Volume 3
Capítulo 85: De volta à floresta.
Macal parecia uma criança na manhã de natal, Tyler tinha marcado com ele para sair de manhã cedo, mas pelo visto a excitação era tão grande que antes do amanhecer ele já estava esperando.
É engraçado como uma pessoa fica meio envergonhada quando se está em um local estranho. Só agora Tyler tinha percebido que nunca tinha dado carona para ele.
Tecnicamente, este era o terceiro veículo que vinha para esse mundo, o primeiro foi o ATV, o segundo foi com o seu Ford Bronco e o último era uma de suas novas F-22.
Da primeira vez, nem havia uma estrada saindo da montanha. Agora além de uma estrada ampla, muitos viajantes cruzavam o reino.
“Acha diferente das carruagens puxadas a cavalo?” Tyler perguntou.
“Não há como comparar, é tão mais confortável. O balanço da estrada não é sentido, mesmo quando vamos rápido!” Macal elogiava enquanto passava os dedos pelo painel.
“Não lembro de ter andado em uma carruagem.” Tyler falou.
“Não é tão agradável quanto parece, é quente no verão e fria no inverno, balança muito e se você tiver o azar de pegar um cavalo que peida muito, sua viagem será mais longa!” Macal explicou.
“Andar em carruagem tem todos esses inconvenientes?” Tyler perguntou.
“Eu nem mesmo tinha me dado conta, foi só quando entrei nessa carruagem que senti a diferença. O couro é tão macio, o banco é confortável e esse vento frio que sai é magnífico.” Macal fechou os olhos e colocou a cabeça perto da saída do ar-condicionado.
“Gosta de música?” Tyler perguntou.
“Claro, eu gosto de ouvir flautas e harpas, mas ainda me lembro dos sons que o mestre colocou na festa para os nobres.” O homem tinha uma expressão alegre, como se estivesse lembrando de algo muito bom.
“Que bom que gostou, quer ouvir de novo?” Tyler quis saber.
“Posso??!!” O homem estava surpreso.
“Claro, espere um momento.” Tyler começou a mexer na central multimídia.
Para não assustar muito, Tyler optou por música clássica. Ele tinha todos: Beethoven, Bach, Vivaldi e companhia; seu preferido era Vivaldi, as quatro estações era uma de suas preferidas. Porém, por mais absurdo que pareça, foi no exército que ele conheceu outro de seus autores preferidos, Wagner.
Quem já ouviu Wagner sabe que suas canções inspiram a batalha, e alguns generais as tocavam quando os soldados estavam no campo de batalha.
Não foi nem uma, nem duas vezes que Tyler lutou contra vietcongues ao som da Cavalgada das Valquírias (Uma das obras de Wagner). Não era raro ter helicópteros armados apenas com caixas de sons sobrevoando o campo de batalha.
O engraçado é que não se passou pela cabeça dos generais que todos nós éramos um bando de retardados com 20 anos de idade cheios de testosterona. Qualquer pessoa normal saberia que isso é uma receita para o desastre, então muito mais vezes nós lutamos ouvindo AC/DC.
Até hoje, toda vez que Tyler ouvia thunderstruck ele tinha uma vontade súbita de atirar. Sério, não era brincadeira.
Por muito tempo Tyler pensou que sofreu alguma lavagem cerebral de tanto que sua vontade de atirar era forte.
“Mestre Newman, até que idade o seu povo pode viver?” Macal perguntou depois de um tempo.
“Hum?” Tyler foi pego desprevenido.
“Não me entenda mal, eu só estou curioso. Sua força e vigor estão a par com qualquer jovem que eu conheça.” Ele se explicou.
“Bom, meu mundo é um pouco diferente, nós não temos magia e também temos muita diferença onde vivemos. Há países onde se consegue viver muito e outros se vive pouco.” Tyler começou a formular uma resposta decente. “Se uma pessoa tem acesso à boa comida, médicos e vive em um local tranquilo. Pode chegar aos 90, existem casos e alguns chegando aos 111, contudo no geral se dá uma média de 70 ou 75 anos.”
“É bem menos que aqui.” Macal falou.
“Sério?” Tyler estava surpreso.
“Sim, assim como no mundo do mestre tem essas diferenças, aqui também há. Mas há diferença fica só entre os nobres e os plebeus, contudo mesmo um plebeu se for morrer só de velhice ele chega aos 90, um nobre pode viver 120 ou 130 anos. Ouvi um caso de um nobre do reino do oeste que viveu até os 155 anos, mas ele não conta muito porque era metade anão.”
“Eu tenho duas perguntas, por que os nobres vivem tanto a mais que os plebeus e por que o homem ser metade anão faz diferença?” Tyler perguntou.
Macal tinha um olhar confuso quando escutou as palavras de Tyler, mas depois se deu conta de que ele era um homem de outro mundo. “Os nobres vivem mais, pois podem ter acesso à carne de feras e ervas medicinais.” Ele explicou. “Já o fato daquele homem ser metade anão influencia porque os anões vivem muito, que eu saiba um anão pode viver 250 ou 300 anos de idade!”
“Tanto assim?” Tyler ficou boquiaberto.
“Os elfos podem viver 500 ou 600 anos, então não é tanto.” Macal deu de ombros.
“Isso explica muita coisa...” Tyler suspirou.
“Como assim?”
“Veja bem, imagine que você é um marceneiro, quão bom você seria se tivesse 400 anos de prática em entalhar madeira? E se você fosse ensinar um jovem aprendiz, quanto do que você saberia poderia passar para ele?” Tyler explicou.
Na verdade ele estava pensando longe. Na verdade ele estava pensando aqui na Terra, se os homens vivessem tanto quanto os elfos nós teríamos Newton, Einstein e Hawkings. Vivendo sob o mesmo céu, quão bom seria isso?
“É esse o motivo deles serem tão mais inteligentes que nós?” Macal perguntou, parecia que um véu havia se rasgado na sua mente.
“Sim, eu tenho quase certeza que sim, no meu mundo temos um ditado: a prática leva à perfeição! Acho que se aplica muito bem ao contexto.”
“Verdade, agora que o mestre explicou, eu também acho que seja isso.”
“Sabe se eles são os anões/elfos podem usar magias?” Tyler perguntou.
“Que eu saiba, os anões não. Eles têm uma ótima perícia em metais, são mais fortes que os homens, já os elfos, eu não tenho certeza, alguns dizem que sim, outros não. Mas há algo que todos concordam sobre eles que é o fato de serem incomparáveis na selva, eles são como espíritos, podem correr tão rápido como o vento e mesmo assim não fazer um único barulho. Eu já ouvi mercadores dizerem que eles têm uma forte ligação com a natureza e que podem controlá-la.”
“Sério?” Tyler ficou surpreso.
“Como disse antes, foi o que me disseram. O mestre deveria visitar as terras no além-mar depois que as coisas estiverem melhor.” Macal respondeu.
“Me explique um pouco melhor como são as terras além-mar.” Tyler pediu, já fazia algum tempo que ele estava curioso sobre esse assunto.
“Eu não sei muito, na verdade quase ninguém sabe muito sobre esse assunto. A distância entre as nossas terras e as terras dos elfos é enorme, para se atravessar o mar leva-se mais de dois meses inteiros.” O lorde explicou.
“E existe alguma ilha ou país no meio do caminho?”
“Sim, com certeza. Não é nenhum país, são apenas pequenas colônias que o reino central povoou para servir de apoio.”
“O comércio deve valer a pena.” Tyler suspirou.
“E como, o Reino Central só é poderoso por causa das suas minas e seus comércios com os elfos.”
“Como é o relacionamento deles com os elfos?”
“Não há quase nenhum, para falar a verdade. Os elfos fizeram a cidade portuária de Lirení, nenhum humano pode ir além dessa cidade e acredite os que tentaram ir além, ou tentaram desembarcar em outros pontos. Serviram como um claro exemplo.” Mesmo Macal tinha uma expressão estranha quando se lembrava dos rumores.
“Que tipo de coisas eles pedem em troca de suas mercadorias?”
“Ouro, prata e núcleos de feras, quase nenhum artesanato nosso ou vinho é digno de nota aos olhos deles.” Macal completou.
“Acha que eu conseguiria trocar meus produtos lá?” Tyler sondou, embora viajar para lá fosse inviável para ele agora, seria muito prático para ele comprar algumas coisas que servissem como uma futura ponte entre os reinos.
“Claro que sim, as coisas do mestre são de muita qualidade.”
“É perigoso ir lá, digo, existem feras no mar?”
“Claro, não se pode viajar sozinho, os navios sempre andam em esquadra, no mínimo se deve navegar com 10 barcos grandes, só assim as serpentes marinhas e outros seres podem ser combatidos.”
“Não deve ser fácil.”
***
Como da primeira vez, Tyler parou na beira da floresta, ele ficou lá por alguns minutos sem entrar, só esperando.
“Você voltou!” Uma voz suave soou perto de Tyler.
Mesmo sem olhar para trás, ele já sabia quem era. “Claro, eu disse que vinha novamente.” Tyler sorriu e cumprimentou a ninfa.
Jasmim estava exatamente como antes, exceto que não tinha mais aquela cara amarrada.
“Bom te ver.” Ela falou.
“Igualmente, tome para você.” Tyler entregou um pacote de M&M’s para ela, ele se lembrou de como ela tinha gostado de comê-los da primeira vez, e agora ele tinha lhe dado o pacote de 1kg.
“Aquelas sementinhas doces.” Os olhos dela brilharam.
“Sim, isso é só um presente, eu tenho outro para as fadas, mas precisarei de ajuda para levá-los, pode me conseguir?”
“Claro… cla...” Ela tentou falar enquanto enchia a boca.
Tosse* Tosse* Macal tentou se fazer notar.
“Oh, perdão. Jasmim, esse é um bom amigo meu o lorde Macal. Era um grande sonho dele conhecer criaturas como você.” Tyler fez as apresentações.
Enquanto Macal tremia de excitação, Jasmim nem deu muita bola. A ninfa estava muito concentrada em separar as cores das bolinhas.
“É um prazer conhecê-la!” Ele falou.
“Sim, sim.” Jasmim falou enquanto comia um M&M vermelho, parecia que ela gostava mais desses, embora não exista diferença nos sabores.
“Está pronto para conhecer o rei e a rainha das fadas?” Tyler perguntou.
“É o sonho de uma vida se realizando!” Macal respondeu.
“Então vamos.” Tyler falou quando vários cervos saíram da floresta.