Volume 1
Capítulo 15: Despedida…
Tyler estava admirando sua nova bomba de fumaça, nesse momento ele se sentiu o próprio Macgyver.
— Velho maldito saia agora! — Uma voz enfurecida gritava do lado de fora.
— Mestre, por favor não saia agora, o lorde Virtu está aí com metade dos guardas da cidade! — Uma das moças salva por ele disse com preocupação.
Tyler abriu a porta e viu bem mais de cinquenta soldados esperando com espadas em punho.
— O que é isso, uma reunião do partido comunista?
Em um canto abrigado por dezenas de soldados, o lorde da cidade estava emitindo uma intenção de matar clara contra Tyler. Primeiro aquele velho tinha desobedecido suas ordens e destruído o ninho de goblins, e depois ele trouxe a calamidade da ira dos trolls, mesmo que ele tenha matado quatro, ainda havia uma família inteira deles.
E em segundo lugar, o velho tinha o insultado e o ferido gravemente.
Virtu estava possesso de raiva, ele passou a noite inteira pensando em métodos de tortura para quando capturasse esse velho.
— Homens não escutem esse velho bastardo, capturem-no vivo e joguem-no na masmorra!
Tyler começou a gargalhar alto quando ouviu as ordens do homem.
— Senhores eu vou dar um conselho que só um homem velho pode dar, não escutem esse louco, voltem para suas casas e para suas famílias enquanto podem! Se tentarem mexer comigo ou quem estiver sob minha proteção, não irão nem perceber a hora em que morreram! — Tyler falou sério agora.
Os guardas suaram frio, muitos deles viram esse velho matar os trolls e escutaram rumores sobre ele sozinho ter destruído um ninho de goblins.
— É uma ordem! Peguem esse velho agora, ele tentou contra minha vida, eu sou um lorde do Reino, isso é um crime de alta traição! — Virtu gritava tão alto que sua voz falhava.
Relutantes, os homens começaram a andar na direção de Tyler.
Tyler sacou a arma e disse. — Eu só vou repetir mais uma vez, não me importa se vocês são 50, 100, 1.000 ou mesmo 10.000. Se tentarem me ferir ou ferir quem estiver sob minha proteção, irão todos morrer.
— Arquei… — Phooww…
Antes mesmo de terminar sua frase o senhor da cidade levou um tiro na testa, Tyler não estava com paciência e já havia decidido dar um jeito nesse aproveitador.
— Tem mais alguém querendo testar minha paciência? — Tyler perguntou olhando no olho de cada um.
Ninguém moveu um músculo, era como se o sangue em suas veias tivesse virado gelo.
— Vão para casa agora antes que seja tarde.
Para começar, nenhum cidadão gostava do lorde e agora que ele estava morto não sentiram muita necessidade de vingá-lo. Ainda mais quando fazer tal ato era morte certa.
— Noeru, vamos dar uma volta na mansão desse porco comunista.
O caçador parou um pouco e disse. — Mestre, obrigado por dar um fim naquele homem, o senhor talvez vá encontrar muitos problemas por causa disso, mas eu realmente agradeço.
Tyler se esqueceu por um minuto que aquele homem tinha posto os olhos na mulher dele e o obrigado a fugir às pressas.
— Bom não pense muito nisso, o que acontecer, aconteceu. — Ele suspirou, essa situação já tinha fugido do controle mesmo.
Tyler estava um pouco pensativo agora. Ele tinha acabado de matar um homem e não sentiu nada. Alguma coisa nele havia mudado, quando lutou na guerra do Vietnã é claro que ele tinha tirado vidas, contudo era sua função e ele estava lutando por seu país.
Muitos soldados quando voltaram de lá tinham transtorno pós-traumático e problemas para dormir à noite, Tyler nunca teve nenhum problema, talvez fosse o fato de ele sempre estar em paz com o que fazia e não ter cometido nenhuma atrocidade lá.
Tyler pensou um pouco e não entendeu o motivo de não estar dando a mínima para aquele senhor da cidade, parece que agora o simples fato de não ir com a cara da pessoa bastava para dar um fim nelas.
Outra coisa, ele sempre teve uma boa intuição para medir a intenção das pessoas e com a idade ele ficou ainda melhor, mas agora ela estava afiada como uma faca. Bastava um simples olhar em alguém e ele sabia se a pessoa prestava ou não.
Tyler começou a se policiar em relação a essas coisas, afinal ele não queria se tornar um psicopata.
Em pouco tempo eles chegaram a residência do senhor da cidade.
— Parem já! Por ordem do lorde Virtu ninguém deve entrar! — Dois guardas gritaram dos portões.
— As ordens mudaram! — Tyler gritou.
— Como assim? Explique-se! — O outro gritou.
— O lorde Virtu foi morto agora a pouco.
— Mas como? — Eles perguntaram chocados.
— Eu o matei, e se não saírem da frente vão fazer companhia a ele. — Dizendo isso Tyler começou a atirar para cima.
Os pobres coitados fugiram com medo, eles tinham ouvido os barulhos altos ontem de noite e a lenda do velho matando trolls sem nem suar alastrou-se como fogo.
Tyler caminhou até a porta da mansão e entrou.
Os servos estavam todos temeroso.
— Aquele que os mantinha preso já se foi, voltem para as suas casas.
Alguns não acreditaram, outros choraram de alegria e outros não tiveram nenhuma reação.
— Onde estão as moças presas? — Tyler perguntou a pessoa mais próxima.
— Nos quartos de cima. — Um empregado falou com medo.
— Me mostre então. — Tyler rugiu de raiva.
Seguindo as ordens do velho o empregado os levou.
Era um corredor bem grande com portas dos dois lados, eram dezesseis quartos.
— Abra todos! — Tyler rugiu.
Com as mãos tremendo o empregado abriu uma por uma.
Tyler tinha que admitir o bastardo tinha bom gosto, as mulheres eram lindas. Contudo todas elas tinham olhos sem vida.
Elas se aproximaram do corredor e ficaram alinhadas perfeitamente.
“Parece até que foram treinadas. Que cria de Stalin!!!” Tyler suspirou e disse: — Eu tenho que informar a todas que aquele cretino do lorde Virtu está morto, todas estão livres e podem retornar para suas casas.
As pobres coitadas estavam chorando aos montes agora. — É verdade mesmo? — Uma perguntou.
— É claro. — Ele respondeu.
Tyler teve que esperar algum tempo até que elas se recuperassem.
— Quem tiver família na cidade pode ir, quem tiver parentes no interior pode esperar um pouco na pousada da cidade, pois eu vou fazer uma missão na guilda de aventureiros para levá-las de volta em segurança.
Depois disso as moças juntaram o pouco que tinham e saíram da mansão.
Tyler abriu o escritório e começou a vasculhar, em uma gaveta ele achou um mapa.
— Esse é o mapa da região? — Tyler perguntou mostrando ao caçador.
— Sim mestre, parece que o Lorde sempre soube onde os trolls e os goblins viviam. — O caçador respondeu surpreso.
— Ótimo vai nos poupar muito mais tempo.
Depois de muito mexer Tyler encontrou o cofre. Havia quase 600 moedas de ouro e um saco com algumas dezenas de pedras preciosas.
Tyler estava muito confuso e impressionado, toda gema que ele viu aqui era bem grande. A variedade das cores e a qualidade da pedra também era de impressionar. Será que nesse mundo as pedras preciosas são mais abundantes?
Tyler estava desconfiado que aquelas 5000 moedas de ouro pela recompensa do troll não era tanta coisa assim.
Tyler passou na guilda e encomendou muitas missões de escolta para levar todas as moças de volta até suas casas.
Quando retornou a pousada ele pediu que o gerente perguntasse a cada uma onde moravam e se ainda tinha família, aquelas que tinham parentes por perto podiam voltar quando quisessem.
Tyler mandou Noeru dar a cada uma delas 10 moedas de ouro para que pudessem recomeçar a vida. Tyler podia até dar mais, entretanto muito dinheiro para uma pessoa despreparada só traria problemas.
— Mestre, preciso falar algo… — Krinna falou.
— Pode falar.
Ela tinha nas mãos uma muda de roupas limpas, eram aquelas que Tyler deu para ele vestir quando a tratou.
— Eu estou partindo. — Krinna não parecia estar bem, suas palavras saíam vagarosas e relutantes.
— Para onde? Tem alguém lhe intimidando aqui? — Ele quis saber.
— Não mestre, tudo está bem. Eu já ia partir mesmo antes de ter a sorte de conhecê-lo, aquela era minha última missão como aventureira. — Ela respondeu.
— Vai desistir? — Tyler ficou confuso.
— Eu sou filha de um Kapós. — Ela falou e depois tentou explicar quando viu a cara de quem não sabia de nada que Tyler estava fazendo. — Kapós é um chefe de uma tribo selvagem, minha tribo é a Lua Crescente, quando eu era mais nova meu pai me deixou ir ver o mundo e agora é o tempo de eu retornar.
— Entendo… — Tyler não sabia o porquê, mas ficou um pouco triste quando escutou a moça. — Quando vai embora?
— Eu já estou de saída… Ela falou com os olhos marejados.
— Espere um pouco… — Ele interveio.
Tyler começou a pegar algumas coisas para dar de presente. Ele pegou uma mochila que tinha sobrando e começou a botar vários itens, alguns isqueiros, pederneiras, um lampião movido a energia solar, um cantil, sua faca e um saco com 50 moedas de ouro. — Espero que ajude em sua jornada de volta para casa.
Ele a ensinou como se usava os equipamentos e como deveria recarregar as baterias do lampião.
— Quero que fique com essa roupa, ela fica bem em você. — Tyler pôs a gandola no ombro dela.
— Tem certeza? — Ela perguntou com um olhar triste.
— Por que não teria?
— Mestre, eu quero apenas mais uma coisa. — Ela falou tímida.
— O que é, se eu puder, eu lhe dou.
— Pode fechar os olhos por um instante?
Tyler assentiu e fechou os olhos não entendendo nada, mas poucos segundos depois ele sentiu os lábios macios da jovem se espremendo contra os seus. Seu beijo era nervoso e inexperiente, Tyler de alguma forma soube que era o primeiro dela.
O beijo foi se tornando caloroso e apaixonado até que ela terminou.
— Queria uma lembrança maior, creio que nunca mais nos veremos. — Uma lágrima escorreu pelo canto de seu olho.
Sem dizer mais nenhuma palavra ela partiu. Ainda ia escurecer quando ele viu a moça e suas outras companheiras de grupo desaparecerem no horizonte.
Tyler respirou fundo e decidiu um dia encontrá-la de novo.
Seguindo o exemplo de Krinna, Tyler partiu na manhã bem cedo.