Volume 3
Capítulo 47: Sobre o mar azul.
“Meninos, me lembrem de agradá-los muito bem no futuro!” Tyler sorriu ao ver aquela aeronave impressionante.
Eram mais de 36 metros de comprimento e 28 metros de envergadura, uma velocidade de cruzeiro de 874 quilômetros e uma autonomia de 8.500 quilômetros.
Ele sabia de todas essas informações de cor e salteado, na verdade qualquer entusiasta da
área saberia, esse avião é suprassumo dos jatos particulares.
Ele até queria poder levar alguns desses aviões, mas infelizmente havia dois fatores que dificultavam levar esse tipo de aeronave, o primeiro logicamente eram os preços, e segundo eram que eles iam ter muita dificuldade de voar lá. Não porque havia algo de errado com a atmosfera ou as leis naturais desse outro mundo, o motivo é que lá não tem GPS, até o final da década de oitenta todos os aviões civis voavam por navegação inercial.
A navegação inercial funciona de forma bem simples, o avião sai sabendo da sua exata localização e com ajuda de giroscópios ele vai marcando sua posição, ele também usa as estrelas para se guiar assim como os primeiros navegadores acharam as Américas cruzando o oceano.
Antigamente era comum nas empresas aéreas terem os chamados navegadores, eles eram parte fundamental na tripulação de qualquer avião da época, uma coisa que também ajudava muito eram as rádios AM, as frequências de rádio AM se propagam por distâncias enormes, podendo até dar a volta no globo dependendo da intensidade do sinal. Os números das frequências eram catalogados e os aviões podiam se guiar por elas, por exemplo: se um avião saía de New York, ele procurava uma rádio de Houston que era o seu destino final. Existia um aparelho no avião que era mais ou menos como uma bússola e sempre apontava para a rádio sintonizada.
Haviam vários jeitos de navegação inercial, mas na aviação sempre é bom ter a chamada redundância, ou seja, é sempre bom ter vários modos de fazer algo. Mesmo com esses métodos houve um terrível acidente por erro na navegação e o então presidente Reagan abriu o GPS que então era usado exclusivamente para fins militares e os tornou disponível para os civis, entretanto até hoje continua sendo mantido e operado pela força aérea americana.
A primeira parada de Tyler era no outro lado do pacífico, mais precisamente no Japão. Lá ele compraria as fresas, brocas e tornos mecânicos computadorizados. Sabe aquelas máquinas viciantes que ficam esculpindo metal como se fosse barro? Pois é, Tyler estava com uma coceira incessante desde que pegou nesse dinheiro. As mulheres não têm o hábito de comprar bolsas e sapatos que nunca vão usar? Pois, os homens têm o hábito de ter ferramentas que nunca usarão, só que Tyler estava dando um passo além nos sonhos masculinos, sua primeira realização foi uma armadura high-tec, e a segunda seria um torno computadorizado.
Tyler estava esperando na pista quando a aeronave terminava de taxiar, ele se sentiu em uma cena de filme, onde mal o avião para na pista e a porta se abre mostrando uma linda aeromoça.
E quando se diz linda, é linda mesmo! Uma loira de olhos azuis, vestida com um terno azul royal. Uma coisa deve ser dita, as empresas aéreas sempre souberam vestir bem seus funcionários!
“Senhor Newman?” A aeromoça perguntou com uma voz suave.
“Eu mesmo.” Tyler se apresentou.
“Onde está o resto da sua bagagem?” Ela perguntou quando olho para a pequena bolsa ao lado dele.
“Só é essa mesma! Uma viagem sempre fica melhor com compras, não acha?” Tyler disse brincando enquanto subia as escadas.
“Concordo plenamente.” Ela respondeu em tom cordial.
Tyler passou e entrou no avião, então pode ver ao interior, era altamente luxuoso. Cinco grandes ambientes diferentes um banheiro executivo e uma suíte particular isolada, cozinha e sala de reuniões. Ele olhou novamente para a aeromoça que sorria gentilmente para ele e disse. “Parece que os anjos ainda continuam no céu!”
A moça ficou surpresa com a cantada, mas apenas sorriu.
“Ora, vamos… eu sei que você deve ter ouvido várias cantadas ridículas, mas tem que concordar que eu fui bem original.” Tyler disse isso apenas para quebrar o gelo.
“Sim senhor Newman, tenho que concordar que o senhor foi bem original.” Ela riu mais aliviada quando viu que era apenas uma brincadeira.
“Apenas Tyler, por favor, ou então eu vou pensar que sou velho.” Tyler brincou.
“O quê, nunca.” Ela brincou também.
“Onde está o resto da tripulação?” Tyler quis saber.
“Somos apenas três, o comandante Trevor, o copiloto Andrew e eu Caroline, mas pode me chamar de Calie.
Como se esperassem a deixa da moça os dois homens saíram da cabine.
“Senhor Newman, meu nome é comandante Trevor Robinson. É um prazer recebê-lo em nosso avião, esperamos que tenha uma ótima viagem conosco.” O piloto foi extremamente cordial e simpático.
“Por favor, me chame apenas de Tyler, o prazer é todo meu.” Tyler respondeu apertando a mão do homem
“Eu sou Andrew Smith, serei o copiloto dessa viagem.”
“Olá, então vamos partir?” Tyler perguntou.
“Em poucos instantes.” Respondeu o comandante. “Como é um voo longo teremos que abastecer bem antes de sair.”
“Sim, eu imagino, qual será o itinerário?”
“De Houston até Tokyo são mais de 10.700 quilômetros o que daria umas 13 horas de viagem, mas como a nossa aeronave tem a autonomia de 8.500 quilômetros, teremos de reabastecer em Honolulu no Hawaii, são 6.250 quilômetros e quase o mesmo tanto até Tokyo. Eu calculo umas 15 ou 16 horas, dependendo do vento.” O comandante respondeu.
“Perfeito, e qual a possibilidade de eu pilotar essa belezinha um pouco?”
“Perdão???” O comandante se assustou.
“Relaxe eu piloto já faz mais de 35 anos, vai dizer que não tem pena de um pobre velho como eu?” Tyler ousou fazer uma cara triste.
“Mas senhor, o jato é da empresa, eu não posso…” O comandante disse impotente.
“Quando estivermos sobre o mar eu dou só uma sentida no manche enquanto você estica as pernas por aí, vai ser um voo longo!” Tyler piscou o olho na esperança de persuadir o homem.
“Apenas sobre o mar, e eu estarei do lado.” O piloto finalmente cedeu.
“Bom garoto! Eu já estou pronto para partir, quando quiser é só decolar.”
O piloto desceu e foi resolver alguns assuntos burocráticos com o aeroporto.
“Estou surpresa, o comandante Trevor tem mais ciúmes desse avião do que de sua esposa!” Calie falou incrédula.
“Somos irmãos de asas minha querida, somos quase uma irmandade, ele sabe que não poderia me negar um prazer desses!”
“Vocês homens, nunca crescem!” Ela retrucou sacudindo a cabeça.
“Hahaha, nunca! Anjo aprenda uma coisa, os homens só mudam de brinquedos, eles nunca crescem de verdade.”
“Quer alguma coisa enquanto esperamos, um champanhe ou outra bebida?” Ela ofereceu.
“Ainda é cedo, eu queria comer algo.” Tyler disse.
“Tem razão, vou acomodá-lo em seu assento e depois providenciar seu café da manhã.”
Enquanto Tyler terminava de se acomodar, o piloto retornou e avisou sobre a decolagem, a moça veio para ver se ele tinha afivelado corretamente o cinto e então o piloto acelerou os motores.
Admirando aquela bela peça de engenharia Tyler viu a cidade ficar cada vez menor enquanto eles cruzavam os céus!
‘Quantos anos será que vai demorar para que aquele mundo se torne como esse?’
‘Será que eu estou fazendo o certo?’ Tyler estava se questionado sobre esses assuntos quando uma doce voz lhe trouxe de volta.
“O café está servido, café expresso, suco de laranja, ovos mexidos, bacon e torradas. Mais alguma coisa?” Calie perguntou.
“Não, está excelente. Se importaria de me fazer companhia?” Tyler quis saber.
“Se é o que o senhor deseja.” Ela respondeu.
“Oras, nada de senhor, vamos conversar um pouco a viagem será longa.”
“Está certo. Então Tyler, é piloto também?” Ela perguntou.
“Sim, a muitos anos.” Ele respondeu tomando um gole de suco.
“Quais os motivos da viagem a Tokyo?”
“Negócios, eu vou comprar alguns equipamentos para algumas empresas minhas.” Tyler disse indiferente.
Calie não achou estranha a resposta, quase todos os homens que passaram por esse avião eram milionários que só viviam em função do dinheiro.
“Sabe o sen… digo, você é diferente, vindo só e se vestindo com roupas comuns, eu até pensei que fosse um engano quando o vi!” Ela disse sorrindo.
“Tenho tanta cara de pobre assim?” Tyler fez uma cara de derrotado. “Ainda bem que sou jovem.”
“Phuuu!!!” A moça quase se engasgou com o suco quando viu Tyler fazer essa piada.
“Nossa, normalmente ninguém é tão sincero com as reações.” Tyler fingiu estar magoado.
“Desculpe-me foi indelicadeza da minha parte.”
“Sem problemas, eu sei que não sou tão jovem assim, mas dizem que os 40 são os novos 30.” Tyler passou a mão nos cabelos brancos e brincou.
“Hahahaha, assim não dá para ficar séria.”
“Que bom, você tem uma risada muito boa de se ouvir.”
“Obrigada, mas voltando ao assunto, você não se parece em nada com um homem de negócios comum.”
“Eu acho que não tenho nada de comum.” Tyler disse.
“Como assim?” Ela perguntou curiosa.
“Minhas empresas são novas, eu tenho elas a realmente bem pouco tempo, essa viagem é para poder dar um suporte de crescimento a elas no futuro.” Tyler mentiu.
“Elas são tão novas assim, como o senhor as conseguiu?”
“Ganhei de herança do meu avô.” Ele brincou.
“Hahaha, não falo sério.”
“Acho que essa história não é tão interessante, um dia eu encontrei uma ótima oportunidade de negócio e aproveitei e comprei vários produtos a um preço muito baixo e vendi a um preço exorbitantemente caro, foi muito fácil até.”
“Que bom, sua família deve estar muito feliz.” Calie falou.
“Não tenho nenhum, nem mulher ou filhos.”
“Sinto muito…” Ela disse envergonhada.
“Não sinta, eu já superei isso a muito tempo.” Tyler falou como se não fosse nada.
“Então, o que fez todo esse tempo, aposto que deve ter boas histórias!”
“Ahhh, isso eu tenho aos montes será que a senhorita está ocupada no momento?” Tyler brincou.
“Posso arranjar um pouco na minha agenda.” Ela sorriu em resposta.