Volume 3
Capítulo 41: Lobos e cobras.
—Com isso. —Tyler deu um tapinha na arma.
—E como isso funciona? —Ele perguntou olhando para aquele instrumento estranho.
—É meio difícil de explicar, mas é como os cavalos de ferro na minha carruagem, não é magia, é apenas o trabalho de ferreiros muito habilidosos. Isso é como um arco que dispara pequenos dardos com a força de mil lanças.
—Incrível, foi assim que matou o ogro?
—Não, eu matei ele com uma arma menor.
—Certo... —Rafir respondeu sem entender.
—Bem, vamos começar, garoto!
Tyler se deitou no teto do carro e mirou na matilha. Segundo seus conhecimentos os lobos da frente são os mais velhos ou os doentes, devido a eles serem mais lentos, são eles quem ditam o ritmo do grupo. Atrás deles vem os Betas, que são os machos jovens e fortes que estão prontos para proteger todos.
O terceiro grupo é formado por todos os outros indivíduos da alcateia como fêmeas e filhotes. E por último é o Alfa, líder de todos. Andando atrás de todo o grupo ele pode ver para onde eles vão e decidir melhor.
Seguindo seus conhecimentos ele se decidiu. —Vamos começar com você Alfa!
Houve um período na terra que se chamou Megafauna, foi nesse período que os animais gigantes existiram, animais como preguiças gigantes, mamutes, tatus gigantes, tigres dente de sabre e até mesmo lobos gigantes. Contudo nenhum lobo na terra jamais alcançou um tamanho parecido.
—Tampe os ouvidos e fique de olho no bando! —Tyler ordenou.
Sem esperar por uma resposta ele começou a atirar, sem pena alguma ele iniciou seu abate.
Phoww...
Os quase dois quilômetros de distância o macho alfa caiu, embora o barulho do disparo tenha sido alto os lobos não ouviram nada, na verdade nem eles nem o próprio defunto viu o que lhe atingira ou mesmo algum de seus companheiros. Como uma boneca de pano cai sem ter ninguém a segurando ele também caiu sem a forças de suas pernas.
O segundo grupo era formado por 5 fortes Betas. Tyler respirou fundo e atirou quando seus batimentos cardíacos estavam bem calmos. Sentindo apenas o recuo da arma, nada tirava sua concentração!
Um... Dois... Três... Quatro... Cinco... cada tiro, uma morte. A cada morte um a menos!
Depois que esses foram eliminados não havia como o resto da alcateia não perceber! Um sorriso se formou nos lábios de Tyler, os animais selvagens são movidos por seus instintos. Depois que sua cadeia de comando foi destruída eles não sabiam o que fazer, na verdade eles nem sabiam que seus companheiros estavam realmente morrendo, pois eles simplesmente desabavam sem forças no chão.
Tyler matou os mais velhos em seguida, agora só restando as fêmeas e os filhotes o grupo se dispersou. Embora o som do disparo não chegasse até eles, o clarão gerado sim.
Como estava no topo de uma colina e em cima de um carro, não foi difícil. Perceber que aquele mero humano era o algoz que levou o fim de todo a sua família fez com que os lobos restantes disparassem na direção de Tyler com nada menos que uma fúria desenfreada.
Apesar da distância ser grande entre eles, não foi problema nenhum para os lobos sedentos por vingança.
Um frio desceu pela coluna de Tyler, a velocidade alcançada por esses bichos era assustadora, não levaria pouco tempo até eles o alcançarem!
—Eles vão chegar logo! —Rafir gritou assustado não falando nada mais que o óbvio!
—Certo, capitão óbvio, agora fique pronto! —Tyler disse.
—Pronto pra quê? —Ele perguntou.
—Pra lutar ou morrer! —Tyler responder.
Devido a agilidade e a rapidez dos movimentos dos animais Tyler começou a errar alguns disparos, mesmo assim ele teve sorte em matar os maiores.
—Eles chegaram! —Rafir gritou enquanto desembainhava sua espada.
—Já vi! —Tyler também gritou! Ele deixou a Barrett de lado e pegou seu m4. Ele atirou no automático fazendo curtas rajadas. Mais e mais caíram, mesmo assim os restantes alcançaram seu carro.
Um lobo jovem saltou com a boca aberta e as garras prontas para dilacerar qualquer um que entrasse em seu caminho.
Quando a fera ia abocanhando Tyler, o jovem Rafir brandiu sua espada e a decapitou.
—Obrigado! —Tyler disse ofegante.
Essa passou muito perto, se não fosse o reflexo rápido desse rapaz ele com certeza estaria em maus lençóis.
Esse era o último lobo que oferecia grande perigo, mesmo que os demais arranhassem ou pulassem não conseguiam alcançar o teto do carro.
—Vamos lutar! —Rafir bradou enquanto pulava do carro para entrar na batalha.
—Jovens. —Tyler suspirou.
Não havia nenhuma necessidade deles pularem e se arriscarem ao perigo desnecessário, porém é como dizem uns contam histórias e os outros as fazem!
Tyler pulou e se juntou aquela frenética luta cobrindo as costas do jovem. O sangue de Tyler ferveu, ele estava pegando o gosto por matar essas feras e se atirar em batalhas de vida ou morte.
Quando todos foram realmente mortos, os dois homens sentaram-se.
—Veja, os soldados do reino estão vindo. —Rafir disse com alegria.
—Acho que estão um pouco atrasados. —Tyler brincou.
Quando os cavaleiros alcançaram o veículo, não existia nenhum perigo, só uma pilha de corpo para ser tratada.
—Parece que chegamos atrasados... —O juiz encarregado falou.
—Não tem problema vocês podem juntar os corpos!
—Hahahaha! —Rafir riu.
—Quer alguma parte deles? —Tyler perguntou.
—Se o mestre Newman me permitir eu queria a pele dessas feras, minha espada é feita por ferro de anões, e mal pode cortar essas feras acredito que seria muito bom para fazer armaduras. Seria um bom presente para meu pai.
—Eu só vou querer os núcleos, o resto da carne você pode dividir entre os soldados como achar melhor.
Os soldados não falaram nada, contudo podia-se ver a alegria deles quando ouviram essa notícia, a carne das feras além de ser muito saborosa era também muito valiosa para os nobres ricos da capital, existe uma certa superstição que a carne de feras que já possuem núcleo pode dar força e vigor aos homens!
Como se tivessem uma mola nos pés ele se apressaram em preparar as eles o os núcleos.
—Ei, eles tiveram ajuda! —Hélio indignado gritou.
—De quem? —O juiz perguntou com um tom firme, ele claramente não caiu nessa falsa acusação.
Sem ter uma resposta coerente Hélio se calou.
—Menino porquê você não cala a boca e volta para a saia da sua mãe?
—Shhsss… —Todos travaram pararam o que estavam fazendo e colocaram os olhos na discussão.
—Velho, você acha que eu não tenho coragem de matá-lo aqui e agora? —Hélio tomado por fúria sacou a espada.
—Acho que você já tentou, e não teve capacidade! —Tyler já estava de saco cheio, ele não tinha esquecido do veneno que esse bastardo tinha posto na sua bebida ontem! Ele sacou a sua pistola e apontou para a testa dele, fazendo questão de ligar o laser.
—O que você quer dizer com isso? Está me acusando sem provas? —Hélio estava lívido de fúria e também preocupado se esse velho tinha alguma prova contra ele.
—Não se preocupe moleque, nós estamos em níveis completamente diferentes, um dia você vai ver!
—Por favor senhores, eu peço que se acalmem! Lorde Hélio embora o rei tenha dito que não era para os competidores terem ajuda de fora, mas ele não falou nada sobre os próprios competidores se ajudarem.
—Rhump! —Indignado com o revés da situação Hélio saiu e montou em seu cavalo. —Acredito que aqui não tinha mais nada para mim! —Sem se dar ao trabalho de dar uma segunda olhada ele saiu.
—Hahaha, o mestre Newman realmente tem o sangue quente, nunca vi o “grande” lorde Hélio tremer de medo. —Rafir disse.
—Eu já estou puto com esse moleque, o que é dele está guardado. —Tyler disse enquanto guardava a arma.
—Estou muito grato por ter decido da carruagem e vir me ajudar, por um momento eu pensei que não iria.
—Então estava jogando comigo? —Tyler balançou a cabeça não acreditando que tinha caído numa armadilha.
—Tudo aqui é um jogo, não?
—É, tem razão. —Ele assentiu.
—O senhor é muito poderoso, é bondoso e rígido na medida certa para um rei. Eu tenho uma proposta.
—Uma proposta? —Tyler ficou curioso.
—Como sabe agora eu sou filho do general dos exércitos do rei, mas o que não sabes é que eu sou o maior guerreiro do reino. Aos 17 anos eu superei meu pai. Eu proponho o seguinte, vamos duelar, o vencedor sai da competição e irá servir ao outro!
—Muito interessante, e o que como faremos isso? —Tyler perguntou.
—Eu quero um jogo justo, minha arma principal é a espada, mas a sua é esse instrumento estranho. Sugiro uma luta homem a homem! Sem faca ou armadura, só os punhos!
Tyler deu um sorriso frouxo. Era tudo o que ele queria, ele ainda não era proficiente nas espadas, entretanto com as mãos nuas nem todos aqui juntos eram capazes de superá-lo!
—Aceito, quais as regras?
—Sem jogo sujo, nada de terra nos olhos ou trapaça, sem mordidas ou ferir a masculinidade do oponente.
—Concordo plenamente. —Tyler secretamente elogiou o rapaz.
—Uma partida entre os concorrentes é possível? —Rafir perguntou ao juiz.
—Se for de comum acordo, não vejo o porquê não.
—É até o outro desistir ou ficar incapacitado? —Tyler perguntou.
—Sim. —O jovem assentiu.
—Vamos esperar, os soldados terminarem, então lutamos. —Tyler disse e foi se preparar.
Desesperados para ver uma luta entre nobres os soldados se apressaram ao máximo para terminar seus afazeres.
Ao contrário de Hélio que se afirmava ser o maior espadachim do reino, mesmo sem ter ninguém forte afirmando. Rafir era filho do general do rei e foi instruído pelos melhores guerreiros, seu posto de melhor era algo dito com base em suas próprias habilidades!
Desde de que tinha comido o fruto de Yggdrasil Tyler se sentia no ápice de suas forças, ele agora era um jovem em uma carcaça velha.
Tyler foi para porta malas e retirou sua jaqueta e a blusa. Pegou uma faixa e enrolou nas mãos, ele queria evitar uma fratura, coisa que é super comum em lutadores, por mais que sejam experientes. Sair quebrando todo mundo com os punhos é coisa de filme.
Ele comeu umas duas fatias de morango desidratado para ter aquela energia extra e se virou.
Rafir já tinha tirado a camisa e estava se alongando, Tyler tinha que admitir que o menino era bem musculoso. Ele não tinha reparado por causa de toda armadura, mas o corpo do rapaz mostrava os anos de trabalho duro e esforço dedicados a se tornar um guerreiro de verdade.
Quando todos já estavam ao redor esperando, Tyler foi para o centro da roda.
—Pronto?