Volume 3
Capítulo 92: Segunda chance.
“Tem certeza de que ele é bom?” Tyler perguntou a Shift.
“Bom, ele atende a todos os quesitos que o senhor pediu e o melhor é que ele é daqui de Houston.” O garoto confirmou.
“Cancele meu cronograma para esta tarde, eu vou vê-lo.” Tyler afundou-se na cadeira pensando em como tinha chegado nessa situação, ele agora iria em busca de um dos seus maiores inimigos. Os advogados!
“Certo.” O garoto assentiu e foi arrumar a agenda.
“Não, eu não aceito esse valor! Vocês estão pensando o quê? Meu pedido é bem simples, eu quero isso por esse preço, se você não puder me fornecer eu compro de outro!” Tyler estava na porta do escritório de Calie e sem querer ouviu ela gritando com os fornecedores.
* Batidas na porta *
“Entre.” Calie chamou.
“Não sabia que você era linha dura.” Tyler brincou.
“Nem eu, mas eles ficam aumentando os preços! É como se pensassem que só eles existem no mundo.” Calie estava brava.
“Não fique tão estressada, vá com calma.” Ele aconselhou.
“Não estou estressada!”
“Tá bom...” Tyler deu de ombros. “Mas está dando certo?” Ele quis saber.
“Sim, tem dado certo, diminuí em quase 10% os valores totais das compras.” Calie sorriu orgulhosa.
“Nossa!” Tyler estava verdadeiramente surpreso, para uma pessoa comum que compra apenas uma unidade não sabe o quanto é difícil um desconto quando se compra no atacado, em uma compra de dezenas de milhões 10% são milhões.
“Quando fechar o mês eu lhe passo um relatório completo, mas o que você queria comigo?” Ela perguntou.
“Eu só passei para avisar que estou indo para uma reunião em Houston e não volto mais hoje.” Tyler avisou.
“Mesmo? Eu não sabia dessa reunião.”
“É… ela foi marcada de última hora, estou indo ver alguém que não queria ver.” Tyler fez uma cara azeda.
“Quem?” Calie ficou curiosa.
“Um advogado.” Tyler aumentou a cara azeda.
“Não gosta desse advogado?”
“Não é esse advogado, são todos os advogados! Sabe o porquê eu nunca fiz um curso de direito?” Tyler perguntou.
“Não, por quê?”
“Ali é um antro de comunistas, tenho horror a advogados.” Tyler teve até um arrepio enquanto falava.
“Então qual o motivo de ir em um advogado?” Calie perguntou.
“A empresa está desfalcada na área jurídica, eu tenho que resolver isso.”
“Entendo, está indo agora?” Ela quis saber.
“Sim.”
“Até amanhã então.” Calie se despediu.
***
Tyler estava parado na frente de uma verdadeira mansão, ela ficava em um luxuoso condomínio, só estrelas de cinema e esportistas famosos moravam aqui.
Tyler tinha pesquisado um pouco sobre esse seu advogado, o nome dele era Juan Carlos Cardena, descendente de imigrantes mexicanos ele nasceu em um lar pobre. Seu pai morreu cedo, contudo sua mãe lhe deu uma criação muito firme, fazendo questão de que ele estudasse muito, pelo visto deu certo, ele foi bolsista em uma universidade de prestígio e logo após formado conseguiu ganhar vários casos de grande repercussão.
O problema que Tyler via, era que “tecnicamente” esse homem tinha deixado vários bandidos à solta. O Texas faz fronteira direta com o México e é uma das maiores portas de entrada de drogas e armas nos EUA, Juan foi contratado por alguns cartéis para defender alguns dos chefões presos. Tyler estava tendo sentimentos complicados.
O problema não era o advogado ser assim, o problema era ele precisar de um assim…
“Bem-vindo à minha humilde casa.” Juan atendeu a porta, ele era um homem na casa dos 40 anos, tinha a pele morena e um físico típico para alguém com sua ascendência.
“Obrigado.” Tyler respondeu e seguiu o homem até o seu escritório.
“Senhor Newman, recentemente tenho ouvido falar muito no senhor.” Juan disse.
“Bem ou mal?” Tyler ficou intrigado.
“Nem bem, nem mal. No meu ramo de trabalho as coisas têm tons diferentes, mas no que o senhor precisa de mim.” Ele perguntou.
“Primeiro me fale sobre o que você sabe de mim, e eu completo se faltar alguma coisa.”
“Bom, por onde começar… Seus pais morreram cedo e lhe deixaram uma boa fortuna, o senhor se tornou um excêntrico acadêmico, viajou o mundo todo e recentemente abriu algumas empresas, a RH Storage é a mais conhecida. Muitas empresas grandes, principalmente do setor de armas de fogo, tem alugado espaços lá, pois a sua empresa, apesar de nova, é tida como uma das mais seguras.” Juan falou.
“Acho que isso é o que qualquer um sabe, mas o que o senhor sabe?” Tyler sondou.
Juan ficou batendo os dedos na mesa enquanto analisava o velho à sua frente. “O senhor tem comprado muito de muita coisa, quando digo muita coisa eu não exagero, parece que de cuecas a caminhões o senhor quer! Eu já pensei que o senhor era de um cartel de drogas, mas suas ações não são nada parecida com eles, o senhor tenta agir o mais legal possível e só burla a lei quando necessário.” Juan foi bem cordial quando usou o termo burlar em vez de quebrar. “Resumindo, eu sei um pouco das suas ações, mas não sei nada das suas intenções.”
“É realmente impressionante a sua rede de contatos senhor Cardena, eu acho...” Tyler não pôde terminar sua frase, pois uma empregada entrou correndo na sala.
(Fala em espanhol)
“Senhor Juan, a pequena Lupita piorou! Por favor, venha rápido!” A mulher gritou aos prantos.
“O quê!” O homem saiu do sério.
“Rápido, venha rápido.” A empregada implorou.
“Se ajudar de algum modo eu sou médico.” Tyler se prontificou.
“Rápido venha logo então!” Juan falou enquanto puxava Tyler.
Seguindo pelos corredores da mansão eles chegaram a um quarto, quando Tyler entrou ele se deparou com uma quase UTI.
Numa cama hospitalar estava o frágil corpo de uma menina, ela era pequena, Tyler supôs que ela tinha uns 9 ou 10 anos de idade, ela tinha a cabeça raspada e muitos equipamentos de suporte vital estavam ligados a ela.
Os bipes das máquinas estavam disparando de forma intermitente, já no primeiro olhar Tyler podia ver o que estava acontecendo, a garota tinha o peito subindo e descendo de forma exagerada. Ela estava hiperventilando, seus batimentos estavam muito além do que seria saudável, se ele não agisse logo, ela não resistiria por muito tempo.
“Onde está o médico dela?” Tyler perguntou a uma enfermeira que estava ao lado da cama.
“Ele saiu, mas já foi chamado de volta, em 5 minutos estará de volta.” Ela respondeu.
“Em 5 minutos ela estará morta.” Tyler rugiu, se o médico dela estivesse ali ele poderia ter uma luz do que estava acontecendo.
Tyler correu até a ponta da cama e pegou a prancheta que continha o prontuário dela. Rapidamente ele descobriu que ela tinha um tipo raro de leucemia, seu estado era terminal, ele achava que o pai da garota, a tinha trago para passar seus últimos momentos em casa.
Checando os últimos remédios dados a ela, Tyler descobriu o erro, o remédio para dor estava tendo uma reação adversa com o indicado para o coração.
“Esse remédio foi dado a ela?” Tyler levou a prancheta até a enfermeira.
“Sim, 20cc faz menos de 15 minutos.” A enfermeira confirmou.
Ouvindo isso Tyler correu para um pequeno armário de suprimentos no canto do quarto, com uma pressa desenfreada ele foi cavocando tudo a procura de algo que poderia cortar o efeito.
Tyler quase quis se ajoelhar e fazer uma prece quando encontrou. Sem perder tempo ele usou uma seringa e aplicou a medicação no acesso intravenoso dela.
Como mágica os batimentos foram diminuindo até voltarem ao normal.
“Ela está bem?” O pai perguntou.
“Sim, ela teve uma reação por causa de dois medicamentos que entraram em conflito.” Tyler esclareceu.
“O quê? Eu vou matar aquele médico desgraçado!” Juan rugiu de raiva, sua filha tinha quase morrido e se não fosse por esse homem, ele nem sabe o que mais faria da vida.
“Não fique tão zangado assim, essa reação é muito rara, normalmente ninguém mistura esses dois remédios, foi mais a situação delicada que sua filha tem que forçou o médico dela a usar esses dois medicamentos.” Tyler falou.
“De qualquer forma, eu ainda vou querer boas explicações! E obrigado por salvar minha filha.” Juan falou com total sinceridade.
Tyler olhou para a menina e viu o rosto de Mel nela. Pelo que tinha lido no prontuário, a menina não tinha mais que um mês de vida.
“Pode mandar os outros se retirarem?” Tyler perguntou.
Vendo a expressão desse velho homem, Juan não pôde deixar de atender ao seu pedido.
“Eu acho que posso curar sua filha.” Tyler soltou assim que a porta se fechou.
“Hã?!” O pai estava confuso.
“Isso mesmo, eu acho que posso fazê-la melhorar.” Tyler falou novamente.
“E o que quer em troca?” Juan não acreditava em pessoas boas.
“Eu não confio em advogados, mas confio em pais amorosos, acho que se eu curar sua filha você não vai armar contra mim.” Tyler foi simples e reto.
“Você faz parte de algum tipo de cartel ou máfia?” O homem sondou.
“Não, embora eu seja bem estranho, não planejo machucar ninguém, no máximo darei calote em alguns bancos, eu quero você para proteger certas pessoas.” Tyler explicou.
“Se você salvar minha filha eu farei o que você quiser!” Juan falou em tom resoluto.
“Espere um pouco.” Tyler falou e correu até o carro, ele sempre andava com algumas pílulas de yang sangrento e raiz de Lirana.
Depois de voltar, ele fez o mesmo procedimento que tinha planejado fazer em Clare, ele abriu os comprimidos e os misturou em um soro.
Tyler colocou 3 comprimidos de cada, ele não tinha experiência alguma. Saber o quanto deveria dar era uma incógnita, e Tyler tinha que colocar aos poucos para saber como a criança reagia.
“O que são esses comprimidos?” Juan perguntou.
“Eles são algumas drogas experimentais que eu ganhei de um CEO de uma grande empresa farmacêutica, eles só entrarão em teste daqui a 5 anos, por isso não conte a mais ninguém, e eu quero que você mesmo dê os comprimidos a sua filha, se o médico perguntar não responda.” Tyler teve que mentir.
“Se ela ficar boa, eu farei o que você quiser.”
“Isso é bom.” Tyler sorriu.
“Papai?” Uma voz frágil soou.
Tyler ficou impressionado com a rapidez com que a menina ganhou força, ela estava um pouco mais corada e viva.
“Estou aqui!” Juan correu e abraçou a garota.
‘Menos um na lista.’ Tyler pensou nos seus planos de ir embora para Aurora.