Velho Mestre Brasileira

Autor(a): Lion

Revisão: Bczeulli e Koto Tenske


Volume 3

Capítulo 40: Mostrando como se faz.

Tyler seguia margeando a linha das árvores, ele esperava encontrar algum juiz que o rei tinha posto para vigiar a competição e se tivesse sorte os outros competidores.

E realmente não demorou muito depois de uns 40 minutos ele viu um pequeno acampamento militar, Tyler seguiu diretamente para lá.

Ele estacionou e entrou no acampamento.

—Eu digo que é impossível! Toda a floresta está sob magia maligna, não há como entrar! —Tyler escutou uma voz bravejar com raiva.

—Isso vai contra as ordens do rei, mas se você ainda insiste nessa ideia faça sozinho, sem a ajuda de seus servos! —Outra pessoa replicou, ele claramente não queria mostrar fraqueza perante o seu ouvinte.

—Concordo com o Lorde Hélio, não há com entrar nessa floresta, deve haver outro jeito! —Uma 3° pessoa disse.

—Já faz quase uma semana que o lorde Newman entrou, vocês têm que achar um jeito de entrar também.

—Ele com certeza já está morto! —A voz que Tyler agora supôs ser de Hélio disse.

—Acho que você será uma pobre garota decepcionada agora!

Tyler falou alto desdenhado da plateia.

—Quem ousa falar assim comigo! —Hélio rugiu enfurecido, contudo ficou paralisado em choque quando viu aquele velho maldito, ele já tinha marcado no fundo de sua alma que Tyler era seu inimigo para toda vida!

—EU OUSO!! Agora garotinha nervosa, saia da frente e deixe os homens conversarem! —Tyler saiu de trás da multidão que agora estava pasma.

—Aqui está a cabeça do ogro! —Tyler lançou a cabeça em direção ao juiz. 

—O problema dessa floresta era um ogro maligno que conseguiu controlar um ninho de goblins e um alcateia de lobos gigantes. Eu já destruí o ogro e os goblins! Mas os lobos estão fora dela.

—... —Todos estavam espantados com aquelas palavras.

—Você matou todos sozinho?

Tyler olhou para o autor dessas palavras, ele era um jovem nobre que Tyler não tinha visto antes. —A competição não manda ir só? E quem é você?

—Eu sou Rafir! —O jovem respondeu envergonhado.

Quando Macal falou com Tyler sobre os possíveis competidores ele não escutou sobre esse tal de Rafir.

—De onde você é, garoto? —Tyler perguntou.

—Eu sou filho de Larir! —O rapaz agora falou com orgulho.

Tyler já tinha descoberto que esse Larir, além de ser um nobre era um dos mais prestigiados generais do rei.

—Então é isso, acabou? —Rafir perguntou ao juiz.

—Se o que lorde Newman falou for verdade, apenas parte da tarefa foi cumprida, a ainda falta exterminar os lobos gigantes.

—Mas não há como um homem só matar todos! —Hélio fervia de raiva agora que descobriu a façanha de Tyler.

—Eu vou, quem quiser ver como se faz é só me seguir! —Tyler saiu e esbarrou o ombro propositalmente em Hélio.

—ORA SEU!!!! —Aquilo tinha sido a gota d’água para ele, não havia como um homem aguentar tanta humilhação. Rapidamente ele pôs sua mão no punho da espada e começou a desembainhá-la.

—Faça, e vai se arrepender ao máximo nessa sua curta vida! —Tyler disse firme.

—Senhores, vamos nos acalmar! São ordens do nosso rei que nenhum dos candidatos briguem entre si.

—Tem razão, hoje é um belo dia para pequenas desavenças, vamos comemorar!

Tyler mandou alguns soldados comprarem cerveja e carne numa aldeia próxima, o que não foi uma pequena quantidade, era o suficiente para embriagar pelo menos umas 4 vezes cada pessoa ali!

Sabendo da notícia todos os aldeões na redondeza vieram festejar, não somente pela comida e bebida farta, mas também pelas boas novas que os monstros nas florestas tinham sido mortos.

Sem que Tyler planeja-se uma multidão se juntara, os aldeões colocaram a cabeça do ogro fincada em uma estaca, e logo uma fila se formou.

Muitos deles cuspiam e xingavam, outros tacavam pedras e alguns choravam. Tyler imaginou que esses últimos deviam ter perdido alguns parentes para esse monstro.

Enquanto olhava a cena um aldeão veio até ele.

—O senhor é o lorde que matou aquele ser vil? —Ele perguntou.

—Sim, fui eu. —Tyler respondeu sem jeito.

—Eu devo minha vida ao senhor, alguns meses atrás duas filhas minhas foram levadas por esses malditos, isso era uma marca profunda que eu carregava, nada que eu fizesse poderia apagá-la. Porém o senhor se vingou por nós!

Depois das palavras desse homem uma outra fila se formou.

Tyler não podia ver o fim dela, todas as pessoas ali presentes prestaram seus agradecimentos a ele.

Uns se ajoelharam, outros beijaram sua mão e até mesmo algumas jovens foram mais ousadas e pediram um abraço. E ele é claro não negou.

Tyler pela primeira vez se sentiu muito feliz com o que tinha feito, já que quando matou os goblins da primeira vez o senhor da cidade quis matá-lo!

Essa gratidão recebida fez tudo valer a pena.

Os soldados planejaram uma mesa grande e farta, Tyler estava bem no meio dela. Os aldeões vinham se servir e depois voltavam para os seus lugares.

Parecia haver uma cerimônia simbólica ali. Era como se eles pegassem a comida garantida pelo seu senhor. Tyler não tinha certeza, contudo ele também não tinha ninguém para perguntar.

Tyler já tinha comido até ficar satisfeito a muito tempo, mas ele não quis sair da mesa. Ele apenas ficou lá bebericando uma cerveja ou vinho enquanto olhava as pessoas dançando alegres em volta da fogueira.

Em algum momento ele pegou sua taça novamente. No exato instante em que ele tocou, sentiu uma energia diferente sendo emanada dela.

Tyler ficou extremamente curioso com aquilo, ele nunca sentira nada igual. Era uma energia maligna.

 “Será veneno?” o pensamento surgiu na mente dele. “Sim, não tenho a menor dúvida!”

Embora Tyler não tivesse nenhuma base para se apoiar, ele tinha certeza que aquele vinho que segurava estava envenenado!

“Mas, quem po....” ele nem terminou o pensamento. Seus olhos correram para o outro extremo do acampamento, Hélio estava parado lá com um sorriso debochado nos lábios.

“Se quer jogar sujo, eu vou te ensinar!” Tyler se confiando no seu novo dom de imunidade a venenos, simplesmente ergueu a taça brindando no ar.

O sorriso debochado de Hélio rapidamente se desfez.

Tyler não sabia, mas hélio agora estava se tremendo inteiro. “Será que ele descobriu? Não, não tem como, eu pensei em tudo!” “Alguém deve ter contado!” “Quem me dedurou?” Só aquele simples ato de brindar fez Hélio cair em desespero total.

Depois de um tempo Tyler foi a camionete e pegou algumas caixas.

Ele tinha trago muitas caixas de fósforos, isqueiros e canivetes só para dar de presente.

Receber presentes das próprias mãos de um lorde era algo que ninguém ali tinha visto! Até mesmo homens velhos tinham os olhos cheios de lágrimas quando recebiam. Para eles Tyler se tornou um santo vivo!

 ****

—Bom dia, eu vou encontrar com a alcateia, quem vai? —Tyler perguntou despertando a multidão.

Os soldados, homens e mulheres camponeses estavam dormindo onde podiam, depois de beberem e comerem até não aguentar. Alguns tinham as mãos na cabeça, clássico de quem está de ressaca.

Mesmo Tyler pensou que poderia acordar com um mal-estar devido a grande quantidade de vinho barato que tomara ontem, contudo para sua surpresa ele não sentiu nada! Acordou tão bem como sempre.

—Para onde o mestre vai? —O juiz perguntou.

—Eu vou em direção ao norte, é lá que os lobos estão.

—Mas e o resto de nós?

—Não há mais nada a fazer aqui, vocês podem me seguir e ver quando eu os derroto, ou ficar. A escolha é de vocês.

—Eu também irei caçar! Essa competição ainda não acabou! —O jovem Rafir falou enquanto balançava a cabeça tentando se livrar da ressaca.

—Quer ir comigo, garoto? —Tyler perguntou.

—Eu, mas por quê? —Ele perguntou atordoado.

—Eu vou chegar lá bem rápido na minha carruagem, será bom ter uma companhia.

—Se é assim... —O rapaz concordou.

Era impagável o olhar dele dentro do carro!

Tyler podia ver o medo estampado nele. —Está com calor? Eu só gosto de andar com o ar-condicionado ligado.

—Ar o quê? —Ele perguntou.

—Eu só vou deixar a carruagem mais fria. —Tyler respondeu.

Se ele estava com calor, imagine o pobre rapaz que estava com armadura de batalha completa.

—Oh... isso é muito bom! —O jovem disse admirado.

—Não é? Eu também gosto muito!

—Lorde Newman se me permite perguntar, como sua carruagem se move sem cavalos para puxar?

Tyler ficou pensando em uma resposta que ele pudesse entender. —Ela também é movida a cavalos, mas eles são cavalos feitos de ferro.

—Cavalos de ferro?

—Sim, é preciso ser um ferreiro melhor que um elfo ou um anão para fazê-lo, contudo não precisa de magia nenhuma!

—Entendo...

—Quando eu for rei vou ensinar muitas pessoas a fazerem essas carruagens.

—Está muito confiante que vai ganhar.

—Você pode até pensar que eu sou arrogante, porém quando se tem a minha idade é fácil ver as coisas, como por exemplo eu sei que foi o seu pai quem o obrigou a vir.

—Co... como você soube? —Ele perguntou espantado.

—Eu sou um velho, é difícil esconder as coisas de nós. Não se preocupe não vou dizer nada sobre isso.

Tyler já havia rodado uns 30 quilômetros pelo prado verde quando viu uma pequena colina. Ele estacionou ali.

—Vamos, daqui podemos ver de uma grande distância! —Tyler disse e entregou um binóculo ao rapaz.

—Isso é muito útil! —ele exclamou observando pelas lentes.

—Pode ficar com esse.

Os dois estavam em cima do teto do carro.

—Ali, eles estão muito longe! —O jovem apontou.

Tyler foi ver e era verdade, há uns dois quilômetros ele podia ver um grupo de lobos!

Não era eufemismo de maneira nenhuma chamá-los de lobos gigantes, um lobo da altura de um cavalo é assustador. Entretanto se você tirasse esse fator, eles eram iguais aos da terra.

Eles só eram um pouco mais variados nas cores, marrons, cinzas, prateados, azuis, caramelo, negros e um castanho avermelhado muito forte.

—Vamos fazer o seguinte, eu vou matando eles e você vai me dizendo se eles estão chegando perto.

—Hã?

—Eu vou matando ele e você vai me falando se eles estão perto ou longe. —Tyler repetiu.

—Eu entendi da primeira vez, mas como você vai fazer? Eles estão a mais de 10 flechas de distância!

—Com isso! —Tyler deu um tapinha no seu fuzil Barrett.



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