Velho Mestre Brasileira

Autor(a): Lion

Revisão: Bczeulli e Delongas


Volume 3

Capítulo 99: Um legado.

Não era segredo que Mel tinha uma grande afeição por Tyler e talvez ele fosse sua única referência paterna dela. Então quando viu sua mãe nos braços dele, ficou muito feliz, afinal em sua cabecinha ela tinha um pai, ou um avô?

Bom, de qualquer forma a grande quantidade de bacon que Tyler lhe deu ajudou a aceitar ainda melhor a nova situação.

Comparado a isso, Tyler estava com problemas em se reconhecer, tanto fisicamente como mentalmente.

Ele já sabia que seu corpo era completamente diferente de sua aparência externa. Enquanto por fora ele ainda era um velho com rugas e cabelos brancos, por dentro ele era como um poldro de raça.

Ele já havia constatado isso quando lutou contra homens mais jovens, porém nessa noite quando ele e Calie fizeram amor, ela de forma alguma esperava que ele tivesse o vigor de um atleta na faixa dos 20 anos.

Pensando bem quando ela lhe perguntou se ele tinha tomado algum remédio, era até que justificável, outra coisa que estava mudando em Tyler era seu estado mental.

À medida que uma pessoa envelhece ela começa a ter algumas qualidades como paciência, temperança e longanimidade.

Mas ultimamente Tyler sabia que não estava agindo em seu eu normal, às vezes ele se sentia mais eufórico, em outros momentos mais agressivo, decisivo, impetuoso. Ele até pensou que estava com algum desequilíbrio hormonal ou coisa parecida.

Ele sabia muito bem que quando uma pessoa começa a agir fora do seu eu normal, pode muito bem ser consequência de remédios, ele até mesmo estava cogitando fazer um hemograma completo para ver se os seus padrões estavam corretos.

Agressividade, impaciência, impetuosidade, coragem e luxúria. São claramente características de pessoas jovens, todo mundo pode ver as diferenças na cabeça de uma pessoa de 15, 20, 25 e 30 anos.

Ele já vinha sentindo essas mudanças, mas depois de ter se relacionado com Calie elas começaram a se acelerar. Alguns dias depois ele passou em frente de uma banca de jornais e uma revista lhe chamou atenção.

[Revista Capricho: Saiba a idade mental do seu Crush!]

Aquela revista de fofocas teen causou uma explosão na cabeça de Tyler.

Sua mente estava se rejuvenescendo?

Nem de perto aquela revista poderia lhe dar alguma base científica confiável. Mas segundo ela, Tyler tinha 25 anos de idade.

Ele ficou com medo disso, muito medo!

“Será que eu vou passar pela puberdade novamente?” Ele pensou assustado.

Com um medo crescente, ele preferiu não pensar nisso por enquanto.

Conforme os dias iam se passando, Tyler e Calie passaram cada vez mais tempo juntos. Depois de uns tempo Juan alertou Tyler que seria melhor ele sair de casa logo para que ele passasse os bens antes do dia D, sendo assim ele achou melhor ir morar com Calie por enquanto.

Tyler sabia muito bem o inferno que seria de investigações e processos. Se ele ao menos garantisse que a casa e uma boa quantia de dinheiro fosse para Calie e Mel, ele ficaria mais tranquilo.

Algumas noites depois Tyler começou a questionar Calie sobre algumas coisas, sobre mudar-se para outro mundo. E o resultado não foi como ele esperava.

“Meu anjo, o que você acha desse filme?” Tyler perguntou enquanto os dois estavam no sofá assistindo “O senhor dos anéis.”

“Orlando Bloom está fantástico, queria um elfo desses para mim.” Calie o provocou.

Tyler revirou os olhos e disse. “Estou falando da história, deste mundo, o que você acha dele?”

Calie ficou pensando e depois disse. “É horrível!”

“Hã, como assim?” Tyler quis saber.

“Olha, lá tem monstros, orcs e trolls. Quem quereria viver num lugar desses?” Ela respondeu.

“Mas você não acha legal que é um espaço aberto para novas descobertas, como é um mundo medieval as possibilidades são infinitas. Se pode construir e ensinar toda uma sociedade do jeito certo.” Tyler tentou convencê-la.

“Tinha me esquecido disso, a era medieval era mais horrível que esses monstros todos. Era uma época em que a mulher não valia nada e tudo era difícil, as pessoas morriam de gripe!” Calie disse revirando os olhos.

“Sei...” Tyler ficou um pouco triste, e decidiu perguntar mais sobre essa questão no futuro.

 

[Dia 150.]

 

“Tyler tem algo errado aqui na planilha de despesas.” Calie entrou no escritório com uma folha em mãos.

“O que é?” Ele perguntou.

“Aqui está dizendo que você comprou 6 ovos assassinos por 4 milhões cada.” Calie franziu o cenho. “Isso é algum tipo de jogo ou brinquedo para os garotos? Você os estraga muito.”

“Hahaha.” Tyler gargalhou alto. “Meu anjo, esse é o apelido de um helicóptero! O MH- 6 da Boeing.” Ele explicou.

“E para que você quer?” Calie ainda estava confusa.

“Parece que em algum tempo no futuro haverá uma compra grande dos militares e eles vão estar no pedido.” Tyler mentiu.

“Entendo, é a mesma coisa com os motores da Pratt & Whitney?” Ela perguntou novamente, embora ela não fosse uma expert em aviação, ela tinha trabalhado na área e sabia que essa era uma das mais conceituadas fábricas de motores aeronáuticos.

“Sim, estou comprando alguns turboélices deles.” Tyler confirmou.

“Ainda quer ir para o Arizona?” Ela perguntou enquanto dava o aval na compra.

“Claro, tem muitas coisas que eu quero comprar lá.”

Tyler sabia sobre o que ela estava se referindo quando perguntou sobre o Arizona. Ela estava falando sobre Davis-Monthan, lá é onde teoricamente reside a segunda maior força aérea do mundo.

Quando os meios aéreos de todas as forças armadas dos EUA se aposentam, eles vão para lá. Em um deserto onde raramente chove e a umidade relativa do ar quase nunca atinge mais que 20%, é um dos melhores locais para se manter esse tipo de equipamento.

Ali estão guardados aviões desde a segunda guerra mundial, Alguns só estão parados, pois podem ser restaurados e enviados para o serviço ativo em caso de necessidade, outros são depenados para que suas peças sejam enviadas para os que ainda estão em serviço, mas ainda existia uma terceira opção. A venda.

O foco de Tyler era em aviões antigos que com algum trabalho poderiam voltar a voar, ou então só as peças e instrumentos já seriam de grande ajuda.

“Quer levar a Mel para conhecer?” Tyler perguntou.

“Posso levá-la?” Calie ficou esperançosa.

“Claro, por que não? Um cemitério de aviões é algo que empolga qualquer um.” Tyler riu.

 

[Dia 170]

 

“Bom dia professor Takashi.” Tyler cumprimentou o homem, eles estavam em uma sala reservada de um luxuoso restaurante.

“Bom dia, é um prazer revê-lo.” O professor Takashi respondeu sorrindo, hoje era a última reunião com Tyler. Ele negociou fornecer um banco de sementes para Tyler em troca de verba para suas pesquisas, com ajuda de vários estagiários loucos por atenção ele conseguiu terminar antes do previsto.

“Professor, eu devo dizer que a empresa para a qual trabalho está muito satisfeita com seus esforços.” Tyler sustentou sua mentira. “Agora eu pessoalmente queria saber sobre a sua pesquisa.”

“Bom.” Takashi começou a falar, se fosse antes ele teria negado dar qualquer informação, porém Tyler agora era praticamente seu financiador. “Estamos pesquisando alguns tipos de plantas aquáticas que podem diminuir os níveis de poluição nas águas dos rios nas grandes cidades.”

É claro que Tyler já sabia sobre isso, algum tempo atrás ele pediu aos meninos que invadissem os servidores da Universidade de Tókio e lhe dessem uma cópia dos estudos. Tyler sabia tudo sobre o desenvolvimento do projeto, o professor Takashi até teve um razoável êxito em encontrar espécies de plantas que podiam fazer algumas dessas tarefas, só que quando uma planta tinha a capacidade de oxigenar a água, ela não podia filtrar a poluição, e quando uma tinha essa capacidade, não tinha a outra.

E assim ficava em um jogo de gato e rato onde o professor não conseguia equilibrar essas e outras qualidades desejadas em uma só planta, ele mesmo já tinha partido para entrar na manipulação genética, contudo essas técnicas são muito caras e só agora com o apoio financeiro de Tyler isso poderia ser possível.

“E se eu pudesse te ajudar?” Tyler perguntou.

“Eu adoraria.” Takashi sorriu, ele pensava que Tyler teria algumas dicas e no máximo mais algum financiamento.

“Olhe esse arquivo primeiro.” Tyler puxou um tablet e mostrou um vídeo.

Era uma timelapse de várias plantas cultivadas na horta dele, o processo desde a semente até a frutificação. Nele várias plantas diferentes eram mostradas, quadro a quadro, hora a hora.

Milho, ervilha, morango e abóbora. Tyler fez questão de anotar cada variável e dado possível.

“Ah...” Takashi estava pasmo, ele não parava de passar os dedos na tela e procurar por todas as informações. “Isso é real?” Ele perguntou depois de esquadrinhar cada linha possível.

“É claro.” Tyler riu e provocou. “Experimente.” Ele abriu uma maleta e deu um morango para o professor.

Com as mãos trêmulas o professor pegou aquele morango, ele era grande e tinha um vermelho vivo muito intenso a única palavra que ele conhecia para descrevê-lo era, perfeito.

O professor cheirou, observou e por fim, mordeu.

Tyler pensou se fez cara de bobo quando comeu pela primeira vez um morango desses, os sucos escorriam pelo canto da boca. “E então?” Ele quis saber.

“É simplesmente maravilhoso, que espécie é essa?” Takashi estava morrendo de curiosidade.

“Ele é um morango comum.” Tyler respondeu.

“Onde no mundo isso é comum?” O professor bufou.

“A semente era comum, o segredo é isso aqui.” Tyler mostrou um núcleo de fera.

“E isso é?” Takashi ajeitou os óculos para enxergar melhor.

“Se quer minha ajuda, isso deve ser algo que você não precisa saber e nem ir atrás de respostas. E não se preocupe, não há nada de errado nisso, não é radioativo ou tóxico de qualquer forma. Isso é uma invenção minha, mas eu quero manter segredo disso.” Tyler inventou uma mentira.

“E como se chama isso, como funciona?” Takashi sondou.

“Olha, isso se chama Núcleo Composto Nutricional, ou NCN para os íntimos. Ele é como um super fertilizante que acelera o crescimento das plantas e faz com que os frutos sejam supersaudáveis.” Tyler respondeu.

“E por que o senhor está me mostrando?”

“O NCN tem uma característica bem inusitada, ele facilita muito o cruzamento entre espécies, acho que fazer o melhoramento genético das suas plantas pode ser algo muito fácil!” Tyler explicou.

“E o que o senhor ganha com isso?” O professor ainda não tinha entendido o ponto de Tyler.

“Com isso nada, eu só quero sua ajuda no futuro com outra questão.”

“Qual?” Takashi quis saber.

“Sabe quantos bilhões são movimentados por ano com produtos de cuidado íntimo feminino?” Tyler fez mistério. “E se eu tivesse um remédio que fosse um anticoncepcional 100% eficaz e ao mesmo tempo interrompesse por completo o ciclo menstrual da mulher? Ou seja, além de uma leve dor de cabeça ou uma cólica mínima, não há quaisquer outros incômodos clássicos.” Tyler esclareceu.

“Isso é possível?” Takashi estava incrédulo.

“Sim, olhe aqui.” Tyler levantou uma pequena planta de dentro da maleta. “Como sabe, eu vivi muitos anos na amazônia e descobri que uma tribo de lá já usa essa planta há séculos sem nenhum problema.”

“Eu nunca vi uma planta assim.” O professor falou, ele era muito mais experiente que Tyler nessa área, mas mesmo ele nunca tinha ouvido falar de uma planta com tais propriedades. “O que o senhor propõe?”

“Bem, como sabe, eu já sou velho e não tenho muito tempo de sobra. Eu lhe dou essa planta e os direitos sobre a pesquisa e desenvolvimento. 50% dos ganhos serão seus e 50% serão divididos entre minha herdeira e centros de pesquisa, hospitais e orfanatos.” Tyler propôs.

“Só isso?” Takashi perguntou.

“Se você acha que encontrar alguém confiável o bastante para fazer uma proposta dessa é fácil, então sim, é só isso.” Tyler brincou.

“O senhor sabe que estamos falando de talvez bilhões de dólares.” O professor perguntou.

“Sim, quer ou não, com esse dinheiro todos os problemas para financiamento de suas pesquisas hoje e amanhã serão solucionados.” Tyler deu uma pressionada básica.

“Eu aceito...” Ele suspirou.

“Bom, então vamos ver meu advogado.” Tyler se levantou e chamou o homem.



Comentários