Velho Mestre Brasileira

Autor(a): Lion

Revisão: Bczeulli


Volume 3

Capítulo 56: Empréstimos.

 

Quando Tyler acordou pela manhã ele tinha apenas um único objetivo em mente, ir ao banco e pedir um empréstimo.

Tyler era um economista e sabia muito bem das duas regras básicas para se conseguir um empréstimo bancário, a primeira era não precisar de dinheiro! Os bancos seguem apenas uma linha de pensamento, ‘Eu dou o tanto de dinheiro que você puder me pagar.’ nenhum banco é burro o suficiente de emprestar algo para um Zé ninguém que não pode pagar. E a segunda regra básica é ter papéis! Sim, muitos papéis. Comprovantes e mais comprovantes de que você tem como pagar o que está pedindo, na verdade, a segunda regra é uma forma de provar a primeira.

“Bom dia, é o senhor Newman?” O gerente de investimentos perguntou a Tyler quando ele entrou na sala.

“Sim, Tyler Newman, prazer em conhecê-lo.” Tyler cumprimentou.

“O prazer é meu, meu nome é Jeff Conrad, mas pode me chamar só de Jeff, o senhor é um homem bem difícil de se achar.” O homem falava enquanto acomodava Tyler na sala.

“Então me chame apenas por Tyler também, desculpe-me por não ter vindo mais cedo conhecê-lo, eu estava em uma viagem de negócios no exterior e não pude vir.”

“Não se preocupe, o importante é que o senhor está aqui agora.” O gerente foi extremamente cortês. “A viagem foi boa?” Jeff sondou.

“Sim, ótima! É sempre bom fechar negócios com grandes empresas.” Tyler já sabia exatamente o rumo da conversa que esse homem seguiria, cada agência bancária tem uma meta de dinheiro que obrigatoriamente tem de emprestar, se uma agência fica abaixo do valor estipulado, ela fica negativada e o funcionário não ganha um bônus no final do ano. Esse gerente estava doido para bater sua meta com Tyler, ele não estava perguntando apenas por educação, ele queria extrair o máximo de informações possíveis para saber se realmente é viável conceder um empréstimo a Tyler.

“Que bom.” O homem sorriu. “Então sua empresa está indo bem?” Ele quis saber.

“Qual delas?” Tyler se fez de desentendido.

“O senhor tem mais de uma?” O gerente ficou confuso.

“Sim, eu tenho algumas, uma de aluguel de depósitos, uma de artigos militares, uma construtora, uma revenda de carros, maquinaria pesada e uma distribuidora para atacados.”

“Não sabia dessas suas empresas, eu sabia apenas da US Storage.”

“Elas são recentes, eu recebi um dinheiro e investi com alguns amigos.”

“Isso é muito bom, elas estão indo bem?” Jeff investigou.

“Se estão. O cenário foi perfeito, tínhamos um excelente capital para iniciá-las e o mercado as aceitou com louvor, o nosso investimento total neste ano será quase 100 milhões, mas nossas perspectivas são de retorno em apenas três anos!”

Phuufff!!! O gerente cuspiu o café que tinha acabado de pôr na boca.

“O senhor está bem?” Tyler perguntou de forma inocente.

“O café estava quente!” O homem mentiu. “Senhor Newman, o senhor estaria interessado em acelerar o retorno do seu investimento?”

“Ora, isso seria ótimo, como posso fazer isso?” Tyler tinha jogado a isca e agora já estava puxando a linha de volta.

“Se o senhor tivesse mais capital, poderia abrir filiais, comprar mais equipamentos ou modernizar sua empresa!”

“Eu e meus investidores não temos mais dinheiro, vamos ter que esperar o retorno das próprias empresas para poder ver algum dinheiro.”

“Mas isso não é nenhum problema, eu tenho uma linha de crédito especial para pessoas como o senhor.”

“Senhor Jeff eu não quero ser rude, mas nós temos pouco tempo de firma aberta e apesar de termos um bom capital inicial no momento não temos dinheiro sobrando. Nossas perspectivas são as melhores, contudo eu temo que tenha de esperar mais um pouco.”

“Não é preciso, o senhor não disse que as perspectivas são muito boas?” O gerente perguntou animado.

“Sim, elas são.” Tyler fingiu um olhar confuso.

“Se o senhor me der uma planilha com todos os dados referentes ao crescimento das empresas eu posso fazer um empréstimo muito bom para o senhor.” Jeff falou.

“Eu tenho que confessar que não sou muito bom em ver essa papelada toda, eu só estou cuidando das empresas pois eu morei um tempo fora e fiz bons contatos com os fornecedores, na verdade eu só sou dono de uma pequena parte das empresas.” Tyler se fez de ignorante.

“Está preocupado com o empréstimo?” O gerente perguntou.

“Um pouco, e se eu não pagar?”

“Isso não vai acontecer, o senhor mesmo não disse que está indo bem nos negócios?”

“Sim, eu disse.” Tyler acenou.

“Não se preocupe, eu vou fazer um empréstimo que será exatamente na medida das suas empresas.”

“Se é assim, eu quero.”

“Ótimo. Peça para que o seu pessoal me mande esses seguintes documentos.” O gerente falou enquanto dava uma lista para Tyler.

Tyler era um economista formado em Harvard, uma bobagem como essa não era nada à seus olhos, por todo tempo ele fez aquele bancário comer em suas mãos. Ele já tinha preparado os documentos naquela manhã, porém só ia mandar os garotos enviarem depois de três dias. Isso tudo era para dar uma impressão de realidade.

Só em ver a cara do homem Tyler sabia que esse cara enfiaria juros absurdos e taxas imorais para ele, mas ele não estava nem aí.

Tyler não pagaria mesmo….

***

“Garotos, eu tenho que passar mais um tempinho fora.” Tyler disse aos garotos.

“Para onde o senhor vai?” Shift perguntou.

“Lembrem-se que ainda estamos lutando contra os illuminati, não podemos relaxar em nenhum momento.”

“É verdade, eu tinha esquecido.”

“Tio o senhor quer dar uma olhada nas propostas das empresas, para locação de espaço?” Night Up quis saber.

“Oh, certo, eu já havia me esquecido, deixe-me ver.”

Tyler pegou uma lista de nomes junto com o tamanho da área que eles queriam alugar.

“Eles já sabem das nossas diretrizes?” Tyler perguntou.

“Sim, nós sabemos que a sua primeira ordem foi guardar tudo em container fechado, ela foi passada para todos os interessados em aluguel.”

Essa foi uma diretriz muito importante, Tyler tinha duas razões básicas para impô-las. A primeira era para reduzir os custos da empresa e a segunda era para facilitar o transporte quando ele fosse para o outro mundo.

“Quando o senhor vai sair?” Byte perguntou.

“Vou sair agora mesmo, mas volto em poucos dias.”

A US Storage já estava funcionando a todo vapor, os rapazes tinham contratado outras empresas terceirizadas para suprir o quadro de funcionários trabalhando. Ela era uma empresa completa e tudo. Desde porteiros, vigias, recepcionistas até faxineiros. Como a caverna era dividida em dois grandes salões Tyler colocou dois valores diferentes nos preços de aluguéis.

No primeiro salão ficavam os lotes mais baratos, já o salão que ficava na parte de trás, onde o portal se abria para o outro mundo, era bem mais caro, pois teoricamente ele era fechado pela montanha e portanto muito mais seguro.

As empresas militares que queriam guardar os seus preciosos containers em um lugar com segurança elevada, mal sabiam que estavam colocando na toca de um lobo faminto.

Tyler entrou na empresa e ficou cuidando dos assuntos dela até o expediente acabar, quando ela já estava fechada e foi para o portal.

A porta já tinha sido selada a muito tempo por Tyler, no começo alguém poderia até desconfiar de algo com tantos containers empilhados, contudo agora eles eram apenas mais um no meio daquele galpão.

Ele abriu as portas e começou a levar suas compras para o outro lado, fazia muito tempo que aquelas mercadorias estavam ali, ele apenas não tinha levado de uma vez.

Com ajuda de uma empilhadeira ele levou algumas dezenas de pallets e depois foi de carro para o outro lado.

Sempre tinha uma diferença de 12 horas em cada mundo, antes Tyler não gostava muito desse fato, contudo no decorrer do tempo essa peculiaridade se tornou muito útil!

No Texas tinha acabado de anoitecer, e como lá era ao contrário, tinha amanhecido faz pouco tempo.

Uma das primeiras obras de Tyler foi abrir uma estrada até a cidade.

Assim que chegou aos portões ele já pôde notar a diferença, na última vez uma fila quilométrica de pessoas querendo socorro havia se formado, mas agora não havia quase ninguém, para ser mais preciso tinha sim, porém eram muitas carruagens, Tyler logo concluiu que eram comerciantes.

“Bem-vindo de volta mestre.” Os soldados que estavam de guarda o recepcionaram.

“Obrigado, continuem o trabalho.” Tyler disse.

Ele não se demorou ali nos portões, pois o clima parecia bem tranquilo. Depois do sermão feito naquele dia não era possível que qualquer um deles causaria confusões.

“É um prazer tê-lo de volta mestre.” Thoran e Noeru falaram quando viram Tyler chegar.

“É um prazer voltar, alguma novidade?” Tyler quis saber.

“Não, nada de mais, todas as suas ordens foram cumpridas e já estamos prontos para fazer a expansão da cidade.” Thoran falou.

“Ótimo.” Tyler tinha planejado construir quase uma cidade nova depois das muralhas da cidade, ele faria tudo bem planejado e em conformidade com uma cidade moderna, ou seja, elas teriam ruas largas para carros transitarem, espaço para fiação de luz, encanamento de água e saneamento básico.

“Faça o seguinte, contrate todos os homens disponíveis para limpar os lotes de terra, eu vou pagar cada homem com ferramentas.”

“Ferramentas?” Thoran não entendeu.

“Sim, eu trouxe muitas delas agora, machados, enxadas, pás, facões e picaretas. Se um homem trabalhar por três dias na limpeza dos lotes ele pode ficar com o machado que estava usando.”

“Oh, eu entendo, muito perspicaz.” O rapaz elogiou, ele sempre aprendia alguma coisa com Tyler.

Tyler realmente estava fazendo uma boa jogada com esse estilo de trabalho, primeiro todos saiam ganhando com essa troca. Ele em primeiro lugar pois pagava muito barato nos materiais, e os empregados por quê conseguiriam ferramentas de alta qualidade com seu trabalho.

Um facão ou um machado feito pela indústria moderna são feitos com aço temperado de alta qualidade, Tyler duvidava que mesmo as famosas ferramentas feitas por elfos ou anões seriam boas como as feitas no século XXI.

“Falando nisto, mande homens e carruagens para pegar as cargas na montanha.” Ele ordenou.

“Sim, eu já estou indo!” Noeru falou.

“Algum problema com os imigrantes?” Tyler quis saber, afinal o número excessivo deles era o maior problema da última vez.

“Não, eles até que estão bem, apenas teve um pequeno probleminha ontem com um soldado bêbado, mas nada de mais.” Thoran disse.

“Que foi, ele brigou?” Tyler perguntou enquanto lia um resumo das arrecadações da cidade.

“Não, ele apenas bebeu além da conta e atacou uma das novas mulheres que se mudou.”

Tyler sentiu como se um balde de água gelada fosse derramado em sua cabeça. “Por favor, repita o que você acabou de falar.” Tyler falou com a voz fria.

Embora ele não tenha elevado em nada seu tom de voz, Thoran sentiu como se estivesse ao lado de um demônio implacável, ele podia sentir a aura de morte ao redor daquele velho.

“Be.. bem… um soldado acabou bebendo mais do que devia e acabou agarrando uma moça.” Thoran gaguejou, ele já estava se tremendo de medo.

Para azar de todos esse era um crime sem perdão para Tyler, ele naturalmente já repudiava esse tipo de coisa e quando esteve no Vietnã ele viu vários soldados americanos fazendo isso nas vilas atacadas, é bem verdade que não eram todos que faziam isso, mas dizer que não acontecia é mentir na cara limpa.

Pode-se até dizer que esse era um dos traumas de guerra que ele tinha.

“Parem tudo o que estão fazendo, reúnam todos os moradores da cidade na praça, e traga aquele monte de merda pra mim”






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