Unnamed Memory Japonesa

Tradução: Hiro

Revisão: Daiisuke13


Volume 1

Capítulo 5.3: Junto ao Lago

Sylvia havia fechado os olhos instintivamente. E quando os abriu de volta, viu que não havia mais nada fora da barreira, apenas um vasto terreno baldio. A única coisa que permaneceu foi o odor desagradável de coisas queimadas.

“Assustador…”

Ela disse, sem se preocupar. Já os outros estavam muito surpresos, com o poder da magia que haviam testemunhado de perto, para falar alguma coisa.

Meldina desceu do Dragão e olhou para Tinassha com medo. Sentindo que finalmente havia entendido o por que Art havia dito que ela era uma pessoa assustadora. 

Entre tudo isso, Oscar foi o único que permaneceu calmo. Ele olhou para o entorno e assobiou.

Oh, até a neblina se dissipou. Que conveniência.”

Como as chamas tinham engolido a área, não sobrou nada, o nevoeiro tinha desaparecido e o chão destruído tinha se tornado visível.

Oscar se virou, percebendo algo e, colocou uma mão na cabeça de Tinassha.

“Tinassha, ainda resta um cadáver.”

A uma pequena distância, na terra baldia, estava uma figura idosa usando uma túnica de mago. Era magro o suficiente para ser confundido com um esqueleto, e encarava fixamente o grupo. 

Tinassha franziu o sobrolho quando o percebeu.

“Parece que se protegeu.”

Uma vez que Oscar estava certo de que Tinassha tinha a figura à vista dela, o indivíduo ao longe falou com uma voz inesperadamente clara: 

“Já faz muito tempo. Achei que nunca poderia encontrá-la novamente vivo.”

Todos, começando por Oscar, olharam para Tinassha em questão. Mas ela os ignorou e apenas olhou para a fonte da voz com olhos sem emoção.

“Aquela roupa, aquela beleza… Pensei que eu tinha voltado a setenta anos atrás. Você voltou a essa forma para enfrentar sua querida, Bruxa da Lua Azul?”

Nessas palavras finais proferidas para Tinassha, todos, menos Oscar, gritaram silenciosamente. 

Sylvia tremeu de medo, e os soldados levantaram inutilmente as mãos. Meldina estava de pé às costas de Oscar; ela perguntou com uma voz trêmula:

“Bruxa… é verdade?”

“É.”

Oscar respondeu. Ele parecia infeliz por alguma razão. 

Por outro lado, Tinassha parecia não se importar com eles de forma alguma. Ela apenas esbanjou um sorriso encantador para o mago.

“Você se tornou bastante velho. Naquela época ainda era uma criança, mas agora ficou careca e seco.”

O velho riu alto em seus pensamentos francos. Ele acariciou sua própria pele e cabeça. 

“Bem, já faz tempo que eu deveria ter morrido, por isso não houve como evitar. Nem todos podem ser como você.”

Ela riu, gentilmente, mas com desdém.

“Sua maneira de falar e sua aparência são como as de seu mestre… Repulsivas.”

“O mestre no qual você decapitou? Estou contente.”

O velho estendeu suas mãos num gesto dramático. Tinassha pareceu tomar isso como um desafio; ela puxou casualmente sua espada e saiu da barreira. 

“Bem, já que esperou tanto, decapitarei você também. E claro, como sacrifício a seu mestre, fique de joelhos e dê sua gratidão.”

Seu sorriso agora era cruel, tanto que daria arrepios, mas de alguma forma ainda belo. 

Antes que Tinassha pudesse dar mais um passo adiante, a figura do velho desapareceu como uma miragem. Sua voz, agora rouca, ecoou no lugar:

“Oh, eu não posso contra a Bruxa da Lua Azul, então, por favor, me perdoe. E bem, você também deveria voltar logo. Ou não se importa se um ou dois de seu grupo morressem?”

Depois de deixar para trás uma risada como o ronronar de um gato. A voz foi se apagando gradualmente e o silêncio caiu. 

A Bruxa parecia estar pensando em algo por um bom tempo. Ela então embainhou sua espada e se virou.

“Ele escapou.”

Tinassha disse e pois sua língua para fora com uma expressão infantil. Oscar deu uma palmadinha na cabeça dela e olhou bem nos seus olhos.

“Você o conhece?”

“Ele era um dos magos de Druuza que controlou A Besta na guerra há setenta anos.”

“A Besta…”

Oscar acariciou seu queixo e ponderou. Tinassha o deixou, e Sylvia conversou nervosamente com ela:

“E-Err… Senhorita Tinassha, você é realmente a Bruxa da Lua Azul?”

“Sinto muito por ter ficado calada. Eu não queria assustá-la.”

A Bruxa pôs um sorriso um pouco triste; nenhum vestígio de sua crueldade anterior pôde ser encontrado agora.  Ao ver isso, Sylvia sentiu uma pontada no coração. Ao mesmo tempo, sentiu um pouco de vergonha de si mesma por ter medo de Tinassha, mesmo não sabendo nada sobre ela. 

“E-Err, eu…”

Ela queria dizer algo, mas Tinassha a deteve.

“Tá tudo bem. As bruxas são assustadoras mesmo.”

Sylvia tinha sentimentos complicados sobre tais palavras alegres, mas de alguma forma ela devolveu-o com um sorriso. 

“Vamos voltar. Devemos nos preparar e equipar.

Todos ficaram aliviados com a decisão de Oscar. Não havia nada mais misterioso do que ficar aqui. 

Suas visões tinham se tornado melhores e o grupo foi a caminho de onde os cavalos estavam amarrados. 

“Eles não foram queimados, certo?”

“Provavelmente não…”

A mestra do Dragão respondeu com um sorriso desconfortável enquanto bocejava.

Os cavalos estavam esperando no local onde haviam sido originalmente amarrados. O nevoeiro ainda pairava muito ali. 

Momentos depois, verificando a direção enquanto cavalgavam, o grupo se dirigia para o Forte.

Oscar cavalgou ao lado de Tinassha e começou uma conversa:

“Você acha que o objetivo deles é reanimar a Besta?”

“É bem provável. Caso consigam vai ser um problema.”

Doan interveio por trás:

“Não é também possível que eles estejam fazendo uma nova?”

“Isso é impossível. Bem, parece que há um mal-entendido… A Besta não foi criada por eles. Tal coisa não poderia ter sido feita por humanos comuns. Talvez algo tenha caído no Lago Mágico e se tornado o núcleo, e então as ondas de mana gradualmente foram absorvidas… Centenas de anos se passaram, e o núcleo se tornou a Besta.”

“Então eles simplesmente a controlaram?”

“O controle deles era imperfeito. O que você acha que acontecerá, agora, se pessoas vierem e espetarem o dedo num arbusto onde está escondida uma cobra?”

O nevoeiro finalmente se dissipou enquanto eles falavam. Depois de um tempo, o Forte apareceu. 

Mas então, Tinassha de repente parou seu cavalo. 

“O que foi, Tinassha?”

A bruxa saltou do cavalo e deu a rédea solta a um soldado. 

“Todos, por favor, vão na frente. Eu voltarei para lá.”

“O que você está dizendo?”

Oscar também desmontou e foi até ela.

“Eles devem ter imaginado que teríamos que recuar temporariamente para fazer uma preparação adequada antes de voltarmos. Mas agora, provavelmente, se apressarão para quebrar os selos. Não lhes darei tempo para isso; os atacarei agora. E aquele velho pode ter escapado, mas eu o perseguirei corretamente.”

Tinassha levantou seu braço direito; parecia haver chamas travadas dentro do cristal em seu protetor antebraço. 

Oscar ficou sem palavras à vista. Ele a olhou com desconfiança.

“Planejou fazer isso desde o início, por isso estes equipamentos… Você não tinha intenção de apenas investigar e depois voltar.”

“Sim.”

Ela respondeu calmamente, sem emoções nos olhos escuros. Oscar agarrou o braço dela.

“Eu também vou.”

“De novo!?”

Parecendo estar verdadeiramente chocada, fez uma careta. Ela flutuou levemente até um pouco mais alto do que Oscar e olhou para ele de cima. A mão dele ainda estava agarrando o braço dela, então o braço dele também estava levantado. 

“Você pode fazer qualquer coisa e provavelmente apreciar sua atitude “positiva”. Mas se quer ser um Rei, precisará se lembrar de usar aqueles ao seu redor um pouco mais.”

Ela acariciou sua bochecha no ar como uma mãe.

Oscar fechou parcialmente os olhos para a carícia, mas manteve seu olhar e seu aperto sobre ela.

“Eu entendo isso… mas, desta vez, não posso. Não quero usar você.”

“Não era essa sua intenção quando me tirou da torre?”

“Não.”

“Se fosse o Reg, ele me deixaria ir, sabe?”

“Como você sabe?”

“Você realmente não vai desistir…”

Só por um momento, Tinassha fez a expressão que costumava ter quando vivia no Castelo. Seu lindo cabelo comprido flutuava, mesmo sem nenhum vento. Ela piscou lentamente, seus olhos estavam escuros como obsidiosos. O que passava em seus olhos era alguma lembrança do passado ou a profundidade do tempo? Um sorriso suave apareceu nos lábios da bruxa.

“Enquanto você for meu contratante e eu sua guardiã, sempre voltarei para o seu lado, não importa onde eu vá ou o que faça. E não é como se eu planejasse morrer diante de você também.”

Oscar olhou profundamente em seus olhos; parecia como se estivesse olhando para um abismo sem fundo. 

Ele não conseguia ver através deles. Muito menos alcançá-los no momento. 

Oscar simplesmente sabia que não conseguia. Logo então engoliu um suspiro profundo e, de repente, soltou a mão dela. 

“Eu entendo. Vá.”

Tinassha sorriu gentilmente, parecia que ela havia escutado a resposta correta. 

Ela levantou a mão esquerda; o Dragão no ombro acenou, e saltou para o céu, ficando do tamanho de três cabanas juntas. 

“Eu gostaria que tivesse mais fé em mim. Eu posso parecer relutante, mas estou confiante.”

Ela rapidamente foi em direção ao Dragão. Oscar olhou para ela e riu.

“Bem, vou deixar você experimentar o gosto de ser derrotada pela primeira vez então.”

“…Sobre isso, ainda estou procurando uma contra-medida, então, por favor, espere um pouco mais…”

O Dragão esticou sua cabeça e levantou sua mestre para as costas. A cena era como uma pintura, e todos aqueles que a viram suspiravam de admiração. O medo que tinham por uma bruxa se misturava complicadamente com a boa pessoa que Tinassha parecia ser. Meldina olhou para a deslumbrante figura e se sentiu repleta de emoções. 

O Dragão desceu um pouco e parou na frente do grupo; ele os encarou com seu grande e ardente olho esquerdo. Oscar chamou Tinassha, que estava verificando seu equipamento. 

“Tinassha, quando você voltar…”

“Quando eu voltar?”

“Vamos nos casar?”

“Não, não casaremos! Na verdade, não fale como se estivéssemos prestes a morrer!”

Eles levantaram suas vozes e riram desta troca habitual.

Então a bruxa deu um tapinha leve na cabeça do Dragão, e ele subiu em direção a uma nuvem de poeira. E assim mesmo, os dois desapareceram no nevoeiro, indo em direção ao Lago Mágico.



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