava uma maneira de prejudicar o oponente. Escolher abandonar deliberadamente o campo de batalha parecia uma decisão corajosa. A verdadeira luta não estava em abril do primeiro semestre, mas sim mais tarde, no segundo e terceiro semestres.
Por isso, queria adiar o máximo possível o momento em que me tornaria o líder da Classe C. O desfecho viria mais tarde. No entanto, todas essas estratégias não passavam de uma forma passiva de combater, nascida do medo subconsciente.
— Shimazaki. Depois de ver esse resultado, o que você pensa de mim?
— Honestamente, você é muito mais incrível do que eu imaginava. Não é de se admirar que Hashimoto confie em você.
Ryūen franze a testa ao ouvir Shimazaki me elogiar em vez de me criticar por um erro de previsão.
— Pense nisso, Ryūen. Nessa prova escrita, até os estudantes com nível A em conhecimentos mal conseguiram tirar 80 pontos. Eu era um deles. Mas Ayanokoji foi o único a obter uma pontuação perfeita. Algumas perguntas eram incrivelmente difíceis, mas, ainda assim... temos que aceitar isso.
Os estudantes que se orgulham de sua capacidade acadêmica entendem isso por instinto.
— Esse não é o ponto. E daí se ele for bom nos exames escritos?
— Esse é exatamente o ponto. O que queríamos saber não era se ele poderia prever os oponentes na batalha individual. Queríamos saber se esse tipo poderia salvar nossa classe agora que Sakayanagi foi expulsa. E agora, depois da explicação dele, eu entendo ainda mais.
Pela primeira vez, a sensação de entorpecimento de Ryūen começa a dissipar-se ligeiramente.
— É óbvio, mas Ryūen está atento aos movimentos de pessoas como Hashimoto, que recolhem informações dentro da Classe C. Se ele se mover de maneira desajeitada, seu objetivo será facilmente detectado. No entanto, em outra classe, há um estudante que é capaz de se comunicar com seus colegas de maneira fluída, conquistar sua confiança em pouco tempo e obter informações de forma natural.
— Você está falando de Ichinose Honami, não?
— Isso mesmo. Diz-se que alguns estudantes do primeiro ano viram e ouviram como seus colegas de classe aceitaram dinheiro e cooperaram após serem abordados por estudantes da Classe de Ryūen. Eles ainda não formaram vínculos fortes o suficiente para se protegerem entre si. No entanto, é uma informação importante que, em circunstâncias normais, não poderia ser obtida facilmente.
— Por isso você pôde ter certeza de que aqueles dois estavam espionando, né? Cada elemento que se entrelaçava aumentava a precisão da análise.
— Uma aliança traz consigo diversas vantagens. E desta vez, uma das razões pelas quais Ichinose conseguiu derrotar a Classe A foi porque ela seguiu meus conselhos sem questioná-los. Graças à nossa colaboração, ela conseguiu receber informações, aceitá-las e colocá-las em prática. Como resultado, conseguimos derrubar as duas classes superiores e reduzir a diferença em 100 pontos.
Diante dos dois impressionados, Shimazaki, que compartilhava a alegria com seus colegas, estendeu a mão.
— Bem-vindo à Classe C, Ayanokoji.
— Sim. Conto com vocês a partir de agora.
Depois de apertar a mão de Shimazaki, outros colegas se aproximaram um a um, pedindo para fazer o mesmo.
*
— Ah, Ryūen, aquilo de antes...! Mmph! — Justo quando Ishizaki tentava falar, Ibuki tapou sua boca, interrompendo-o de imediato.
Ryūen continuou caminhando sozinho, sem perceber que Ishizaki e os outros haviam parado.
Desde o começo, toda a classe, incluindo Ryūen, sabia que seria uma batalha difícil. Se enfrentassem com o estudo, seu ponto fraco, não havia possibilidade de vitória. Por isso, o objetivo deles era garantir uma vantagem futura em uma área diferente da vitória nos exames. Queriam envergonhar Ayanokoji e adiar sua ascensão ao posto de líder.
No entanto, seus planos foram completamente desfeitos. Ayanokoji tinha lido todos os seus movimentos e estratégias desde o início. Uma derrota completa. Um esforço em vão.
Eles haviam superestimado a situação, acreditando que Ayanokoji utilizaria um nível de pensamento e estratégia extremamente alto no exame. Mas, ao abrir a tampa, não havia nada de extraordinário.
Ayanokoji não fez nada de especial, simplesmente deixou claro seu excepcionalismo diante de sua classe e, consequentemente, para toda a geração. Ele obteve uma pontuação perfeita que ninguém mais conseguiu alcançar.
Ryūen o considerava uma ameaça extrema e lhe impôs todas as penalizações possíveis. Até previu que ele invadiria a classe com total confiança. Ou seria isso o que o tornava especial?
— Esse cara... está zombando de nós até o fim.
No final, Ayanokoji havia lido seus padrões de ação e sua psicologia. Até antecipou que tentaria agir com flexibilidade. Sem perceber, Ryūen bateu com o punho na parede do corredor. Seu corpo enviou uma mensagem, dizendo-lhe que ele precisava infligir dor a si mesmo para punir suas emoções.

Embora a diferença nos pontos da classe tenha diminuído, ainda mantinham a vantagem. Se o próximo exame especial não fosse uma competição acadêmica, teriam uma chance de ganhar.
Se perdessem, bastaria vencer na próxima. E se perdessem novamente, precisariam apenas ganhar depois. Até então, esse era o seu princípio fundamental: a vitória final. Mas agora, esse pensamento começava a vacilar.
— Tch...
Arrogância, excesso de confiança, soberba: ele acreditava tê-las deixado para trás há muito tempo. No entanto, na realidade, ele havia caído em uma armadilha insignificante e sofrido a derrota.
— Será que realmente não posso ganhar sozinho...?
Lembrou-se da conversa com Sakayanagi, que havia deixado a escola algumas semanas atrás. Sem perceber, Ryūen começava a se adentrar em um túnel longo e escuro.
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