Volume 3
Capítulo 96: A cortina da guerra se abre.
“01, eles acabaram de passar pelas portas da cidade!” Alguém passou a informação por rádio.
Tyler não achou ruim que eles tentassem fugir, como ele queria manter tudo em segredo, seria mais difícil inventar um modo de sequestrar todos dentro da estalagem.
Pegando a camionete Tyler pôde alcançar a carruagem bem fácil.
“Posso vê-los!” Nº 3 gritou.
“Se segurem, eu vou pará-los!” Tyler gritou.
Em um movimento ousado Tyler os ultrapassou, assim que ficou na frente ele deu um cavalo de pau e fechou a passagem.
Vendo seu movimento impedido, o cocheiro puxou para o lado com força. Não importa se é uma carruagem de luxo ou uma simples, todas elas têm uma coisa em comum, a falta de estabilidade!
As rodas grandes e o centro de massa muito elevado fazem com que elas sejam muito frágeis nas curvas em alta velocidade. Assim que a carruagem saiu da estrada ela perdeu o controle e tombou.
“Não deixem ninguém fugir, capturem todos!” Tyler gritou enquanto saltava do carro.
Ele fez questão de deixar os faróis iluminando toda a cena do acidente.
Da carruagem tombada dois soldados saíram com espadas em punho, eles nem tiveram tempo de sair de cima quando dois trovões romperam no ar.
* Tiro * Tiro * Tyler foi rápido e preciso, os corpos sem vida se desequilibraram e caíram.
“Saiam desarmados e com as mãos para cima, ou então vocês vão morrer agora!” Tyler ordenou.
***
Amom:
Poucas pessoas sabiam, mas Amom não era um simples comerciante. Na verdade ele era um dos principais conselheiros do rei Caligas.
O Reino Central era de longe o mais poderoso dos reinos humanos, por muitos anos desde a sua fundação, o comércio tinha sido uma das maiores fontes de renda, contudo o rei atual tinha encontrado uma outra fonte de renda tão boa quanto.
A guerra!
Várias áreas de terra foram tomadas do Reino do Sul e das ilhas além-mar. Ouro e prata foram tomados, escravos foram feitos, medo e terror foram espalhados.
Nada poderia abalar a posição desse reino, nem mesmo a união entre os outros reinos. Foi então que um rumor surgiu.
No princípio era apenas uma história fantasiosa sobre um velho misterioso que livrou uma cidade inteira de trolls e goblins.
No começo ninguém acreditou, há muito tempo os menestréis cantavam canções com homens fazendo coisas impossíveis, contudo as histórias iam se repetindo e aumentando, essa lenda se tornou verdade quando o rei decidiu fazer desse misterioso velho o seu herdeiro.
A cidade que ele tomava conta crescia muito mais que os sonhos dos loucos. Vendo uma ameaça crescendo bem debaixo do seu nariz o rei Caligas mandou vários espiões, e todos eles retornaram contando a mesma coisa. Aquele homem era uma ameaça!
Caligas soube que o velho tinha carruagens muito mais rápidas e armas tão poderosas que podiam tombar um gigantesco troll.
A primeira abordagem foi tentar comprar aquele homem, Amom tentou comprá-lo, mas não havia nenhuma abertura, nem mesmo comprar uma de suas armas era possível.
Por sorte um de seus soldados foi fraco e cedeu às tentações do dinheiro.
Amom soube que algo estava errado quando um de seus melhores homens não voltou depois de sair para se encontrar com o guarda, sempre precavido ele decidiu fugir nessa noite e voltar outro dia.
Quando saiu da cidade ele pensou que estava tudo bem, mas então aquele velho estava lhe perseguindo… Era o fim…
***
Tyler:
“Não há mais ninguém dentro da carruagem.” Noeru falou.
“Mestre Newman, qual o motivo de tudo isso?” Amom jogou verde, eles estavam todos ajoelhados e enfileirados. Ele viu que tinha que fazer de tudo para garantir a sobrevivência dos príncipes.
“Nenhum, eu só tenho o costume de caçar porcos quando o tempo está bom.” Tyler cuspiu de volta.
“Como ousa?!” Tórus que parecia ser o mais imprudente dos três, rugiu.
“Achou ruim?” Tyler se aproximou e deu um tapa de mão aberta na face dele.
O estalo soou alto na noite, o príncipe perdeu o equilíbrio e caiu cuspindo sangue. “Você tem a cabeça feita de merda e não entendeu em que situação está?” Tyler perguntou.
“É você quem não sabe de nada.” Tórus falou enquanto tentava se levantar.
“Acha que eu me importo com você? Com sua vida ou morte, com seu pai?” Tyler perguntou olhando firme nos olhos dele.
“Se não tivesse medo do meu pai, seria um tolo!” Tórus falou.
Tyler abaixou-se até ficar na altura dos olhos dele e então disse. “Eu tenho tanto medo do seu pai quanto eu tenho de um verme, sabe a razão d'eu não ter lhe matado ainda?”
“Me matar, você é louco?” Tórus começou a rir.
“Pare!” Amom gritou. ‘Esse moleque não tem noção do perigo?’
Tyler pegou a pistola e colocou embaixo do queixo de Tórus. “Que tal morrer agora?”
“Hã?!” As pupilas do príncipe se contraíram um momento antes dele ver um clarão e então não houve mais nada.
Como um tolo que era Tórus não percebeu que a morte estava bem ali na sua frente, até ser tarde demais.
“Louco… Você trouxe a guerra para o seu reino...” Mesek falou.
“Covarde, foram vocês quem iniciaram a guerra e agora querem fugir? É tarde demais agora.” Tyler falou de volta, parecia que nem mesmo o príncipe tinha percebido que havia se urinado todo.
“Por favor, não faça mais nada… O rei pagará muito ouro se você devolver esse outro, eu garanto que não haverá represálias, nós aprendemos a lição. Faremos uma aliança de paz!” Amom propôs.
“Você tem esse poder?” Tyler ficou curioso.
“Eu sou um dos conselheiros mais chegados do rei, ele me ouvirá se eu contar como você é forte.” Amom corria contra o tempo para achar uma saída.
“Eu só vejo o seu lado ganhando com a paz, onde eu ganho?” Tyler sorriu, no futuro ele não tinha planos de fazer guerras desnecessárias, contudo ele não podia deixar grandes ameaças como essas crescerem.
“O rei tem uma única filha, ele poderá dar a mão dela e pagar tributos todos os anos, ou quem sabe até unificar os nossos reinos. Veja bem, temos muito dinheiro e poder, eu sei que o lorde não é um homem comum, podemos conseguir tudo o que o lorde pedir!” Amom já estava desesperado, ele estava falando coisas que nem sabia se poderia cumprir.
Tyler ouviu toda aquela súplica de forma impassível. “Amarrem todos e vamos para a casa.” Ele ordenou.
***
Fora os dois guardas que morreram, ainda restava mais três, junto com Mesek e Amom. Tyler não queria saber de mais trabalho e deu fim neles.
Mesek era um príncipe, ele estava acostumado a ter controle sobre tudo. Mas agora quando ele se encontrou com esse velho louco, suas defesas mentais caíram como peças de dominó.
“É o seguinte, eu tenho várias perguntas e pouca paciência e tempo. Vamos fazer isso do jeito fácil ou difícil?”
“E… eu… não vou falar nada.” O jovem se esforçou para mostrar força.
“Que pena!” Tyler socou o estômago do rapaz.
“Pfff...” Ele cuspiu sangue.
“Vamos de novo, eu quero que você me conte uma história, uma história sobre como funciona o Reino Central.” Tyler falou.
Mesek até tentou ser firme, mas depois de mais três socos ele começou abrir o bico.
Tyler começou a ouvir coisas terríveis, parece que o Reino Central era um reino de terror. Embora na superfície ele fosse próspero e poderoso, os seus cidadãos viviam na miséria e opressão.
Parece que apenas o rei e os seus nobres viviam confortavelmente, ao contrário dos outros reinos, lá a escravidão era legal e garantia uma enorme fonte de renda.
“Parece que achei o primeiro país comunista de verdade!” Tyler suspirou e saiu para tomar um ar.
As coisas não estavam indo bem na sua cabeça, agora ele via como certa uma guerra contra o Reino Central.
“O que faremos com esses dois?” Nº2 perguntou.
“Leve-os escondidos para a capital, o rei Otaviano deve ter algumas perguntas para Amom.” Tyler respondeu. “Noeru, pegue os outros homens e vá com a carruagem deles até perto da fronteira. Lá simule outro assalto e ponha fogo nela junto com os corpos.” Ele ordenou.
“Certo.” Noeru assentiu e já partiu junto com alguns outros soldados.
“Mestre?” Jaques se aproximou.
“Diga.”
“Nós estamos partindo para onde foi dito que eles abandonaram minha Helena, mesmo que ela esteja morta eu não quero que ela fique esquecida nos campos, posso ter a sua permissão de procurá-la?”
“Claro, tome o tempo que precisar lá.”
Tyler tinha aparado todas as pontas soltas, seria difícil o Reino Central acusar ele de alguma coisa, mas é certo que eles saberiam, Tyler não estava preocupado em entrar em guerra, ele só queria ter tempo suficiente de preparar um exército decente.
Tyler ficou mais uma semana, além de fazer mais poços para os nobres vizinhos, ele formou novas alianças. Ele recebeu uma boa quantia de dinheiro dos nobres e também tinha uma quantidade considerável que ele pegou dos príncipes.
***
“Bem-vindo!” Shift saudou Tyler.
“Obrigado.” Tyler respondeu.
“O advogado passou algumas recomendações, elas estão na sua mesa.” O rapaz informou.
“Certo, onde estão o resto dos rapazes?” Ele quis saber.
“Os garotos foram comprar alguns materiais para o supercomputador e Calie está no escritório.”
“Já estão montando o computador?” Tyler ficou surpreso.
“Sim, na verdade falta pouca coisa na questão do hardware e como o software foi encomendado, estamos terminando a nossa parte.” Shift parecia orgulhoso.
“Vocês estão fazendo tudo muito melhor do que eu podia imaginar, obrigado!” Tyler elogiou.
“Obrigado. Ahh, tio! Não sei se o senhor sabe, mas hoje é aniversário da Calie.”
“Eu não sabia, muito obrigado.” Ele se despediu do rapaz e foi até a sala dela. “Trabalhando até tarde?” Tyler colocou a cabeça para dentro.
“Oi! Já estava indo para casa, só terminei um pedido com o fornecedor.” Calie respondeu com um sorriso.
“Quer jantar comigo hoje?” Tyler perguntou.
“Jantar?” Calie parecia surpresa.
“Sim, não é seu aniversário hoje?”
“Hoje? Espere, que dia é hoje?” Calie estava confusa, ela pegou um calendário de papel que ficava em cima da mesa e olhou. “Como eu pude me esquecer?!”
“Hahaha, é uma prova de que você está ficando velha. Ainda bem que eu não sei o que é isso.” Tyler brincou. “Que tal você ir para casa, se arrumar e eu te pego depois.” Ele sugeriu.
“Não sei, está em cima da hora, arrumar uma babá será complicado.” Calie quis recuar.
“E que mal há em levar a garota?” Tyler deu de ombros. “Vai ser divertido, eu lhe pego às oito.” Ele sorriu para ela.
“Já que estou sendo coagida, eu aceito.” Calie sorriu de volta.