Velho Mestre Brasileira

Autor(a): Lion

Revisão: Bczeulli e Koto Tenske


Volume 1

Capítulo 14: Uma boa ideia!

Quando Tyler estava voltando, um senhor gordo estava parado na frente dos portões da cidade. 

— Ei velho foi você quem trouxe os trolls até aqui? — O gordo falou com tom de arrogância. 

“Oh dia de cão…” Tyler suspirou. 

— Seu comunista cego, eu tenho cara de quem trouxe alguma coisa? Acho que a única coisa que você deveria ver é que eu os matei! 

O gordo ficou extremamente irritado por dois motivos, o primeiro era que ele é o senhor da cidade e nunca tinha sido humilhado antes, suas palavras eram a lei. Ele tinha o costume de tomar as mulheres de muitos homens, mas nunca ninguém tinha repreendido-o e a segunda era que o velho o tinha chamado de comunista. O que era isso? Ele realmente não gostou. 

— Seu velho maldito, você sabe quem eu sou? — O gordo gritou com tanta raiva que sua voz afinou no final. 

— E você sabe? — Tyler disse tranquilo debochando. 

— Basta!!!! Guardas joguem esse velho nas masmorras! 

Ao contrário do que ele esperava os guardas não avançaram de imediato, eles viram em primeira mão esse velho derrotar o chefe dos guardas e depois matou quatro trolls sem nem suar… Quem seria louco de atacá-lo? 

— Andem… rápido peguem ele! — O gordo já estava com a voz estridente.  

Tyler achou engraçado o homem pedir tanta urgência como se ele estivesse fugindo… 

— Ora seus… — O homem tirou a espada de um dos soldados e correu na direção de Tyler. 

“O que diabos ele está fazendo, ele não tem noção do perigo?” Esse pensamento correu na cabeça de todos ali presente, menos na cabeça de quem deveria. 

— Haaa… já chega dessa besteira toda. — Tyler disse cansado. 

Ele retirou a pistola e deu um tiro no ombro do homem, o gordo foi pego totalmente desprevenido e com o impacto no ombro foi mandado de volta girando. 

— Tirem logo esse trapo da minha frente antes que eu me arrependa. 

Os guardas ouviram prontamente as ordens de Tyler e levaram o senhor da cidade. 

*** 

— Aquele é o lorde Virtu? — Tyler perguntou depois de um tempo. 

— Sim é ele… — O caçador respondeu. 

— Desculpe errar o tiro, na próxima eu acerto. — Tyler riu e o caçador também. 

— Não há problema mestre… Não quero que entre em problemas por minha causa. — Noeru foi humilde, aquele tiro tinha lavado a alma dele. 

— Não se preocupe não vou, ele tem uma esposa? — Tyler quis saber. 

— Esposa?? — O caçador riu com verdadeiro deboche. — Alguns nobres podem ter várias esposas, mas esse cara é realmente ruim, ele só gosta de brincar com as mulheres, não duvido nada se houver mulheres presas em sua mansão. 

Tyler parou de andar no mesmo instante que escutou essas palavras. 

— Eu acho que não ouvi direito, ele mantém mulheres presas na sua residência? 

— Sim mestre, por quê? 

Tyler agora ficou lívido de raiva, ele realmente se sentiu mal por ter atirado no ombro do gordo. 

— Amanhã eu vou te pegar cria de Stalin! — Tyler bufou com raiva. 

Quando chegaram na entrada da estalagem, eles viram a pequena silhueta de Krinna andando para lá e pra cá… 

— Algum problema? Alguma das meninas piorou? — Tyler perguntou preocupado. 

— Mestre Tyler!!! — A menina correu e o abraçou. 

— Obrigado pela recepção. — Tyler riu, fazia algum tempo que ele não sentia um abraço tão apertado assim. 

Percebendo que estava em uma situação muito embaraçosa ela rapidamente se afastou. — Desculpe e… eu… só estava preocupada, todas nós ouvimos os sons altos, os trolls e soldados gritando… fiquei preocupada. — Krinna abaixou o rosto fugindo do olhar de Tyler. 

— Estou bem, olhe veja se há um fio de cabelo fora do lugar. — Tyler girou para mostrar a ela. 

— Que bom, que bom que não se machucou. 

— Vamos entrar, eu preciso descansar. 

— Sim, sim, venha, eu os mandei preparar um quarto para o senhor, tem água quente para que possa relaxar. — Krinna foi muito prestativa. 

— Obrigado. — Tyler realmente agradeceu, um banho quente seria excelente. 

No quarto havia uma cama e uma mesa e o banheiro era apenas um espaço reservado com um pano, o chão era feito de pedra para não danificar o piso de madeira, havia uma banheira de madeira e um balde no canto que servia de privada. 

Tyler tirou a roupa e entrou de vez na banheira, ele pegou um sabão na mochila e começou a se esfregar. 

Depois de muito tempo ele finalmente saiu. Era um homem renovado. 

Toc toc toc. 

— Pode entrar. — Tyler disse. 

— Achei que estaria com fome. — Krinna trazia consigo uma bandeja com uma tigela de sopa e um pedaço de pão. 

O pão daqui é engraçado, era fino e pesado, um pouco amargo e de massa integral. Agora a sopa estava muito gostosa, a carne estava muito macia e saborosa, só estava fraco de sal… 

“Sal.” Tyler teve um breve pensamento apesar de que hoje o sal não vale quase nada, na idade antiga era muito caro. A palavra salário vem do latim Salarium Argentum que significa pagamento em sal, era como os romanos pagavam suas tropas. 

Tyler foi pegar um sachê de sal que havia sobrado de uma das rações e pegou um chocolate. 

— Aqui, para você. — Tyler jogou o chocolate. 

— O que é isso? — Ela perguntou curiosa vendo a embalagem azul metálico em suas mãos. 

— Isso… bem o nome disso é chocolate, há quem diga que algumas mulheres amam mais isso do que ouro. — Tyler disse rindo. 

— Verdade? — Ela ficou curiosa. 

— Eu já menti para você alguma vez? 

— Acho que já… — Ela instantaneamente ficou rubra. 

— Quando? — Tyler não sabia se tinha mentido para ela. 

— Quando eu acordei… agora não acredito que o que disse era verdade. 

Tyler pensou um pouco e lembrou do que havia dito sobre não sentir mais nada por mulheres. 

— Haa… bem, é… me desculpe, achei que era o melhor na hora. 

— Não precisa, obrigada. — Ela estava mais vermelha ainda. — Eu faço o que com isso? Ela falou tentando mudar de assunto. 

— É de comer… — Tyler abriu a embalagem e lhe deu. 

A moça teve um olhar estranho para aquele objeto marrom não tão apetitoso. Contudo deu uma mordida. 

Tyler achou fascinante olhar as reações dela, nesse mundo não existe algo com açúcar, qualquer coisa doce ou é adoçado com mel, ou tem uma doçura natural. 

Tyler tinha dado um chocolate recheado com caramelo, a moça parecia estar adorando. 

— É bom? — Ele perguntou. 

— Muito! É a melhor coisa que eu já comi. 

Depois de conversarem mais um pouco, Krinna saiu e deixou Tyler descansar. 

Naquele colchão de palha Tyler apagou em um sono sem sonhos. 

Quando acordou o sol já estava alto. 

Tyler desceu até um pequeno salão na pousada onde eles serviam as refeições para os hóspedes. O café da manhã típico nesse mundo era uma pequena refeição igual a todas as outras do dia. 

Algumas mulheres salvas estavam lá. Tyler ficou feliz, pois isso mostrava que elas já estavam se recuperando. 

Noeru entrou e foi se sentar à mesa. 

— Bom dia mestre, quais são os seus planos? 

Uma das moças veio e o serviu com uma tigela de sopa igual à que ele tomara de noite. 

Tyler agradeceu a moça e depois respondeu ao caçador. — Se todas as moças estiverem bem, podemos partir em nossa missão. 

Enquanto tomava seu café da manhã e discutia mais algumas questões a parteira entrou. 

— Velho mestre, eu tenho um favor a pedir. — A senhora fez uma reverência. 

— Pode falar, e depois me diga o preço por seus serviços, quero agradecer por sua ajuda. 

— Só fiz o meu dever, queria um pouco das suas ervas de sarema. 

— Claro, tenho muitas, pegue o quanto quiser — Tyler não seria mesquinho com essa senhora —, mas se não for incomodo, para que a senhora quer? — Ele perguntou curioso. 

— Uma parte eu quero deixar guardada para mim mesma, e outra parte é para misturar com outras ervas e fazer um incenso para passar a dor das moças. 

— Incenso, para passar a dor? 

— Sim isso mesmo, mas se você usar só as folhas de sarema ficará muito forte ao ponto de deixar uma pessoa desacordada ou drogada, então tem que misturar com outras ervas para amenizar os efeitos. 

Qualquer pessoa que ouvisse essas informações poderia ignorar uma grande ferramenta, mas Tyler com certeza não era uma pessoa qualquer, sua cabeça começou a fervilhar de ideias e teorias. 

— Noeru, vamos dar uma volta. 

Os dois homens saíram da hospedaria, primeiro eles foram até os campos fora da cidade. 

Quando Tyler chegou, percebeu que quase toda a cidade estava lá. 

Os corpos dos trolls viraram grandes estátuas de pedra. Todos os cidadãos estavam muito curiosos, afinal eles ouviram todo o barulho da breve batalha de ontem. 

O corpo desses monstros era um grande alívio e também um troféu para eles que viviam sob a opressão dessas criaturas. 

Quando viram Tyler se aproximando, começaram a saudá-lo com aplausos e vivas, alguns faziam questão de pegar em sua mão, outros mais ousados beliscavam seu corpo. 

O troll caído agora era uma perfeita estátua de pedra, todas as formas e expressões ficaram gravadas. Tyler ficou feliz que essa parte da lenda também era verdade, afinal era mais uma arma em seu arsenal! 

Tyler saiu dali e foi até uma lojinha que vendia produtos para aventureiros, ele comprou alguns cantis feitos com gomos de bambu, uma cordinha fina de algodão, cera de abelhas e alguns pilões de pedra. 

De volta à estalagem Tyler fez uma ronda e checou a saúde de todas as moças, apenas aquela mais jovem ainda estava um pouco ruim, as outras já tinham uma aparência bem melhor. 

Ele deu uma bolsa de soro para a pequena, parecia que aquele morango tinha ajudado muito em seu processo de recuperação. 

Tyler pediu ajuda de umas delas para triturar toda erva de sarema, é claro que todas ficaram muito felizes em poder ajudar, rapidamente elas trituram tudo até virar pó. 

Tyler desfez um fogo de artifício e retirou toda pólvora. Primeiro ele derreteu um pouco de cera e adicionou a pólvora, formando uma pasta. 

Com a pasta ele ensebou o cordão de algodão fazendo assim um pavio. 

Em uma panela usando um fogo bem baixo, Tyler derreteu o resto da cera de abelhas com a pólvora, ele também colocou o pó da erva e açúcar. 

O açúcar ele pegou de todas os seus pacotes de comida pronta. Embora alguns pensem que fosse loucura colocar açúcar nessa receita. Tyler sabia bem o que estava fazendo. 

O açúcar tem um alto poder combustível e a névoa de poeira formada nos locais que embalam é especialmente perigoso, de fato algumas fábricas literalmente explodiram só porque o sistema de ventilação parou de funcionar e o pó se acumulou, todo o prédio virou uma bomba. 

Tyler colocou a mistura e centralizou o pavio, depois de socar bastante comprimindo a massa, ele obteve oito bombas de gás. 

Tyler tinha fé que se pudesse atirar isso em uma caverna ou em um bom local de vento parado teria um bom efeito. 

Quando pensou que tinha acabado por hoje uma voz estridente gritou de fora. 

— Seu velho maldito saia agora! 

 



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