Velho Mestre Brasileira

Autor(a): Lion

Revisão: Bczeulli e Koto Tenske


Volume 3

Capítulo 34: O reino das fadas.

Embora Tyler quisesse muito continuar conversando, ele decidiu ir dormir. 

O despertador da selva é o próprio amanhecer, diferente do que muitas pessoas creem, a noite em uma floresta não é silenciosa, mas nada se compara com o dia. As aves, os bichos e até as próprias árvores, vibram com vitalidade fazendo um coro da vida!

— Bom dia! — Tyler ouviu a voz doce da pequena fada enquanto ela pousava no seu ombro.

Ele não sabia a razão, mas a voz dela ficava cada vez mais clara e audível para ele, em seu primeiro encontro ele teve que usar o celular para ouvi-la, depois bastou ela ficar em seu ombro, agora era como escutar uma pessoa qualquer.

— Bom dia, sabe Maya, eu estou curioso com uma coisa.

— E qual é? — Ela falou enquanto girava em torno dele.

— Sua voz, eu não tenho mais problemas para ouvi-la, sabe qual é o motivo?

— Acho que você está criando uma afinidade com os seres mágicos, nós os chamamos de amigo das fadas!

— Amigo das fadas o que é isso?

— É o que o próprio nome sugere, se um humano se torna amigo das fadas ele consegue sentir a presença das fadas mais facilmente!

— Faz sentido… — Tyler ficou pensando nisso, e parecia que tinha um fundo de verdade.

— Quer uma prova? — Ela perguntou.

— Claro, me ajudaria a entender.

— Venha para o lago! — Ela falou enquanto flutuava chamando ele.

Quando Tyler chegou na margem ela voltou para o seu ombro e falou. — Pode sentir algo diferente olhando para a água?

A princípio ele não viu ou sentiu nada de diferente, porém quando ia dizer que não. sentiu uma inquietação, era como se seu sexto sentido falando com ele.

Quando se vai para uma guerra e se vive muitas batalhas os seus sentidos ficam todos mais aguçados, você literalmente sente se está sendo vigiado, é como se sentisse as intenções de morte que os outros emanam.

É claro que Tyler não sentia nenhuma intenção de morte vinda das águas, contudo ele não pode sentir um par de olhos lhe espreitando.

— Eu posso senti-la, mas não posso vê-la. — Ele suspirou respondendo.

— É normal que isso aconteça, mas é de fato um grande avanço você senti-la, pois ontem você nadou aqui e nem sentiu ela ou eu.

— Você também estava aqui? — Ele perguntou surpreso.

— Sim, eu cheguei pouco tempo antes de você. — Ela assentiu.

Quando vamos ver o rei ea rainha? — Tyler perguntou.

— Quando quiser.

— Então eu só vou fazer um café da manhã e então podemos partir.

— Ótimo, o que vamos comer? — Ela perguntou curiosa.

— O que quiser.

— Isis, você ouviu ele? Rápido mande mais peixes.

Uma musa de cristal surgiu a poucos passos de onde ele estava, ver a água tomar a forma de uma mulher assim, era algo lindo. Não era só a beleza da mulher, mas todo o efeito e si.

Tyler era um homem da ciência, ver a água tomar um formato assim na sua frente era algo que o deixava extasiado.

Muitas vezes na história humana coisas naturais como raios foram tidos como obras dos deuses. Contudo vendo essa cena ele não teve nenhuma outra palavra para descrever senão magia!

Sem ser preciso falar uma segunda vez, a hidríade conjurou a água do lago. E uma coluna surgiu do centro do lago.

O tubo transparente parecia com uma enorme mangueira. Pouco tempo depois os peixes começaram a nadar para o tubo.

A ninfa deixou o a extremidade do cano nos pés de Tyler e os peixes começaram a cair. Depois de cerca de 30 ela parou e desfez a coluna d’água.

— Acho que é o suficiente. — A ninfa disse com um sorriso.

— É sim, obrigado.

Tyler foi cuidar do fogo e da preparação do farto café da manhã.

Dessa vez ele caprichou o máximo que pode, temperando com azeite, sal, pimenta e algumas ervas achadas ali perto. O aroma agradável logo se espalhou.

Embora as duas tivessem a aparência de damas, mas na verdade elas comiam igual a alguém que conseguiu fugir de Cuba.

— É muito longe daqui? — Tyler perguntou.

— Não, podemos chegar bem antes que o sol fique alto. — A pequena fada dizia enquanto alisava satisfeita sua barriga protuberante.

Era cerca de 8 horas e pelo que ela disse eles podiam chegar confortavelmente antes do meio dia.

Tyler tinha comprado uma mochila de camping profissional, e sendo assim ele podia retirar vários bolsos e compartimentos para deixá-la menor. Ele levou apenas comida o kit médico e suas armas e munições.   

— Podemos ir? — Tyler perguntou.

— Claro! — Maya disse com alegria e voou para ele.

Seguindo as instruções de Maya eles se adentraram na selva densa, e agora na companhia da pequena ele não teve dificuldade alguma em avançar na direção desejada.

— Sabe, andar com você tornou a viagem bem mais rápida, eu não me perdi nem uma vez!

— Não é por minha causa, é porque você se tornou um amigo das fadas. Os anciões lançaram sobre toda floresta uma magia antiga que impede qualquer estranho ou inimigo das fadas entrar aqui. Se não fosse isso, nós teríamos virado comida de ogro há bastante tempo.

— Obrigado por me explicar. — Ele sorriu e com o dedo ele fez carinho na cabeça dela.

— De nada. — Ela agradeceu, na verdade ela estava muito feliz em viajar com aquele velho.

— Quantos anos você tem? — Ele perguntou curioso.

— Nunca saí dessa floresta, não sei como vocês humanos seguem o tempo.

Tyler pensou um pouco e disse. — Vamos contar por primaveras, gosta delas?

— Sim adoro as primaveras! Eu nasci na primavera, todas as fadas nascem na primavera. — Ela exclamou feliz.

— Então, quantas primaveras diferentes você já viu?

Ela pensou um pouco e então respondeu. — 70. Acho que já vivi 70 primaveras.

— Nossa, temos a mesma idade. — Tyler estava surpreso e alegre ao mesmo tempo.

— Mas você já tem cabelos brancos, as fadas só têm cabelo branco quando têm mais de 300.

— E as fadas podem viver até quantos anos?

— Algo por volta dos 400, e os homens?

— Bem, se um homem tiver muita sorte ele pode viver 100 anos ou um pouco mais, mas na média geral é de 70 a 80 anos.

— Nossa. Quer dizer que você está perto de morrer. —Ela falou assustada.

— Sim, já estou no fim da minha vida, mas se eu me tornar rei posso voltar a ser jovem.

— É mesmo, como? — Ela estava curiosa.

— O rei atual tem uma poção mágica que pode fazer com que um homem velho fique jovem, mas só será minha se eu me tornar rei.

— Isso é fantástico! — Ela disse toda alegre.

— Sim, é. Quando vamos chegar lá?

— Falta bem pouco.

— Não vai haver problemas para você me levando lá? — Tyler estava cauteloso.

— Não, nenhum. — Ela balançou a cabeça. — Você fala a língua das fadas, pôde se tornar amigo de uma fada e de uma ninfa em um só dia.

— É tão raro um homem falar a língua das fadas?

— Sim, muito! Eu nunca ouvir dizer de um humano falando a nossa língua, dizem que os elfos podem falar, mas nesse continente não há nenhum elfo.

— Ouvi dizer que todos os elfos estão no além-mar, as fadas também vieram de lá?

— Sim, há muitos anos atrás meus antepassados vieram da terra dos imortais para esse continente.

— Hum... — Tyler tentava assimilar todas essas informações quando começou a notar pequenas presenças ao redor dele.

Ele não via ninguém, mas aos poucos começou a ver pequenos sinais como, arbustos se mexendo, folhas caindo e galhos se partindo.

— Está sentindo a presença deles? — Maya perguntou satisfeita.

— Eu não vejo ninguém, mas posso sentir a presença deles.

— Amigos, não temam! Ele veio nos ajudar a nos livrar-mos da opressão das criaturas das trevas! — Maya gritou para que todos nos arredores pudessem ouvir.

Poucos segundos após ouvirem as palavras dela, as fadas começaram a aparecer. E ao contrário do que Tyler esperava, ele viu apenas fadas do sexo masculino. Eles estavam vestidos com roupas verdes e seguravam pequenas espadas de madeira.

Tyler não sabia ao certo porque estava esperando que os “fados” tivessem uma aparência mais gentil ou afeminada. Eles eram exatamente como um homem mesmo! A única diferença que ele via na raça das fadas eram os cabelos, normalmente na raça humana se predomina o preto e salvo em algumas regiões se tem o louro como predominância, contudo ele via uma certa igualdade nas cores, havia ruivos, louros, morenos e até alguns verdes e azuis!

— Qual o seu nome humano? — Um deles voou em direção a Tyler e falou com um tom de voz autoritário.

— Meu nome é Tyler, e o seu é? — Tyler não foi nem servil ou arrogante quando falou, ele apenas não se deixou ficar em uma posição igual.

— Meu nome é Ortis, sou o chefe da guarda real! — Ele falou com orgulho.

— É uma honra conhecê-lo, você poderia me levar até o rei?

— É o rei quem decide se você irá vê-lo ou não!

— Entendo…, mas como ele irá saber da minha presença se você não for avisá-lo?

— E o que lhe faz achar que é digno de ver o rei?

— Eu vou matar todos os seres malignos dessa floresta. Isso é o suficiente para você?

— Haa! Não acha que está sendo muito pretensioso, velho?

— Não... — Tyler deu um tapinha na arma.

Ortis olhou para a arma e perguntou. — O que isso faz?

— Mata monstros! — Tyler disse com um sorriso.

— Como? — Ele perguntou com um misto de curiosidade e cautela.

— Assim! — Tyler mirou em uma árvore afastada e descarregou um pente inteiro.

Exceto Maya que ficou paralisada em seus ombros todas as outras fadas fugiram assustadas.

— Estão satisfeitos?

Ortis veio novamente e disse com a voz claramente abalada. — Sim...

Sem dizer mais nada ele voou para fora.

Pouco tempo depois ele voltou. — O rei está disposto a conversar, siga-me!

Assim que Tyler começou a andar ele sentiu uma pequena pressão ao redor dele, mas logo a pressão se desfez. Intrigado com aquilo ele deu um passo para trás e avançou novamente.

Era uma sensação muito engraçada e nova, não se parecia em nada com o que ele já sentira na vida. O mais próximo que ele poderia explicar seria como dois imãs de lados iguais se opondo. E ele era um desses imãs sendo repelido!

— O que é isso? — Ele perguntou a Maya com extrema curiosidade.

— A árvore sagrada cria uma barreira mágica que nos protege. Nenhuma criatura maligna pode atravessá-la.

Quando ele se aproximou mais um pouco ele viu uma árvore que se parecia muito com um carvalho, porém era muito mais frondosa e imponente, tinha o tronco de cor branco prateado.

De baixo Tyler pode estimar que deveria ter no mínimo uns 50 metros e a grossura de seu tronco não era algo que menos de 15 pessoas poderia abraçar.

— Essa é a árvore sagrada, todas as fadas dessa floresta moram aqui. — Maya falou com emoção. 

— Humano, pare ai. — Ortis ordenou.

Quando Tyler olhou para onde a voz veio, ele pode ver um pequeno grupo de fadas descendo do topo da árvore.

Havia duas figuras distintas, um homem e uma mulher seguidos de seis outras figuras que aparentavam ser bem velhas.

— Rápido se ajoelhe! — Maya gritou.

Ele de repente percebeu que todos estavam ajoelhados.

Seguindo o protocolo ele também se ajoelhou.

Quando, o rei e os anciãos desceram até ficar na altura dos olhos de Tyler eles pararam.

— Huma… — Quando o rei ia começar a falar ele foi interrompido por uma senhora bem velha que fazia parte dos anciões.

Ela flutuou até Tyler e colocou sua pequena mão no centro da testa dele.

Depois de alguns segundos ela abriu os olhos e disse com espanto. — O campeão dos homens!!!



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